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5. COLETA DE DADOS

5.2. PROPOSTA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO SEGUNDO BARDIN

Para Bardin (2016), a análise de conteúdo é “um conjunto de instrumentos metodológicos, cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam

a “discursos” (conteúdos e continentes) extremamente diversificados” (BARDIN, 2016, p. 15).

Bardin (1977) ressalta a importância do rigor na utilização da análise de conteúdo, a necessidade de ultrapassar as incertezas, e descobrir o que é questionado. Nos últimos anos, a técnica tem conquistado grande desenvolvimento, tendo em vista, o crescente número de publicações anuais. (SILVA & FOSSÁ, 2015, p. 02).

O desenvolvimento dessa análise passa por três fases fundamentais, considerando os estudos da autora, como base norteadora para execução:

1) Fase da Pré-Análise: Nesta etapa iniciam as leituras dos materiais pré- selecionados, inclusive dos textos transcritos das gravações. No caso desta fase, são consideradas algumas ações a serem executadas, segundo a autora:

a) Leitura flutuante: “permite ao pesquisador a apropriação da mensagem do texto estabelecendo relações entre o documento e suas próprias anotações” (MOTTA, 2017, p. 91).

b) Escolha dos documentos: Nesta etapa, o pesquisador define os materiais a serem analisados, conforme a prioridade, por meio da constituição de um corpus para análise. Segundo Bardin (2016, p. 128), “corpus é o conjunto dos documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos. A sua constituição implica, muitas vezes, escolhas, seleções e regras”.

c) Formulação das hipóteses e dos objetivos: Para a autora, uma hipótese é “uma afirmação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar), recorrendo aos procedimentos de análise” (BARDIN, 2016, p. 130).

d) Referenciação de índices e a elaboração de indicadores: Dependendo da conjuntura dos textos, em caso de estarem organizados por indicadores, existe a necessidade de escolha destes, com base nas hipóteses. e) Preparação do material: Para Bardin (2016), desenvolve-se uma

preparação material e posteriormente formal (edição), de modo que esses procedimentos facilitem a manipulação dos dados e consequentemente, da análise.

Quanto às orientações sobre a escolha dos documentos, Bardin (2016) esclarece sobre as regras mencionadas, as quais o pesquisador deve estar atento

quanto a essas observações importantes para a continuidade do desenvolvimento da análise:

• Exaustividade: propõe que devemos levar em conta todos os elementos do

corpus definido. Não há possibilidade de excluir da análise qualquer um dos

elementos selecionados, independente do motivo.

• Representatividade: Em caso de um número significativo de dados, pode-se realizar uma amostra, “desde que o material a isso preste. A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte significativa do universo inicial” (BARDIN, 2016, p. 129).

• Homogeneidade: Segundo a autora, “os documentos retidos devem ser homogêneos, isto é, devem obedecer a critérios precisos de escolha e não apresentar demasiada singularidade fora desses critérios” (BARDIN, 2016, p. 130). • Pertinência: Quanto aos documentos a serem analisados, estes “devem ser adequados, enquanto fonte de informação, de modo a corresponderem ao objetivo que suscita a análise” (BARDIN, 2016, p. 130).

Obedecendo às regras descritas, constrói-se o corpus da análise, com a seleção dos documentos que compõem os dados para a pesquisa, incluindo textos, anotações, gravações etc.

Ressalta-se a necessidade de preparação do material, a qual constitui-se como uma fase intermediária, que compreende a reunião de todo material para tratar as informações coletadas (gravações, observações, etc), com vistas à preparação formalizada dos textos. É importante destacar que as observações, realizadas pelo analista, têm um cunho enriquecedor quando da análise dos textos, considerando que estas também expressam com fidedignidade outros cenários de comunicação (SILVA & FOSSÁ, 2015, p. 04).

A seguir, entramos na fase da exploração do material, após finalização desta primeira etapa. Para Bardin (2016), “se as diferentes operações da pré-análise forem concluídas, a fase de análise propriamente dita não é mais do que a aplicação sistemática das decisões tomadas” (BARDIN, 2016, p. 133).

A autora complementa, afirmando que “esta fase, longa e fastidiosa, consiste essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função das regras previamente formuladas” (BARDIN, 2016, p. 133). Outros autores convergem nesse sentido, apresentando detalhes relativos à continuidade deste procedimento.

A exploração do material consiste na construção das operações de codificação, considerando-se os recortes dos textos em unidades de registros, a definição de regras de contagem e a classificação e agregação das informações em categorias simbólicas ou temáticas. Bardin (1977) define codificação como a transformação, por meio de recorte, agregação e enumeração, com base em regras precisas sobre as informações textuais, representativas das características do conteúdo. (SILVA & FOSSÁ, 2015, p. 04).

No caso do início da codificação, Bardin (2016), define um modelo organizacional, estabelecendo três escolhas possíveis:

• O recorte: por meio de unidades de registro, caracterizadas como textos selecionados, transcrições, observações, que posteriormente possibilitarão a identificação de palavras-chaves e contribuirão para definir a categorização;

• A enumeração: definição de regras de contagem, que podem ser relacionadas “por presença, frequência, frequência ponderada, intensidade, direção, ordem, co- ocorrência” (DINIZ, 2015, p. 68);

• A classificação e a agregação: Refere-se à escolha das categorias. “A categorização é composta de duas etapas: o inventário: em que os elementos são isolados; e a classificação: repartição dos elementos, impondo uma organização das mensagens” (DINIZ, 2015, p. 69).

Reiterando a opção pelo modelo de uma pesquisa qualitativa, e após obedecermos às etapas apresentadas, entramos na terceira fase, que compreende o tratamento dos dados brutos. Eles permitirão explorarmos dados que possibilitem a obtenção de resultados, contribuindo para a interpretação de informações que garantam o prosseguimento da análise.

A autora afirma que “o analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos – ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas” (BARDIN, 2016, p. 133).

Com base nas pesquisas de Bardin (2016), apresentamos o modelo proposto, conforme a Figura 7, que apresenta as etapas sugeridas pela autora.

Figura 6 - Etapas da Análise de Conteúdo de Bardin