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Propagação vegetativa por estaquia

No documento LUDILÉIA VANUCIA BONFANTE (páginas 31-68)

Os experimentos de estaquia foram realizados no viveiro de mudas da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, campus de Alta Floresta, durante o período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014, utilizando-se material vegetativo de uma população artificial de M. itauba com 26 anos de idade localizada no município de Alta Floresta - MT, aproximadamente a 2 Km da margem direita da Rodovia MT 208 entre as coordenadas geográficas 9º51’20,06”S; 56º10’11,62”O e 9º51’30,85”S; 56º10’5,91”O.

Foram utilizadas estacas lenhosas de M. itauba de até 1 cm de diâmetro, com corte reto no ápice e em bisel na base, com e sem folhas. As estacas sem folhas continham pelo menos uma gema, as estacas com duas folhas foram reduzidas a 1/3 do tamanho da folha, sendo os dois tipos de estacas mantidos com aproximadamente 10-15 cm de comprimento. Após a confecção das estacas foi realizada desinfestação do material em hipoclorito de sódio 0,5% por 10 minutos e aplicado o fungicida Captan a 0,5 g L-1 por 15 minutos. Em seguida cerca de 2 cm da base das estacas foram imersas, durante 15 segundos, nas soluções aquosas contendo as auxinas Ácido 4-(3-Indolil) Butírico (AIB), Ácido 3-Indolilacético (AIA) ou Ácido naftileno-(alfa) acético Vetec (teor mínimo de 99%), nas concentrações de 500, 1000, 2000, 3000, 4000 e 5000 mg L-1 e o tratamento controle, com estacas imersas em água.

Em seguida as estacas foram plantadas em tubetes de 50 cm3, contendo substrato comercial Plantmax e vermiculita na proporção 7:3 (v:v), colocadas sob nebulização com duração de 15 minutos a cada 3 horas, durante 12 horas por dia com início às 06:00 horas da manhã, onde permaneceram por 60 dias. Foram avaliados a sobrevivência, porcentagem de enraizamento das estacas, número de estacas com calos, número e

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comprimento médio de raízes formadas por estaca, emissão ou não de parte aérea e número e comprimento das brotações. As imagens das brotações foram registradas para caracterizar o aspecto das brotações formadas.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x7x2, sendo três reguladores vegetais, sete concentrações e dois tipos de estacas, com quatro repetições de cinco estacas cada, totalizando 740 estacas. Os dados obtidos em todas as avaliações foram submetidos à análise de variância (teste F), e as médias, comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de significância.

19 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Crescimento e desenvolvimento de mudas com Fungo Micorrízico Arbuscular (FMA) e adubação fosfatada

Os dados das análises de solo (Tabela 1) demonstram que o método utilizado para calcular a necessidade de calagem produziu resultados satisfatórios para o pH, que aumentou de 4,0 para em média 6,7, valor considerado por Silva e Stein (2008) adequados para mudas nativas. O método de cálculo para a necessidade de calagem baseado na saturação por bases (V%), apresenta correlação com o nível de acidez do solo (pH), de modo que quanto maior o pH, maior o V%, portanto, quando aplica-se calcário para elevar o V%, eleva-se também o pH, eliminando os problemas do excesso de acidez (CAMPANHARO et al., 2007). A correção da terra com calagem aumentou os teores de Ca e Mg e diminuiu o teor de Al.

O diâmetro do coleto no período avaliado sob influência dos diferentes tratamentos utilizados encontra-se na Figura 1 e Tabela 2. Observa-se na Figura 1 aumento gradual do diâmetro do coleto em todos os tratamentos ao longo do período, e ao final das avaliações (120 dias), o maior diâmetro do coleto ocorreu no tratamento CMP0 e o menor no tratamento SMP2.

