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IV MATERIAIS E MÉTODOS

5.2. Profundidade Polimerização (PP):

Para a análise da profundidade de polimerização, realizadas através do teste de microdureza de Vickers (Tabela5), a Anova Two way não revelou diferença estatisticamente significativa entre as técnicas restauradoras, nem entre os tempos de envelhecimento.

Tabela 5. Análise da profundidade de polimerização, microdureza de Vickers (HV), das diferentes técnicas restauradoras.

Técnicas Restauradoras Envelhecimento BF µ ± DP SD µ ± DP CONV µ ± DP

24hs 0,83 ± 0,06Aa 0,91 ± 0,08Aa 0,96 ± 0,16Aa

6m 0,94 ± 0,30Aa 0,83 ± 0,22Aa 0,90 ± 0,22Aa

5.3. Nanoinfiltração (NI):

Para a avaliação do topo das restaurações após 24 horas, o grupo CONV apresentou uma maior concentração de cristais de prata na interface dente-restauração em relação aos outros grupos. O grupo SD não apresentou nenhuma concentração de cristais de prata na interface adesiva e para o grupo BF pode-se observar uma pequena infiltração. Já na avaliação da base dessas restaurações, observa-se que todas as técnicas apresentaram grande presença de cristais de prata em sua interface.

Com relação à avaliação feita após 6 meses de envelhecimento, para o topo das restaurações observa-se que os grupos BF e CONV apresentaram as maiores concentrações de cristais de prata na interface, já o grupo SD não apresentou nenhuma infiltração de prata. Para a avaliação da base das

restaurações, observa-se uma grande concentração de prata na interface de todas as técnicas restauradoras, as figuras 9 a 13 exemplificam a quantidade de infiltração de cristais de prata.

Figura 9: Imagem obtida após avaliação no microscópio eletrônico de varredura, com 1000x de aumento, representando uma amostra do grupo SD, onde não há presença de infiltração de

prata na interface dente-restauração.

Figura 10: Imagem obtida após avaliação no microscópio eletrônico de varredura, com 1000x de aumento, representando uma amostra do grupo BF, onde observa-se uma pequena presença de infiltração de prata na interface dente-restauração, seta indicando a presença de

Figura 11: Imagem obtida após avaliação no microscópio eletrônico de varredura, com 3000x de aumento, representando uma amostra do grupo BF, onde observa-se uma pequena presença de infiltração de prata na interface dente-restauração, maior aumento, seta indicando

infiltração.

Figura 12: Imagem obtida após avaliação no microscópio eletrônico de varredura, com 1000x de aumento representando uma amostra do grupo CONV, onde observa-se uma grande presença de infiltração de prata na interface dente-restauração e ainda descontinuidade da

Figura 13: Imagem obtida após avaliação no microscópio eletrônico de varredura, com 1000x de aumento, representando a base de uma amostra, onde observa-se uma grande presença de

VI DISCUSSÃO

O presente estudo in vitro avaliou a resistência ao cisalhamento por extrusão, nanoinfiltração e profundidade de polimerização de cavidades profundas restauradas através de diferentes técnicas e revelou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos analisados no teste de RU, porém não revelou diferença estatística entre os grupos, para o teste de PP. Portanto para o teste de RU a hipótese nula de que não haveria diferença na resistência de união entre as técnicas restauradoras incrementais, semidireta e de incremento único foi rejeitada, porém aceita para o teste de PP e para o tempo de envelhecimento das amostras, já que não houve diferença estatisticamente significativa entre as análises imediatas (24hs) e envelhecidas (6 meses).

A técnica restauradora semidireta surgiu como uma alternativa rápida e de baixo custo para cavidades profundas e extensas. Além disso, apresenta como vantagem a termopolimerização adicional que reduz a contração de polimerização, garantindo uma melhor adaptação marginal. De acordo com os resultados obtidos nesse estudo, observa-se uma maior resistência de união dessa técnica em relação às demais, o que pode ser atribuído à polimerização pós-cura, além de melhores resultados no que se refere à presença de nanoinfiltração marginal. Os achados do presente estudo corroboram com os encontrados por Tonolli-Hirata (2010) e Godoy (2014), pois os autores afirmaram que a técnica semidireta representa uma excelente opção restauradora e uma alternativa viável para restaurações em cavidades profundas usando resina composta.

Com relação à técnica de incremento único, pode-se observar que para o teste de RU, houve diferença estatística entre essa técnica e a técnica semidireta para as amostras imediatas. Isso pode ser explicado, possivelmente, devido à presença do componente modulador encontrado no compósito Bulk-Fill, denominado SDR (Stress DecreasingResin). Este agente é responsável por modular a polimerização, proporcionando uma redução da tensão de contração, que é significantemente menor, quando comparada com qualquer outro compósito convencional. Após 6 meses de envelhecimento, a técnica de incremento único foi estatisticamente diferente da convencional

(CONV) e apresentou os maiores valores de resistência de união, o que demostra que este material, apesar de ser restaurado com um único incremento, possui um alto grau de passagem de luz, promovendo assim uma polimerização efetiva, o que garante uma resistência de união semelhante às restaurações que passam por termopolimerização adicional para posterior cimentação. Esse dado ressalta que o uso da resina Bulk-Fill é indicado em cavidades profundas e extensas, devido ao seu reduzido tempo clínico sem comprometer a qualidade e o resultado final da restauração (LALLY, 2014; LEPRINCE et al., 2014).

