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PROJETO PEDAGÓGICO DO CENTRO DE ENSINO MÉDIO: O PROCESSO

Para atender ao objetivo específico “identificar na visão dos estudantes as ações concretas do Projeto Pedagógico, viabilizadas por meio do plano de ação da escola”, serão apresentados os dados dos questionários respondidos por 109 estudantes da 3ª Série do Ensino Médio, com idade mínima de 18 anos, trabalhador e/ou estagiário.

Levando-se em conta o pressuposto que a identidade da escola é cotidianamente construída, a partir da definição e do cumprimento da sua missão; e

do estabelecimento de objetivos coletivamente partilhados que orientem e dêem suporte às ações da equipe diretiva, pedagógica e técnica, no sentido de contemplar a questão da qualidade de ensino, foi investigado o papel do Projeto Pedagógico, como instrumento de gestão escolar.

Além disso, por entender que o nível do relacionamento dos integrantes de uma escola é fator preponderante para se atingir bons resultados educacionais, procurou-se, em primeiro lugar, identificar o grau de relacionamento entre os estudantes e os professores e, em segundo, o grau de relacionamento entre a direção e os estudantes.

Os resultados indicaram: (a) de acordo com a opinião de 14 dos estudantes (12,84%), a relação é muito boa; (b) 61,47% (67 estudantes) responderam que é boa; (c) 18,35% (20 estudantes) responderam regular; (d) 1,87% (2 estudantes) responderam deficiente; (e) 2,75% (3 estudantes) responderam muito deficiente; e (f) 2.75% (3 estudantes) não opinaram.

Muito bom Bom Regular Deficiente Muito deficiente

0 10 20 30 40 50 60 70 Avaliação Fr eqüê nc ia abs ol uta

Gráfico 13 – Relação dos alunos com os professores.

Quanto à relação dos estudantes com a direção da escola, evidenciada na tabela 6, pode ser considerada representativa, pois de acordo com 69,73% dos estudantes a relação é boa/muito boa.

Opinião Freqüência absoluta Freqüência relativa

Muito Boa 24 22,02% Boa 52 47,71% Regular 16 14,68% Deficiente 11 10,09% Muito deficiente 3 2,75% Não opinaram 3 2,75% Total 109 100,00%

Tabela 6 – Relação dos alunos com a direção.

Fonte: Estudantes da 3ª Série CEM-DF, 2007.

Outro fato relevante é à contribuição dos projetos das disciplinas da Base Nacional Comum, em relação a uma aprendizagem significativa; e os projetos da Parte Diversificada do Currículo, que contribuem para dar ao educando uma visão sobre o mercado de trabalho. A finalidade destes projetos era oferecer um ensino de qualidade.

A tabela 7, a seguir permite conhecer os resultados, quanto à opinião dos alunos, sobre estes projetos.

Projetos das disciplinas da Base Nacional Comum Intervalo de Confiança* Respostas “Bom” e “Muito Bom” Intervalo de Confiança* Respostas “Deficiente” e “Muito Deficiente” 1. Culturarte (78,68%, 91,96%) (0,14%, 7,20%) 2. Auto-Estima (70,20%, 85,76%) (0,00%, 5,82%) 3. Torneio Esportivo Interclasse (70,20%, 85,76%) (3,76%, 14,59%) 4. GincanaSolidária/FestaJunina (67,13%, 83,33%) (4,44%, 15,75%) 5. Literatura em Cena (50,92%, 76,35%) (0,00%, 11,46%

6. Avaliação Globalizante (34,72%, 53,36%) (5,13%, 16,89%)

Projetos Parte Diversificada do Currículo- Mercado de Trabalho

Intervalo de Confiança* Respostas “Bom” e “Muito Bom” Intervalo de Confiança* Respostas “Deficiente” e “Muito Deficiente” 1. Feira Profissiográfica (80,87%, 93,44%) (0,14%, 7,20%) 2. Mosaico (71,24%, 86,56%) (1,22%, 9,79%) 3. Orientação Profissional (69,17%, 84,96%) (2,44%, 12,24%) 4. Festival de Paródias (67,13%, 83,33%) (0,00%, 5,82%) 5. Curso de Empreendedorismo (60,39%, 80,63%) (6,38%, 21,83%) 6. Estágio (50,42%, 68,84%) (10,31%, 24,55%)

Tabela 7 - A visão dos estudantes em relação aos projetos

Fonte: Estudantes da 3ª Série do Centro de Ensino Médio, 2007.