Reportando-se à Tabela 2 é possível observar que todos os tratamentos foram iguais à testemunha, exceto os tratamentos SMP2 aos 30 dias, que foi inferior à testemunha e SMP1 aos 90 dias, que foi superior à testemunha, porém voltou a se igualar aos 120 dias. Isso indica que não há incremento no diâmetro do coleto de mudas de M. itauba com a adição de micorriza, mas a adição de P na dose de 765 g m-3 de P2O5 aos 90 dias foi benéfico para o aumento do diâmetro. A manutenção do cotilédone nas mudas até aproximadamente 60 dias de avaliação pode ter contribuído para a nutrição das mudas durante esse período, fazendo com que as mudas não apresentassem resposta à adição de nutrientes.

Barbieri Junior (2008) avaliando também o efeito de micorrizas e doses de fósforo em mudas de jatobá (Hymenaea courbaril) obteve resultados semelhantes para diâmetro do coleto e inferiu que provavelmente as mudas tenham a capacidade de assimilação de uma quantidade baixa de fósforo, não respondendo assim a adubação fosfatada. Chu et al. (2004) e Rocha et al.

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(2006) não encontraram diferenças no diâmetro do coleto em mudas de quaruba (Vochysia maxima) e cedro (Cedrela fissilis) sob inoculação micorrízica e adubação fosfatada.

FIGURA 1. Diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

TABELA 2. Valores médios de diâmetro do coleto (mm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza.

DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 2,35 a 2,19 ab 2,08 b 2,24 ab 2,23 ab 2,19 ab 60 2,44 a 2,41 a 2,35 a 2,39 a 2,36 a 2,42 a 90 2,77 bc 3,00 a 2,74 bc 2,61 c 2,83 ab 2,89 ab 120 2,84 ab 2,88 ab 2,74 b 2,95 a 2,77 ab 2,84 ab CV (%) = 5,53

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

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Em mudas de embaúba (Cecropia pachystachya), no entanto, houve aumento no diâmetro do coleto aos 120 dias de avaliação devido à inoculação de FMAs, mas não houve resposta à adubação fosfatada (CARNEIRO et al., 2004). Em mudas de algaroba (Prosopis juliflora) a inoculação com FMAs promoveu aumento do diâmetro do coleto e o incremento na dose de fósforo anulou a vantagem observada em doses mais baixas (AGUIAR et al., 2004). Lacerda et al. (2011) encontraram diferenças no diâmetro do caule de mudas de ingá (Inga laurina), caroba (Jacaranda cuspidifolia), gabiroba (Campomanesia cambessedeana), baru (Dipterix alata) e chichá (Sterculia

striata), com valores maiores em mudas inoculadas com FMAs em relação

àquelas não inoculadas, já em jatobá (Hymenaea courbaril) não houve diferenças e doses crescentes de fósforo não produziram efeitos significativos para nenhuma das espécies.

Diferenças no diâmetro do coleto em mudas de seringueira (Hevea

brasiliensis) também não foram observadas por Moraes et al. (2010) em mudas

inoculadas com seis espécies de fungos micorrízicos arbusculares. Para Daniel et al. (1997) o diâmetro do coleto é um parâmetro importante a ser observado e indica a capacidade de sobrevivência das mudas em campo, portanto um parâmetro importante em mudas em fase de viveiro. A mensuração da dimensão do coleto auxilia na escolha das doses de fertilizantes a serem utilizados nas mudas, afetando diretamente seu custo no viveiro. Conforme Carneiro (1995), pesquisas tem comprovado uma forte correlação entre o diâmetro do coleto e a sobrevivência das mudas em campo.

Na Figura 2 (curvas ajustadas) e Tabela 3 (comparação de médias) encontram-se os valores para altura de planta. Nota-se claramente distinção entre os tratamentos com inoculação de FMA, cujas plantas apresentaram maior altura em relação àqueles sem inoculação com menor altura. Houve aumento gradual nos valores em mudas inoculadas com FMA e doses de P ao longo do período de avaliação, sendo aos 120 dias todos os tratamentos superiores ao controle (Figura 2).

