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A partir da análise realizada nos capítulos anteriores, e de acordo com o que foi referido na secção 2 do Capítulo II, conclui-se que o modo conjuntivo e o uso de frases complexas, nomeadamente a subordinação adverbial concessiva e condicional, são pouco frequentes no discurso espontâneo (provocado) das crianças/jovens e também não são correctamente utilizados em exercícios elicitados para o efeito.

Assim sendo, e uma vez que a escola/o sistema formal de ensino desempenha um papel fundamental no desenvolvimento linguístico da criança à entrada no 1º Ciclo (ver Gonçalves et al., 2009), compete a esta instituição/órgão, mais concretamente ao professor, a promoção de actividades didácticas susceptíveis de colmatar as dificuldades manifestadas pelos alunos, enquadrando e potenciando esse novo patamar de desenvolvimento.

Por conseguinte, neste capítulo procurar-se-á elaborar um conjunto de actividades passíveis de serem aplicadas em contexto de sala de aula, com os alunos dos diversos níveis do ensino básico, incluindo as crianças em idade pré-escolar, no âmbito da construção frases complexas e também o recurso ao modo conjuntivo.

As actividades propostas apresentam um grau de dificuldade progressivo, pelo que não será indicado um ano específico de escolaridade, na medida em que estas tarefas podem mesmo ser adequadas a cada faixa etária, complexificando o grau de exigência.

Para cada actividade serão definidos os objectivos a que se propõe, os recursos materiais a utilizar, bem como a descrição dessa actividade.

Actividade 1 – Regras de sala de aula

Segundo Gonçalves et al (2009), o modo conjuntivo emerge tardiamente, verificando-se um uso restrito da sua utilização, bem como desvios de origem diversa (incluindo substituição pelo imperativo e pelo indicativo).

Como se concluiu no capítulo anterior, mais propriamente na discussão dos resultados face à formulação da hipótese 2 (embora os resultados obtidos não sejam totalmente conclusivos), os alunos mais novos utilizam, preferencialmente, o modo indicativo, optando por proceder a alterações na frase, de forma a contornar o uso do modo conjuntivo. Este facto vai “desaparecendo” à medida que avançamos no nível de escolaridade. Por conseguinte, devemos trabalhar o modo conjuntivo logo desde cedo, no pré-escolar, por exemplo, a partir de estruturas mais fáceis, aumento o nível de exigência gradualmente.

Com esta actividade pretende-se promover a sua aplicação numa das situações em que o seu uso é obrigatório (cf. Duarte, 1992) – frases imperativas negativas.

Objectivos - Estimular a produção de formas de conjuntivo em frases imperativas negativas, com recurso a às regras de sala de aula.

Recursos - ilustrações das crianças que demonstrem o que é permitido ou proibido fazer dentro da sala de aula.

Descrição – O professor exibe os sinais de trânsito e solicita junto de um aluno que imagine ser um polícia e que ordene aos seus colegas o que está descrito na imagem. O professor solicita às crianças que façam desenhos com o que se pode e não se pode fazer dentro da sala de aula. Posteriormente, exibe esses desenhos ao grupo e pergunta a cada um que regra é a que expressa nesse desenho.

Actividade 2 – “O poder nas minhas mãos”

Esta actividade promove o debate em sala de aula, permitindo aos alunos expor as suas ideias/opiniões acerca de determinados assuntos e, simultaneamente, participar e colaborar com os órgãos de gestão da escola/agrupamento, contribuindo para o seu desenvolvimento. À semelhança do exercício anterior, e face aos resultados do trabalho de investigação expostos no capítulo V, esta actividade promove a utilização do modo conjuntivo, uma vez que se centra na manifestação de desejos. Vejamos exemplos do é suposto ocorrer:

(1) Queria que a escola tivesse mais espaços verdes. (2) Desejava que não houvesse tanto lixo no pátio. (3) Gostava que os funcionários fossem mais simpáticos.

Objectivos - Estimular a produção de formas de conjuntivo em frases que expressem desejos.

