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A gestão de resíduos tem sido por muitas décadas um grande desafio de diversos setores produtivos; por isso, a ênfase nesse tema vem sendo dada na busca de soluções que envolvam um tratamento de resíduos que garanta o menor impacto ao meio ambiente.

Inicialmente foram buscadas soluções internas em que o gerador do resíduo procurava dar destinação interna por meio de construção de depósitos ou aterros de resíduos. Em um segundo momento buscou-se também minimizar a geração dos resíduos por meio de análise do processo produtivo e aumento de sua eficiência no uso das matérias-primas e reuso dos resíduos. Finalmente, os resíduos ganharam status de co-produtos, que, quando bem manejados e desenvolvidos, ainda atendem a demanda de outros processos ou empresas como sendo insumos desses (DELPUPO, 2008).

Apesar de todo o avanço, o foco ambiental não era voltado para os potenciais impactos dos GEE. No caso de RS com alta carga orgânica, a sua destinação gera a formação de um GEE (CH4) no processo de estocagem final,

caso típico dos aterros sanitários.

A ratificação do Protocolo de Quioto e a criação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que visam diminuir a geração de GEE, geraram uma oportunidade que incentiva a busca para soluções adequadas para os RSU.

A transformação de emissões de GEE em projetos de MDL, por meio da redução dessas emissões, é possível a partir do atendimento das regras estabelecidas no Artigo 12 do Protocolo de Quioto, e em documentos correlatos, conforme o Capítulo 2.3 deste trabalho. A TABELA 5 apresenta algumas sugestões e possibilidades de projetos relacionados a resíduos sólidos. Outras oportunidades podem existir, mas a tabela serve como um bom guia para identificação de oportunidades.

TABELA 5 – Projetos de tratamentos de resíduos

Metano gerando biogás Aterros Domésticos Aplicação do metano em processos de

geração de energia térmica ou elétrica Deslocamento de energia Deslocamento de energia fóssil Cogeração com Biomassa

Metano evitado Metano gerando biogás Dejetos Animais Aplicação do metano em processos de

geração de energia térmica ou elétrica Deslocamento de energia

Deslocamento de fóssil Geração de calor / Energia com

Biomassa/ Resíduos

Metano evitado Compostagem e outros

sistemas Metano evitado

Fonte: DELPUPO adaptado (2008)

Identificado à possibilidade da elaboração de um projeto de MDL, a atividade selecionada deve ser enquadrada em um dos escopos setoriais existentes, conforme as regras estabelecidas. Escopos que podem ser consultados no sítio UNFCCC.

Antes de iniciar um projeto, é importante avaliar sua titularidade. Em um sentido geral, a titularidade de um projeto é definida a partir de quem tem o poder de tomada de decisão sobre o investimento ou atividade de projeto que resultará na redução de emissões de GEE. A partir do conhecimento da titularidade do projeto e da estruturação contratual que viabiliza o investimento, são definidos os participantes do projeto. O próximo passo é a elaboração do documento de concepção de projeto (Project Design Document - PDD), documento base para aprovação de projetos de MDL.

Como parte da etapa da construção do PDD, é importante a identificação de metodologia compatível com a atividade de projeto proposta. Caso não exista uma metodologia aprovada, pode ser conduzida a submissão de uma nova metodologia.

O seguinte passo é a fase de validação realizada por uma Entidade Operacional Designada (EOD), que é uma empresa terceirizada independente que avalia o projeto. Particularmente, tal avaliação aborda aspectos como a linha de base adotada, o plano de monitoramento e a conformidade com os critérios da CQNUMC e dos participantes do projeto, a fim de confirmar se este tem realmente as condições descritas nos relatórios apresentados. A validação é uma exigência para todos os projetos do MDL e é considerada necessária para fornecer garantia aos atores sobre a qualidade do projeto e sobre sua almejada geração de RCEs (DNV* apud FELIPETTO, 2007).

*

DET NORSKE VERITAS. Validation report, Brazil NovaGerar landfill gas to energy project. 2004. Disponível em: www.unfccc.int. apud FELIPETTO, A. V. M. (2007). Conceito, planejamento e oportunidades. IBAM, Rio de Janeiro.: 40p.

As EODs são entidades nacionais ou internacionais credenciadas pelo Conselho Executivo e designadas pela Conferência das Partes e Reunião das Partes (COP/MOP), as quais ratificarão ou não o credenciamento feito anteriormente. Para o caso específico de disposição e manuseio de resíduos sólidos, as entidades certificadas serão apresentadas na TABELA 6.

TABELA 6 – Entidades Operacionais Designadas

E-0001 Japan Quality Assurance Organization (JQA) E-0003 Det Norske Veritas Certification Ltd.

(DNVcert)

E-0005

TUV Industrie Service GmbH TUV SUD GRUPPE

(TUV Industrie Service GmbHTUV) E-0007 Japan Consulting Institute (JCI) E-0010 SGS United Kingdom Ltd. (SGS) E-0013 TÜV Industrie Service GmbH, TÜV Rheinland

Group (TÜV Rheinland) E-0022 TÜV NORD CERT GmbH (RWTUV)

Fonte: UNFCCC (2007)

A numeração demonstrada na tabela representa a codificação específica adotada pela CQNUMC da relação geral das entidades relacionadas que podem estar fazendo o processo de validação e de verificação para os projetos de MDL para a questão dos resíduos sólidos.. Essas entidades têm atuação mundial, não existindo qualquer tipo de limitação geográfica à sua atuação.

Após seguir todas as etapas formais de projeto até o seu registro no Conselho Executivo do MDL (Executive Board - EB), o projeto é implementado e monitorado, possibilitando a geração das CERs.

DELPUPO (2008) coloca que um forte impulsionador desses projetos são os mercados existentes para comercialização das CER. O mercado de emissões de GEE reduzidas vem crescendo significativamente de ano para ano, conforme dados do Banco Mundial. Em seu relatório de 2007, esse banco identifica um crescimento de aproximadamente 30% nas transações de redução de emissões em geral de 2005 para 2006 (passando de 378 milhões de toneladas de CO2 em 2005 para 493

milhões de toneladas de CO2 em 2006).