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Programa Qualidade na Escola: interações com o Currículo

1. Da Proposta Curricular ao Currículo Oficial do Estado de São Paulo

1.4 Programa Qualidade na Escola: interações com o Currículo

Um dia antes da oficialização do currículo, o governador José Serra (2007-2010) instituiu o Programa de Qualidade da Escola (PQE), através da Resolução SE nº 74 de 06/11/200, que visa:

Resolução SE - 74, de 6-11-2008

Que o Programa de Qualidade da Escola - PQE - visa garantir o direito fundamental de todos os alunos das escolas estaduais paulistas poderem aprender com qualidade e a necessidade de disponibilizar a unidade escolar diferentes indicadores de natureza quantitativa e qualitativa que forneçam diagnósticos acerca da qualidade do ensino oferecido e possibilitem a definição de metas exequíveis, resolve:

Artigo 1º– Fica instituído, o Programa de Qualidade da Escola - PQE e o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo - IDESP, indicador de qualidade das escolas estaduais paulistas que permite:

I - avaliar a qualidade das escolas estaduais no Ensino Fundamental e Médio; II - fixar metas específicas para a qualidade de ensino de cada unidade escolar que orientem os gestores escolares na tomada de decisões de modo a direcionar as escolas para a melhoria dos serviços educacionais que oferecem;

III - subsidiar ações para a promoção da melhoria da qualidade e da equidade do sistema de ensino na rede estadual.

Artigo 2º – O IDESP é calculado considerando dois critérios complementares: I- o desempenho escolar, medido pelos resultados alcançados no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo);

II- o fluxo escolar, qual seja, em quanto tempo os alunos aprenderam, medido pela taxa média de aprovação nas séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Artigo 3º – O IDESP subsidia:

I - o cálculo das metas de qualidade fixadas para cada unidade escolar;

II - o indicador coletivo específico a ser utilizado na atribuição da bonificação por desempenho ou mérito dos servidores.

Artigo 4º – As metas de qualidade de ensino são fixadas:

I - individualmente para cada unidade escolar, em cada etapa da escolarização do Ensino Fundamental (4ª e 8ª séries) e do Ensino Médio (3ª série);

II - para cada ano desde 2008 até 2030.

Parágrafo único: Em 2030 todas as unidades atingirão IDESP iguais a 7,0, 6,0 e 5,0, respectivamente para a 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e para a 3ª série do Ensino Médio, considerando os IDESP de cada etapa da escolarização apurado em 2007 para cada unidade escolar.

Artigo 5º - Esta resolução entra em vigor da data de sua publicação. (DO, 06 de novembro de 2008, p.67)

O PQE se refere ás avaliações externas realizadas em larga escala, que subsidiam as políticas educacionais, de forma a manter efetiva a aplicação de um currículo único, pois, se avaliam as aprendizagens expressas em competências que são referências do Currículo.

Neste sentido, o SARESP é umas das principais políticas de avaliação do SEE/SP. E sua primeira edição ocorreu em 1996, como iniciativa de um projeto político de revisão e modificação do sistema educacional público, anunciado através das Diretrizes Educacionais do Estado de São Paulo. No entanto, somente em 2007 com a atuação da equipe responsável pelo PQE, houve a introdução de mudanças teóricas e metodológicas.

A partir destas modificações a avaliação de 2008, passou a abranger todas as áreas curriculares, alternando ano a ano a periodicidade de algumas delas, assim, todos os anos são avaliadas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, e de forma alternada por ano, as outras áreas das Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

Neste mesmo ano foram criadas as matrizes próprias de avaliação, baseadas na Proposta Curricular do Estado de São Paulo (neste período o Currículo não tinha sido instituído) convergentes com os conteúdos ensinados na rede pública dando origem a um material pedagógico padronizado.

As Matrizes de Referência concebem um recorte representativo das estruturas de cada área de conhecimento, as quais são traduzidas em habilidades e competências consideradas importantes para o desenvolvimento do processo de aprendizagem.

