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Programa para o manejo de resíduos sólidos da Fundação Nacional da

3. CAPÍTULO 3 Fontes de financiamento governamentais para Consórcios Públicos

3.2 Análises das informações dos Fundos e Programa governamentais pesquisados

3.2.4 Programa para o manejo de resíduos sólidos da Fundação Nacional da

A FUNASA possui um Programa para o manejo de RSU e seus recursos são procedentes do Orçamento Geral da União – OGU e emendas parlamentares. O alvo do Programa da Funasa são municípios com até 50.000 habitantes e o objeto do financiamento possibilita recursos para projetos em todas as fases: coleta e transporte, aquisição de veículos, construção de unidades de transbordo e equipamentos; destinação final, para construção de galpão de triagem e compostagem, aquisição de veículos e equipamentos; e disposição final, para a construção de aterro sanitário e aquisição de equipamentos para operacionalização (FUNASA, 2014b).

O programa da última portaria (nº 1.225) de 2013 faz parte da ação orçamentária 10GG20 do Plano Plurianual 2012-2015 do Governo Federal. Nota-se que a partir da portaria mencionada, começou-se a priorizar os municípios com soluções consorciadas constituídas pela maioria simples de municípios com população de até 50.000 habitantes e propostas que incluam a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis (FUNASA, 2014b). A priorização no acesso e outras alterações trazidas na referida portaria fazem-se em consonância à PNRS.

Adicionalmente, pode-se deduzir que outras mudanças no processo de seleção das propostas surgiram das sugestões propostas pelo Segundo Monitoramento de Auditoria do Tribunal de Contas da União – TCU (2011), que analisou os recursos destinados ao Programa de Resíduos Sólidos Urbanos da Funasa, no período de janeiro de 2000 a abril de 2011. Constatou-se que, em convênios para construção de aterros sanitários, 38% do valor transferido foram desperdiçados, aproximadamente R$ 20 milhões, pois os aterros foram abandonados ou retornaram à condição de lixões.

Um dos pontos principais para a solicitação de financiamentos governamentais refere- se ao PGIRS, que é uma condição primária para a apresentação das propostas, requisito incorporado de acordo com a PNRS. No entanto, Barreto (2014) relata que poucas propostas

19Esta seção é fundamentada em entrevista concedida por BARRETO, Rodrigo. Coordenação de Saneamento

em Saúde, FUNASA. Comunicação Pessoal. Entrevistas concedidas em 03 e 11 abr. de 2014. Perguntas disponíveis no Apêndice A.

20 Ação Orçamentária 10GG – Implantação e melhoria de sistemas públicos de manejo de resíduos sólidos em

municípios de até 50.000 habitantes, exclusive de regiões metropolitanas ou Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico - RIDE (MPOG, 2014).

são aproveitadas, pois não atendem as exigências mínimas do Edital, como licenças ambientais ou comprovação da propriedade da terra, capacidade técnica em preparar as propostas e apresentação dos PGIRS.

A falta de Planos é apontada como uma das maiores dificuldades dos municípios para a elegibilidade ao financiamento. Barreto (2014) informou que cerca de 70% das propostas apresentadas no último Edital não possuíam nenhum dos Planos e foram recusadas. Dados do IBGE (2014a) reforçam esta declaração ao constatar que apenas 33,48% (1.865) dos municípios brasileiros possuem PGIRS e 30% (1.669) possuem Plano de Saneamento Básico - PSB que contemple o serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Observa-se no Gráfico 4 que as faixas populacionais municipais atendidas pelo Programa da FUNASA, até 50 mil habitantes, possuem uma menor porcentagem de Planos do que as acima de 50 mil.

Gráfico 4 – Distribuição por faixa populacional dos municípios com PGIRS e com PSB que contemple o serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Fonte: adaptado de IBGE, 2014a.

O TCU (2011), que por um lado sugere que a Funasa condicione a celebração dos convênios à apresentação dos Planos, por outro reconhece que os municípios de pequeno porte possuem carência de técnicos capacitados para orientar e executar os Planos. Com isso,

a auditoria sugere que recursos do Programa sejam aplicados primeiramente no desenvolvimento da capacidade institucional dos municípios, para que não sejam alocados recursos em projetos que não terão uma gestão adequada resultando em desperdício de recursos públicos. Todavia, ainda não se constatou esta possibilidade no Programa.

Outra alteração aplicada na última portaria (nº 1.225) de 2013, relatada por Barreto (2014), foi a exigência de apresentação de propostas que possuam projetos com soluções integrais, para que o sistema funcione como um todo. Este requisito foi estabelecido na PNRS e observado como uma das orientações do TCU (2011). Com isso, caso o município ou Consórcio queira recursos para veículos compactadores, ele deverá possuir disposição final adequada; caso não possua, a proposta deverá conter também a solicitação de recursos para o caminhão e para o aterro sanitário.

Questão relevante refere-se à comprovação da auto-sustentação dos serviços financiados após o término do financiamento. Conforme levantamento do TCU (2011), a maioria dos municípios se preocupa com a construção e inauguração do empreendimento, no caso da construção de aterros sanitários, sendo que a estrutura administrativa e financeira para garantir a manutenção não é priorizada. Esse fato é acentuado ao se constatar que a maioria dos municípios não possui cobrança de tributo para os serviços prestados de manejo de RSU, o que representa uma sobrecarga no orçamento municipal, pois não há receita para cobrir os gastos. Em vista disso, a Funasa tem solicitado, nas propostas, a comprovação de projetos que visem à sustentabilidade dos sistemas implantados e considerem os aspectos administrativos, tecnológicos, financeiros e a participação da comunidade (FUNASA, 2014b).

Nos últimos cinco anos, de 2009 a 2013, foram realizados 1007 projetos com municípios e 13 com Consórcios Públicos (SICONV, 2014)para as atividades de manejo de resíduos sólidos. A distribuição dos projetos com os municípios durante esse período pode ser observada no Gráfico 5. Na análise do total dos projetos entre 2009 e 2013, observa-se uma concentração maior de projetos com a região Sudeste, seguidos pela região Nordeste, Sul e Centro-Oeste, ficando a região Norte com menos projetos. O ano subsequente à criação da PNRS, 2011 foi o ano com maior número de projetos, 336, no entanto, observa-se uma queda nos anos de 2012 e 2013.

A participação dos Consórcios ainda é pouco expressiva, apesar da priorização na última seleção. Em 2013 foram apenas seis projetos. Em vista disso, Barreto (2014) observa que não há como avaliar se a priorização no acesso aos recursos incentivou a formação de Consórcios, pois a demanda feita pelos Consórcios ainda não é significativa.

Gráfico 5 – Quantidade de projetos da Funasa com municípios por região geográfica no período de 2009 a 2013.

Fonte: Elaboração própria, a partir de SICONV, 2014.