Observando a comparação de médias da altura das plantas (Tabela 3) nos diferentes períodos de avaliação, as maiores médias ocorreram no tratamento CMP1 (aos 30, 90 e 120 dias) e no tratamento CMP0 (aos 60 dias)

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indicando o efeito benéfico da aplicação de micorriza e 765 g m-3 de P2O5, contudo as médias desses tratamentos só superaram estatisticamente o tratamento SMP2, aos 30 dias, e nos outros períodos não exibem diferença com os demais tratamentos.

FIGURA 2. Altura (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

TABELA 3. Valores médios da altura (cm) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza.

DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 17,09 ab 17,82 a 16,08 b 17,82 a 18,04 a 17,47 ab 60 17,48 bc 17,15 c 17,49 bc 19,13 a 17,99 abc 18,75 ab 90 18,75 b 19,51 ab 18,10 b 19,63 ab 20,61 a 19,57 ab 120 17,35 b 18,97 a 19,16 a 19,61 a 20,18 a 19,38 a CV (%) = 5,78

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

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Esse resultado indica que o aumento em altura de plantas de M.

itauba é mais influenciado pela presença de fósforo, sendo a dose de 1.530 g

m-3 de P2O5 (sem a presença de FMA) prejudicial para as plantas até 30 dias, e gradualmente, ao longo do período de crescimento a planta tende a se beneficiar da maior quantidade de P, exibindo aos 120 dias altura estatisticamente superior a todos os tratamentos, em relação à testemunha (SMPO). Todos os tratamentos com micorrizas e fósforo favoreceram o aumento em altura das mudas de M. itauba até 120 dias, podendo propiciar redução no tempo de produção da muda em viveiro. De acordo com Mexal e Landis (1990) a mensuração da altura das mudas é importante por oferecer uma boa estimativa de seu comportamento no campo, sendo que a altura ideal varia conforme as condições do sítio, a competição e possíveis predadores, sendo preferíveis mudas mais baixas em sítios pobres e mudas mais altas em locais com alto risco de predação.

Pouyú-Rojas e Siqueira (2000) avaliando mudas de sete espécies florestais pós-transplante: tamboril (Enterolobium contortisiliquum), açoita-cavalo (Luehea grandiflora), fedegoso (Senna macranthera), cássia verrugosa (Senna multijuga), sesbânia (Sesbania virgata), embaúba (Cecropia

pachystachya) e colvílea (Colvillea racemosa), constataram aumento na altura

em seis dessas espécies quando inoculadas com FMAs e adubadas com fósforo. Em semelhança aos resultados encontrados para M. itauba (Tabela 3), os referidos autores também observaram que a inoculação de FMA em baixas doses de fósforo promoveu altura das mudas semelhante aos tratamentos sem inoculação e altas doses de fósforo, o que evidencia o papel de associações micorrízicas na eficiência em absorver nutrientes.

Analogamente Aguiar et al. (2004) observaram aumento na altura de mudas de algaroba (Prosopis juliflora) inoculadas com FMAs, e efeito sinérgico entre fungos e doses de fósforo até a dose de 50 kg de P kg-1 de solo. Quando se elevou a dose para 100 kg de P kg-1 de solo a altura das plantas foi igual ao tratamento sem inoculação.

Para M. itauba, o aumento de doses de P sem inoculação favoreceu a altura de plantas aos 120 dias, assim como nos resultados encontrados por Costa et al. (2005) em mudas de mangabeira (Hancornia speciosa), por Balota

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et al. (2011) em mudas de acerola (Malpighia emarginata) e por Machineski et al. (2009) em mudas de nim (Azadirachta indica). Em mudas de seringueira (Hevea brasiliensis) cultivadas em solo amarelo distrófico com seis espécies de FMAs não houve aumento na altura de plantas em nenhum tratamento (MORAES et al., 2010). Os autores atribuíram esse comportamento, já confirmado em outros trabalhos com seringueira, à grande adaptabilidade da espécie a condições de baixa disponibilidade de P no solo, conseguindo uma máxima eficiência na absorção de nutrientes nessas condições.

