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PROPOSTAS PARA ADOÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NAS FÁBRICAS

Fluxograma 04: Fluxograma do processo fabril com os aspectos ambientais encontrados

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.6 PROPOSTAS PARA ADOÇÃO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA NAS FÁBRICAS

Durante a pesquisa foram verificadas algumas providências que a Unidade de Nutrição Animal utiliza para a minimização dos aspectos ambientais derivados do processo fabril e seus impactos. Contudo, convém apresentar algumas propostas de melhorias visualizadas no decorrer do estudo.

O primeiro passo de melhoria deve vir dos dirigentes da Unidade, por meio da elaboração de um plano de ação, com objetivos claros e propostas definidas. Ainda assim, a Unidade deve buscar a implantação do Programa de P+L, baseando-se na metodologia apresentada pelo UNEP e/ou CNTL.

Com relação aos aspectos ambientais encontrados, foram evidenciadas várias melhorias para o processo fabril, procurando, em primeiro plano, a minimização de resíduos e, posteriormente, a reutilização e o tratamento.

Sabe-se que a eliminação total dos resíduos é complexa, assim, deve-se ressaltar a importância de se buscar formas de reaproveitamento interno dos aspectos gerados, ou seja, a reutilização dos mesmos no próprio processo, bem como de medidas que viabilizem a reciclagem externa deles.

As cascas de lenhas, por servirem como componente da elaboração de composto orgânico, podem ser comercializadas ou doadas às pessoas interessadas em melhoria do solo. As cinzas também podem ser um corretivo do solo, visto que é um adubo mineral, rico em potássio e tem ph baixo. Convém destacar que esses dois aspectos podem ser misturados antes da disposição final.

A comercialização ou doação desses aspectos eliminaria a disposição em aterros industriais. Além disso, os mesmos podem ser utilizados para o preparo da terra destinada ao plantio, o que beneficiaria o comprador e/ou receptor, pois diminuiria os custos derivados da compra de produtos para esses fins.

Apesar de não ser um aspecto causado pelo processo fabril, a lenha é considerada matéria prima deste. Assim, as principais providências a serem tomadas é a verificação da procedência da lenha, dando prioridade a florestas cultivadas com eucalipto e pinos, não esquecendo da responsabilidade do replantio.

Além disso, sugere-se que sejam utilizados os refilos (sobras) de indústrias beneficiadoras de madeira, pois evitaria a destruição de florestas nativas; os custos derivados da compra de lenhas, replantio e cuidados; bem como utilizaria como matéria prima o resíduo derivado de outro processo fabril que seria disposto em aterro industrial.

Com relação a fumaça, podem ser utilizados os processos de lavação dos gases, por meio de tanques de lavação com sprinkle de água, embora que a fumaça proveniente do resultado de queima de lenha seja permitida exalar ao meio ambiente.

A emissão de gases e os odores podem receber um tratamento inicial também com o processo de lavação gases, onde não serão eliminados, mas reduzidos. Deste modo, sugere-se que seja canalizado o tubo final, onde sai os gases e odores, direcionando-o até a caldeira, para efetuar a queima de grande parte dos gases e das partículas de odor. É conveniente ressaltar que o tanque de lavação precisa ser resistente, para evitar rompimentos, e deve ser limpo constantemente.

Além do tratamento destinado à emissão de gases e odores, a queima dos gases favorece o aquecimento da própria caldeira, minimizando o uso de lenha, casca de lenha e cinza.

Os resíduos sólidos provenientes da MP que caem durante o processo podem ser eliminados com a troca de equipamentos, ou em menor custo, com o reaproveitamento integral das MP. Essa reutilização se deve a construção de bandejas inclinadas ou sistemas de coletas, o que evitaria o contato com o chão, direcionando-as aos silos. No entanto, os resíduos sólidos que entram em contato com o chão ou não fazem parte do processo podem ser comercializados ou doados às pessoas com interesses para a alimentação de animais, adubos, entre outros.

A troca de equipamentos e o reaproveitamento diminuíram os custos com desperdícios, tratamentos e disposições, além de aumentar a quantidade de MP utilizada no processo. A comercialização ou doação, eliminaria a disposição em aterro industrial e favoreceria os compradores e receptores.

Um dos maiores problemas da fábrica, a poeira, pode ser tratada por meio de coletores (ex. filtros de manga) que funcionam como ciclone e que ficam posicionados próximos as maiores concentrações de poeira ou próximos aos maiores causadores da poeira, como a moagem, a dosagem e o processo manual de dosagem e mistura. Além disso, os equipamentos do processo de produção devem receber atenção nesse aspecto, visto que necessitam de manutenção constante, pois podem ser os causadores de vazamentos.

A minimização da poeira auxiliaria na melhoria do ambiente, reduzindo as doenças respiratórias e as contaminações.

Os resíduos líquidos devem receber tratamentos conforme informação dos órgãos ambientais, visando o cumprimento das legislações, normas, entre outros. Além disso, devem ser tratados antes da disposição final, evitando a poluição de córregos ou do lençol freático.

Por fim, os sacos podem ser comercializados ou doados para o processo de reciclagem, embora sujo com MP, existem processos de separação. A comercialização seria ideal, pois além de minimizar o custo derivado da compra de MP em sacos, reverteria o custo de tratamento em lucro.

