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PROJETO MISSIONÁRIO DA COMUNIDADE

No documento SS. Vergine Consolata, (páginas 35-40)

Nós missionários da Consolata, imbuídos do espírito do nosso Fundador, o Bem-Aventurado José Allamano, presentes na Paróquia São João Batista de Jaguarari, queremos viver a missão em comunhão com a Igreja local e a serviço da mesma prestando um serviço que imprima à missão as características de nosso carisma: amor à Igreja, devoção a Maria, à Eucaristia e em união de intentos, vivendo em concreto este ano jubilar da misericórdia sempre pedindo a intercessão da bem aventurada Irene Estefani: a protetora do Instituto deste ano 2016.

a) Breve histórico da Paróquia

Jaguarari era habitada pelos índios Pataxós. Emancipou-se de Senhor do Bonfim no dia 6 de agosto de 1926. A atividade religiosa era centrada nas celebrações dos sacramentos, ministrados por padres vindos de Bonfim e outros municípios vizinhos. Dom Hugo Bressane de Araújo fundou a Paróquia no dia 2 de fevereiro de 1938, mas sua instalação só se deu no dia 24 de junho do mesmo ano; dia de São João Batista, o padroeiro. Outro destaque foi o Pe. José Elias que construiu a casa paroquial fundou a Legião de Maria, ajudou vários povoados a construir suas capelas e lançou os fundamentos para o Centro de Cultura e Assistência Social.

O Pe. Alcides M. Coelho inaugurou o Centro de Cultura e procurou descentralizar os serviços pastorais, criando nos povoados equipes de liturgia, de canto, de catequese, saúde e finanças entre outros. Após dois anos assume a paróquia Pe. Luiz Tonetto, que promoveu a construção de escolas em Jaguarari e Gameleira.

Em 1980 surgem a Caraíba Metais para exploração do cobre, criando um núcleo habitacional de dez mil habitantes, porém com sérias dificuldades para a pastoral, dado o caráter de Empresa.

A comunidade dos Missionários da Consolata assumiu a Paróquia no dia 20 de junho de 1985. Sua abertura é fruto de um processo de conscientização que a região foi adquirindo naqueles anos.

Nestes vinte e cinco anos de presença, os missionários imprimiram uma característica de acordo com o que o Fundador Jose Allamano quis dos seus missionários: uma evangelização acompanhada da promoção humana como “elevação do ambiente”. Esta característica esteve pautada sobre três eixos: a evangelização, a organização das comunidades, e, sobretudo, a formação dos agentes de pastoral. Uma preocupação foi dotar a paróquia de infraestruturas adequadas para desenvolver as atividades pastorais, tais como capelas e centros comunitários. Também, se trabalha para a automanutenção financeira, que está perto de se realizar.

Nos últimos anos sentimos a necessidade de avançar mais e melhor no terreno da AMV formando um grupo vocacional. Na área pastoral caminhamos em comunhão com a diocese e suas opções pastorais.

b) Realidade físico-geológica

Jaguarari está localizada na região da caatinga do oeste baiano, limitando ao norte com Juazeiro e Curaçá, ao leste com Uauá e Monte Santo, a

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oeste com Campo Formoso e ao sul com Senhor do Bonfim. A superfície do Município é de 2.574 Km2. .

O clima da região é tropical, mesotérmico e semiárido. Caracteriza-se por oito meses de seca e quatro meses de chuva, porém muitas vezes a seca se estende por um período muito maior. O município possui três regiões diversas: a região da grota (onde se localiza a cidade), a caatinga e das areias.

A nossa Paróquia faz parte da Diocese de Bonfim – Bahia e compreende todo o município de Jaguarari e algumas comunidades de municípios vizinhos (Campo Formoso e Andorinha) com aproximadamente 40.000 habitantes. As comunidades estão muito espalhadas na região. Na Paróquia há dois grandes centros urbanos: Jaguarari (sede do município) e Pilar, ambos com aproximadamente 8.000 habitantes cada um. Há também outros centros urbanos de menor porte. O resto da população está espalhado em outras comunidades e fazendas.

c) Realidade sociocultural

A população é fruto da miscigenação indígena, européia, e também negra. O povo negro é escasso no município e concentra-se na cidade de Jaguarari, descendentes dos que vieram para trabalhar nos engenhos e outros que marcaram uma presença forte na comunidade Sitio do Meio, talvez, um remanescente quilombola.

