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2 METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

3.4 PRINCIPAIS PROGRAMAS DE GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

3.4.2 Programa Novos Empreendedores - 2001

O programa foi elaborado em consequência da identificação e constatação,

na primeira fase do Programa Brasil Empreendedor, na dificuldade de novos

empreendedores conseguirem crédito no país, uma vez que ainda não possuíam um

histórico financeiro e contábil que demonstrasse comprovadamente a capacidade de

faturamento e crescimento empresarial, que justificasse a aprovação do crédito,

garantindo assim o retorno do capital emprestado pelos bancos.

O objetivo do programa era atender as micros, pequenas e médias empresas,

por serem elas as maiores responsáveis na geração de emprego e renda e também

para pessoas físicas que nunca tiveram empresa. A finalidade era viabilizar novos

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negócios através do apoio da parceria com o SEBRAE, por ser um órgão que

possuía agências em todo o território nacional, facilitando a etapa inicial do projeto

de financiamento assistido, com a sua estrutura de treinamento. A instituição

participaria do convênio, sendo o responsável pela capacitação dos candidatos ao

programa de crédito do governo federal.

O convênio firmado pelo governo englobava os bancos oficiais, no tocante às

linhas de crédito, e o SEBRAE no treinamento de capacitação na gestão empresarial

dos empreendedores candidatos ao pleito financeiro, com carga horária ampliada para

80 horas. Foi utilizado um novo instrumento de concessão de crédito e capacitação

empresarial por meio de treinamentos setoriais, pois se tratava de um projeto pioneiro,

que apresentava riscos, e esses deveriam ser calculados, não só na elaboração dos

projetos de viabilidade financeira, como também no entendimento de todos implicativos

que envolvem uma empresa, independentemente do seu porte empresarial.

Sua meta era selecionar, capacitar, orientar a elaboração de Planos de

Negócios, proporcionar crédito e assessoria técnica a 5.000 (cinco mil)

empreendedores distribuídos em todo o país. O programa definiu como público alvo

os empreendedores com boas ideias que necessitavam de apoio financeiro para

implementá-las. Abrangeria as pessoas físicas, empreendedores da informalidade e

empresa formal que já existisse no mercado no prazo de até doze meses da data de

entrega do termo de compromisso no SEBRAE.

O programa foi dividido em diversas etapas:

1) Inscrição via site;

2) Seleção em Brasília, das ideias inovadoras que ainda não existissem no

mercado;

3) Os projetos selecionados voltariam para suas cidades de origem para

realizar o treinamento de 80 horas;

4) No treinamento, cada participante recebia o CD MakeMoney – Como se

tornar um empreendedor de sucesso do prefº Fernando Dolabela, para realização do

projeto pelo próprio candidato;

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5) Em caso de dúvida, o SEBRAE disponibilizava um consultor, contador com

larga experiência em projeto de viabilidade econômica, e através de agendamento,

apenas tirava dúvidas no preenchimento dos dados solicitados no CD;

6) O projeto era enviado para os bancos conveniados que aprovavam ou não

o financiamento limitado à R$ 50.000,00 por candidato ao crédito.

7) Depois de 1 ano de funcionamento, a empresa que foi contemplada com o

financiamento, receberia um consultor para fazer um diagnóstico de checagem da

situação da empresa e seus resultados financeiros.

A depender da situação, o empresário seria encaminhado para novos cursos

de capacitação na gestão empresarial, oferecidos no portfólio do SEBRAE, porém,

não mais gratuitos. No anexo 1, relaciona-se o passa a passo de todo o processo do

Programa Novos Empreendedores, para que se possa ter a dimensão da

complexidade do projeto a ser desenvolvido por pessoas totalmente leigas e

incapazes na elaboração de projeto de viabilidade econômica.

As incoerências ficavam nítidas à medida que o programa era apresentado

para os multiplicadores.

