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2.3 Produtividade

2.3.3 Produtividade no Poder Judiciário

As críticas que o Poder Judiciário (PJ) recebe acompanham as instituições desde a sua criação; desde o período colonial, com as primeiras Cortes, membros da sociedade reclamavam de inoperância e clamavam por decisões mais satisfatórias; mais recentemente, sobretudo após a redemocratização do Brasil e o fortalecimento das instituições judiciais na divisão dos poderes da República, tornou-se preponderante atribuir ao PJ uma incapacidade de responder à crescente demanda por justiça, além de um anacronismo e um comportamento refratário às propostas de mudança (SADEK, 2004).

Segundo Cordeiro (2013), proeminente se fez o Banco Mundial (BM), com diversas recomendações que foram lançadas ainda nos anos de 1980 para que as estruturas governamentais se adequassem às chamadas novas e urgentes necessidades das economias de mercado, ganhando destaque a Recomendação nº 386 sobre o funcionamento do PJ em países

em desenvolvimento; nesse documento, o BM indica diversas alternativas para tornar o rito processual mais célere nas unidades judiciárias.

Tribunais por todo o Brasil, baseados nas recomendações do BM, buscaram reduzir seus estoques de processos e suas estruturas, contudo esse movimento ganhou maior força com o advento da chamada Reforma do Poder Judiciário, materializada por meio da Emenda Constitucional nº 45 (BRASIL, 2004); tal emenda trouxe como principal inovação a criação do CNJ (CORDEIRO, 2013; LEAL; FARIA; MESQUITA, 2013).

Concebido como órgão integrante do PJN, o CNJ tem sua composição formada por quinze membros dentre ministros de Tribunais Superiores, juízes e desembargadores federais e estaduais, membros dos ministérios públicos da União e dos Estados, advogados e cidadãos; a principal missão do Conselho é o controle da atuação administrativa e financeira do PJN e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de zelar pela autonomia do PJN e pelo cumprimento da LOMAN, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências (BRASIL, 2004).

Para alcançar os objetivos pretendidos com a sua criação, princípios norteadores foram inseridos nas competências do CNJ, podendo-se destacar o planejamento estratégico, o controle e a proposição de políticas judiciárias, a modernização tecnológica do Judiciário e a ampliação do acesso à justiça (SENA, 2014). Em sua missão de regular a atividade judicial, o CNJ passou a editar normas para padronizar a estrutura e os procedimentos dos Tribunais, a formar bases de dados processuais unificados, e a consolidar e analisar dados estatísticos. Segundo Oliveira (2017), esse levantamento de dados contribuiu para a coordenação do processo de planejamento estratégico do PJN, traçando objetivos e metas que permitissem um acompanhamento dos avanços intentados para melhorar a prestação dos serviços judiciais.

Para a implantação da gestão estratégica e a sistematização do processo de planejamento estratégico no PJN, o CNJ optou por se embasar na metodologia do Balanced Scorecard (BSC) idealizado por Kaplan e Norton (2003); a adoção dessa metodologia permitiu o estabelecimento de objetivos estratégicos e o desdobramento desses objetivos em metas, que seriam alcançadas por meio de iniciativas ou projetos (OLIVEIRA, 2017).

Para uniformizar a prática do planejamento, havia a necessidade de alinhamento de todos os Tribunais do PJN, o que foi intentando a partir de 2009 com o estabelecimento de metas nacionais ligadas aos objetivos estratégicos definidos; tais metas eram inicialmente sugeridas pelo CNJ e levadas à votação e à aprovação pelos presidentes de todos os Tribunais do país durante os chamados Encontros Nacionais do Judiciário (OLIVEIRA, 2017). O Quadro 6 resume a trajetória do Sistema de Metas do Poder Judiciário nos últimos anos.