A partir dos dados apresentados, percebe-se que os projetos, segundo a visão dos estudantes, na sua maioria, foram bem avaliados. Porém, existem alguns projetos que merecem uma reavaliação, por terem tido um desempenho relativamente menos expressivo que os demais.

Com relação à organização pedagógica da escola, por meio do Projeto Pedagógico, foram feitos vários questionamentos. O primeiro buscou saber, na visão dos estudantes, se a escola tem cumprido a sua missão, e constatou que: (a) 55,05% (60 estudantes) responderam ‘em parte’; (b) 40,37% (44 estudantes) responderam sim; (c) 1,83% (2 estudantes) responderam não; e (d) 2,75% (3 estudantes) não opinaram.

O Gráfico 14, a seguir, evidencia, em histograma de freqüência, os dados colhidos:

Sim Em parte Não Não sabe / não opinou

0 10 20 30 40 50 60 Avaliação Fr eqüên ci a a bs ol ut a

Gráfico 14 – A escola ajuda o aluno a continuar os estudos e lhe dá preparação básica

para o mercado de trabalho?

Fonte: Estudantes da 3ª série CEM- DF, 2007.

O questionamento a seguir, busca verificar se os alunos têm oportunidade de dar opinião na escola. O que se depreendeu, segundo a visão dos estudantes é que eles não têm, na sua maioria, oportunidade de dar opinião na escola, conforme resultado expresso na tabela 8:

Opinião Freq. absoluta Freq. relativa inferior Limite superior Limite

Sim 34 31,19% 22,50% 39,89%

Em parte 41 37,61% 28,52% 46,71%

Não 31 28,44% 19,97% 36,91%

Não sabem / não

opinaram 3 2,75% 0,00% 5,82%

Total 109 100,00%

Tabela 8 – O aluno tem oportunidade de dar opinião na escola?

Fonte: Estudantes da 3ª série do Centro de Ensino Médio do DF. 2007.

Outro questionamento feito aos estudantes buscava identificar se os alunos sabiam o que é um Projeto Pedagógico. As respostas foram: (a) 62,58% (58 estudantes) responderam sim; (b) 31,85% (26 estudantes) responderam ‘em parte’;

(c) 16,89% (12 estudantes) não opinaram; e (d) 18,01% (13 estudantes) responderam não;

Sim Em parte Não Não sabe / não opinou

0 10 20 30 40 50 60 Avaliação Fr eq üênc ia abs ol uta

Gráfico 15 – Você sabe o que é um Projeto Pedagógico?

Fonte: Estudantes da 3ª série do Centro de Ensino Médio do DF, 2007.

Na seqüência, pretendeu-se saber, também, se o estudante conhece o Projeto Pedagógico da Escola. As respostas foram: (a) 43,81% (38 estudantes) responderam sim; (b) 34,90% (29 estudantes) responderam ‘em parte’; (c) 40,88% (35 estudantes) responderam não; (d) 11,02% (7 estudantes) não opinaram.

A partir dos dados apresentados podemos deduzir que 78,71% dos estudantes afirmam conhecer no todo ou em parte o Projeto Pedagógico. Por outro lado, é expressivo o percentual dos estudantes (40,88%) que afirmam não conhecer o PP da escola. Daí pode-se deduzir que há uma necessidade de se criar iniciativas, sob a liderança competente do grupo de professores, para tornar o PP mais conhecido e discutido junto aos alunos.

O Gráfico 16, a seguir, evidencia, em histograma de freqüência, os dados colhidos:

Sim Em parte Não Não sabe / não opinou 0 10 20 30 40 Avaliação Fr eqü ênc ia abs ol uta

Gráfico 16 – Você conhece o Projeto Pedagógico da escola?

Fonte: Estudantes da 3ª série do Centro de Ensino Médio do DF. 2007.

A tabela 9, a seguir, demonstra o resultado ao questionamento sobre a interdisciplinaridade.

