• Nenhum resultado encontrado

PROPOSIÇÃO DO MODELO DE CUIDADO TRANSICIONAL ÀS MÃES, ARTICULADO AOS MODOS DE ADAPTAÇÃO PROPOSTOS POR ROY

A UNIDADE DE CONTEXTO: A INTERDEPENDÊNCIA NAS RELAÇÕES: APOIO PARA A MÃE NO MOMENTO DE DOENÇA E HOSPITALIZAÇÃO DO FILHO

5 PROPOSIÇÃO DO MODELO DE CUIDADO TRANSICIONAL ÀS MÃES, ARTICULADO AOS MODOS DE ADAPTAÇÃO PROPOSTOS POR ROY

O modelo de cuidado transicional aqui proposto foi construído a partir do apreendido pela experiência das mães na vivência do processo de transição de saúde-doença do filho com cardiopatia congênita e baseia-se no Processo de Enfermagem de acordo com o modelo de adaptação de Roy.

O cuidado transicional, conforme Zagonel (1999) é o cuidado de enfermagem nos momentos de transição. Dessa forma, para que o cuidado transicional à mãe que vivencia o processo de transição de saúde-doença do filho seja efetivo, o enfermeiro deve conhecer o processo de transição e suas conseqüências para a mãe, a fim de atuar de maneira antecipatória para prevenir, promover ou mesmo intervir de forma terapêutica frente aos efeitos dessa transição, tendo como objetivo restabelecer a harmonia e a estabilidade perdida, por meio da adaptação à nova situação vivida, por meio da promoção de respostas adaptativas em relação aos quatro modos adaptativos.

Para Roy e Andrews (2001) a pessoa é um ser adaptável e cada uma delas lida de forma diferente com as mudanças e é responsabilidade do enfermeiro ajudar a adaptar-se a estas mudanças, pela identificação do nível de adaptação e da necessidade de intervenção de enfermagem nos quatro modos de adaptação. Esta intervenção deve ser realizada pelo enfermeiro por meio da aplicação do Processo de Enfermagem, o qual consiste em seis passos:

1) Avaliação dos comportamentos; 2) Avaliação dos estímulos;

3) Diagnósticos de enfermagem; 4) Estabelecimento de objetivos; 5) Intervenções e

1) Avaliação dos comportamentos

De acordo com Roy e Andrews (2001) o comportamento é o único indicador de como a pessoa está adaptando-se às mudanças. Dessa forma, no primeiro passo do processo de enfermagem o enfermeiro deve recolher dados sobre o comportamento da mãe e o estado atual da adaptação. O convívio e a proximidade permitem ao enfermeiro avaliar, detectar necessidades diante de distintos estímulos a que a mãe está exposta, para prover comportamentos. A antecipação de comportamentos pode ser um valioso instrumento no planejamento das ações para o alcance da adaptação. Nesse sentido é essencial que o enfermeiro conheça como se dá a entrada sob a forma de estímulos e a saída sob a forma de comportamentos, no processo de transição de saúde-doença. Cada comportamento adotado pela mãe sofreu algum tipo de estímulo, seja interno ou externo, o qual terá impacto nas respostas.

2) Avaliação dos estímulos

O enfermeiro deve avaliar os estímulos externos e internos que estão influenciando o comportamento da mãe em cada modo adaptável. Depois de identificados os estímulos, eles devem ser classificados em focais, contextuais e residuais. Ao avaliar o estímulo focal, o enfermeiro procura a causa mais imediata do comportamento identificado. Para isso, analisa o impacto, na mãe, da descoberta da doença cardíaca congênita do filho, com os sentimentos que são mobilizados, a trajetória percorrida desde a descoberta da doença até a hospitalização e cirurgia do filho, a expectativa futura sobre a sua recuperação e os sentimentos por ela vivenciados após a cirurgia.

Na avaliação do estímulo contextual, o enfermeiro procura o que mais está a contribuir para o efeito do estímulo focal e para isso deve verificar como a mãe associa a cardiopatia congênita com a gravidez e o nascimento do filho. Na avaliação dos estímulos residuais o enfermeiro irá buscar os demais fatores que estão

descentralizados da situação atual, mas que a influenciam, como experiências passadas de situações similares já vivenciadas ou mesmo, os resultados da experiência atual.

Roy e Andrews (2001) apresentam estímulos comuns que afetam a adaptação, que são a cultura (nível sócio-econômico, etnia, sistema de crenças), a família (estrutura, tarefas), estado de desenvolvimento (idade, sexo, tarefas, hereditariedade e fatores genéticos), integridade e modos adaptáveis (fisiológico, autoconceito, função de papel e interdependência), eficácia cognitiva (percepção, conhecimento, qualidades) e considerações ambientais (mudanças no ambiente externo e interno). 3) Diagnósticos de Enfermagem

Sabendo que o processo de enfermagem é um processo de resolução de problemas, os dados comportamentais, uma vez reunidos, devem ser interpretados. Nesta interpretação o enfermeiro deverá considerar os comportamentos da mãe juntamente com os outros fatores, isto é, os estímulos que afetam o seu comportamento e estabelecer os diagnósticos de enfermagem para ela.

