Com os dados obtidos nas etapas anteriores, principalmente no questionário aplicado aos usuários das ciclovias, foi possível propor mudanças visando melhorar o sistema cicloviário de Santa Rosa e com isso garantir mais segurança e eficiência no deslocamento por ciclovia na cidade.
Primeiramente, como forma de melhorar a segurança dos usuários da ciclovia da Avenida Expedicionário Weber e com base nas sugestões dos próprios ciclistas, surgiram algumas ideias para a possível melhoria.
a) Mudança na localização da ciclovia, deixando de ser junto à via, para ser segregada, em algum espaço do parque Tape Porã, como por exemplo, a ilustração da Figura 38, com largura, sinalização e condições de segurança apropriadas.
Figura 38: Mudança de Localização da Ciclovia
Fonte: Adaptado de YouTube. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=LlnnO2DPJlE>, acesso em 07 nov. 2018
b) Nos trechos em que não for possível a mudança de localização da via, sugere-se o aumento da largura da ciclovia e do elemento separador, até o atingimento das dimensões mínimas recomendadas pelo ministério das cidades.
c) Alteração do elemento separador desta ciclovia, utilizando um modelo de bloco de concreto disponível no mercado, conforme a Figura 39. Este bloco poderia dar mais segurança aos ciclistas e diminuiria a possibilidade de atropelamentos.
Figura 39: Exemplo de Bloco Separador
d) Melhoria no sistema de drenagem das vias, evitando o acúmulo de água da chuva e com isso reduzindo o risco de acidentes.
Na ciclofaixa da Avenida Flores da Cunha, seria recomendável melhoria na sinalização, não apenas com nova pintura para demarcação, mas também com colocação de tachinhas refletivas ou tachões, o que ajudaria na visibilidade da ciclofaixa também à noite.
Na ciclovia da Avenida América, sugere-se a implantação da sinalização e demarcação da ciclovia, além da construção do trecho de 1,2 km que ligaria o bairro Cruzeiro ao centro da cidade. A Figura 40 mostra no mapa, ilustrado na cor azul o trecho a ser construído e em vermelho o trecho já existente.
Figura 40: Trecho a ser construído na Avenida América
Fonte: Adaptado de Prefeitura Municipal de Santa Rosa (2018)
Para a ciclovia da faixa de domínio da RS 307 sugere-se uma melhor sinalização, que permita a travessia dos ciclistas pelo trevo de acesso à cidade com segurança.
Propõe-se também a criação de novas ciclovias em outros pontos da cidade, como por exemplo, ligando o centro aos bairros Sulina, Timbaúva e Planalto.
Um fator que provavelmente dificulta a criação de ciclovias nestes trechos é a declividade das principais avenidas de acesso a esses bairros e também a falta de espaço nestas vias. Portanto se faz necessário o estudo de vias alternativas com declividades menos acentuadas.
5 CONCLUSÃO
Ao observarmos os resultados dos levantamentos das ciclovias de Santa Rosa, chega-se à conclusão de que as ciclovias da cidade não formam necessariamente um sistema cicloviário, já que não existem ligações suficientes entre bairros e pontos da cidade, nem integração entre meios de transportes diferentes.
No caso da ciclovia da Avenida Expedicionário Weber, verificou-se que esta não atende às dimensões mínimas indicadas pelo Ministério das Cidades. As demais ciclovias atendem às dimensões mínimas, porém possuem problemas de sinalização e/ou trechos inacabados.
Além disso, pode-se observar nos resultados deste trabalho, que o principal fator desestimulante para o uso das ciclovias é a falta de segurança. Essa falta de segurança é causada principalmente pela pouca sinalização, dimensões insuficientes, e por não haver uma separação física mais segura entre os veículos motorizados e bicicletas, no caso da ciclovia da Avenida Expedicionário Weber e também na ciclofaixa da Avenida Flores da Cunha.