Opinião Freq. absoluta Freq. relativa inferior Limite superior Limite

Sim 46 42,20% 32,93% 51,47%

Em parte 26 23,85% 15,85% 31,85%

Não 16 14,68% 8,04% 21,32%

Não sabe / não opinou 21 19,27% 11,86% 26,67%

Total 109 100,00%

Tabela 9 – A escola trabalha de forma interdisciplinar?

Fonte: Estudantes da 3ª série do Centro de Ensino Médio do DF. 2007.

A partir da interpretação dos dados apresentados, ainda que o questionamento tenha sido feito somente sobre o trabalho interdisciplinar dos docentes, se percebe que os professores do CEM, buscam montar didáticas participativas e construtivas.

Também se pretendeu saber dos estudantes se o processo de avaliação da aprendizagem está definido no Projeto Pedagógico da Escola. Foram obtidas as

respostas: (a) 46,71% (41 estudantes) responderam não sabem; (b) 42,83% (37 estudantes) responderam sim; (c) 29,80% (24 estudantes) responderam ‘em parte’; e (d) 11,02% (7 estudantes) responderam que não.

Sim Em parte Não Não sabe / não opinou

0 10 20 30 40 50 Avaliação Fr eqü ênc ia a bs ol ut a

Gráfico 17 – Na escola, o processo de avaliação está definido no Projeto Pedagógico?

Fonte: Estudantes da 3ª série do CEM do DF, 2007.

Acreditamos que os resultados apresentados, são reflexos da falta de uma maior participação dos estudantes na construção do Projeto Pedagógico. Daí pode- se deduzir que a escola necessita estabelecer condições propícias de discussão criativa e crítica em torno do Projeto Pedagógico envolvendo também, os estudantes.

Finalizando a identificação da organização pedagógica da escola, buscou-se saber dos estudantes se na avaliação da aprendizagem realizada, levava-se em conta tanto os conteúdos das disciplinas como a participação dos educandos nos projetos interdisciplinares. Os resultados indicaram: (a) 79,19% (77 estudantes) afirmaram que na escola são avaliados tanto os conteúdos como a participação deles nos projetos; (b) 27,72% (22 estudantes) afirmaram que em parte; (c) 4,35% (2 estudantes) responderam não; e (d) 12,24% (8 estudantes) não sabem/não opinaram.

O Gráfico 18, a seguir, evidencia, em histograma de freqüência, dados colhidos:

Sim Em parte Não Não sabe / não opinou

0 10 20 30 40 50 60 70 80 Avaliação Fr eqü ênc ia a bs ol ut a

Gráfico 18 – Na escola são avaliados os conteúdos das disciplinas e mais a participação

dos alunos nos projetos?

Fontes: Estudantes da 3ª série do Centro de Ensino Médio do DF, 2007.

Para Oliveira e Pacheco (2005):

Muitos são os professores e professoras que têm procurado enriquecer seu trabalho pedagógico, tanto no que se refere aos conteúdos de ensino como às maneiras de ensinar associando essa produção ao desenvolvimento de instrumentos e de mecanismos de avaliação mais coerentes com aquilo que procuram fazer em suas classes (OLIVEIRA e PACHECO, 2005, p. 135). 3.3 - PROJETO PEDAGÓGICO DO CENTRO DE ENSINO MÉDIO: O PROCESSO

NA VISÃO DOS GESTORES

Questionados sobre o processo de gestão democrática, com o reforço da implantação do Projeto Pedagógico, os dirigentes destacaram que o Projeto viabilizou a participação dos professores e dos demais membros da comunidade

escolar nas decisões, tanto pedagógicas quanto administrativas, tendo sido ressaltado, pela vice-diretora, que:

[...] as decisões passaram a ser tomadas pelo grupo, dividindo-se a

responsabilidade entre todos.

Em entrevistas semi-estruturadas com o diretor e a vice-diretora, ambos concordaram que o Projeto Pedagógico se configura como instrumento eficaz da gestão escolar. A vice-diretora ressaltou:

[...] Sim, tive oportunidade de trabalhar em uma escola sem o projeto pedagógico e participei da elaboração e execução deste, percebendo claramente a diferença de uma escola com e sem o projeto pedagógico.