Organização Social

Dentre todas as organizações sociais, uma das mais importantes em Jaguarari é o sindicato dos trabalhadores rurais. O sindicato foi criado em 1971. Nos primeiros anos se limitava a dar aos trabalhadores consultas medicas e dentárias, esquecendo as questões da terra, crédito agrícola e assistência técnica. O grande desafio sempre foi criar consciência de que o povo precisa se organizar e sair da “dependência” em relação às autoridades, característica impressa desde muito tempo atrás.

O Centro de Cultura e Assistência Social da Paróquia contribuiu muito para a organização social do município, trabalhando muitas vezes em parceria com os movimentos sociais e mais recentemente com o governo em suas várias instâncias e secretarias. A sua contribuição tem se dado na área de convivência com o semiárido, promoção social, profissionalização de crianças, jovens e adultos, e nas questões referentes à água. Um meio de organização social muito presente no município atualmente são as associações. Nos anos 80 as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) eram de fundamental importância para as comunidades se organizarem. Com o tempo, estas formas foram dando lugar às associações de moradores. Algumas delas funcionam muito bem, recebendo e administrando recursos e benefícios para as comunidades, como casas de farinha, poços artesianos, cisternas e créditos

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rurais. Porém outras, lamentavelmente estão se tornando uma nova forma de manipulação política.

d) Realidade econômica

O nível sócio-econômico da população é bastante carente. A maioria das famílias vive da agricultura sendo os principais produtos: feijão, milho, mandioca, mamona e na região da grota, laranja, cana de açúcar, manga e banana. Outra fonte de renda é a criação de caprinos e em menor escala bovinos, porém vivem condicionados às duras realidades climáticas da região. As outras fontes de rendas estão limitadas à Prefeitura Municipal, e à aposentadoria. O comércio na região é limitado a atender as necessidades básicas da população.

Na área da saúde, o município conta com dois Hospitais: um em Jaguarari e outro no Pilar. Em algumas comunidades existem postos de saúde, que contam com alguns medicamentos, uma enfermeira, um carro para transportar doentes que precisam de atendimentos urgentes e a visita semanal de um médico. A mortalidade infantil no município já foi bastante elevada e esteve sempre associada ao problema da água. A Pastoral da Criança teve um papel fundamental na diminuição da mortalidade infantil.

Com a construção de cisternas, perfuração de poços e os projetos de adutoras tem diminuído o problema da água, mas mesmo assim, ainda muitas famílias da caatinga continuam dependendo da chuva e na ausência dela, da boa vontade dos políticos. Com o programa “Luz para Todos”, a maior parte das comunidades rurais estão conseguindo a energia elétrica. O esgoto se limita a algumas comunidades: a sede de Jaguarari, Pilar e Santa Rosa.

O nível de escolaridade da população sempre se caracterizou por ser muito fraco. As escolas são mais numerosas e a quantidade de alunos cresceu consideravelmente. Mesmo assim, a qualidade de ensino ainda é fraca se comparada com outras regiões do Brasil. A maior parte dos alunos se concentra em Jaguarari e Pilar. Isto tem provocado uma mudança cultural muito forte na vida e na mentalidade do campo.

O nível superior, por enquanto é bem reduzido, uma vez que os custos são altos. A maioria deles ou fazem faculdade em Senhor do Bonfim ou em Juazeiro. A população universitária não ultrapassa os 10% dos que concluem o segundo grau. Neste último ano teve início um curso superior que funciona na cidade, facilitando aos nossos jovens o acesso à faculdade.

e) Realidade Política

Antigamente a política era concebida como o “ato de votar”. O voto não era secreto, mas “descoberto”. O povo tinha medo de votar neste sistema. Somente votava quem sabia ler. A maioria dos que votavam não sabiam sequer o nome dos candidatos. Por tal motivo eram chamados os “eleitores de cabresto”. E “voto de “cabresto”“.