Com a média das notas dadas no questionário, ficou evidente a sensação de insegurança dos ciclistas ao trafegarem pelas ciclovias da cidade, tanto que somente uma pessoa avaliou a segurança com nota máxima. Esta insegurança acaba afastando a possibilidade de aumento no tráfego de ciclistas nessas ciclovias e com isso o trânsito de veículos motorizados tende a aumentar mais do que os não motorizados.
Também com base nos resultados obtidos no questionário e na contagem de ciclistas, viu- se a diferença percentual entre homens e mulheres que utilizam as ciclovias. Esta diferença se deve provavelmente a questões culturais e também por que as mulheres estariam menos dispostas a correr os riscos gerados pela insegurança deste tipo de transporte.
Por outro lado, no decorrer deste trabalho foi possível identificar casos em que os próprios ciclistas se colocam em situação de risco, por exemplo, quando deixam de andar na ciclovia para andar junto aos carros ou quando não aguardam a saída dos ônibus dos pontos de ônibus e acabam indo para a pista dos veículos motorizados. Algumas vezes também se viu ciclistas trafegando nas calçadas para pedestres, quando poderiam utilizar a ciclovia.
Mesmo com os problemas causados pela imprudência de alguns, ou pela falta de segurança para os ciclistas, o ciclismo se mostra um importante meio de deslocamento, contribuindo positivamente para a mobilidade urbana da cidade de Santa Rosa, já que reduz a quantidade de veículos motorizados nas vias, conforme mostrou o resultado da contagem de ciclistas.
Levando em conta esta importância do ciclismo e com base nos dados levantados, principalmente no questionário com os ciclistas, foi possível determinar os principais aspectos a serem melhorados nas ciclovias, dentre sinalização, rotas, posicionamento da ciclovia e dimensionamento.
A importância do ciclismo também se mostra presente no campo da saúde, já que, conforme a revisão bibliográfica deste trabalho mostrou, os benefícios vão além da manutenção da qualidade de vida e prevenção de doenças por parte do ciclista, mas também atingem os cofres públicos, que acabam economizando nos gastos com tratamentos de saúde.
Portanto, considerando todas as vantagens deste meio de transporte, tanto para o ciclista como para a sociedade e o meio ambiente, é imprescindível que se invista mais na segurança, estrutura, sinalização, conservação e também na integração com outros meios de transporte, criando bicicletários em locais públicos e sistemas de bicicletas compartilhadas com participação da iniciativa privada, como já existe em muitas cidades do mundo, entre outras medidas que tornem o transporte por bicicleta mais atrativo.
Como sugestão para futuros trabalhos a serem feitos nesta área, indica-se um estudo mais aprofundado sobre as vias nas quais poderiam ser implantadas novas ciclovias na cidade de Santa Rosa, observando-se as condições de aclividade, espaço disponível, viabilidade técnica e econômica.
REFERÊNCIAS
AFFONSO. N. S. in IPEA, Desafios do Desenvolvimento: Automóveis e Sustentabilidade.
Disponível em
<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1049:catid= 28&Itemid=23>. Acesso em 01 abr. 2018.
ANTP, A mobilidade urbana sustentável, Revista dos Transportes Públicos, Ano 25, 2003, 3º
trimestre, disponível em <http://files-
server.antp.org.br/_5dotSystem/download/dcmDocument/2013/01/10/15FBD5EB-F6F4-4D95- B4C4-6AAD9C1D7881.pdf>, Acesso em 23 de maio 2018.
BOARETO, RENATO, in Brasil, Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, disponível em <http://www.ta.org.br/site/banco/7manuais/cadernosite2007xz.pdf>. Acesso em 30 maio de 2018. BRASIL. Lei n. 12587, de 3 de janeiro de 2012. Política Nacional de Mobilidade Urbana, Brasília, DF, janeiro de 2012. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2012/lei/l12587.htm>. Acesso em: 22 maio 2018.
BRASIL. Ministério dos Transportes, Manual de Planejamento Cicloviário,
Brasília, DF, agosto de 2001. Disponível em <
http://projects.mcrit.com/tiete/attachments/article/291/Manual%20de%20planejamento%20ciclov i%C3%A1rio%20-%20GEIPOT%20-%202001.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
BRASIL. Ministério Das Cidades. MANUAL DE BRT, Guia de Planejamento, dezembro de 2008.