Segundo Gandin (2006, p. 69) “o planejamento participativo é a ferramenta mais eficaz dentro da lógica da gestão democrática, na construção de idéias coletivas em escolas”. Cabe, portanto, à gestão escolar situar-se no âmbito da escola e ser o diferencial para resolver e concretizar, com participação e diálogo, as tarefas que estão sob sua área de abrangência.

A vice-diretora destaca ainda que o projeto pedagógico:

[...] permite uma melhor organização, integração e uma divisão responsável das atividades onde o grupo passa a desempenhar suas funções com objetivos e metas claros e definidos coletivamente.

A esse respeito, Oliveira, E. (2007, p. 101) ressalta que “quando os indivíduos participam da elaboração de propostas, são ouvidos e reconhecidos, eles assumem e controlam seu próprio trabalho, pois se sentem parte do processo e, assim, se envolvem efetivamente na busca de resultados satisfatórios”.

Quanto à implementação do Projeto Pedagógico, segundo os depoimentos dos dirigentes da escola pesquisada, as mudanças ocorreram, mais especificamente, na maneira de se trabalhar. Antes da construção do Projeto Pedagógico, as ações eram centralizadas e sem a participação dos membros da comunidade escolar, tanto na realização das tarefas como nas tomadas de decisão.

Com a criação e execução do Projeto Pedagógico, isso foi modificado, tornando o trabalho mais participativo, conforme depoimento do diretor:

[...] o Projeto Pedagógico proporcionou a participação dos membros da comunidade escolar e em especial dos professores, que se tornaram co- responsáveis nas ações e tomadas de decisões relacionadas com a gestão pedagógica.

Neste sentido, Capanema (2004, p. 49) revela que “[...] boa parte do trabalho educativo da escola estará realizado se ela for, de fato, uma escola democrática, na qual o exercício da participação, da eqüidade e da responsabilidade sejam práticas do cotidiano”.

A implementação do Projeto Pedagógico possibilitou, ainda, conforme ressaltam os dirigentes da escola, a melhoria das relações interpessoais, aspecto muito importante e fundamental dentro de uma organização que pretende alcançar, com sucesso, os objetivos propostos. Conforme destaca o diretor:

[...] a relação entre direção e professores melhorou bastante [...] fazendo surgir uma parceria na gestão escolar [...] os professores se tornam co- responsáveis e a relação existente entre direção e professores se torna muito boa.

No tocante à motivação dos professores, os dirigentes concordaram que, com o Projeto Pedagógico norteando os trabalhos e as ações dentro da escola, os docentes ficaram mais motivados, pois sentiram que suas sugestões eram ouvidas e postas em prática, ou seja, deixaram de ser apenas executores e passaram a fazer parte da elaboração das metas e objetivos a serem atingidos pela instituição escolar.

A esse respeito, Oliveira (2007) ressalta que:

[...] criar um ambiente participativo é condição essencial para que as pessoas assumam e controlem o próprio trabalho, se sintam parte do processo e se envolvam com mais afinco, determinação e empreendimento na busca por resultados satisfatórios (OLIVEIRA, 2007, p. 40).

De acordo com a vice-diretora:

[...] a motivação dos professores, após a implantação do Projeto Pedagógico, colaborou para diminuir o índice de absenteísmo, tendo em vista o envolvimento que se estabeleceu entre os professores e a escola.

No entanto, o diretor discordou e acrescentou que:

[...] muitos fatores legais contribuem para o não comparecimento dos professores à escola, como, por exemplo, os abonos previstos em lei e a legislação eleitoral, esta última, comum a todo cidadão brasileiro.

Além da observação criteriosa, praticada pela pesquisadora, e, conforme relatos dos próprios dirigentes, os docentes se tornaram mais responsáveis e co- participantes na elaboração de metas e execução das ações escolares propostas.

No que tange aos alunos, os dirigentes concordaram que o Projeto Pedagógico influenciou na implantação da avaliação formativa e da auto- avaliação; e na melhoria do relacionamento professor/aluno, aluno/direção, e aluno/aluno. Segundo os dirigentes:

[...] Essa mudança ocorreu a partir da execução dos projetos participativos interdisciplinares, que consistem em proporcionar que sejam avaliados o conhecimento adquirido, a responsabilidade, o espírito de equipe, e a criatividade na execução das tarefas atribuídas a esses alunos.

