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Projeto da escola X Projeto de intervenção simbioses

5.5 C ONSOLIDAÇÃO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

5.5.4 Projeto da escola X Projeto de intervenção simbioses

No dia 30 de outubro, mais uma vez as aulas serviram para esclarecimentos de informações sobre o projeto da terceira unidade. Os procedimentos, as formas de avaliação, o detalhamento das práticas, os envolvimentos foram novamente passados para os alunos. Isso foi feito a pedido da maioria dos alunos que, por algum motivo, não estava sabendo como proceder nesse trabalho e também da minha necessidade em sanar algumas dúvidas ou ruídos que pairavam sobre a participação dos alunos no projeto.

Foi essencial porque pude definir com os alunos o que poderíamos fazer, inclusive a inserção das oficinas como avaliação ao invés da realização da última avaliação da unidade. O que antes estava estabelecido foi de que haveria a aplicação de uma nota a todo o processo de construção e participação dos alunos no projeto da terceira unidade: valeria a pontuação de dois (2,0) para quem fizesse uma pesquisa (1,0 ponto) somado à construção de um produto e apresentação dele (1,0 ponto). Essa regra valeu para todos os professores da escola, porém eu ainda estabeleci uma outra pontuação para quem continuasse trabalhando com esse projeto, já que ele ajudaria

na complementação no processo de intervenção dos alunos. Estabeleci a substituição da avaliação final da unidade (prova no valor de 4,0 pontos) pela sequência de ações as quais os alunos participariam. Mais adiante, na oficina sobre produção escrita, descreverei minuciosamente este processo. Estabeleci, nesta aula, que o produto do projeto da terceira unidade seria a construção de um varal em que o aluno pudesse mostrar os elementos pesquisados sobre o bairro Curuzu pelos alunos. Inclusive, esse material serviria, em grande parte, para a complementação do projeto de intervenção, já que na pesquisa os elementos seriam próximos dos da última unidade, quer dizer, o que o aluno pesquisaria, serviria também para complementar o projeto de intervenção (História do bairro, localização, curiosidades e personalidades). Explicarei mais à frente na terceira oficina sobre a confecção desse varal a qual considerei como parte do projeto da unidade como oficina constituinte do projeto de intervenção.

Fonte: Edvaldo Pereira

Aula 02

No dia 06 de novembro de 2018, houve a segunda aula da segunda oficina. Eu tentei me apressar com as oficinas, pois depois de muitos entraves e protelações eu sabia que ficaria muito mais difícil se eu tivesse que ir substituindo os encontros para fazer outra atividade fora do objetivo, mesmo porque estava chegando ao final de ano e com ele as preocupações outras dos alunos com aprovação/reprovação. Eu percebia isso no dia a dia deles. O alvoroço das salas para concluir o projeto e logo após seria a conclusão da unidade pelos professores. Portanto, eu tinha que ser célere, mas ao mesmo tempo cauteloso na aplicação das ações de intervenção. Os alunos raramente produziam as pesquisas para o projeto da escola e de intervenção e tudo ia se acumulando. Eu determinava prazos, mas muitos ignoravam e para facilitar, a priori, o envio de informações e de dados que serviriam para a nossa troca, não só no projeto, mas também qualquer discussão sobre as aulas, criei, portanto, um grupo nas redes sociais (Whatsapp) – “6º. Ano A”, já que a maioria dispunha de aparelhos celulares e já se comunicavam entre si. Eu só fiz entrar nas novas formas de interação e de letramento contemporâneos.

Nesta oficina, como se tratava de conhecer o outro e conhecer o lugar onde mora e isso tudo falava do Curuzu, levei para os alunos vídeos sobre a instituição Ilê Aiyê – considerada uma das mais importantes do bairro, ou melhor, da Bahia – já que o propósito era o de estabelecer um vínculo de proximidade entre os alunos e o lugar.

 Objetivo Geral: Promover discussões de proximidades entre alunos e o bairro Curuzu através de vídeos sobre o Ilê Aiyê.

