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Programa CIEE aprendiz

3 CIEE ENTIDADE QUALIFICADA EM FORMAÇÃO TÉCNICO

3.3 PROGRAMAS E PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO DEPARTAMENTO

3.3.5 Programa CIEE aprendiz

Este Trabalho de Conclusão de Curso enfatiza o Programa de Aprendizagem Sócio Educacional, que o CIEE/SC desenvolve desde 2003, tendo seus princípios pautados na Legislação 10.097/2000 que sanciona a Lei de Aprendizagem, regulamentado no Decreto n. 5.598 de 1º de dezembro, e sobre o Artigo V do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata “Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho”.

Buscando uma sociedade menos desigual, pautada nos princípios da justiça social, através do Programa de Aprendizagem Sócio Educacional o CIEE/SC vem fortalecendo suas ações nas comunidades de periferias catarinenses, inserindo no mundo do trabalho o jovem vulnerável de direitos e políticas públicas compensatórias.

O Centro de Integração Empresa Escola/SC desenvolve uma série de ações para atender as demandas advindas das questões sociais trazidas pelo público alvo específico. Prioritariamente o programa tem os seguintes objetivos:

• Sensibilizar o grupo de empresariado para as questões sociais;

• Utilizar novas metodologias que possibilite um processo de aprendizagem mais autônomo, promovendo nos jovens e adolescentes a capacidade de compreender e transformar a realidade;

• Diminuir a repetência escolar oferecendo apoio pedagógico aos adolescentes quando verificada a necessidade;

• Intervir na família para minimizar conflitos familiares que refletem no desenvolvimento psicossocial do adolescente;

• Envolver a família no processo de formação profissional do adolescente. Uma das principais ações é a ampliação de vagas através da sensibilização do grupo de empresariado que precisa cumprir a cota da aprendizagem, buscando uma maior conscientização quanto ao seu papel na comunidade e ao impacto social que o programa promove.

A escola pública brasileira sofreu um grande problema que é a multirrepetência, em que na maioria dos casos leva à evasão escolar. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), um estudo realizado pela economista Sonia Rocha, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, mostra que 37% dos jovens brasileiros de quinze a vinte e cinco anos não completaram nem o ensino fundamental. Desses jovens, 23% já não estudam mais. (CONECÇÃO APRENDIZ, 2009). Diante dessa realidade busca-se com o Programa de Aprendizagem a elevação escolar através do acompanhamento da frequência e rendimento escolar, bem como uma mudança de postura por parte dos jovens adolescentes referente a diferentes questões vividas no cotidiano.

Fazem parte da estrutura curricular do curso de formação profissional temas como: formação social e ética, como responsabilidade social, educação ambiental, sanitária e sexual, prevenção às drogas, convivência familiar e comunitária, sendo complementada com projetos de educação digital, matemática, comunicação e língua portuguesa, assim como atividades de esporte e cultura e capacitação em serviços bancários e administrativos.

O Programa de Aprendizagem do CIEE/SC possui duas modalidades distintas, Presencial e Semipresencial. Na modalidade Presencial, os encontros de formação acontecem semanalmente nas unidades do CIEE/SC. Os conteúdos são

trabalhados de forma transversal, estimulando os adolescentes a fazer relações entre os diferentes temas estudados.

A modalidade Semipresencial consiste em encontros bimestrais nas unidades do CIEE/SC e acompanhamento através do Ambiente Virtual de Apoio à Aprendizagem disponível no site do CIEE/SC. Este ambiente foi criado para atender à necessidade das vagas pulverizadas nas cidades do interior de Santa Catarina e, ainda, possibilitar a inclusão digital para os adolescentes participantes do programa.

Os módulos possuem temas de fundamental importância para a sua formação profissional e pessoal, baseando-se na realidade dos adolescentes, trazendo situações práticas vividas cotidianamente no ambiente profissional, familiar e comunitário. Através do Ambiente Virtual de Aprendizagem, é possível a interação dos adolescentes de diferentes localidades de Santa Catarina, possibilitando a troca de experiências, vividas no ambiente de trabalho, bem como seus conflitos e dúvidas a respeito das mais diversas questões.

Para garantir um processo de aprendizagem de efetivo e de qualidade, bem como verificação das condições as quais os jovens e adolescentes desenvolvem suas atividades nas empresas, é realizado semestralmente um acompanhamento In loco com o orientador e os jovens e adolescentes. Ao final, é elaborado um relatório com considerações a respeito dos pontos positivos e pontos que precisam ser melhorados. O Programa oferece também atendimento psicossocial às famílias dos Jovens e Adolescentes quando diagnosticada a necessidade, em casos mais complexos, após visitas domiciliares e entrevistas, a família recebe encaminhamento à Rede de Atendimento Social do Município.