Ainda com relação aos projetos participativos, os dirigentes esclareceram que:

[...] a indisciplina foi sensivelmente amenizada, pois a realização dos mesmos trouxe à tona os laços de harmonia, respeito e responsabilidade social, o que antes não era possível.

[...] pois, a escola se configurava como uma instituição com história de violência desrespeito aos professores e funcionários, o não cumprimento das obrigações escolares, etc. (DIRETOR)

Quanto à gestão dos recursos financeiros da escola, segundo o diretor:

[...] tornou-se mais viável a partir do Projeto Pedagógico, uma vez que as verbas são destinadas conforme as necessidades, sugestões e concordância da comunidade escolar.

Os projetos participativos foram também responsáveis, conforme relataram os dirigentes, pela maior permanência do aluno na escola, fora de seus horários de aula, evidenciando mais envolvimento e participação em eventos escolares. Essa constatação foi feita tanto pelo diretor, quanto pela vice-diretora e, ainda, relatada pela pesquisadora, em suas anotações de observação do ambiente escolar. Foi acrescentado, ainda que a maior incidência de permanência fora do horário de aula ocorre, especialmente, em épocas de preparação e execução dos projetos.

Com relação ao índice de repetência e evasão, a vice-diretora acredita2 que:

[...] a sua diminuição decorreu da nova forma de avaliação operacionalizada na escola, considerando-a mais ampla, por levar em conta os conteúdos e as habilidades dos alunos.

Quanto ao diretor, este considera que:

[...] a evasão diminuiu, mas ainda ocorre por motivos diversos. Contudo, acredita que a diminuição se deve à organização pedagógica que privilegia a execução de projetos.

Portanto, os projetos, tanto os da base nacional comum quanto os da parte diversificada, constituíram-se instrumentos de grande importância por possibilitarem mudanças necessárias e significativas no âmbito escolar. Assim, considera-se que eles devem ser sempre alvos de análise e gerenciamento, para que se tornem a cada dia mais efetivos e eficazes.

2 Acreditar: admitir, aceitar, estar ou ficar convencido da veracidade, existência ou coerência de. (HOUAISS, 2001, p. 68)

O Projeto Pedagógico foi considerado, pelos dirigentes, como um instrumento consistente de gestão, tendo em vista o auxílio que ele oferece nas várias facetas que envolvem o gerenciar de uma instituição escolar.

Segundo palavras da vice-diretora:

“[...] o Projeto Pedagógico norteia todo o trabalho administrativo e pedagógico da escola, propiciando maior participação e responsabilidade de todos os segmentos da comunidade escolar [...] o grupo passa a desempenhar suas funções com objetivos e metas claros e definidos coletivamente”.

Nesse sentido, Paro (2001) alega que se trata de uma evidência a influência positiva que a organização escolar tem sobre o comportamento das pessoas e

[...] pode ser percebida quando se comparam escolas em que foram introduzidas inovações que provocaram maior democratização dos contatos humanos, com situações anteriores, em que as relações eram de mando e submissão (PARO, 2001, p. 29-30).

CAPÍTULO IV

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS, CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.

O ponto final de um trabalho de pesquisa só se justifica se os resultados produzidos tiverem “serventia” para os sujeitos envolvidos nele e quiçá para a educação. No intuito de comunicar os conhecimentos produzidos na pesquisa, serão retomados os propósitos iniciais, a fim de apresentar uma síntese do que se considera suficientemente relevante para o alcance dos objetivos propostos, tendo em vista os pressupostos da pesquisa:

1) O Projeto Pedagógico de uma escola pública de Ensino Médio é um instrumento consistente da gestão Escolar, no sentido de viabilizar ações em prol da eficiência na busca de uma educação de qualidade;

2) a identidade da escola é cotidianamente construída a partir da definição e do cumprimento da sua missão, do estabelecimento de objetivos coletivamente partilhados que orientem e dêem suporte às ações da equipe diretiva, pedagógica e técnica, no sentido de contemplar a questão da qualidade de ensino.

Primeiramente, a análise realizada permitiu que se depreendesse que o Projeto Pedagógico viabilizou a efetivação das dimensões de igualdade/inclusão, qualidade no ensino, gestão democrática, liberdade/autonomia e valorização dos docentes, princípios norteadores de um projeto pedagógico de uma escola pública e gratuita, segundo a Constituição Federal a LDB e preconizado nas idéias de Veiga (2002).

