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Produtividade da cana-de-açúcar estimada pelo modelo DSSAT/CANEGRO

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.4 Produtividade da cana-de-açúcar estimada pelo modelo DSSAT/CANEGRO

Nesta seção, e também nos anexos 7.1a a 7.3b e também 7.4.1 a 7.4.3, são apresentadas as estatísticas descritivas obtidas da análise exploratória do conjunto de dados de produtividade de cana-de-açúcar estimados pelo modelo DSSAT/CANEGRO para cada localidade representada pelos postos meteorológicos, considerando plantios a cada dia 05 dos meses de outubro a janeiro de 1979 a 2008, em três tipos diferentes de solos. Foram estimados produtividades também para o ano de 2040, referentes aos cenários A2 e B2 de projeções de mudanças climáticas globais. Para realização das análises estatísticas a seguir, utilizou-se o módulo ArcGIS Geostatistical Analyst, da ESRI, do ArcMAP versão 8.0.

Figura 4.3. Radiação solar global diária média anual do Estado de Goiás e Distrito Federal, obtida por krigeagem ordinária.

Das estatísticas descritivas, estão apresentados e analisados os histogramas, projetados os valores médios e medianos, dos quartis inferior (25%) e superior (75%), valores máximos e mínimos, desvio padrão e coeficientes de assimetria e curtose.

Nas Figuras 4.4 a 4.7, estão apresentadas as estatísticas descritivas das produtividades referentes aos plantios efetuados nos meses de outubro a janeiro em ambiente de Latossolo Vermelho distrófico, de Neossolo Quartzarênico e de Latossolo Vermelho-Amarelo. Vale ressaltar que esses solos representam os ambientes ou cenários de alta, média e baixa capacidade de retenção e disponibilidade de água para a cultura da cana, com reserva útil na zona radicular estimada em 40, 49 e 76 mm, respectivamente.

As estatísticas das produtividades obtidas para as simulações de plantio realizadas no mês de outubro (dia 05) nos três tipos de solos estão apresentadas na Figura 4.4. Observa-se que, de maneira geral, a distribuição das classes de frequência e os valores similares de média e mediana apresentam indícios de comportamento normal, com maior evidência e simetria para os índices do Latossolo Vermelho (Figura 4.4A). O índice máximo de produtividade foi de 154 t/ha, observado no LV, enquanto o mínimo foi de 55 t/ha, apresentado no LVA.

As produtividades médias de 136, 128 e 78 t/ha, bem como as diferenças entre os valores máximos e mínimos, de 39, 45 e de 39 t/ha, estimadas para o LV (Figura 4.4A), NQ (Figura 4.4B) e LVA (Figura 4.4C), respectivamente, indicam relação forte entre a disponibilidade hídrica e a produtividade estimada. Enquanto o LVA, com reserva útil de 40 mm na zona radicular, apresentou média de 78,2 t/ha, o LV, com reserva útil de 76 mm na zona radicular (90% superior), apresentou média de 136,4 t/ha, 74% superior.

A B C

Figura 4.4. Estatísticas descritivas da produtividade da cana-de-açúcar, variedade RB72454, estimada pelo DSSAT/CANEGRO, para plantios em outubro, num Latossolo Vermelho (A), num Neossolo Quartzarênico (B) e num Latossolo Vermelho-Amarelo (C), do Estado de Goiás e Distrito Federal.

As estatísticas descritivas das produtividades obtidas para as simulações de plantio realizadas para o mês de novembro (dia 05) e representativas dos cenários de alta, média e baixa retenção de água, estão apresentadas na Figura 4.5 A, B e C, respectivamente. Embora não tão característicos como os valores apresentados para o mês de outubro, as distribuições de frequência e os valores médios e medianos também apresentam evidências de distribuição normal, também com assimetrias negativas, mas mais acentuadas em relação ao mês anterior.

O LV (Figura 4.5A) apresentou produtividade de 126 t/ha, 88% superior à apresentada pelo LVA (Figura 4.5C), com 67 t/ha, enquanto o NQ (Figura 4.5B) apresentou produtividade média de 114 t/ha. Neste mês, observou-se valor mínimo de 49,3 t/ha no LVA e máximo de 140,9 t/ha no LV, com diferenças entre os valores máximos e mínimos em cada solo, variando de 30 a 33 t/ha. Embora as produtividades estimadas para plantios no mês de novembro tenham apresentado índices inferiores ao mês anterior, estes ainda são elevados e refletem o aproveitamento pela cultura de, praticamente, todo o período chuvoso.