O motivo da dose de 1.530 g m-3 de P2O5 (sem a presença de FMA) aplicada ter exercido influência negativa para diâmetro do coleto e altura das mudas aos 30 dias pode estar relacionada à capacidade de absorção da planta, que pode não ter quantidade de raízes suficientes nesse período, portanto uma baixa zona de depleção, para assimiliar essa quantidade de P. Então o P assimilado pode ter sido translocado para outras áreas da planta como folhas ou raiz em detrimento do caule das mudas.

É interessante que além da avaliação de altura de parte aérea isoladamente, se proceda a avaliação combinada com outros fatores como o diâmetro do coleto, como sugere Gomes et al. (2002). A relação entre a altura de planta e o diâmetro do coleto compõe um bom parâmetro para prever o comportamento das mudas após o plantio no campo, conhecida como relação H/D, resultando um índice de valor absoluto (CARNEIRO, 1995). De acordo com Campos e Uchida (2002) a relação altura/diâmetro do colo é indicadora da qualidade da muda, e o que se espera é equilíbrio entre as medidas.

Na Figura 3 encontram-se as curvas ajustadas para os valores da relação entre altura da parte aérea e diâmetro do coleto (H/D) das mudas de M.

itauba. É possível observar que os maiores valores da relação H/D a partir de

60 dias ocorreram nos tratamentos com micorrizas.

Verificando a Tabela 4, aos 30 dias após o estabelecimento das plântulas, todos os tratamentos, exceto SMP2, favoreceram mais o crescimento da parte aérea, comparados ao tratamento controle, de forma que a muda cresceu mais em altura que em diâmetro de coleto, e o valor mais equilibrado ocorreu na testemunha. Aos 60 dias os tratamentos onde ocorreu relação H/D mais equilibrada foram SMP1 e a testemunha (SMPO). Aos 90 dias o maior

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equilíbrio na relação H/D ocorreu no tratamento SMP1 só diferindo dos tratamentos CMP0 e CMP1 com os maiores valores (menor equilíbrio na relação H/D). Aos 120 dias no tratamento testemunha (SMPO) houve maior equilíbrio em relação aos tratamentos SMP2, CMP1 e CMP2. Isto fica evidente quando nos reportamos aos valores de diâmetro do coleto (Tabela 2) e altura de planta (Tabela 3) em relação ao tratamento controle (SMP0) e constatamos que enquanto os valores de diâmetro não foram alterados nesses tratamentos, a altura de plantas foi incrementada. Isso explica os maiores valores obtidos na relação H/D para os tratamentos em questão.

FIGURA 3. Relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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TABELA 4. Valores médios para a relação entre altura de parte aérea e diâmetro do coleto de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza. DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,29 b 8,16 a 7,76 ab 7,98 a 8,11 a 8,00 a 60 7,17 b 7,14 b 7,44 ab 8,03 a 7,64 ab 7,77 ab 90 6,79 bc 6,51 c 6,64 bc 7,55 a 7,32 ab 6,79 bc 120 6,12 c 6,60 bc 6,99 ab 6,65 abc 7,30 a 6,83 ab CV (%) = 6,59

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

Para comprimento de raiz (Figura 4 e Tabela 5) e número de folhas (Figura 5 e Tabela 6) todos os tratamentos foram estatisticamente iguais ao controle até 60 dias. Aos 90 dias na maior dose de P no tratamento sem micorriza (SMP2), ocorreu a menor média de comprimento de raiz para as mudas de M. itauba, só diferindo de SMPO e SMP1 (Tabela 5), não ocorrendo neste período alteração no número de folhas entre todos os tratamentos avaliados (Tabela 6). Silva e Delatorre (2009) defendem que o P pode causar modificações na arquitetura das raízes, e parte dessas modificações se refere a sistema de resgate para suprir as necessidades de P. É possível então que o maior aumento das raízes seja uma estratégia para favorecer a captação de P, pelo aumento da área de absorção, especialmente quando este elemento encontra-se em menores doses no solo. Rosolem e Marcello (1998) constataram isso para raízes de soja, que na ausência de fósforo eram mais longas, compensando a baixa disponibilidade de P.

