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PROGRAMA DE RESGATE, MANEJO E CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA

No documento UHE SÃO DOMINGOS Setembro de 2014 (páginas 32-37)

PARTE 2 – PROGRAMAS AMBIENTAIS

9. PROGRAMA DE RESGATE, MANEJO E CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA

Figura 28 – Transposição de Ictiofauna. 9.1. SUBPROGRAMA DE MONITORAMENTO E PESQUISA DA ICTIOFAUNA 9.1.1. Monitoramento de Comunidades

No período deste relatório foram realizadas duas campanhas de monitoramento de comunidades de peixes (14ª e 15ª campanha) e três campanhas de monitoramento de Ictioplâncton (12ª, 13ª e 14ª).

Até o momento foram registradas 67 espécies distribuídas em 18 famílias e cinco ordens, totalizando 1922 indivíduos coletados durante o monitoramento. A ordem com a maior riqueza de espécies foi os Characiformes (lambaris, piaus, traíras) com 52.2% (35 spp.), seguido dos Siluriformes (bagres, cascudos) com 31.3% (21 spp.), Perciformes (tucunarés, carás) com 8.9% (6 spp.), Gymnotiformes (tuviras) com 5.9% (4 spp.), e Synbrachiformes (muçum) com 1.4% (1 sp.). Em relação à abundância de indivíduos, as ordens mais abundantes foram os Characiformes (1472 indivíduos), seguida dos Siluriformes (163 indivíduos), dos Perciformes (9 indivíduos), Gymnotiformes (5 indivíduos) e Synbrachiformes com um indivíduo.

A área em estudo foi composta por uma comunidade de peixes bem equilibrada em relação ao porte. As espécies de pequeno porte (≤25 cm) obteve 26 spp., seguida das espécies de médio porte (26 ≤ 50) com espécie (25 spp.) e das espécies de grande porte (51 ≤) (16 spp.);

Na maioria das espécies, houve predomínio de indivíduos com estômagos vazios (0), correspondendo a 70% (1a camp.), 35% (2a camp.), 54% (3a camp.), 50% (4a camp.), 59% (5a camp.), 54% (6a camp.), 52% (7a camp.), 43% (8a camp.), 27% (9a camp.), 42% (12a camp.), 32.5% (13a camp.) e 27.7% (14a camp). Na campanha de julho de 2014 ocorreu uma grande quantidade de indivíduos de estômagos cheios (40%), representado principalmente pelas espécies iliófagas (expl.

Prochilodus lineatus).

A comunidade de peixes foi composta principalmente de espécies insetívoras aquáticas, piscívoras, onívoras, detritívoras, herbívoras, insetívoras terrestres e iliófagas.

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Até o momento não ocorreram mudanças “drásticas” na estrutura trófica da comunidade de peixes existente na área de influência da UHE São Domingos, contudo, houve um acréscimo no número de indivíduos de certas espécies piscívoras na última campanha (expl.. Hoplias

malabaricus – Lobó) a montante do barramento, o que já era esperado com a formação de um

ambiente lêntico (reservatório).

A seguir são apresentadas algumas imagens dos trabalhos de monitoramento.

Figura 29 - Retiradas de redes no ponto de monitoramento do Ribeirão Araras.

Figura 30 - Exemplar de Salminus hilarii (Tabarana).

Figura 31 - Colocação de rede de arrasto no Rio São Domingos, a montante da UHE São

Domingos.

Figura 32 - Exemplares de Prochilodus lineatus (Curimba).

Em anexo estão o 6º e 7º relatório de monitoramento, compreendidos por este semestre.

9.1.2. Monitoramento de Ictioplâncton

Foram avaliadas amostras coletadas em frascos de 250 ml, devidamente etiquetados. A maioria das amostras continha material vegetal grosso, como folhas e galhos. Num primeiro passo as partes mais grossas foram eliminadas manualmente com pinças. O restante da amostra foi passado por peneiras de 5mm, removendo novamente os objetos mais grossos. Neste passo foi substituído o formol por etanol 70%. A triagem final foi efetuada manualmente sob lupa Zeiss Steml 2000 com câmara fotográfica acoplada. Os peixes encontrados foram medidos

(comprimento total) e fotografados. A fauna acompanhante de macroinvertebrados também foi identificada, a maioria até o nível de ordem.

No 6º relatório de monitoramento citado anteriormente estão os resultados referentes ao período compreendido por este relatório semestral.

9.2. SUBPROGRAMA DE DETERMINAÇÃO DO MECANISMO DE TRANSPOSIÇÃO DE PEIXES 9.2.1. Transposição de Peixes Migradores - Piracema 2013/2014

Na piracema 2013/2014 as atividades de transposição com captura manual iniciaram em 29 de setembro de 2013 e se estenderam até 29 de maio de 2014. As atividades foram executadas diariamente, exceto finais de semana, recessos e feriados, ou quando a atividade foi comprometida devido a forte chuva, que gera riscos de vida aos pescadores e biólogo. A empresa responsável pelo serviço neste período foi a Geocenter Consultoria e Projetos.