Quadro 6 - Marcos da implantação da estratégia no Poder Judiciário Nacional

Norma Descrição

Resolução nº 4, de 16

de agosto de 2005 Instituição do Sistema de Estatística do Poder Judiciário Resolução nº 15, de

20 de abril de 2006 Regulamentação do Sistema de Estatísticas do Poder Judiciário Resolução nº 49, de

18 de dezembro de 2007

Instituição da obrigatoriedade em estruturar Núcleo de Estatística e Gestão Estratégica nos Tribunais.

25 de agosto de 2008

Realização do I Encontro Nacional do Judiciário, onde foi deliberada a elaboração de um Planejamento Estratégico Nacional, a fim de aperfeiçoar e modernizar os serviços judiciais (Carta do Judiciário). 16 de fevereiro de

2009

Realização do II Encontro Nacional do Judiciário, para consolidação, apresentação e validação do Plano Estratégico.

Aprovação de 10 Metas Nacionais de Nivelamento para o ano de 2009.

Resolução nº 70, de 18 de março de 2009

Instituição do Plano Estratégico Nacional e das Metas Nacionais para o período de 2009 a 2014.

Portaria nº 138, de 23

de agosto de 2013 Institui a Rede de Governança Colaborativa do Poder Judiciário. Resolução nº 198, de

1º de julho de 2014

Instituição do Plano Estratégico Nacional e das Metas Nacionais para o período de 2015 a 2020.

Fonte: Elaboração própria com base em CNJ (2018).

Em busca de cumprir com seus objetivos e implementar as diretrizes de sua criação, o CNJ então iniciou um processo de estabelecimento de metas anuais atreladas a indicadores de eficiência, produtividade e qualidade para o PJN, visando maior efetividade nos resultados apresentados (SENA, 2014). Para o CNJ (2018, n.p.), as metas nacionais representariam um compromisso assumido pelo PJN para o aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, buscando “proporcionar à sociedade serviço mais célere, com maior eficiência e qualidade”.

Em 2009, foi lançado o primeiro conjunto de metas, chamadas de metas de nivelamento, resultado de acordo firmado pelos presidentes dos Tribunais em prol do aperfeiçoamento do PJN, destacando-se a Meta 2 que previa a “identificação e o julgamento dos processos judiciais mais antigos, distribuídos aos magistrados até 31 de dezembro de 2005” (CNJ, 2018, s.n.); buscava-se com essa meta garantir a razoável duração do processo judicial, marcando o começo de um esforço conjunto em diminuir o estoque de processos causadores de altas taxas de congestionamento nos Tribunais, tendo ainda a celeridade processual como um tema predominante (CNJ, 2018).

No processo de evolução das metas nacionais, destaca-se que em 2013 foi instituída uma rede de governança abrangente, visando incluir mais atores no processo e culminando na revisão da estratégia para o período de 2015 a 2020. O objetivo da criação de tal rede foi inaugurar um novo ciclo da estratégia do PJN, tornando o processo de formulação das metas nacionais “democrático, participativo e transparente” (CNJ, 2018, n.p.). O Quadro 7 resume as metas relativas ao primeiro grau de jurisdição para o exercício de 2018.

Quadro 7 - Metas nacionais relacionadas à Justiça do Trabalho para o exercício de 2018

Meta Descrição

Meta 1 Julgar o equivalente a 92% da quantidade de processos de conhecimento distribuídos no ano corrente.

Meta 2 Identificar e julgar até 31/12/2018 90% dos processos distribuídos até 31/12/2016.

Meta 3 Aumentar o índice de Conciliação na Fase de Conhecimento, em relação à média do biênio 2013/2014, em 2 pontos percentuais. Meta 5 Baixar 92% do total de casos novos de execução do ano corrente. Meta 6 Identificar e julgar até 31/12/2018, 98% das ações coletivas

distribuídas até 31/12/2015.

Meta 7 Identificar e reduzir em 2% o acervo dos dez maiores litigantes em relação ao ano anterior.

Meta Específica da JT Reduzir o tempo médio de duração do processo, em relação ao ano base 2016, na fase de conhecimento, em 2%.

Fonte: Adaptado de CNJ (2018).