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3 P ROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

3.1 Proposta de uma nova conexão

Após a análise das conexões existentes, pôde-se observar que nenhuma conexão estrutural, quando submetida a esforços de tração, permite utilizar a plenitude da resistência oferecida pelo bambu, rompendo-se antes.

A idealização desta nova conexão baseou-se na análise das estruturas de diversas edificações – estudadas na revisão da literatura e em visitas técnicas – observando-se as características das conexões mais usuais, com melhorias em suas deficiências, citadas na análise dessas ligações.

O objetivo da nova união foi transmitir o máximo de esforços, utilizando toda potencialidade do bambu, com leveza e alto nível de pré-fabricação, permitindo rápida e fácil montagem e desmontagem, mesmo em condições adversas, fora do canteiro de obras.

Como precursores para o desenvolvimento do projeto de uma nova conexão, é preciso evidenciar os seguintes aspectos:

• tamponamento da extremidade do colmo com elemento metálico Para não permitir a saída do concreto pela extremidade da ligação, quando efetuado o preenchimento e após a cura, quando a conexão estiver submetida a esforços de tração, foi criada uma peça que estabilizasse o sistema em sua extremidade, com uma arruela presa à espera metálica. Esta arruela foi soldada à espera, tamponando a abertura da conexão (Figura 174).

Esta peça tinha 5 cm de diâmetro, aproximadamente 50% do diâmetro médio dos colmos de bambu escolhidos para montagem de estruturas.

• não utilização de parafusos passantes

A utilização de parafusos passantes diminui a resistência do colmo de bambu e, para uma boa resistência, há necessidade de vários parafusos, o que acaba diminuindo a resistência da peça.

• utilização de um só internó para limpeza do interior do colmo Utilizar somente o último internó permite realizar a limpeza, com retirada da camada superficial da camada de parênquima e realizar a lavagem com cal, melhorando o contato entre a parede do colmo e a argamassa de preenchimento.

• afunilamento da extremidade que realizará a ligação

O afunilamento da extremidade do colmo foi feito por cortes longitudinais, realizados com serra, obtendo-se a forma cônica, por meio de presilhas ou cabos de aço, que garantirão a estabilidade do sistema quando este for submetido a esforços (Figura 175). Serviu também como contenção da argamassa de grauteamento, durante a sua aplicação e após a cura, quando solicitados os esforços, evitando-se o destacamento do conjunto.

A forma resultante, com extremidade afunilada, permitiu a ancoragem de várias peças de bambu em um único ponto, de pequeno diâmetro, necessidade requerida em estruturas espaciais, quando usualmente são chamados de nós.

• ampliação da área de contato da espera com a argamassa de

grauteamento

Para aumentar a área de contato da espera metálica com a argamassa de grauteamento, o diâmetro do tubo de aço, de 6 cm, foi similar ao da arruela de fechamento. O tipo de espera ampliou o atrito e, consequentemente, a resistência à tração entre os elementos aço-argamassa de grauteamento. Este tubo de paredes grossas, com 3 mm, permitiu também a ampliação da área de contato, para soldagem com a arruela de tamponamento (Figura 176).

Figura 176 – Espera metálica em forma de tubo

Tubos de aço com medidas comerciais, encontrados facilmente no mercado, foram utilizados como forma de reduzir custos. O de 2” tinha medida próxima à sugerida, com metade do diâmetro médio dos colmos. Para melhoria da resistência ao arrancamento, foram adicionadas grapas na extremidade embutida da espera, por meio de solda ou rosca. Esta melhoria evitou utilizar mais que um internó de enchimento com argamassa, o que aumentaria o peso da conexão, além de tornar desnecessária a retirada do diafragma do bambu, o que diminuiria a resistência do colmo (Figura 177).

Figura 177 – Instalação de grapas na espera metálica

• uso de matérias primas usuais no mercado de materiais de

construção

• rapidez e facilidade para execução da montagem da estrutura

A utilização de peças pré-moldadas para a montagem da estrutura permitiu grande agilização do processo de execução, barateando os custos de mão- de-obra e de materiais, além de permitir uma possível industrialização na montagem das peças.

• utilização de mão-de-obra usual para confecção da conexão

Os serviços de montagem da parte metálica da conexão foram executados em serralherias convencionais, com mão-de-obra usual, sem a necessidade de equipamentos sofisticados.

• diminuição de furações e respectivo diâmetro para enchimento

com argamassa

A existência de muitos furos para colocação de argamassa fragiliza a peça, assim, evitou-se diâmetros grandes de furação e o aumento no número de furos.

• especificação de uma argamassa com baixa retração, boa fluidez

e alta resistência

Como solução para o problema de destacamento da argamassa das paredes dos colmos, por retração da argamassa, e uma perfeita aderência da

espera, foi utilizada uma argamassa expansível, de menor retração que as argamassas convencionais e com altas resistências iniciais e finais, tipo Grauth V-1, da Otto Baumgart, para grauteamentos no preenchimento do colmo no qual se realizou a conexão.

Os custos atuais deste material se equipararam às argamassas convencionais, com ganhos na diminuição da retração e dos vazios entre a parede de bambu e a espera, visto que apresenta grande fluidez, podendo ser inclusive, autonivelante. Além disso, houve uma melhoria considerável na resistência final, pela diminuição da proporção de água ao cimento. O fator água/cimento indicado pelo fabricante é de 0,12, para uma resistência à compressão inicial (24 h) de 20 MPa e final (28 dias) de 70 MPa.