Uma das formas estabelecidas para a definição de um diagnóstico de enfermagem para a mãe envolve posicionar o comportamento juntamente com os estímulos mais relevantes. Por exemplo, a mãe apresenta os comportamentos de agitação, insônia, nervosismo e apreensão. Todos estes comportamentos indicam a ansiedade. Eles resultam de um estímulo focal, que é a notícia da doença do filho. Dessa forma o diagnóstico de enfermagem formulado é: Ansiedade relacionada ao impacto da notícia da doença do filho. Assim, o enfermeiro deve formular todos os diagnósticos de enfermagem relacionados aos comportamentos da mãe e aos estímulos que a influenciam.

4) Estabelecimento de Objetivos

Logo após os diagnósticos de enfermagem serem formulados, o enfermeiro estabelece os objetivos, que é a determinação de afirmações claras de resultados

comportamentais esperados a partir dos cuidados de enfermagem para a mãe. O objetivo geral para as intervenções de enfermagem é manter ou aumentar o comportamento adaptável e modificar o comportamento ineficaz tornando-o adaptável.

Os objetivos estabelecidos pelo enfermeiro podem ser a curto e a longo prazo, dependendo do comportamento da mãe em questão, porém, ambos devem identificar um resultado comportamental que promova a sua adaptação. O estabelecimento de um objetivo deve designar não apenas o comportamento a ser observado, mas a forma como ele mudará e a extensão do tempo no qual o objetivo deverá ser atingido.

Por exemplo: Diagnóstico de enfermagem: Ansiedade relacionada ao impacto da notícia da doença do filho. Objetivo esperado dos cuidados de enfermagem: a mãe deverá apresentar-se menos ansiosa, calma e controlada, à medida que consiga enfrentar e se adaptar à nova situação vivida.

5) Intervenções

Logo após estabelecer os objetivos relativos aos comportamentos que irão promover a adaptação, o enfermeiro deverá determinar como intervir para auxiliar a mãe a atingir estes objetivos. A intervenção de enfermagem irá determinar como os objetivos estabelecidos serão obtidos. A capacidade da mãe para se adaptar, irá depender do estímulo focal e do seu nível de adaptação, que é determinado pela junção de todos os estímulos presentes e representa a sua capacidade para responder positivamente numa situação.

Na intervenção, o enfermeiro deve alterar, aumentar, diminuir, remover ou manter os estímulos, visando aumentar a capacidade da mãe em responder positivamente, apresentando respostas adaptáveis.

Seguindo o exemplo da mãe que apresenta diagnóstico de enfermagem: Ansiedade relacionada ao impacto da notícia da doença do filho. Neste caso o estímulo focal é a notícia da doença do filho e o estímulo contextual é desconhecimento que a mãe tem da doença e associação que ela faz da gestação à

doença cardíaca do filho. Se o objetivo da intervenção de enfermagem é que a mãe venha a apresentar-se menos ansiosa, calma e controlada, à medida que consiga enfrentar e se adaptar à nova situação vivida, a intervenção de enfermagem seria: conversar com a mãe, visando orientar e esclarecer suas dúvidas quanto à doença do filho e estar atento aos sinais de insegurança e dúvidas que a mãe venha apresentar durante a hospitalização do filho, visando responder às suas inquietações.

6) Avaliação

A avaliação realizada pelo enfermeiro envolve a verificação da eficácia da intervenção de enfermagem em relação ao comportamento da pessoa, isto é, se o objetivo estabelecido foi atingido. A avaliação da eficácia das intervenções de enfermagem deve ser realizada pela observação, medição e entrevista, dependendo do comportamento a ser observado.

O enfermeiro, para avaliar o comportamento da mãe deve realizar uma observação do seu comportamento e também conversar com a mãe, para saber como ela está se sentindo, para verificar se a diminuição do seu nível de ansiedade foi atingido, chegando-se a uma resposta eficaz da mãe.

Em todos os passos do modelo de cuidado transicional descrito foi apontada e realçada a importância da colaboração e participação da mãe em todas as fases. A eficácia com que o enfermeiro pode ajudar a mãe na promoção da sua adaptação depende da compreensão da situação e colaboração do enfermeiro com a mãe. Dessa forma, o modelo de cuidado transicional atende aos seus objetivos, que é realizar um cuidado de enfermagem individual e de qualidade para cada mãe, de acordo com as suas necessidades. O modelo de cuidado transicional, que segue a sistematização proposta pelo processo de enfermagem, pode ser visualizado no quadro 3.

Quadro 3 – Representação do modelo de cuidado transicional às mães, articulado aos modos de adaptação propostos por Roy (BRANDALIZE e ZAGONEL, 2007).

AVALIAÇÃO DOS