Recursos – caderno diário, lápis/esferográfica

Descrição – O professor pede às crianças que pensem sobre o que gostariam de mudar na escola que frequentam, se tivessem poder para o fazer. Os alunos registam as suas ideias no caderno diário e apresentam, posteriormente, aos restantes colegas, desencadeando um debate na turma. Posteriormente, após o debate conjunto, poderiam apresentar/expor as diversas ideias, por escrito, ao director do agrupamento a que pertencem.

Actividade 3 – Fábulas e as lições de moral

Esta actividade pressupõe, em primeiro lugar, a participação activa das famílias no processo de ensino e aprendizagem. Por outro lado, fomenta-se a pesquisa de informação em diversas fontes, nomeadamente a Internet, livros escolares, livros de fábulas, entre outras. De entre as fábulas apresentadas pelos alunos, o professor deverá procurar trabalhar/explorar aquelas que apresentem estruturas mais complexas, bem como tempos e modos verbais menos utilizados, particularmente o conjuntivo. Eis alguns exemplos:

(1) Não deixes de cuidar das pequenas coisas, mesmo que sejam muito insignificantes. (O leão, a raposa e o rato)

(2) Nunca procures refúgio nos terrenos do inimigo. (O veado e os bois)

(3) Se fores mentiroso, ninguém acredita em ti, mesmo que digas a verdade. (O pastor e o lobo)

Objectivos – Desenvolver a compreensão de provérbios, onde estejam inseridos vários tempos e modos verbais, nomeadamente o modo conjuntivo, a partir da análise de várias fábulas. Incentivar a participação/colaboração da família no processo de aprendizagem dos alunos. Pesquisar informação em diversas fontes, promovendo as competências da leitura e da escrita.

Recursos – Fábulas diversas, previamente recolhidas pelos alunos e cartões com os provérbios que contêm a lição de moral inerente a cada uma.

Descrição – Os alunos entregam previamente ao professor as fábulas que recolheram, com o auxílio, ou não, da família. A partir destas, o professor constrói cartões com o provérbio relativo à lição de moral intrínseco a cada fábula.

Posteriormente, já em contexto de sala de aula, o docente distribui a cada aluno um ou mais cartões (dependendo do número de alunos e/ou das fábulas recolhidas) com os provérbios e lêem-se as fábulas em voz alta (ou pelo professor ou pelos alunos). Após a leitura de cada fábula e exploração da mesma, o professor pergunta qual dos alunos tem o

provérbio com a lição de moral daquela fábula. (Explicar previamente o que é uma lição de moral e o que é um provérbio). O aluno em causa leria então o provérbio e explorava-se o seu conteúdo. E assim continuava a actividade até serem explorados todos os provérbios. Após a exploração, poder-se-ia desenvolver outra actividade: entregava-se a cada aluno um conjunto de palavras, o qual teria de as ordenar, no sentido de construir um provérbio anteriormente estudado e tentar associá-lo à fábula lida.

Actividade 4 – Jogo das frases complicadas

Como foi referido ao longo deste estudo, e de acordo com Gonçalves et al. (2009:32), as frases complexas são aspectos de aquisição tardia, levantando algumas dificuldades não só ao nível da produção como também da compreensão até relativamente tarde no processo de desenvolvimento linguístico. Por conseguinte, as propostas de actividades a desenvolver com os discentes devem fomentar a produção destas estruturas a partir de conjunções diversificadas.

Objectivos – Estimular a produção de frases complexas, quer de subordinação quer de coordenação. Fornecer estruturas que exijam, quando possível, o modo conjuntivo.

Recursos – Dados (cubos) com diversas conjunções em cada face.

Descrição – Os alunos são divididos em pequenos grupos, sendo atribuído um dado com conjunções diversificadas a cada grupo. Um aluno de cada grupo lança o dado e observa a palavra (conjunção) que está escrita. Em conjunto com os restantes colegas têm de elaborar frases onde constem essas “palavras”. Ganha o grupo que construir acertadamente o maior número de frases, no tempo estipulado pelo professor. Mais tarde podem trocar os dados e recomeçar o jogo.

Num outro dia, poderão aplicar as conjunções apreendidas no completamento de frases,

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