BRASIL, Ministério Das Cidades, Mobilidade e Política Urbana: subsídios para uma gestão integrada. Disponível em <http://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/mobilidade.pdf>. Acesso em 22 de maio 2018.
Brasil, Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, Plano
de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, disponível em
<http://www.ta.org.br/site/banco/7manuais/cadernosite2007xz.pdf>. Acesso em 22 de maio 2018. BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, Mobilidade Sustentável, disponível em <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-sustentavel/mobilidade-
sustent%C3%A1vel>. Acesso em 23 de maio 2018.
BRASIL, Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, Lei 9503/1997. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9503.htm>. Acesso em 29 de maio 2018.
Carros são responsáveis por 90% da poluição do ar em São Paulo. G1, abril de 2011. Disponível em < http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/carros-sao-
responsaveis-por-90-da-poluicao-do-ar-em-sao-paulo.html>. Acesso em 25 mar. 2018.
China is running out of breath, DW, 2015. Disponível em < https://www.dw.com/en/china-is- running-out-of-breath/g-18210826>. Acesso em 10 jun. 2018.
Ciclovia, Prefeitura de Teresina, 2015. Disponível em< http://semplan.teresina.pi.gov.br/ciclovia/>. Acesso em 10 jun. 2018.
Conheça o inventor da bicicleta, Pierre Lallement, EASYBIKES, janeiro de 2017, disponível em <http://easybikes.com.br/news/conheca-o-inventor-da-bicicleta-pierre-lallement/>. Acesso em 28 de maio 2018.
CRUZ, WILLIAN in Ciclovia, ciclofaixa, ciclorrota e espaço compartilhado, VA DE BIKE, maio de 2018, disponível em <http://vadebike.org/2011/05/ciclovia-ciclofaixa-ciclo-rota-e- espaco-compartilhado/>. Acesso em 22 de maio 2018.
CRUZ, WILLIAN in Pesquisas e levantamentos tornam clara a demanda por ciclovias em São Paulo, VA DE BIKE, 2014, disponível em <http:// http://vadebike.org/2014/07/demanda- por-ciclovias-em-sao-paulo//>. Acesso em 02 de dez. 2018.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO – DENATRAN. Frota de veículos. Março de 2018 disponível em <http://www.denatran.gov.br/estatistica/237-frota-veiculos>. Acesso em: 24 mar. 2018.
Desestímulo ao uso do automóvel, INSTITUTO DE POLÍTICAS DE TRANSPORTE E DESENVOLVIMENTO, disponível em < http://itdpbrasil.org/programas/desestimulo-ao- automovel/>. Acesso em 02 de dez. 2018.
DUARTE, Fábio. Planejamento urbano. Curitiba: IBEPEX, 2011/2012.
EPTC, Transporte Cicloviário, Plano Diretor Cicloviário Integrado, disponível em <http://www2.portoalegre.rs.gov.br/eptc/default.php?p_secao=227>. Acesso em 10 de jun. 2018. GOOGLE MAPS. Av. Expedicionário Weber, 2018. Disponível em < https://www.google.com.br/maps/place/Av.+Expedicion%C3%A1rio+Weber,+Santa+Rosa+- +RS,+98900-000/@-27.8637579,-
54.4664348,291m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x94f935bfff7a3c11:0xb684c3a73b7c63a9!8m2! 3d-27.8623724!4d-54.4568722>. Acesso em 04 nov. 2018.
Guia da bicicleta: conheça história, componentes, benefício e dicas, ECYCLE, disponível em <https://www.ecycle.com.br/component/content/article/67-dia-a-dia/2831-guia-da-bicicleta-
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE, 2018) Panorama. Disponível em <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santa-rosa/panorama> Acesso em 03 nov. 2018.
INSTITUTE FOR SOCIAL-ECOLOGICAL RESEARCH, Handbook On Cycling Inclusive Planning And Promotion, Frankfurt am Main/Hamburg, 2012. Disponível em <http://www.mobile2020.eu/fileadmin/Handbook/M20020_Handbook_EN.pdf>. Acesso em 31 de maio 2018.