Aos 120 dias os tratamentos com as maiores doses de P (SMP2 e CMP2) apresentaram os menores valores de comprimento de raiz, diferindo apenas do tratamento SMP1 (Tabela 5). Nesse mesmo período o maior número de folhas foi registrado no tratamento SMP2. Este resultado poderia indicar que com a maior dose de P a planta priorizou o aumento do número de folhas (Tabela 6) com reflexos no aumento da área foliar (Tabela 7).

Segundo Faria et al. (2002), é nas folhas onde ocorre a maior parte do processo fotossintético, por isso é esperado que mudas que apresentem maior número de folhas também apresentem maior crescimento, devido à maior produção de fotoassimilados, como reforçam Barbieri Junior et al. (2007),

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quando afirmam que o aumento do número de folhas e área foliar promove o aumento de fotossíntese líquida.

Considerando o número médio de folhas (Figura 5), a área foliar (Figura 6) e a altura da planta (Figura 2), aos 120 dias, é possível verificar que no tratamento SMP2, houve maior número de folhas e área foliar, mas não apresentou o maior valor para crescimento em altura, isso indica que o possível aumento na produção de fotoassimilados pode ter sido direcionada para as próprias necessidades das folhas e não para o aumento em altura.

FIGURA 4. Comprimento de raiz (cm) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m -3

de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

TABELA 5. Valores médios do comprimento de raiz (cm) de plantas de M.

itauba em função de doses de fósforo e micorriza.

DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,48 a 8,19 a 8,94 a 7,08 a 7,74 a 7,25 a 60 12,66 a 11,98 a 12,06 a 14,49 a 12,68 a 12,84 a 90 23,70 a 22,92 ab 20,11 c 21,81 abc 21,67 abc 20,67 bc 120 23,22 ab 25,55 a 22,64 b 24,42 ab 24,65 ab 22,67 b CV (%) = 11,52

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

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FIGURA 5. Número de folhas de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m -3

de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada linear e polinomial quadrática. * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

TABELA 6. Número médio de folhas de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza.

DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 7,72 a 8,00 a 7,38 a 7,41 a 7,34 a 7,13 a 60 7,41 a 8,12 a 8,22 a 8,02 a 7,72 a 7,99 a 90 9,69 a 9,81 a 10,43 a 9,26 a 10,06 a 10,47 a 120 11,33 b 11,97 ab 13,00 a 11,06 b 11,97 ab 11,04 b CV (%) = 10,88

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

De acordo com Portes (2008) os produtos da fotossíntese são deslocados para áreas de crescimento e de reserva, e seu sentido depende do local da demanda. As áreas onde os fotossintatos de deslocam podem ser áreas de metabolismo intenso ou dreno. Ainda de acordo com o autor, as folhas, quando adultas se comportam como produtoras de fotossintatos além de suas necessidades, porém folhas jovens podem importar carboidratos para

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o seu desenvolvimento normal, mesmo que sejam fotossintetizantes, então, de uma forma geral há partição de fotoassimilados em beneficio de um determinado órgão em detrimento de outro, que será prejudicado. Esse comportamento ocorre de diferentes formas nas diferentes fases da planta, onde há diferenças na partição de fotoassimilados entre os órgãos (TANAKA e FUJITA, 1979). Diferentemente desses resultados Balota et al. (2009) trabalhando com acerola (Malpighia emarginata) constataram um aumento no número de folhas de até 365% em mudas micorrizadas em relação a mudas não micorrizadas.

