• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 1 – PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS NO CONTEXTO DA

1.2 Os programas e as políticas fiscais para o desenvolvimento do turismo no Brasil

1.2.7 Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT

A municipalização do turismo é um processo de desenvolvimento realizado por meio da conscientização, sensibilização, estímulo e capacitação dos agentes e das populações dos municípios. O programa propõe a descentralização e a participação da comunidade, na elaboração dos projetos e nas decisões de seus próprios recursos, como fundamentos indispensáveis à gestão da atividade. O Governo acredita que o envolvimento da população residente no planejamento turístico municipal conduza a uma maior colaboração na busca de resultados mais eficientes (EMBRATUR, 1998).

Durante muitos anos defendeu-se a idéia de que seria mais adequado concentrar os processos de planejamento e de gerenciamento do turismo no município, pois é nesse domínio que o setor se desenvolve de fato, graças aos atrativos locais, utilização de serviços e geração de impostos. Foi assim que nasceu, em 1994, o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) elaborado pela EMBRATUR por meio do Ministério do Esporte e Turismo e tendo a Organização Mundial do Turismo (OMT) como consultora para orientar o planejamento da atividade em âmbito municipal.

Considerado um divisor de águas por praticamente todas as esferas que estão direta ou indiretamente envolvidas com o setor turístico no Brasil, o programa introduziu, pela primeira vez, nesse segmento, políticas públicas que visavam conciliar o crescimento econômico e a inclusão social com a preservação da natureza. Seu principal objetivo foi dotar aos municípios brasileiros com potencial turístico, de condições técnicas e organizacionais para elaborar seus próprios planos de desenvolvimento, de acordo com suas necessidades e características. (EMBRATUR, 1998).

Corroborando as orientações da OMT, o PNMT foi sustentado pelos seguintes pilares:

• Sustentabilidade econômica, que inclui a análise da competitividade entre esses recursos;

• Sustentabilidade social, que prevê a adaptabilidade e capacidade social; • Sustentabilidade ambiental, que analisa os níveis de visitação, os tipos de visitantes e seu comportamento;

• Sustentabilidade cultural, que envolve um estudo sobre a singularidade, força e capacidade cultural;

• Sustentabilidade política, determinada pelo apoio e envolvimento de residentes do destino turístico.

Para os municípios se cadastrarem no programa do PNMT e, conseqüentemente, receber seus benefícios, era necessário passar por duas etapas. A primeira consistia em responder ao Relatório de Informações Turísticas

(RINTUR), enviado pela EMBRATUR, e a segunda era realizada por meio de uma solicitação formal do poder público municipal ao Comitê Estadual para formação de monitores municipais capacitados.

Os monitores dos municípios engajados eram capacitados para realizar o processo de mobilizar a comunidade para a criação do Conselho e do Fundo Municipal, bem como para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Turismo. Esse foi um plano proposto pela OMT mediante os manuais que são utilizados pelo corpo técnico do programa. Depois de cumpridas todas as exigências, o município recebia da EMBRATUR o Selo de Município Prioritário do PNMT. (EMBRATUR, 1998).

O “selo” possibilitava ao governo (federal e estadual) e às instituições parceiras (também nos níveis federal e estadual) orientarem os investimentos e/ ou incentivos concedidos aos municípios, que teriam prioridade para receber investimento público na área de infraestrutura de acesso, comunicação, saúde e similares; participar de programas e projetos apresentados pelas prefeituras para o desenvolvimento do setor turístico; e ter o direito de sediar projetos turísticos privados que solicitassem incentivos governamentais.

Em se tratando do Rio Grande do Norte, para facilitar o desenvolvimento do turismo, foram criadas as Instâncias de Governança ou Pólos de Turismo (como definido na Figura 3). Trata-se de um conjunto de municípios com atratividade turística e se localizam relativamente perto. Por outro lado, o PNMT trabalha apenas o município de forma isolada, o que não configura vantagens competitivas suficientes para atrair demanda para esses lugares, pois não possuíam sequer infraestrutura básica e de serviços, bem como atrativos de significativo potencial turístico.

O Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Estado do Turismo – SETUR deu início ao processo de interiorização do turismo a partir da estruturação dos pólos turísticos criados em 2004. A região do Seridó teve uma especial atenção em função da parceria realizada entre o Governo e o SEBRAE/RN objetivando a elaboração do Plano de Turismo Sustentável – Roteiro Seridó, projeto que envolveu as parcerias do SESC, SENAC, SENAR, IDEMA,

Ministério do Turismo, Universidades, Prefeituras, ONGs e instituições financeiras. (SEBRAE, 2006).

Conforme Soares (2006, p.11),

no RN esse programa obteve o engajamento de 75 municípios, sendo os mais engajados e que cumpriram primeiro todas as etapas do programa, entre eles, os municípios de Parnamirim, na grande Natal, Currais Novos e Carnaúba dos Dantas, na região Seridó. Por seu engajamento esses municípios receberam da EMBRATUR, à época, o selo de ouro da instituição.

Sete municípios seridoenses foram trabalhados pelo Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) entre os 17 de potencial turístico que o pólo da região do Seridó possui. Entre eles: Cerro Corá, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas, Parelhas, Jardim do Seridó e Caicó. Esses municípios foram escolhidos inicialmente pelo programa pelo fato da atividade turística já apresentar alguma forma de desenvolvimento, nos quais foram concentradas ações pelo programa, com o objetivo de fomentar, de forma sistemática, o desenvolvimento sustentável do turismo, o que favoreceu a realização do Roteiro Seridó, como demonstrado na figura 4.

Figura 4 – Roteiro Seridó - PNMT

O turismo vem se expandindo cada vez mais na região. O turismo de eventos ganha forma principalmente nas festas religiosas, nos eventos culturais e esportivos. O ecoturismo tem potencial para crescer, devendo ser praticado em uma natureza preservada. O turismo de aventuras tem nas serras e represas seridoenses sua matéria prima principal, em espaços na realidade pouco explorados turisticamente.

Algumas ações que se fizeram ausentes no PNMT, como a integração dos municípios e segmentos de forma organizada por região, e o apoio à promoção e à comercialização desses destinos como produtos turísticos, pretende ser incluídas no PRT – Programa de Regionalização do Turismo. Com a regionalização, os municípios devem ser capazes de se articularem para coordenar conjuntamente seus esforços, tornando-se mais competitivos e garantindo melhores resultados nas suas ações de desenvolvimento do turismo local e regional, e, nesse sentido, há uma compreensão do governo de escala espacial, principalmente, de implantação de políticas de turismo voltadas ao local, os municípios, estabelecendo outro recorde espacial que se conjuga com o agrupamento de municípios, formando uma região turística. (SOUZA, 2006).

Documentos relacionados