Ao concluírem o programa, os jovens e adolescentes recebem um certificado de capacitação profissional, assinados pelo CIEE e pela empresa parceira e, ainda, contam com um acompanhamento de até um ano com encaminhamentos para novas oportunidades no mundo do trabalho e/ou inserção nos cursos de formação superior, através do artigo 179 e do programa Pro Uni.

Em relação ao trabalho, o Programa vem combater as formas indignas e a exploração do trabalho de adolescentes, por meio da defesa do direito dos Adolescentes garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Observa-se um aumento significante de empresas conscientes com seu papel de formadora e educadora social, demonstrando que a empresa deve oferecer condições para que o adolescente e o jovem possam aprender, aproximando os

empresários das comunidades e as comunidades do empresariado, assim mostrando uma nova perspectiva de vida e desmistificando os pré conceitos.

O Programa tem incidido diretamente no combate à violência contra adolescentes, seja nos perímetros urbanos, quanto no próprio âmbito do lar, retirando das ruas onde são alvos preferíveis dos traficantes, e são muitas vezes utilizados em serviços domésticos em casa de terceiros sem nenhum direito trabalhista.

A Carteira de Trabalho em uma comunidade de periferia, onde muitos trabalham num mercado informal, torna-se um instrumento de elevação da auto estima, fazendo com que outros adolescentes busquem esse ideal de trabalho, tendo como parâmetro mínimo os direitos sociais e trabalhistas.

Como uma das prerrogativas do Programa é a da estar frequêntando o ensino regular, esse fato tem feito com que muitos jovens e adolescentes retomem ou vejam com uma nova postura os estudos, tendo nele um aliado fundamental para a construção de uma qualidade de vida.

O Programa desenvolve também o protagonismo juvenil através de metodologias pedagógicas que promovem uma releitura da realidade, fazendo com que ele desenvolva ações em sua comunidade e favoreça uma nova concepção de sociedade.

Muitos adolescentes que nunca tiveram contato com computadores estão tendo a chance de utilizar essas novas tecnologias enquanto ferramenta significativa de seu cotidiano.

O projeto promove o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades, atitudes, necessários para a permanência do jovem no mundo do trabalho; tem um público alvo em situação de risco social, e possibilidades de formação cidadã, formação prática no local de trabalho e um tempo adequado deste processo o programa promove um notável desenvolvimento dos participantes.

O número de atendimentos diante da demanda reprimida da instituição nos dá parâmetros que garantem que o empresário está compreendendo a relevância social do Programa de Aprendizagem, através da ampliação das parceiras que proporcionam.

A procura do jovem e do adolescente pelo programa tem aumentado consideravelmente, o que demonstra que o Programa se tornou uma ferramenta social eficaz de combate a toda a forma degradante de trabalho.

É possível observar novas posturas e atitudes dos jovens e adolescentes por meio de depoimentos dos Pais ou Responsáveis, orientadores e educadores, coletados nos acompanhamentos e informalmente nas conversas cotidianas.

Através de acompanhamentos do rendimento e frequência escolar observa-se uma preocupação de bons rendimentos por parte dos jovens e adolescentes para a continuidade da formação profissional. Pelo exposto, verifica-se a ampliação da área de atuação dos profissionais do Serviço Social, no caso aqui abordado em entidades que executem o trabalho educativo de contratação de acordo com a Lei n. 10.097/2000 em seu art. 430:

Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico profissional metódica, a saber:

"I – Escolas Técnicas de Educação”;

"II – Entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente”.

“§ 1o As entidades mencionadas neste artigo deverão contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados”.

A ampliação está situada na área dos direitos sociais com a possibilidade de ingerência da sociedade civil organizada no controle das políticas de proteção à criança e ao adolescente. As organizações do terceiro setor constituem-se em campo de atuação profissional e o assistente social precisa entender as configurações deste espaço, portanto faz-se necessário o reconhecimento aprofundado do objeto de estudo a fim de elaborar os melhores encaminhamentos.

A seguir, descreve-se a experiência vivenciada pela acadêmica no CIEE/SC unidade de Florianópolis e em especial no Programa Aprendiz.

3.4 A EXPERIÊNCIA PRÁTICA DO ESTÁGIO E A INSTRUMENTALIZAÇÃO DO

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