Entre os dias 1 de maio a 29 de maio de 2014 foi realizado apenas observação na área de captura. Esta atitude foi tomada devido à redução de cardumes migratórios. A equipe de transposição foi mantida mobilizada para uma possível chegada de novos cardumes. Como não foram avistados novos cardumes, a equipe foi desmobilizada no dia 29 de maio de 2014.

As espécies alvo da transposição são as espécies de escama, migradoras de longas distâncias, sendo elas: piracanjuba (Brycon orbignyanus), piau (Leporinus obtusidens – ver Figura a seguir), piapara (Leporinus elongatus - ver Figura a seguir), curimba (Prochilodus lineatus), dourado-cachorro (Raphiodon vulpinus), dourado (Salminus brasiliensis) e tabarana (Salminus

hilarii).

Figura 33 - Exemplar de Leporinus obtusidens (Fonte: Fishbase)

Figura 34 - Exemplar de Leporinus elongatus (Fonte: Fishbase)

Os indivíduos das espécies - alvo capturados foram marcados com marcas plásticas tipo “tag”, transpostos para áreas de montante determinadas, tendo seus dados biométricos apurados, como comprimento total (CT), comprimento padrão (CP), peso (g), espécie, e número do tag, bem como local de soltura e a data da transposição, os quais foram anotados em planilha.

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Figura 35 - Floy tag de pistola para marcação de peixes.

Desde o início da transposição na piracema 2013/2014 até este relatório foram transpostos 6312 indivíduos de seis espécies diferentes. As espécimes mais capturadas foram

Leporinus obtusidens (Piau), Leporinus elongatus (piapara) e Prochilodus lineatus (Curimba),

constituindo-se nas mais representativas em número de indivíduos (Tabela 3).

Tabela 3 - Número de indivíduos capturados no período de set/2013 a maio/2014.

Espécie

Local de soltura

N * Araras Verde S. Domingos

S. brasiliensis Dourado 56 18 21 95 S. hilarii Tabarana 1 0 0 1 R. vulpinus Dourado-cachorro 0 0 0 0 B. orbignyanus Piracanjuba 4 3 0 7 L. obtusidens Piau 3.428 1234 572 5234 L. elongatus Piapara 229 136 54 419 P. lineatus Curimba 328 170 58 556 Total Geral 4.046 1561 705 6.312

* 7 Indivíduos vieram a óbito no momento da soltura.

Os resultados descritos acima indicam uma ampla dominância numérica de L. obtusidens nas capturas. Essa espécie, conhecida popularmente como piau, foi primariamente descrita como de hábito alimentar herbívoro, mas estudos recentes apontam para uma dieta onívora com tendência a insetívora.

As espécies de piracema, em geral Characiformes, apresentam um comportamento de migração reprodutiva na época das cheias, no período de primavera e verão.

Embora o período de defeso seja finalizado em fevereiro, observou-se a chegada de cardumes até o mês de abril sendo realizada a transposição de mais de 1000 exemplares neste período e mantendo-se o monitoramento das condições do rio ao longo do mês de maio, quando então foram encerradas as atividades.

Nas atividades desenvolvidas, a transposição dos peixes de piracema selecionados foi satisfatória. Esta transposição busca auxiliar estas espécies na sua estratégia reprodutiva,

buscando minimizar o efeito do barramento. Os métodos de captura foram considerados eficientes e satisfatórios, pois foram utilizados métodos concomitantes, de acordo com a espécie a ser capturada, evitando metodologias do tipo armadilha, que pudesse levar a óbito os animais.

Num primeiro momento, cinco espécies são as principais de serem consideradas para a manutenção para as próximas piracemas: o dourado, a curimba, o piau, a piapara e a piracanjuba. A tabarana, embora não seja muito comum na área da transposição, é importante como representante do grupo dos peixes que fazem migração reprodutiva. Já o Dourado-cachorro, ou cachorra, é incomum já no próprio rio, tendo sua principal distribuição em outras bacias, embora apareça na bacia do Rio Paraná. Cabe salientar que esta espécie não é considerada peixe de piracema, o que poderia ser avaliado para que pudesse sair da lista das espécies – alvo para as próximas transposições.

Em anexo está o relatório executivo final da Transposição de Ictiofauna piracema 2013/2014.

9.2.2. Transposição de Peixes Migradores através da Escada de Peixes - Piracema 2013/2014

No período compreendido por este relatório foram finalizadas as atividades de implantação da escada de peixes, devendo a mesma ser utilizada na piracema 2014/2015.

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