• Nenhum resultado encontrado

Programação de visita de grupo de escolar ao museu comunicando a seleção de

Fonte: Foto da autora.

5.2 Análise das Fontes – Metodologia para coleta de dados

Nos estudos voltados a análises quantitativas em educação, Bernadete Gatti considera que “[...] poucos estudos empregam metodologias quantitativas [...]” (GATTI, 2004, p. 11). No entanto, a autora acredita que “[...] há problemas educacionais que para sua contextualização e compreensão necessitam ser qualificados através de dados quantitativos.”

(GATTI, 2004, p. 11). Dessa forma, fez-se pertinente a proposta metodológica de Gatti para o emprego de um método quantitativo para o tratamento dessas fontes. A partir desses dados e análises numéricas, foi possível alcançarmos interpretações qualitativas para o que Gatti defendeu ser: “[...] a combinação deste tipo de dados com dados oriundos de metodologias qualitativas, podem vir a enriquecer a compreensão de eventos, fatos, processos. [...] demandam, no entanto, o esforço de reflexão do pesquisador para dar sentido ao material levantado e analisado” (GATTI, 2004, p. 11).

Quando descobrimos nas fontes disponíveis no campo da Museologia, possibilidades de ampliar os estudos ligados ao campo da Educação, descobre-se também a necessidade de elaborar uma metodologia que possa ser eficiente para compilar resultados que levem a uma reflexão acerca de temas como cultura, educação e visitação ao museu no recorte específico deste estudo. Também por essa perspectiva, encontra-se respostas em Gatti quando essa assevera que se deve considerar também que

[...] muitos estudos quantitativos em educação, especialmente os que se utilizam de técnicas de análise mais sofisticadas, mais flexíveis e mais robustas, não são realizados por educadores mas por pesquisadores de outras áreas que se debruçam sobre o objeto educação (economistas, físicos, estatísticos, sociólogos, psicólogos, etc.). (GATTI, 2004, p. 14).

Em um primeiro momento a pesquisa fez um levantamento quantitativo do público que visitou o museu a partir das informações solicitadas nos livros, fundamentando-se no conceito de categoria: “nome, procedência e data”. Após esse primeiro levantamento, houve um estudo do tipo exploratório, definindo para análise, como única constante, o público auto declarado visitante ligado à instituição educacional, que foi classificado como os conceitos ordenado e métrico previstos em análises quantitativas.

Com o isolamento desse público específico, foi possível fazer uma análise mais apurada e de forma particular, do perfil desses visitantes. O maior interesse foi o de estudar quem eram e de onde vinham esses escolares que visitavam um museu recém-criado, no interior das Minas Gerais, estendendo-se pelos primeiros vinte anos de sua criação. Para o controle das informações, foram utilizadas como técnica de pesquisa exploratória três tipos de fichas catalográficas elaboradas para o registro dos dados. O estudo dividiu-se em dois momentos distintos, ou seja, uma análise global em um primeiro levantamento e outra pontual, tendo como público alvo os auto declarados pessoas ou grupos advindos de instituições educacionais, tais como diretores, professores e estudantes.

Profissionalizantes, Religiosas

Gênero, Localização Geográfica, Nível Escolar Escolas Particulares, Públicas, Militares, Análise Qualitativa instituições educacionais Nome, Procedência e Data de todos os visitantes (global) Métricos Ordenados Categóricos Análise Quantitativa Livros de visitação do Museu 5.2.1 Fluxograma da Metodologia

FIGURA 1 – Levantamento das Fontes

Fonte: Elaborada pela autora.

5.3 Escolha das fontes

Quando esse estudo de campo iniciou-se na Casa do Pilar, foi encontrada, no setor de pesquisa histórica, em várias caixas de documentos localizados nos arquivos administrativos, uma série de cartas, telegramas, ofícios, memorandos, recebidos e enviados ao museu, além de periódicos, convites, recortes de jornais e revistas, ao longo das décadas que se seguiram após a abertura da instituição. Entre os documentos, havia ofícios padronizados, emitidos pelo Museu, referente ao seu fluxo de visitantes. Como prática comum, esses ofícios, cada qual em seu período distinto, foram elaborados, assinados pelos três diretores do museu e direcionados

Arquivo I: Cartas e Correspondências enviadas ao Museu

ao “Gabinete de presidência/Diretoria Executiva”, cujo destinatário eram os respectivos diretores dos órgãos mantenedores da instituição (SPHAN, DNPM, IPHAN), parecia uma prestação de contas mensal do número de visitantes, via ofício.