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A exemplo, cita-se o valor de crédito financiável em relação

ao porte da empresa. Se o limite de faturamento é de 1,2 milhão ao ano, para

pequena empresa, como atender às necessidades iniciais de montagem de um

negócio com apenas R$ 50.000,00 de valor de crédito? Considerando-se que este

valor era para atender os itens referentes ao investimento e ao capital de giro.

Ratificando que se tratava de um programa que também contemplaria pessoas

desempregadas que nunca tiveram a experiência como empresário.

A participação direta nos programas de geração de emprego e renda, nas

políticas públicas do governo de Fernando Henrique Cardoso, despertou o interesse

da autora no referido trabalho de pesquisa acadêmica, tendo o desejo reforçado

após o lançamento do programa de geração de emprego e renda do governo Dilma

14O SEBRAE Nacional, com sede em Brasília, reuniu um representante técnico de cada estado para apresentar o novo projeto. A autora participou da capacitação nacional e foi certificada como multiplicadora nacional do programa Novos Empreendedores, cópia no anexo 2, uma vez que já atuava como multiplicadora do programa da primeira fase, Brasil Empreendedor. Responsável em repassar o novo programa para os demais consultores que atuariam em todo estado da Bahia, como instrutores na capacitação para os projetos contemplados na aquisição do crédito para os Novos Empreendedores, a autora foi uma das consultoras que avaliaram alguns projetos após 1 ano de existência.

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Rousseff, intitulado Micro Empreendedor Individual – MEI, direcionado para a

economia informal.

Durante a pesquisa para a realização do trabalho acadêmico proposto, em

contato com o SEBRAE-BA, para a realização da entrevista estruturada, busquei

informações estatísticas sobre os programas Brasil Empreendedor e Novos

Empreendedores, porém foi informado pela gestão da instituição que não obtinham

mais nenhum registro dos dados dos referidos programas de capacitação e

aquisição de créditos.

Outra questão a ser considerada, como participante do programa, é que os

agentes financeiros envolvidos no programa, que faziam parte do Comitê de

Aprovação, na maioria das vezes não concordavam com o Plano de Negócio

apresentado através da metodologia do CD MakeMoney – Como se tornar um

empreendedor de sucesso do prefº. Fernando Dolabela. Argumentava-se que cada

banco possuía seu próprio modelo instalado no sistema e esses não se adequavam

ao modelo proposto no programa Novos Empreendedores.

É sabido que cada instituição financeira possui seu sistema próprio, que

utilizam critérios de análise de crédito individual. Vários itens são considerados de

acordo com os objetivos e propósitos institucionais, bem como as exigências de

cada banco, através das normas internas e que não poderiam ser alteradas para

atender especificamente ao programa em foco.

Registra-se ainda que muitas vezes o objeto do contrato a ser financiado,

não era de interesse da instituição, ou seja, não fazia parte do foco setorial em que

eles trabalhavam, dificultando a concessão do crédito pleiteado, e principalmente

pela dificuldade de apresentar as garantias exigidas por cada banco e a dificuldade

de determinação da capacidade de faturamento da empresa, pois tratava-se de

projetos inovadores selecionados em Brasília que seriam implantados em outras

localidades, sem análise da vocação regional para aquele segmento.

Constatou-se que o Programa Novos Empreendedores se tratava de um

programa com uma filosofia interessante, que buscava oportunizar uma saída para a

sustentabilidade frente ao desemprego, mas de formatação totalmente distante da

realidade necessária para minimizar o objetivo a que se destinava.

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O que foi visível e amplamente discutido por parte do corpo técnico, tanto do

SEBRAE como dos parceiros que atuariam como instrutores em todo o estado, era

que se tratava de uma política pública bem-intencionada, porém mal planejada.

Apresentava apenas a finalidade de demonstrar aos órgãos financiadores

internacionais que o Brasil estava realizando ações para a mudança da situação de

empregabilidade, ou seja, criando programas de geração de emprego e renda para

diminuição da desigualdade socioeconômica da população.