O quadro geral da política é desolador. Há uma falta de uma educação política. Sempre monopolizam a situação, os grupos tradicionais que monopolizam o poder, as iniciativas, enfim tudo. Ficam, portanto, excluídos do processo político os jovens e a mulher. Advém daí, também, o aproveitamento por parte do povo nos momentos eleitorais exigindo alimentos, móveis, material de construção, demonstrando que o voto não tem motivações políticas. É dado por outros interesses: familiares, econômicos, por laços de amizade, apadrinhamento, etc. Mas houve muitos avanços. Houve um processo de conscientização e compromisso, e até luta por parte de alguns grupos das comunidades. A Igreja teve um papel determinante neste processo, por meio da organização do povo. Desta organização

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surgiu o STR, nasceram as CEB’s, os mutirões, os grupos.

f) Realidade Religiosa

A religiosidade do povo

O povo de Jaguarari, como em geral o povo brasileiro e nordestino, é fundamentalmente religioso. Podem ser discutidas as formas de expressar esta religiosidade, mas não se pode negar a presença de Deus no modo de sentir, pensar e viver do povo.

É uma vivência religiosa que se perde nos séculos, por isso na religião, como em outros setores da vida, o que manda é a tradição. O nome de Deus esta sempre presente na boca das pessoas. Um gesto muito comum é o de “dar a benção” ao padrinho, madrinha, progenitores e pessoas idosas. Uma das formas mais comuns de relacionar-se com Deus, é através dos santos, e este relacionamento se realiza na promessa. As rezas muito comuns entre o povo são: as novenas, o oficio de Nossa Senhora e as festas de padroeiros, entre as quais se destaca a Festa de São João Batista. Outros momentos muito fortes são: o Mês de Maria, com orações realizadas todos os dias do mês, a Campanha da Fraternidade e a Novena do Natal. A maior parte da população se autodenomina católica, porém a participação ativa é bem menor.

Os mortos

Há no povo uma grande ligação com os mortos. Reúne-se para rezar pelo falecido no sétimo dia, décimo quarto dia, trigésimo dia e finalmente após um ano. São comuns os relatos de contatos com os mortos em sonhos e aparições particulares que vêm para pedir orações, missas, pagar promessas que não foram cumpridas em vida, entre outros motivos. Também há uma grande devoção pelas almas dos Vaqueiros (que protegem seus colegas de profissão, durante as viagens no meio da Caatinga), as “Almas do Purgatório” e as “Treze almas Benditas sabidas e entendidas”.

Outras denominações cristãs

A evasão da Igreja Católica toca profundamente Jaguarari, seja pela perda da religiosidade tradicional, seja pela migração para igrejas pentecostais, sendo a principal delas, a Congregação Cristã do Brasil. Existem outras denominações tais como: Igreja Batista, Igreja Presbiteriana, Assembléia de Deus, Maranatha, Avivamento Bíblico, Deus é Amor e Universal do Reino de Deus.

Problemas mais graves

Os problemas mais urgentes a serem resolvidos são: a pouca freqüência da juventude e dos homens em quase todas as comunidades, dentre as quais se destacam na sede de Jaguarari, nas comunidades dos bairros, a pouca freqüência nos sacramentos, de modo especial o sacramento da confissão, o êxodo de católicos para outras denominações religiosas e o secularismo que vai

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minando as convicções e os valores que desde antanho marcaram o ser do povo nordestino.

IV – Serviços que a comunidade presta

Testemunho

Testemunhamos a nossa vida consagrada e missionária vivendo em comunidade, na oração em comum e na comunhão pastoral. Partilhamos a nossa vida de missionários da Consolata com as comunidades da paróquia, acompanhando a caminhada que elas fazem e anunciando a Boa Nova de Jesus.

Pastoral

- Preparação e celebração dos sacramentos

- Visitas às famílias da cidade e comunidades rurais

- Formação de lideranças nos núcleos e comunidades rurais.

- Acompanhamento das diferentes pastorais

existentes na paróquia.

- Pastoral da comunicação: Programa na Rádio Liderança de Jaguarari: “KAIRÒS”

AMV

A nossa comunidade dá prioridade ao trabalho de animação missionária e vocacional como serviço à Igreja local. Fazemos este trabalho em comunhão em conjunto com as outras comunidades IMC presentes na Bahia.

Formação

- Temos momentos de formação dentro da comunidade e aproveitamos as possibilidades que nos são ferecidas nos encontros do grupo Bahia e da Diocese.

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Marra, Msigwa B, Caius M, Nayebare V & Gogo M., IMC

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