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1.1 Processo de Projeto

1.1.2 Projeto Auxiliado por Computador

O computador oferece a possibilidade de comunicar, selecionar e compartilhar informações. (OXMAN, 1997). A introdução de ferramentas computacionais passou a influenciar a prática de projeto, coincidindo com a discussão dos métodos projetuais e tentativas de racionalização do processo projetual. Em 1960, com o movimento dos métodos de projeto e investigações sobre o processo projetual, o computador passou a ser incorporado no trabalho do arquiteto (CELANI in MITCHELL, 2008), buscando torná-lo eficiente e racional.

Desde os métodos de projeto desenvolvidos nas décadas de 1960 e 1970, ferramentas computacionais vêm contribuindo para aprimorar o processo de projeto de arquitetos, designers e urbanistas, através da modelagem, simulação e prototipagem. No entanto, a maioria dos profissionais ainda limita-se ao uso do computador como ferramenta de representação; não explorando as capacidades generativas e analíticas dos recursos computacionais.

O projeto auxiliado por computador foi descrito por Mitchell (1975), no artigo “The theoretical foundation of computer-aided architectural design” como uma área da ciência que busca definir problemas, representar as possíveis soluções, como podem ser geradas e avaliadas com o auxílio do computador. O uso do computador está relacionado à assistência que as ferramentas digitais podem oferecer para representação, simulação, geração, organização de dados, experimentação e exploração desses ambientes. (TIERNEY, 2007).

Os primeiros programas computacionais de auxílio ao projeto possuíam abordagens não associativas, de modo que a modificação de um componente do modelo não cumpria nenhum impacto sobre o resto da geometria. (PAPANIKOLAOU, in KARA; GEORGOULIAS, 2012). Buscando evitar a necessidade de ajustar manualmente a geometria e visando um processo mais

rápido, os programas computacionais recentemente transformaram o processo projetual em uma definição funcional do processo, que pode então gerar as formas. Desta maneira, os softwares vêm deixando de exercer a mera função de representação geométrica de formas não associadas, para cumprir o processo de geração de formas e sistematização do processo. Para Papanikolaou (in KARA; GEORGOULIAS 2012):

This shift from representation of forms to description of processes is a fundamental concept in modern computational design practice, as computer programs now follow the design instructions and remodel the resulting geometry for different input parameters.8

A palavra em inglês computation refere-se ao processamento de informações, “desde a realização de operações elementares até o estudo do raciocínio humano”. (CELANI, et al., 2006). A evolução do design digital como um campo único, motivada pelo próprio corpo de fontes teóricas e apoiado pelas novas tecnologias vem desenvolvendo-se rapidamente. As produções literárias, conferências, concursos, exposições e obras da década de 1990 serviram como catalisadores para a formulação do discurso teórico do digital design. (OXMAN, 2006).

A aplicação de procedimentos na solução de problemas de projeto, envolvendo raciocínio, cognição, algoritmos e linguagem computacional coloca o arquiteto na condição de modelar e criar métodos que atendam suas necessidades, ao invés de estabelecer que o arquiteto é apenas um usuário das ferramentas digitais. Para Terzidis (2009) computação consiste na aplicação de procedimentos lógicos e matemáticos na solução de problemas de projeto, envolvendo raciocínio, cognição e algoritmos. O uso de tecnologias de desenho assistido por computador abriram novas possibilidades de desenho que vem alterando a expressão da arquitetura e do design. (SCHODEK, et al.,2005).

Mitchell (2008) compara a crítica e raciocínio como a resultante de um banco de dados, composto por fatos e regras do mundo projetual. O entendimento do processo projetual como um sistema operativo de solução de problemas na

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Essa mudança da representação de formas para descrição de processos é um conceito fundamental na prática do desenho computacional contemporâneo, pois os programas computacionais seguem as instruções de projeto e remodelam a geometria resultante para diferentes parâmetros de entrada.

arquitetura potencializou-se com o uso de ferramentas computacionais, permitindo o desenvolvimento de novas metodologias no auxílio a resolução de problemas complexos de projeto. A força motriz por trás da atividade projetual, fundamenta-se no desejo de alcançar soluções qualitativas, determinadas por avaliações multicritérios e multidisciplinares. (KALAY, 1999).

O programa proposto por Kalay (1999), The Intelligent Design Assistant (IDeA) consiste em um agente baseado em metas. É um sistema de auxílio à tomada de decisão que armazena regras em um banco de dados, visando cumprir tarefas, conforme um grupo de prognósticos de desempenho (Figura 4). O método pode recorrer a ferramentas de avaliação externas, podendo ser composto por outras metodologias de auxílio específico. Através de um estudo de caso, Kalay avalia soluções para fenestração, utilizando cinco critérios de avaliação: iluminação natural, transmissão acústica, ventilação, permeabilidade visual e custos estimados, auxiliando assim, a tomada de decisões do arquiteto e demonstrando quais os pontos críticos e positivos perante cada alteração realizada.

Figura 4 Estrutura proposta para um IDeA – Intelligent Design Assistant.

Assim como o programa IDeA, outras metodologias vêm explorando as potencialidades que ferramentas computacionais podem exercer durante o processo de projeto, ao incorporar o desempenho da forma edificada. Na última década, uma série de projetos vem sendo desenvolvidos, visando à exploração de tecnologias digitais, direta ou indiretamente relacionadas com o processo de projeto. (OXMAN, 2009). A modelagem e aferição do desempenho são potenciais procedimentos de auxilio a tomada de decisões, oferecendo suporte para o arquiteto definir a forma, materiais e relações inerentes ao processo de projeto.

Para Omidfar e Weissman (2012), as ferramentas digitais proporcionam aos designers, o acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade, permitindo ampla e profunda compreensão de situações e contextos específicos9. O uso da tecnologia computacional vem oportunizando a prática acadêmica e profissional a aprimorar o processo de projeto através da representação, visualização e simulação do desempenho.

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