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PROPAGAÇÃO VEGETATIVA POR ESTACAS LENHOSAS

2. IMPORTÂNCIA ECONÓMICA E NUTRICIONAL DA CULTURA DO

4.1. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA POR ESTACAS LENHOSAS

O recurso a estacas lenhosas é um dos métodos mais simples e menos dispendiosos de propagação vegetativa. São fáceis de preparar, são menos perecíveis do que qualquer outro fragmento vegetal a utilizar, podem ser transportadas para longas distâncias se necessário, e não exigem grandes infra-estruturas durante o enraizamento.

35 É durante a fase de dormência da planta que as estacas lenhosas são cortadas – outono/inverno – normalmente de caules provenientes da última fase do crescimento vegetativo, ao contrário do que se pode fazer noutras espécies como a figueira, a oliveira e a ameixeira, que podem ser propagadas por estacas com dois ou mais anos.

O material vegetal utilizado para a propagação deve ser proveniente de plantas saudáveis, moderadamente vigorosas e que crescem ao ar livre com boa exposição solar. Os caules escolhidos não devem ter longos entrenós fora do normal, nem devem ser pequenos e fracos que crescem no interior da planta (HARTMANN et al., 1990).

A propagação por estacas lenhosas é largamente utilizada em espécies de valor comercial uma vez que pode proporcionar a produção de elevado número de plantas de boa qualidade num curto espaço de tempo, dependendo contudo de vários fatores como da facilidade de enraizamento de cada espécie, da qualidade do sistema radicular formado e também do posterior desenvolvimento da planta. O sucesso da propagação é dependente de um conjunto de variáveis entre fatores endógenos e ambiente (TREVISAN et al., 2004).

Segundo FACHINELLO et al. (2005), citados por FISCHER (2007), a condição fisiológica da planta-mãe, o estado vegetativo dos ramos, os fatores endógenos e as condições ambientais durante o período de enraizamento, determinam a capacidade para uma estaca enraizar.

Os ramos selecionados para a realização de estacas devem ter entre 25 a 75 cm de comprimento e deve-se apenas utilizar a parte que contém os botões foleares. Além disso, a zona de onde são cortadas as estacas tem também influência na facilidade e percentagem de enraizamento obtidas, devido à diferente concentração em hidratos de carbono, nutrientes e hormonas que existem nas diferentes partes. Uma relação entre baixas concentrações de azoto e elevadas de hidratos de carbono, parecem favorecer o enraizamento em muitas plantas. Esta situação regista-se normalmente na base de muitos lançamentos novos, assim como outros componentes indiciadores de enraizamento que também existem na parte basal dos rebentos (GOUGH, 1994).

Os rebentos podem crescer na base da coroa da planta ou noutros caules já mais velhos, e removidos todos os anos das plantas-mãe, cortados desde a sua base. Eles podem ser utilizados imediatamente para a propagação das estacas ou podem ser armazenados a 2ºC durante algumas semanas, desde que sejam mantidos num ambiente húmido. A primeira preparação a executar é remover os botões florais que possam existir na extremidade dos rebentos, e de seguida cortar as estacas com cerca de 13 cm,

36 normalmente com o corte distal logo acima de um botão vegetativo. No caso de não se efetuar a colocação das estacas no substrato de propagação logo após o seu corte e o material tiver que ser armazenado durante um longo período de tempo, devem-se mergulhar as estacas num fungicida adequado, fechar compactamente num saco plástico e armazenar a 2ºC (ECK et al., 1989).

HARTMANN et al. (1990), referem que pelo menos dois botões devem ficar na estaca: o corte basal deve ser efetuado mesmo abaixo do botão inferior e o corte superior deve ser a 1,3 a 2,5 cm acima do outro botão que se encontra na extremidade da estaca. O diâmetro das estacas pode estar compreendido entre 0,6 a 2,5 cm, dependendo das cultivares a propagar. Existem ainda três tipos de estacas que se podem fazer conforme o corte na planta. A estaca “martelo” que inclui uma secção curta de caule da madeira mais velha, a estaca “esporão” que apenas inclui um pequeno pedaço de madeira velha e a estaca “direita” que não inclui madeira velha, sendo a mais comum e a que fornece os resultados mais satisfatórios na maioria das situações.

SCHULTE & HANCOCK (1983), também mencionam que as estacas devem ter pelo menos 0,6 cm de diâmetro e que estacas com diâmetro mais pequeno são mais fáceis de enraizar mas as plantas provenientes dessas estacas vão necessitar de mais tempo para se estabelecer. Para estes autores o comprimento das estacas deve ser de pelo menos 10 cm, que poderão ser encurtados quando o material vegetal para multiplicação é escasso, sendo no entanto necessário um cuidado redobrado nas condições ambientais uma vez que a disponibilidade de reservas nas estacas é menor. Salientam ainda que quando são feitos os cortes deve-se evitar pisar e esmagar o tecido, usando como ferramentas mais adequadas serra de fita, facas afiadas ou tesouras corretamente ajustadas. As tesouras normais de poda são suscetíveis de causar danos nas estacas e portanto devem estar bem afiadas. O local onde se realizam a preparação das estacas deve ser protegido de correntes de ar e estas devem ser colocadas imediatamente em substrato húmido para evitar a desidratação.

As estacas são colocadas verticalmente no substrato a uma distância de 5 cm entre elas e nas entre-linhas, deixando à superfície um a dois botões vegetativos. O substrato deve ser apertado à volta da estaca. Após a colocação das estacas deve-se humedecer o substrato para este envolver melhor as estacas. As folhas irão desenvolver-se rapidamente e, portanto deve-se manter a humidade elevada através de nebulizações periódicas enquanto as raízes se formam e depois do primeiro crescimento aéreo estar terminado. Este período pode decorrer entre dois a três meses (GOUGH, 1994).

37 Este autor refere que, SHELTON & MOORE (1981) verificaram que a propagação ao ar livre, com as estacas expostas diretamente ao sol ou com ensombramento até 50% proporciona melhores resultados. Mais do que 50% de ensombramento é prejudicial para o processo de enraizamento.

Quando a segunda fase de crescimento aéreo começa, as raízes já se formaram e é recomendada fertilização, essencialmente à base de fósforo na concentração de 1,3 kg por 190 L de água. A quantidade de 3,8 L será suficiente para 2,25 m2 de superfície de cama de substrato. Após a aplicação do fertilizante deve-se passar imediatamente água nas folhas e até ao final do Verão são aconselhadas aplicações semanais (GOUGH, 1994).

Por forma a garantir boa drenagem, as camas de propagação são posicionadas acima do solo em estruturas que permitam alguns centímetros de espaço livre. A profundidade das camas deve ser de 20 cm fornecendo a quantidade necessária de substrato para o bom desenvolvimento das raízes (ECK et al., 1989).

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