INTERFACE FOR CYCLING EXPERTISE, The Significance Of Non-Motorised Transport For Developing Countries: Strategies For Policy Development, Utrecht, Netherlands,2000,
disponível em
<http://siteresources.worldbank.org/INTURBANTRANSPORT/Resources/non_motor_i-ce.pdf>. Acesso em 31 de maio 2018.
Investimentos na construção de ciclovias e passeio público, JORNAL GAZETA REGIONAL,
06 DE JANEIRO DE 2018, disponível em
<https://www.jornalgazeta.com.br/noticia/investimentos-na-construcao-de-ciclovias-e-passeio- publico>. Acesso em 01 de jun. 2018.
MATOS, JOANA RAQUEL DA COSTA, Mobilidade urbana sustentável, 2010, Leiria, 2010,
disponível em
<https://iconline.ipleiria.pt/bitstream/10400.8/1335/1/Joana_Raquel_da_Costa_Matos.pdf>. Acesso em 24 de maio 2018.
PAULA, MARILENE DE, in Mobilidade Urbana No Brasil: Desafios E Alternativas, 2016, disponível em <https://br.boell.org/sites/default/files/mobilidade_urbana_boll_brasil_web_.pdf>. Acesso em 23 de maio 2018.
PIRES. A. C. M.; PIRES. L. R. G., in Mobilidade urbana: desafios e sustentabilidade Disponível em <http://cidadeemmovimento.org/wp-content/uploads/2016/10/Mobilidade- Urbana-Desafios-e-Sustentabilidade.pdf>. Acesso em 31 mar. 2018.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA ROSA, Notícias: Ciclovia será inaugurada no domingo, 2016. Disponível em < http://www.santarosa.rs.gov.br/noticias_ver.php?id=6025>. Acesso em 10 jun. 2018.
Produção De Bicicletas Deverá Fechar O Ano Com Estabilidade E Crescer 9% Em 2018, ABRACICLO, 2017, disponível em <http://www.abraciclo.com.br/2017/1141-producao-de- bicicletas-devera-fechar-o-ano-com-estabilidade-e-crescer-9-em-2018>. Acesso em 30 de maio 2018.
RICCARDI, J.C.R. Ciclovias e Ciclofaixas: critérios para localização e implantação. 2010. 79 f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia
Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/28577>. Acesso em 24 mar. 2018.
SANTA ROSA. Lei Municipal Nº 4593/2009: O uso do sistema cicloviário, janeiro de 2009. Disponível em < http://www.camarasantarosa.rs.gov.br/camara/proposicao/Lei- ordinaria/2009/1/0/6334>. Acesso em 01 abr. 2018.
SOARES, RAFAEL DELLA GATTA, Bicicleta e mobilidade urbana: Modismo ou solução sustentável para o transporte na cidade de São Paulo, novembro de 2015, disponível em <https://paineira.usp.br/celacc/sites/default/files/media/tcc/versao_final_pdft.pdf >. Acesso em 24 de maio 2018.
VELASCO. CLARA; REIS. THIAGO, in G1, Em 3 anos, malha cicloviária mais que dobra de tamanho nas capitais do país, março de 2017. Disponível em <https://g1.globo.com/economia/noticia/em-3-anos-malha-cicloviaria-mais-que-dobra-de
tamanho-nas-capitais-do-pais.ghtml>. Acesso em 31 mar. 2018.
VIANNA, GUILHERME SZCZERBACKI BESSERMAN, Mobilidade Urbana No Brasil: Uma Estimativa Do Produto Perdido Em Trânsito, 2013, disponível em <http://www.ie.ufrj.br/images/gema/Gema_Monografias/Monografia_Versao_Final_Guilherme_ Vianna.pdf>. Acesso em 10 jun. 2018.
WRIGHT, LLOYD; HOOK, WALTER, in Manual De BRT: Guia De Planejamento, DEZEMBRO DE 2008.