Além do que foi proposto, existem outras formas de tratamento e minimização dos aspectos ambientais. Algumas foram expostas no tópico gestão de resíduos deste trabalho, distinguindo resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões gasosas.

A Unidade de Nutrição Animal também pode remodelar o seu processo fabril, preocupando-se com a não geração de resíduos, o que eliminaria a apreensão com as suas destinações. Todavia, envolvem-se aspectos financeiros e tecnológicos que devem ser analisados pelos dirigentes da organização, buscando a sua real viabilidade.

A troca de maquinário pode ser outra sugestão de melhoria, todavia as marcas e modelos não cabem na delimitação deste estudo.

Outro foco de melhoria para a Unidade é criar parcerias com ONGs, cooperativas e/ou produtores de hortas orgânicas por meio do fornecimentos de adubos, aumentando os seus lucros ou direcionando os seus resíduos como matérias primas à terceiros e, acima de tudo, ressaltando a sua Responsabilidade Social.

Tendo em vista o que foi mencionado, a Unidade de Nutrição Animal pode ainda implantar o Programa de P+L, visto que esse foca a melhoria contínua dos processos fabris. No decorrer deste estudo, foi destacada a metodologia do Programa apresentada pela Rede Brasileira de P+L, todavia este objetivo enfatiza outros tópicos importantes, direcionados aos dirigentes da Unidade.

A – Tópicos importantes para a implantação de um Programa de P+L

De acordo com o CNTL (2006e), a implantação de um Programa de P+L em um processo fabril deve seguir as seguintes etapas:

a) Pré-avaliação;

b) Capacitação e sensibilização dos profissionais da empresa;

c) Elaboração de um balanço ambiental, econômico e tecnológico do processo produtivo;

d) Avaliação do balanço elaborado e identificação de oportunidades de Produção mais Limpa;

e) Priorização das oportunidades identificadas na avaliação; f) Elaboração do estudo de viabilidade econômica das prioridades;

g) Estabelecimento de um Plano de Monitoramento para a fase de implantação; h) Implantação das oportunidades de Produção mais Limpa priorizadas;

i) Definição dos indicadores do processo produtivo; e j) Documentação dos casos de Produção mais Limpa.

Conforme apresentado anteriormente, a implantação do Programa P+L deve seguir uma metodologia sem interrupções, evitando o desinteresse dos funcionários e dos responsáveis pelo processo. Quanto mais rápida a adoção do Programa, mais rápida será a diminuição de custos advindos de resíduos e desperdícios. Além disso, maior será o grau de utilização dos materiais, com vantagens técnicas e econômicas.

A P+L estimula as empresas a perseguir o impacto ambiental zero, sem se descuidar dos aspectos financeiros e de mercado. (SOUZA, 2002). Desta forma, o autor apresenta alguns passos, considerados como os mandamentos da empresa ambientalmente eficaz:

a) Identificar áreas que geram resíduos ou emissões, quantificando e qualificando por tipo, toxidade e características os poluentes;

b) Conhecer detalhadamente todos os processos de materiais e energia existentes na empresa;

c) Avaliar as principais fontes de poluição ou perdas dentro do fluxo produtivo, indagando as razões de como e onde elas ocorrem;

d) Fazer uma escala de prioridades a serem atacadas, começando por localizar as fontes de desperdícios de recursos e geração de resíduos;

e) Relacionar as técnicas limpas mais recomendadas para cada caso levantado;

f) Investigar a viabilidade econômica para a adoção da técnica produtiva menos poluidora;

g) Estabelecer um cronograma para a eliminação gradual das substâncias nocivas e reutilização de materiais e insumos;

h) Fornecer treinamento, informações, técnicas e recursos financeiros para viabilizar as mudanças rumo à P+L;

i) Levantar as possíveis barreiras e resistências comportamentais, de espaço físico, de tempo ou de treinamento para fazer as alterações;

j) Manter todos na empresa informados sobre o andamento do processo, pois isso ajuda a envolver as pessoas;

k) Iniciar a implementação efetiva do Programa, sendo recomendável começar com ações simples para consolidar a idéia e não gerar falsas expectativas, arruinando a proposta; e

l) Incorporar o conceito de P+L na cultura da organização, de maneira a torná-la cotidiana.

Esses mandamentos podem ser seguidos por qualquer ramo de atividade, todavia este trabalho direciona-os ao ramo avícola, em especial para a Unidade de Nutrição Animal.

Devido a uma intensa avaliação do processo fabril, a metodologia da P+L induz um processo de inovação dentro da empresa. Sabendo-se que a poluição no chão de fábrica compromete a segurança do trabalho e gera risco para a saúde dos trabalhadores, a P+L pode reduzir esses riscos, auxiliando na melhoria da imagem da empresa para seus funcionários, diferentes clientes, comunidade e autoridades ambientais.

A Unidade de Nutrição Animal já utiliza algumas ações voltadas à Produção mais Limpa, todavia, muita coisa pode ser melhorada, corrigida e/ou substituída. A organização deve verificar os problemas localizados no processo fabril da Unidade e, a partir disso, encontrar as melhores soluções ambientais, sociais e econômicas, visando um processo fabril mais limpo e consciente, sem perder a qualidade do produto.