Quanto à análise do padrão de falha, observou-se maior número de falhas adesivas nas restaurações diretas, tanto incremental quanto as de incremento único, o que concorda com estudos que demostram ser a interface dente/restauração o ponto mais crítico das restaurações em resina composta (GWINNETT et al, 1995; FERRACANE, 2008; MOORTHY et al., 2012; ZORBA et al., 2013; MACEDO et al., 2010). Já nas amostras restauradas pela técnica semidireta observou-se um maior número de falhas mistas o que demonstra que a presença do cimento resinoso entre a interface dente/restauração favorece a união da restauração a estrutura dentária. Além disso, observa-se que esse padrão foi mantido nas restaurações semidiretas nos dois tempos de envelhecimento.

Para a análise de profundidade de polimerização, observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos avaliados, isso pode ser explicado pela modificação na translucidez e nos fotoiniciadores mais sensíveis presentes nas resinas bulk-fill. Já na técnica incremental a polimerização é realizada em incrementos menores, o que possibilita uma maior passagem de luz para estas restaurações. Na técnica semidireta, as restaurações além de serem polimerizadas de forma incremental, passam pelo processo de termo polimerização, o que pode contribuir para o bom desempenho destas restaurações diante desta propriedade.

Caneppele e Bresciani (2016) avaliaram por meio de uma revisão sistemática da literatura as propriedades das resinas de preenchimento único e observaram que a profundidade de polimerização foi a propriedade mais avaliada. Dos 11 artigos que avaliaram esta propriedade por meio da avaliação da relação da dureza entre a base e o topo das amostras de

resina com 4 mm de profundidade, muitos autores afirmaram que a proporção de 0,80 é um valor mínimo clinicamente aceitável. No presente estudo, todos os grupos obtiveram valores acima desse parâmetro. Essa constitui uma importante propriedade, pois além de estar relacionada com as propriedades mecânicas, também está relacionada com a liberação de monômeros não polimerizados, capazes de causar danos pulpares e sensibilidade pós-operatória.

Na análise da nanoinfiltração observa-se uma maior presença de cristais de prata na interface dente-restauração das amostras restauradas pela técnica CONV, e ainda, apesar de não ser o intuito do teste , é possível observar uma maior desadaptação marginal dessas restaurações, o que pode ser um fator importante para impregnação dos cristais de prata na interface adesiva. Esta desadaptação pode estar associada à contração de polimerização produzida por estes compósitos convencionais, durante as restaurações incrementais. De acordo com Fronza (2015), a contração volumétrica das resinas compostas convencionais, varia de 1 a 5%. As restaurações BF apresentaram menos infiltração de cristais de prata na interface adesiva, enquanto que as restaurações SD não apresentaram infiltração em sua interface, isso pode estar relacionado à contração de polimerização que nesta técnica é restrita a fina camada de cimento resinoso da interface, gerando assim um menor estresse e maior adaptação marginal dessas restaurações.

Em um estudo realizado por Pereira et al. (2019) foi avaliada a nanoinfiltração em compósitos do tipo Bulk Fill em comparação com as resinas tradicionais. Os autores encontraram as maiores concentrações de infiltração dos cristais de prata nos compósitos, que apresentavam cargas pré-polimerizadas em sua composição, como as resinas convencionais microparticuladas, estas cargas são substancialmente orgânicas o que demonstra menor conteúdo de carga inorgânica. Este fator pode estar associado a um aumento de sorção de água pelo compósito, capaz de atingir os espaços do adesivo e as regiões nanométricas localizados no interior da camada híbrida, fazendo com que os polímeros adesivos atuem, mesmo após a polimerização, como membranas semipermeáveis, aumentando o consumo de prata.

Foi observado em outro estudo que mesmo na ausência de lacunas, os íons de prata poderiam penetrar na camada híbrida, nas zonas de microporosidades. Uma maior nanoinfiltração em curto prazo pode não significar mau desempenho das restaurações, mas ao longo do tempo pode comprometer a sua longevidade (LEPRINCE et al.,2010). No presente estudo com o tempo de envelhecimento de 6 meses, podemos observar que houve um aumento da concentração dos cristais de prata na interface adesiva do grupo BF, enquanto que no grupo SD, houve a manutenção da ausência de infiltração de prata na interface adesiva, bem como, grupo CONV manteve o padrão de grande concentração de prata na interface adesiva.

VI CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos, sugere-se que a técnica semidireta apresenta melhores características de resistência ao cisalhamento por extrusão (push out), tanto para análise imediata como para análise após 6 meses de envelhecimento, bem como, possibilita uma menor incidência de infiltração de cristais de prata na interface adesiva em ambos os tempos de análise, o que pode sugerir como um método alternativo e eficaz na reabilitação de cavidades amplamente destruídas. Estudos clínicos devem ser incentivados para comprovação do que foi sugerido nesse estudo laboratorial.

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