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O Programa Estado para Resultados e a Gestão para Resultados: estratégias de desenvolvimento para Minas Gerais

Capítulo 3 O “Choque” na Gestão Pública do Estado de Minas Gerais: o Acordo de Resultados na Gestão do Sistema Estadual de Ensino

3.6 O Programa Estado para Resultados e a Gestão para Resultados: estratégias de desenvolvimento para Minas Gerais

Com a finalidade de promover a GpR na administração pública estadual, o Governo de Minas criou, em janeiro de 2007, por meio da Lei Delegada n. 112, o Programa Estado para Resultados (EpR). O Programa foi elaborado para exercer suas atividades até o mês de janeiro de 2011 e deveria funcionar como um escritório de apoio à gestão estratégica, além de ser responsável pela montagem do sistema de monitoramento e avaliação com vista ao resultado.

Desta forma, seria garantido o controle social54 das ações do governo. (MINAS Gerais, 2007a, 2007b)

Como previsto no PMDI/2007, o EpR agregou um conjunto de ações operacionais e temáticas multissetoriais e estratégicas capazes de garantir os resultados em todas as onze áreas de ação do Estado. Diversidade de responsabilidades, como pode ser visto na relação de seus objetivos, quais sejam: (i) viabilizar as ações coordenadas do estado nas áreas de resultado, previstas no PMDI de 2007 e 2011; (ii) alinhar as ações estratégicas de governo, de forma a proporcionar a atuação articulada dos órgãos e das entidades encarregados da gestão de Projetos Estruturadores e Projetos Associados; (iii) incentivar o alcance dos objetivos e metas das Áreas de Resultado, Projetos Estruturadores e Projetos Associados; (iv) acompanhar e avaliar os resultados das políticas públicas implementadas pela Administração Pública do Poder Executivo estadual; (v) oferecer conhecimento público das metas e resultados relacionados à gestão estratégica do governo, de forma a contribuir para o seu controle social. (MINAS GERAIS, 2007a, 2007b)

O Programa EpR abrange metodologias, estratégias, ações e meios voltados para a, eficiência55, eficácia56 e efetividade57 das políticas públicas, com ênfase na redução das

desigualdades regionais e sociais e no desenvolvimento emancipatório. Contudo, o EpR, como estratégia setorial, teve como enfoque primordial, monitorar as ações do Governo com vista ao alcance das metas acordadas nos contratos de gestão.

Além de exercer o papel de controlador social definido pelo Governo do Estado, o EpR busca controlar as ações do Governo, por meio da avaliação institucional, que incide na obtenção de resultados. A avaliação realizada pelo EpR, por um lado, analisa os indicadores finalísticos de qualidade e a universalização dos serviços; de outro, o quanto custa financeiramente à sociedade os trabalhos desempenhados pelo Governo (MINAS GERAIS, 2007a). Ao se confrontar a avaliação proposta para o EpR com a acepção da dinâmica da avaliação que ocorre na GpR, exposta por Serra (2008), verifica-se que, de fato, o programa EpR foi criado para garantir a efetividade da GpR. De acordo com Serra (2008), a esfera da

54 Significa a capacidade da sociedade de se autorregular e os meios que ela utiliza para conduzir a atuação dos gestores públicos aos padrões de qualidade dos serviços e resultados que ela deseja. (ALVAREZ, 2004)

55 A eficiência - “a variável mais importante para dar uma resposta a uma das principais exigências da sociedade: 'fazer mais com menos', é o custo unitário de produção, ainda que seu cálculo seja uma das maiores fragilidades da administração pública, especificamente, dos sistemas de informação contábil”. (SERRA, 2008, p. 53)

56De acordo com Serra (2008), a “acepção correta da palavra eficácia, trata-se de conseguir o objetivo sem preocupar-se com os meios. Do ponto de vista da GpR, a eficácia é uma condição necessária porém insuficiente, dada a importância que está adquirindo a procura da eficiência, ou seja, a consideração pelos custos” (p. 53).

avaliação “se entrelaça com a análise do resultado (em relação com os objetivos de governo) e com avaliação de impactos e consistências. E neste âmbito se localizam os seguintes componentes: a) processos produtivos e distributivos; e b) resultados estratégicos da ação de governo e seus impactos” (p. 50).

Comparando a forma de monitoramento e avaliação dos objetivos estratégicos do Governo na Primeira e na Segunda Geração do Choque de Gestão, o EpR substitui o Colegiado de Gestão Governamental formado no período de 2003 a 2006, praticamente com os mesmos propósitos do EpR. A estratégia de planejamento e o uso de mecanismos da GpR aproximam o Choque de Gestão aos fins propostos – reformar a gestão pública estadual, pois caminha da gestão gerencial de primeira geração, com ênfase no ajuste fiscal, para a gestão de segunda geração - gerenciando para resultados.

Sobre a premissa da Gestão Pública com foco nos resultados, o Governador Aécio Neves, no seu segundo mandato (2007-2010), para efetivar e consolidar a Reforma da Administração Estadual, além de criar o Programa Estado para Resultados, determina, por meio da Lei Delegada n. 112/2007, a “Gestão para Resultados” para todas as instituições da administração direta e indireta, justificando sua decisão na garantia dos princípios constitucionais da administração pública. Nas particularidades de Minas Gerais, essa nova concepção de gestão fundamenta-se em políticas institucionais e técnico-estruturais da gestão para resultados que busca compartilhar responsabilidades58 entre o Estado, a sociedade e o mercado; alinhar as estratégias de planejamento, gestão e controle previsto no PMDI com as ações das instituições; potencializar e adequar os processos meios; garantir a excelência funcional e gerencial; enfatizar a desconcentração e a descentralização. (MINAS GERAIS, 2007a)

Materializado no conjunto de ações operacionais e temáticas definidas no PMDI/2007 por áreas de resultados e determinadas no Programa EpR, a GpR no Estado de Minas orienta- se pelas seguintes diretrizes: alocação de recursos financeiros, observados os critérios de prioridade definidos na estratégia de longo prazo estabelecida no PMDI; gestão de recursos humanos orientada pela lógica de formação, capacitação, qualificação e avaliação

57 "O conceito de efetividade complementa a análise de impacto e permite estabelecer uma relativa categorização de produtos com relação à mudança social esperada, provocada na situação social (produto-resultado).” (SERRA, 2008, p. 54)

58 A responsabilização na GrR inclui a “competição administrada visando a excelência”: significa uma comparação dos padrões ou referenciais obtidos pelas diferentes organizações públicas que fornecem o mesmo serviço em diferentes regiões; a “administração por resultados ou objetivos”: os padrões ou indicadores de desempenho provêm das realizações efetivas das diferentes agências ou serviços; “responsabilidade social”:

permanentes; gestão de recursos técnicos orientada para a integração das ações e potencialização de resultados, racionalização de tempo de resolução e ampliação da abrangência e qualidade de atendimento da rede de serviços públicos do Estado; articulação das técnicas organizacionais pela lógica da flexibilização; gestão de resultados com base em indicadores qualitativos e quantitativos, com ênfase nos impactos sociais das ações. (MINAS