A B C

Figura 4.5. Estatísticas descritivas da produtividade da cana-de-açúcar, variedade RB72454, estimada pelo DSSAT/CANEGRO para plantios em novembro num Latossolo Vermelho (A), num Neossolo Quartzarênico (B) e num Latossolo Vermelho-Amarelo (C), do Estado de Goiás e Distrito Federal.

Na Figura 4.6, estão apresentadas as estatísticas de produtividade estimadas para os solos LV (4.5A), NQ (4.5B) e LVA (4.5C), para plantios em dezembro. Também se observam, pelo histograma, distribuição normal, com assimetria negativa mais acentuada no LV (-0.4), valores variando de 43 a 140 t/ha e médias de rendimento de 58, 109 e 122 t/ha observados nos cenários de baixa, média e alta reserva de água dos solos, respectivamente (Figuras 4.5 C, B e A). A diferença entre os valores máximos e mínimos foi de 30, 41 e 38 t/ha para a mesma sequência de solos/cenários.

Quando comparado ao mês de novembro, observa-se pouca diferença nas produtividades, com redução de 3,4, 5,4 e 8,6 t/ha no LV, NQ e LVA, respectivamente.

A B C

Figura 4.6. Estatísticas descritivas da produtividade da cana-de-açúcar, variedade RB72454, estimada pelo DSSAT/CANEGRO para plantios em dezembro num Latossolo Vermelho (A), num Neossolo Quartzarênico (B) e num Latossolo Vermelho-Amarelo (C), do Estado de Goiás e Distrito Federal.

As estatísticas de produtividade obtidas das simulações para plantios no mês de janeiro estão apresentadas nas Figuras 4.7 A, B e C. De maneira geral, elas apresentam valores aproximados aos apresentados no mês de dezembro, com diferenças em torno de 1,0 t/ha. Os incrementos de produtividade continuaram respondendo à capacidade de armazenamento de água dos solos, na zona radicular da cultura, com médias de 59 t/ha (LVA), 110 t/ha (NQ) e de 123 t/ha (LV), e diferenças de 26, 40 e 38 t/ha nos respectivos solos.

A B C

Figura 4.7. Estatísticas descritivas da produtividade da cana-de-açúcar, variedade RB72454, estimada pelo DSSAT/CANEGRO para plantios em janeiro num Latossolo Vermelho (A), num Neossolo Quartzarênico (B) e num Latossolo Vermelho-Amarelo (C), do Estado de Goiás e Distrito Federal.

Quando analisado o conjunto das estatísticas descritivas do comportamento dos dados de produtividade simulados para os três ambientes de solos e para os meses de outubro a janeiro, podem ser feitas as observações seguintes:

1. As estimativas de produtividade apresentaram indicativos de comportamento normal, com distribuições de frequência geralmente simétricas, desvios padrões variando de 7,0 a 10,8, indicando respostas do modelo em relação à oferta hídrica, tanto no tempo quanto no espaço. 2. Observou-se que, dos três cenários simulados, à medida que os solos apresentam maior capacidade de água disponível e, consequentemente, maior reserva útil na zona radicular da cultura, as produtividades obtidas são maiores. Assim, o Latossolo Vermelho (LVd), representativo dos melhores cenários de disponibilidade hídrica, foi o que apresentou os maiores índices de produtividade, em todos os meses de plantio. Isto evidencia a dependência da cultura em relação ao regime hídrico local e às diferentes características físico-hídricas dos solos, com reflexo na capacidade de armazenar água e disponibilizá-la para as plantas.

3. Dos resultados das simulações de plantio realizadas para os três tipos de solos e nos quatro meses, as produtividades maiores foram obtidas para os plantios efetuados no mês de outubro. Este resultado é justificado considerando que este mês corresponde ao início da estação chuvosa na região dos Cerrados, e que, em função do ciclo anual da cana-de-açúcar, esses plantios permitem o aproveitamento das chuvas ocorridas em todo o seu ciclo de desenvolvimento vegetativo e acúmulo de matéria seca. Ainda, o final da estação chuvosa e consequente início do período de fortes restrições hídricas coincidem com a época de temperaturas baixas na região de Cerrados. Esses fatores são essenciais para o processo de maturação fisiológica e conversão de sacarose pela cultura.

4.5 Distribuição espacial da produtividade da cana-de-açúcar, variedade RB72454,

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