• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DO CORPUS

4.2 PROPOSTA DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, em vigor a partir de 1997, são um referencial que foi elaborado dadas às necessidades de revisãoda proposta curricular nacional. A antiga estrutura de diretrizes e bases estabelecia o ensino obrigatório de oito anos, constituindo o primeiro grau, sendo que o segundo grau não era obrigatório. Com relação ao estudante, ela objetivava

(...) a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, preparação para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997: 14)

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional, em 1996, não somente o ensino fundamental, mas também o ensino médio estão sob a responsabilidade do poder público. De modo geral, os PCNs propõem, por meio do sistema educacional,

(...) uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos, participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, p. 33).

Nessa perspectiva, o ensino baseia-se no desenvolvimento das capacidades do estudante, tendo o professor como mediador na reorganização do conhecimento, interagindo com o aprendente e preparando-o para que seja sujeito de sua própria formação, tornando-se capaz de exercer uma aprendizagem permanente de conteúdos que não devem ter um fim em si mesmos, mas devem servir de meio para o desenvolvimento das capacidades que lhes permitirão “produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos.” (PCNs, 2007: 73).

Para o desenvolvimento dessa prática, a LDB estabeleceu a elaboração dos currículos, que apontam o direcionamento do ensino e destacam os conteúdos a serem estudados no decorrer de um ano letivo. Assim, entre outras áreas, o ensino da Língua Portuguesa é parte integrante e obrigatória do ensino fundamental e médio.

Os PCNs apresentam-se quatro perspectivas. Na primeiro, considera-se a estrutura curricular que neles se apresenta, completa, mas flexível, que serve de referência para o ensino. Sua função é

(...) subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos Estados e Municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discussão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como

servir de material de reflexão para a prática de professores. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 2007: 36).

Sua segunda perspectiva compreende a adaptação que deve haver entre a proposta dos PCNs e a proposta curricular de Estados e Municípios.

A terceira está relacionada à instituição escolar, num processo que envolve a equipe pedagógica na elaboração de um projeto educativo. De acordo com os PCNs, esse projeto deve ter elaboração contínua para que seja discutido com freqüência a fim de proporcionar uma adaptação dos seus objetivos, considerando sempre a “realidade em que a escola está inserida”: É no âmbito do projeto educativo que professores e equipe pedagógica discutem e organizam os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para cada ciclo. (PCNs, 2007: 37).

A quarta perspectiva visa à realização da proposta em sala de aula e enfatiza a adaptação do ensinar, dada pelo professor, para cada situação de aprendizagem, direcionando tais situações aos grupos de estudantes específicos. Para que esse nível seja concretizado, é prevista pelos PCN uma política educacional que atenda ao professor, entre outros itens, em uma formação inicial e continuada, porque se espera que ele tenha uma programação de aula planejada garantindo a “distribuição dos conteúdos segundo um cronograma referencial, definição das orientações didáticas prioritárias, seleção do material a ser utilizado, planejamento de projetos e sua execução”. (PCN 2007: 38).

O ensino da língua portuguesa para o 2. ciclo, que compreende os 4. e 5. anos do ensino fundamental, é composto pelo desenvolvimento da competência oral, da competência de leitura e escrita. Para que tais competências se desenvolvam, é necessário um comprometimento do professor ao preparar suas aulas considerando o ler, o escrever e o falar que estejam de acordo com as diversas situações sociais. Assim, o professor poderá criar situações de comunicação entre os próprios estudantes ou possibilitar essa interação comunicativa por meio de textos de circulação social que favoreçam a ação e a reflexão do aluno no processo da aprendizagem.

Os PCN organizam os conteúdos de Língua Portuguesa em dois eixos:

Após a alfabetização, considerada a fase da aquisição da leitura e da escrita, o estudante necessita desenvolver habilidades de escrita para que possa produzir textos com independência, e de leitura, que lhe permitam interpretar e analisar textos “de verdade”, presentes em seu cotidiano, não apenas criados para aprender a ler e a escrever. Nesse ensino, devem ser enfatizadas as características discursivas da linguagem.

Por meio do ensino da oralidade, da leitura e da escrita, é proporcionada a oportunidade de reflexão sobre a língua. Sobre esse assunto, encontramos nos PCN a classificação1 dessa reflexão em atividades epilinguísticas e metalingüísticas. Assim,

Nas atividades epilinguísticas a reflexão está voltada para o uso, no próprio interior da atividade linguística em que se realiza. (...) Já as atividades metalinguísticas estão relacionadas a um tipo de análise voltada para a descrição, por meio da categorização e sistematização dos elementos linguísticos. (PCN, 2007: 38).

Compreendemos que essa abordagem é mais eficaz quando parte do uso da língua para a análise, que pode ser feito, conforme se pôde observar, de maneira espontânea, na medida em que surgirem situações de reflexão sobre a adequação do uso, ou de um modo contextualizado, que envolva o estudo das regularidades do sistema língua. Partindo de tais situações, a recomendação encontrada nos PCNs é que

(...) as situações didáticas, devem, principalmente nos primeiros ciclos, centrar-se na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o controle sobre a própria produção linguística. E a partir daí, introduzir progressivamente os elementos para uma análise de natureza metalingüística. (PCNs, 2007: 39).

Usos e formas: Língua oral Língua escrita Análise e reflexão sobre a língua.

Considerando tal afirmação, percebemos que a reflexão sobre a língua pode e deve ser articulada em todo o momento, considerando que a escola já promove um ambiente de reflexão que ocorre mesmo entre os estudantes. Mas é preciso selecionar algumas situações do uso da língua para que essa reflexão aconteça de modo direcionado pelo professor. Esses momentos podem acontecer tanto no ensino da escrita quanto da língua oral e devem também enfatizar o ensino da gramática e do léxico.

Os objetivos estabelecidos para o ensino da Língua Portuguesa pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (2007:124) para o segundo ciclo são:

• Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto, desenvolvendo sensibilidade para reconhecer a intencionalidade implícita e conteúdos discriminatórios ou persuasivos, especialmente nas mensagens veiculadas pelos meios de comunicação;

• Ler autonomamente diferentes textos dos gêneros previstos para o ciclo, sabendo identificar aqueles que respondem às suas necessidades imediatas e selecionar estratégias adequadas para abordá-los;

• Utilizar a linguagem para expressar sentimentos, experiências e idéias, acolhendo, interpretando e considerando os das outras pessoas e respeitando os diferentes modos de falar;

• Utilizar a linguagem oral com eficácia, começando a adequá-la a intenções e situações comunicativas que requeiram o domínio de registros formais, o planejamento prévio do discurso, a coerência na defesa de pontos de vista e na apresentação de argumentos e o uso de procedimentos de negociação de acordos necessários ou possíveis;

• Produzir textos escritos, coesos e coerentes, dentro dos gêneros previstos para o ciclo, ajustados a objetivos e leitores determinados;

• Escrever textos com domínio da separação em palavras, estabilidade de palavras de ortografia regular e de irregulares mais frequentes na escrita e utilização de recursos do sistema de pontuação para dividir o texto em frases;

• Revisar seus próprios textos a partir de uma primeira versão e, com ajuda do professor, redigir as versões necessárias até considerá-lo suficientemente bem escrito para o momento.

Com base nesses objetivos, verificamos a proposta dos PCNs2 e a proposta curricular do Estado de São Paulo3 para o 2º ciclo do ensino fundamental a fim de estabelecer o vínculo que entre elas se apresenta.

4.3 Proposta Curricular do Estado de São Paulo para o ensino de Língua