• Nenhum resultado encontrado

4.2.2 Programas compatíveis com o planeamento estratégico local

Em fase posterior ao levantamento de todas as características do edifício, iniciou-se uma pesqui-

59 - É importante para a intervenção perceber o grau de compatibilidade entre os materiais a adicionar durante a

obra e os já existentes e de que forma se refletirão no comportamento do edifício.

60 - MOXON, Siân. Sustentabilidade no Design de Interiores, p. 14

61 - Tudo o que nos envolve contribui para a nossa saúde, incluindo os materiais utilizados na construção. A composi-

sa por usos compatíveis, na qual os planeamentos estratégicos já realizados, sobre a cidade de Castelo Branco e centro histórico em específico, desempenharam um papel fulcral.

No plano estratégico entitulado “Castelo Branco 2020”, produzido anos atrás, definiram-se as metas a atingir até ao ano de 2020, passando numa fase inicial pelo levantamento e caracterização da estrutura da cidade à data, necessários para a definição de um programa de intervenção, abordando-se temáticas como economia local, demografia, quotidiano da cidade, equipamentos existentes e paisagem urbana. Foi reforçado, ainda nesta primeira parte do planeamento, que o mesmo só seria eficaz se originasse

“um ambiente urbano agradável”62, baseado no sucesso de intervenções em vários planos. Idenficamos a

ideologia base destes programas assente numa filosofia de reabilitação integrada, já abordada no segun- do capítulo (página 12), potenciadora da “regeneração da cidade”, tornando-a mais forte e competitiva, funcional e apelativa à fixação e vivência da população. Podemos hoje observar o resultado de algumas dessas ações e as consequências geradas na vida quotidiana da cidade, podendo afirmar com convicção de que se trata de um impacto favorável.

São de referir alguns dos pontos explorados na investigação através de inquérito à população e seus respetivos resultados, em fase antecedente ao planeamento, caracterizadores da vida quotidiana dos habitantes desta cidade. Na sexta página do plano é exposto o que já se havia identificado anteriormente, a perda de residentes do centro da cidade em detrimento da periferia, como se vê, resultando na degra- dação de muitos edifícios em especial do centro histórico.

Em busca de mais informações, os censos de 2011 revelaram-nos que Castelo Branco (cidade) possui uma oferta reduzida de alojamentos com área até aos 50m2 (apêndice 2), colocando-se assim a hipótese de adaptar a casa da Rua de Santa Maria a dois espaços habitacionais independentes;

Esta hipótese também pode ser justificada pela simples razão de que, também nesta cidade, mais de metade das famílias clássicas possuem apenas entre um a dois elementos;

Poderá haver a possibilidade de, e indo a favor das preferências de grande parte das famílias portu- guesas, a casa ser destinada para compra (e não aluguer), para usufruto do seu proprietário e, se optar por utilizar apenas uma fração da casa para si, arrendar ou iniciar atividade na fração restante63. Sendo assim, o espaço destinado a arrendamento adquire a necessidade de ser facilmente adaptável pelos e aos seus inquilinos, prevendo-se a sua rotação em períodos de tempo não alargados.

É importante, e tendo em conta que uma fatia considerável da população albicastrense (freguesia) tem 65 anos ou mais, sendo que estes na sua maioria vivem com pessoas da mesma idade ou sozinhos, evitar a todo o custo essa situação. Muitos encontram-se isolados, sem qualquer tipo de ajuda imediata em caso de pequenos (ou grandes) acidentes domésticos. Além dos inconvenientes que acarreta a situ- ação de morar sozinho ou com pessoa da mesma idade, em muitos casos a sua relação com o espaço ha- bitacional é desajustada, pois os espaços não possuem as características necessárias para uma vivência diária segura, cómoda e ajustada às capacidades de locomoção dos seus utentes.

A maioria dos centros urbanos foram levados ao abandono, como é o caso de Castelo Branco. Maio- ritariamente, a população residentes nestes locais é de parcos recursos e/ou envelhecida, sem possibili- dade de melhoria das suas condições habitacionais, notoriamente identificável ao deambular pelas ruas deste local. É importante inverter esta situação, contrariar a tendência e criar condições para que novos residentes se fixem. Viver no centro histórico deveria ser considerado um luxo, com todas as suas rega-

62  - 1º ponto do capítulo “Relatório” do Planeamento estratégico >> Castelo Branco 2020, disponível em: http://

www.cm-castelobranco.pt/index.php?link=cb2020_menu

63 -  A preferência da compra sobre o aluguer pode ser confirmada pelos dados dos censos, onde se vê que grande 

lias associadas (proximidade de postos de trabalho, serviços e comércio, sem necessidade de utilização de veículos de transporte), e não o contrário.

Torna-se crucial permitir a entrada de novas famílias, muitas delas ainda apenas com um ou dois elementos, ainda no início da sua vida. Família que dispensa do seu carro, ou raramente o usa (e porque não precisa, afinal, morando num ponto central, pode diariamente deslocar-se a pé para o seu trabalho, pequenas compras e lazer).

O plano estratégico Castelo Branco 2020 aborda, no seu capítulo entitulado “Um Programa de Ações Mobilizadoras - Valorizar a memória”, as principais metas para a intervenção no centro histórico de Cas- telo Branco das quais destacamos os de maior relevância para o projeto:

“- Trazer novos grupos sociais e mais jovens para esta colina”. “- Introduzir novos usos nos espaços públicos e privados. - Equipar esta área com equipamentos culturais diversificados. - Reabilitar as estruturas construídas com interesse.

- Apoiar os grupos sociais menos favorecidos.

- Fortalecer a dinâmica económica e social com introdução de medidas diversas quer a nível económico quer turístico.

- Recriar e fortalecer os percursos turísticos internos (...)”

Refere ainda a criação de residências universitárias, de condições para a melhoria do seu quadro urbano e ambiental, de fixação de populações mais jovens, fomento da atividade turística, atividade co- mercial e cultural, e alojamento turístico.

Podemos subtrair do exposto anteriormente, numa ótica de reabilitação arquitetónica, a possibili- dade de criação de:

- residências universitárias;

- habitação para grupos jovens, jovens casais;

- habitação low cost (para famílias que não se podem candidatar a habitação social, mas que não têm rendimentos para outra);

- habitação social;

E no reforço das atividades comercial e turística já existentes a criação de alojamento turístico como: - pequenos albergues/hostel (a oferta mais semelhante na cidade é a Pousada de Juventude); - residenciais;

- hotel; - hospedaria.

Compativelmente surgem opções de programas como:

- habitação e comércio - De acordo com as características presentes em anos anteriores nesta rua, constatou-se tratar de uma rua com elevado valor para o comércio. Permaneciam nela vários casos (e ainda existem noutras ruas) em que o rés do chão dos edifícios abarcava a funcionalidade comercial ou de prestação de serviços, sendo o 1º andar (ou seguintes) destinados a habitação.

- habitação unifamiliar de 2 pisos low cost - Uma casa para famílias que sofreram com a crise, viram os seus rendimentos reduzidos, mas o seu valor não deixa de ser demasiado elevado para que se possam candidatar a habitação social.

- Alojamento turístico com número reduzido de dormitórios - Alojamento temporário para quem pretenda conhecer em especial o centro histórico de Castelo Branco.