FIGURA 6. Área foliar (cm2) de plantas de M. itauba em função dos tratamentos: SMP0 (controle), SMP1 (sem micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), SMP2 (sem micorriza e aplicação de 1.530 g m -3

de P2O5), CMP0 (com micorriza sem aplicação de P), CMP1 (com micorriza e aplicação de 765 g m-3 de P2O5), CMP2 (com micorriza e aplicação de 1.530 g m-3 de P2O5). Função ajustada polinomial quadrática. *Significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

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TABELA 7. Valores médios da área foliar (cm2) de plantas de M. itauba em função de doses de fósforo e micorriza.

DAE Tratamentos SMP0 SMP1 SMP2 CMP0 CMP1 CMP2 30 33,84 a 35,83 a 36,03 a 35,21 a 36,60 a 34,18 a 60 34,71 a 32,62 a 34,82 a 42,02 a 38,06 a 35,11 a 90 48,29 ab 50,65 ab 49,10 ab 45,68 b 56,85 a 57,15 a 120 54,86 c 61,38 bc 76,41 a 55,84 c 71,02 ab 64,15 BC CV (%) = 15,89

Médias seguidas pelas mesmas letras, nas linhas, não diferem significamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. DAE = Dias Após o Estabelecimento.

O aumento das doses de P nos tratamentos não inoculados com FMA apresentou efeitos positivos para área foliar em mudas de M. itauba a partir de 90 dias (Figura 7). Houve aumento de 39% na área foliar de mudas de

M. itauba do tratamento SMP2 em relação ao controle aos 120 dias de

avaliação (Tabela 7). O tratamento CMP1 também foi superior à testemunha aos 120 dias, apresentando aumento de 30% na área foliar. Na Figura 6 (curvas ajustadas) é possível observar também que nos tratamentos com micorrizas e adição de fósforo (CMP1 e CMP2) ocorreram maiores médias para a área foliar até 90 dias de avaliação, e aos 120 dias somente CMP1 não diferiu do tratamento sem micorrizas e maior dose de P (SMP2) (Tabela 7). Constata-se que para tratamentos micorrizados o aumento da dose de P (CMP2) não aumentou a área foliar das mudas.

Flores-Aylas et al. (2003) observaram efeitos positivos advindos da micorrização e do aumento no P disponível em mudas de fedegoso (Senna

macranthera), mutamba (Guazuma ulmifolia), cássia-verrugosa (Senna multijuga), gravitinga (Solanum granuloso-leprosum), aroeira (Schinus terebenthifolius) e trema (Trema micrantha). Semelhante ao observado para

mudas de M. itauba, os autores verificaram que, com aumento na dose de P para níveis elevados, as micorrizas não influenciaram significativamente o aumento da área foliar.

No trabalho de Santos et al. (2008) a área foliar de aroeira (Schinus

terebenthifolius), trema (Trema micrantha), açoita-cavalo (Luehea grandiflora) e

sesbânia (Sesbania virgata) aumentou devido à inoculação de FMAs em solos de baixa fertilidade. Os autores descreveram que sem a inoculação, todas as espécies apresentaram área foliar muito reduzida e sem diferenças

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significativas entre elas, porém quando inoculadas elas se diferenciaram, evidenciando a importância dos FMAs e seu efeito para cada espécie. A área foliar de mudas de embaúba (Cecropia pachystachya) inoculadas na fase de viveiro e transplantadas para o campo também aumentou, quando utilizaram fungos micorrízicos (CARNEIRO et al., 2004).

Para Favarin et al. (2002) a área foliar é um indicativo da produtividade da planta, por isso é a base do rendimento potencial de uma cultura. Machineski et al. (2009) compartilham essa ideia quando afirmam que a área foliar indica a capacidade de produção fotossintética da planta e a assimilação total de carbono. Esses autores encontraram efeito benéfico advindo da micorrização no desenvolvimento inicial do nim (Azadirachta indica) sobre a área foliar, mas o efeito benéfico dos FMA diminuiu com o aumento

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