A partir do PQE, surgiu o IDESP, tomado como um indicador de qualidade das escolas da rede estadual paulista. O IDESP trata-se de um indicador medido de 0 a 10 que avalia a qualidade da escola estadual em cada nível de ensino que oferece é calculado com base em dois fatores: o desempenho escolar, medido pelos resultados alcançados no SARESP e o fluxo escolar, ou seja, em quanto tempo os alunos aprenderam. Este aspecto é medido pela taxa média de aprovação nas séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Este indicador tem por objetivo que cada escola consiga melhorar seu desempenho em longo prazo, podendo se comparar as escolas de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os mais bem colocados em termos de qualidade da educação.

O desempenho dos alunos no SARESP é medido por meio de uma escala única com extensão de 0 a 500. Nessa escala é aferido o desempenho do aluno do 5º do Ensino Fundamental como de um aluno da 3º série do Ensino Médio. E após traduzir as

aprendizagens em pontos da escala do SARESP, a SEE/SP define a situação de cada aluno em relação ao esperado através dos níveis de desempenho.

Estes níveis de desempenho são caracterizados da seguinte forma:

Tabela 3 - Classificação e Descrição dos Níveis de Proficiência Classificação Níveis de Proficiência Descrição Insuficiente Abaixo do Básico < 150

Os alunos neste nível demonstram domínio insuficiente dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis para a série escolar em que se encontram.

Suficiente

Básico

150 a < 200 Os alunos neste nível demonstram domínio mínimo dos conteúdos, competências e habilidades, mas possuem as estruturas necessárias para interagir com a proposta curricular na série subsequente. Adequado

200 a < 250 Os alunos neste nível demonstram domínio pleno dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis para a série escolar em que se encontram.

Avançado Avançado

> = a 250 Os alunos neste nível demonstram conhecimentos e domínio dos conteúdos, competências e habilidades acima do requerido na série escolar em que se encontram.

Fonte: SÃO PAULO,SEE/SP Boletim Escolar do SARESP, 2011

Dessa forma, quanto maior a proporção de alunos nos níveis de maior desempenho no SARESP e menor a reprovação ou abandono, melhor será o IDESP da escola.

Dando continuidade às mudanças na política educacional paulista, o então Governador, José Serra, em 17 dezembro de 2008, promulga a Lei Complementar nº 1078, que “institui a Bonificação por Resultados”, no âmbito da Secretaria da Educação. A bonificação é paga aos professores e funcionários da rede gerida pela Secretaria, é proporcional ao salário de cada um sendo 2,4 salários nas escola que alcançarem a sua meta e 2,9 salários nas escolas que superarem a meta da escola, medido pelo IDESP.

O bônus envolve o desempenho dos alunos nas avaliações, que tem como objetivo avaliar aprendizagem dos conteúdos pertinentes ao Currículo. Assim, o bônus deverá ser maior ou menor de acordo com as meta do IDESP, sendo que, o funcionário que atingiu 1/3 de faltas durante o ano está excluído do processo.

Tanto o PQE quanto a criação do IDESP são grandes instrumentos em torno do SARESP, e suas relações e aplicações no setor educacional reforçam a preocupação com a questão da qualidade, equidade, fluxo e proficiência no contexto da educação paulista.

A busca pela melhoria da qualidade da educação é um tema que ocupa posição de destaque das políticas públicas já há alguns anos, ainda que os diferentes agentes sociais atribuam significados distintos para este termo, de acordo com seus interesses e concepções de sociedade. (GENTILLI; SILVA, 1995, p.56)

Neste sentido, a expectativa da sociedade brasileira em relação ao papel da escola aponta para que ela contribua para o desenvolvimento dos valores essenciais ao convívio humano, e, ao mesmo tempo, proporcione oportunidades que permitam a inclusão de todas as crianças e jovens no mundo da cultura, da ciência, da arte e do trabalho.