 Objetivos Específicos: a) Assistir aos vídeos;

b) Discutir oralmente os conteúdos e temas dos vídeos;

 Público-Alvo: Alunos do 6º. Ano A do Ensino Fundamental – Anos Finais.  Duração: 02 aulas de 50 min.

 Metodologia: 1. Aula expositiva dialogada. 2. Observação participante Conhecimentos/Conteúdos:

 Orientações didáticas: 1. Acolhimento e acomodação dos alunos na sala de vídeo. 2. Apresentação oral do professor sobre a proposta da aula. 3. Exibição dos vídeos “Ocupação Ilê Aiyê” sobre os temas: “A inteligência negra”; “A religiosidade no Ilê Aiyê”52. 4. Exibição do clipe “Negras Perfumadas” do Ilê

Aiyê53. Discussão oral dos vídeos.

Recursos: marcador para quadro branco, quadro branco, Aparelho de TV,

Dispositivo de armazenamento de arquivos (pen drive); Arquivos de vídeos.  Avaliação: Através de avaliação formativa e processual observando o

desenvolvimento da compreensão da proposta.  Considerações do professor sobre a aula/atividade:

Foi uma aula proveitosa, porque a maioria dos alunos conseguiram compreender o propósito que foi o de entender e discutir oralmente os vídeos sobre temas os quais a instituição Ilê Aiyê tornou-se representativa. Ao falar de “inteligência” e “religiosidade”, personalidades que fazem parte da entidade como Maria de Lourdes Siqueira – diretora do Ilê Aiyê -, Dete Lima, Vivaldo Benvindo, Arany Santana e outros discorrem claramente toda a ideologia pautada pelo Bloco mais negro da Liberdade/Curuzu. Tanto o tema da inteligência como da religiosidade é descrito pelos entrevistados reforçando a ideia de respeito e de compreensão sobre esses elementos oriundos da herança negro-africana. Apesar de alguns poucos alunos ainda terem um olhar preconceituoso sobre a religião de matriz africana, eu apresentei sempre que possível recursos para que pudéssemos discutir em sala, já que muitos eram adeptos de outras religiões e se colocavam com olhares fundamentalistas a qualquer outra religião que não fosse a dele, principalmente, se fosse o candomblé; contudo, mesmo assim, eu mostrava os vídeos ou músicas sobre isso e não foi diferente, pois os vídeos os quais exibi falavam dessa outra perspectiva que tem o negro integrado no Ilê Aiyê. Alguns poucos alunos ao verem os vídeos postaram-se de forma preconceituosa através de olhares e rejeições orais, mesmo assim, eu não deixei de exibir os vídeos e intervia a toda hora quando havia algumas colocações discriminatórias. Por outro lado, houve alunos que assistiram e participaram sem qualquer tipo de discriminação e contribuíram sobre o tema. Prestei muita atenção quando os alunos reconheceram as pessoas que participaram do vídeo e eu disse-

52 Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=HjO38el16zI> Acesso em 05 nov. 2018. 53 Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=BrfvVKegl00> Acesso em 05 nov. 2018.

lhes que isso seria importante para a construção dos textos deles e que poderiam servir como coletânea numa eventual produção de um memorial sobre o Curuzu. Depois dessa discussão, coloquei um clipe da música “Negras Perfumadas” que fala das negras autoconscientes de sua beleza como elemento de corporeidade respeitadas e cultivadas pelo Ilê Aiyê – inspirado na estratégia proveniente do Movimento Negro (GOMES, 2017, p. 111) - e para a minha surpresa alguns já conheciam a música. Coloquei-a para levar a ideia de que o bloco Ilê Aiyê tem um outro olhar sobre a mulher negra ao exaltar isso, não só na música, mas também nos eventos da “Beleza Negra” promovidas pelo bloco. Alguns alunos disseram também que conheciam algumas mulheres negras que participaram do evento da “Beleza Negra” – vizinha, parente – e eu ratifiquei que era muito importante a relação deles com todas essas características que o Ilê Aiyê trazia.

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