Muito embora não tenha sido encontrado nenhum documento que pudesse atestar a hipótese de obrigatoriedade dessa ‘prestação de contas’, de visitação pública ao Museu, foram localizados muitos desses documentos. Os ofícios estavam organizados de forma cronológica e crescente. Encontrava-se em caixas e pastas separadas por anos, classificados como documentos administrativos. Porém, não estavam organizados de forma separada e sequencial, percebem-se lacunas entre meses e anos e não foi possível determinar início e fim dessa prática administrativa.

Como exemplo, destaca-se ofício 45, de 02 de março de 1956, assinado pelo Cônego Raimundo Otávio Trindade, enviado ao Diretor Geral do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Rodrigo Melo Franco de Andrade, cujo assunto era o “Total de visitas do mês de fevereiro/1956: 2.151 visitantes”23. Em resposta, o Diretor do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional comunica ao Diretor do Museu, conforme o ofício n. 157, de 08 de março de 1956, em folha timbrada do Ministério da Educação e Saúde – DPHAN, que tal informação foi encaminhada ao “Chefe de Serviço de Imprensa do MEC para fins de publicidade na imprensa o público de 2.151 visitantes no museu em fevereiro de 1956.” Uma curiosidade acerca dessa informação é que, quando os livros são utilizados como nossa fonte fixa de análise, descobre- se que, em fevereiro de 1956 foram registrados no livro somente 1563 (mil quinhentos e sessenta e três) visitantes, o que dá uma diferença de 588 (quinhentos e oitenta e oito) visitantes. Essa diferença que aparece nos números pode estar associada a algum tipo de controle de entrada de visitantes feita diretamente na portaria do Museu e que não foi passível de ser detectada nos registros.

Os ofícios possuíam um texto padrão alterando somente datas e número de visitantes. Entre os anos de 1955 a setembro de 1959, em ordem não sequencial, foram encontrados registros do número de visitantes divididos entre homens, mulheres e crianças. Os ofícios, numerados, datados e assinados pelo diretor de cada época, prestavam contas do público visitante mês a mês. Em 06 de março de 1959 o ofício n. 114, que registra o número de visitantes passa a ser assinado pelo segundo diretor do Museu, o museólogo Orlandino Seitas Fernandes. Ainda neste ano, foi localizado o OF. n. 160, de 05 de novembro de 1959, com a

23 Informações extraídas da Caixa n. 32/Análise de visitação/Ano:1955 a 1964/Pasta: Análise de visitação havida

no Museu Inc. durante o ano de 1955 a 1959 (ARQUIVO HISTÓRICO DO MUSEU DA INCONFIDÊNCIA, [19—]).

informação de alteração do nome do Ministério que passa a se chamar “Ministério da Educação e Cultura – RJ – 8º andar” (ARQUIVO HISTÓRICO DO MUSEU DA INCONFIDÊNCIA, [19--])24. A forma de prestação de contas do número de visitantes continuou a mesma adotada pelo primeiro diretor, ofício numerado e datado, registro mensal, por gênero e idade (adultos/crianças).

Nesta pesquisa não foi possível descobrir como foram coletadas, de forma tão específica e pontual, os números apresentados nos ofícios, uma vez que a única forma de controle objetivamente localizada para compilação dos dados nesta pesquisa foram os livros de visitação presentes no Museu. Dessa forma, as informações contidas nos ofícios mensais de prestação de contas não puderam confirmar-se nos livros que foram utilizados como fonte principal da pesquisa.

FOTO 10 – Modelo de Ofício de prestação de contas referente a público visitante