Com base nas ações desenvolvidas, a partir do Projeto Pedagógico da escola em questão, no que tange à dimensão “igualdade e inclusão” os docentes consideram que o trabalho resultante das propostas do Projeto viabilizou, apenas em parte, o combate à repetência. Com relação à diminuição da evasão escolar, os depoimentos, tanto dos docentes quanto dos dirigentes, evidenciaram discordâncias: para alguns ocorreu uma redução e para outros esta se deu em parte.

Quanto à dimensão “qualidade de ensino” os professores, em sua maioria, consideraram que o Projeto Pedagógico viabilizou a integração entre as áreas do conhecimento e a construção e reconstrução das práticas pedagógicas e avaliativas. Com relação à dimensão “gestão democrática” questionada junto aos docentes, aos dirigentes e os estudantes, um número representativo de respondestes (professores e dirigentes) afirmaram que a participação, no tocante às tomadas de decisões, no âmbito pedagógico e administrativo (troca de idéias e inovações, acompanhamento contínuo do rendimento escolar, repensar e renovar o Projeto Pedagógico, entre outros) foram oportunizadas e, consequentemente, o trabalho em equipe passou a fazer parte da rotina da escola. Ao contrário, os alunos, em sua maioria, divergiram bastante quanto à oportunidade de opinarem nas questões da escola, como pode ser observado na tabela 8, evidenciando não ocorrer uma atitude sistemática e uniforme que possibilite ao estudante fazer parte das discussões sobre o cotidiano escolar.

A família, “instituição educativa”, que deve acompanhar a educação de seus filhos, vem, segundo a maioria dos professores entrevistados, sendo solicitada pela direção a dar opinião sobre a melhoria da escola, fato que demonstra a intenção de buscar uma gestão participativa.

Outra ação que vem sendo tomada pela direção, segundo a visão dos professores, é a busca por parcerias, atitude muito importante, tendo em vista que na opinião de Paro (2001) a condição primeira para que haja mudanças dentro da escola é provê-la dos recursos materiais e financeiros, sendo que as parcerias se constituem eficientes iniciativas.

Segundo os professores participantes da pesquisa, a liberdade e autonomia conferidas aos professores, na sua prática diária, têm, de modo geral, possibilitado um trabalho relativo às tarefas de ensino aprendizagem como: avaliação; projetos interdisciplinares; atividades em classe e extraclasse; estabelecimento de parcerias; entre outras que auxiliam no enriquecimento do currículo escolar.

Conforme Oliveira (2007) ressalta, quando as pessoas têm liberdade para decidir como fazer seu trabalho, sua motivação intrínseca é estimulada, o que lhes permitirá utilizar, ao máximo, seus conhecimentos e técnicas.

Nesse sentido, Demo (2004b, p. 81-82) esclarece que,

[...] o professor precisa ser formulador de proposta própria, ou seja, precisa saber elaborar com autonomia. Enquanto sua função de socializador fenece é substituída pelo mundo da informática e da nova mídia, aumenta o desafio formativo, tipicamente educativo, de fundamentar a emancipação própria e dos alunos [...] como vítima do instrucionismo, o professor instruído segue apenas instruindo. Esta lacuna compromete o projeto pedagógico coletivo, que não se efetiva, pois não existem os projetos pedagógicos individuais(DEMO, 2004b, p.81-82).

Quanto à valorização dos professores, um número expressivo de entrevistados concordou que o Projeto Pedagógico tem oferecido oportunidade para que desenvolvam seu trabalho de forma planejada, possibilitando ações e práticas que envolvam os estudantes.

Cabe lembrar que a educação continuada e o constante aperfeiçoamento, de qualquer profissional, é fator essencial e de relevância para que os índices de melhoria na educação se tornem mais expressivos. Assim, é necessário repensar o que tem sido feito nesse sentido, já que esse aspecto requer e merece um investimento emergencial, pois lembrando Oliveira (2007, p. 105) é premente que uma nova era educativa se inicie: “[...] a era dos tempos em que a educação se encontra diretamente articulada às reais necessidades do educando e da sociedade na qual ele se insere, o que aliás é um dos seus propósitos”.

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