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do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

responsável pelos registros de mar- cas, concessão de patentes, averba- ção de contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, além de registros de programas de computador, desenho industrial e indi- cações geográficas, de acordo com a Lei da Propriedade Industrial.

É uma meta ousada, considerando que o INPI tem cerca de 400 examina- dores, que analisam se o produto ou processo merece ser protegido por uma patente, e uma fila de 150 mil pe- didos. Hoje, com a capacidade de lidar com número maior de requerimentos de patentes simultaneamente, confor-

INPI

Proteção do

conhecimento

gerando riqueza

Patentear o conhecimento, para protegê-lo da apropriação por terceiros,

resulta no estímulo ao processo inovativo e torna o país mais competitivo

Propriedade Intelectual

Foto do caixote: capitalintelectual.tv

me explica o presidente do INPI, Jor- ge Ávila, os examinadores podem re- solver o primeiro caso da fila em seis anos, ao invés dos oito anos que se levava antes, em média.

“Eles têm capacidade de lidar com mais informações, com um banco de dados maior. Informação em tecnolo- gia é imprescindível para um exame de qualidade, para que se avalie se o produto é novidade, ou se a atividade é inventiva”, explica Ávila.

Para o presidente do INPI, a proprie- dade intelectual, no contexto da polí- tica industrial, não se dissocia do es- tímulo à inovação e à competitividade das indústrias brasileiras. “É preciso reverter esse quadro de pouca tec- nologia agregada aos processos e produtos. Afinal, temos recursos hu- manos e dois insumos importantes: conhecimento científico e parque industrial sólido, capaz de absorver esse conhecimento.”

Ávila considera que a Lei de Inovação, em vigor desde 2004, é um facilitador nesse processo, não só por estimular as empresas a investirem mais em ati- vidades e em inventos, agregando va- lor aos seus produtos, mas, também, por levar às instituições de pesquisa a cultura da proteção da propriedade intelectual. Proteger, destaca, signifi- ca “empacotar um conhecimento, dan- do-lhe poder de negociar seu uso por terceiros com mais facilidade”.

“A Lei de Inovação bota ordem nesse terreno e mostra que vale a pena as instituições científicas e os pesqui- sadores protegerem o conhecimen- to que produzem, porque, ainda mais quando se publica em revistas cientí- ficas, torna o conhecimento vulnerável e pouco transferível. Afinal, ao se tor- nar público, a apropriação por outros é fato consumado”, observa.

O presidente do INPI enfatiza que é importante, nesse processo, a insti- tuição dos Núcleos de Inovação Tec- nológica (NITs), grupos constituídos pelos institutos científicos para gerir

sua política de inovação e para auxiliar tecnicamente e juridicamente os pes- quisadores no processo de pedido de patentes. Sua formação só foi possível pela Lei de Inovação. Hoje, há no país 170 NITs, segundo dados do comitê de permanente de acompanhamento das ações decorrentes da lei.

Indicadores

Os indicadores mostram que o esforço brasileiro para incorporar a inovação no processo produtivo tem relação direta com a curva de crescimento do número de patentes requeridas - ou depositadas, como é dito no jargão do mundo da propriedade industrial - e também o número de patentes con- cedidas. O referencial ideal, segundo Ávila, são as patentes concedidas nos Estados Unidos, já que, para que um produto tenha proteção fora do terri- tório nacional é necessário ter a pa- tente no país de interesse.

Por ser a primeira economia mundial, os depósitos de patentes nos Esta- dos Unidos servem de parâmetro para todos os países que têm uma política de inovação e de estímulo à proteção industrial.

A evolução das patentes concedidas nos Estados Unidos, a pedido de em- presas ou pessoas físicas brasileiras, nas últimas duas décadas, contabi- lizadas de 1980 a 1989 e de 1990 a 1999, bem como no intervalo de oito anos que vai de 2000 a 2007, mostra que o Brasil tem um quadro melhor do que o da Coréia do Sul, quando este país começou a investir pesadamente numa política de inovação, na opinião de Ávila.

“Veja os números. De 2000 a 2007, período mais fértil da política de ino- vação brasileira – que hoje caminha junto com a Política de Desenvolvi- mento Produtivo – temos 551 paten- tes nos Estados Unidos. A Coréia, na década de 1980 a 1989, quando fez o movimento que temos hoje no Brasil, tinha 473 requerimentos concedidos nos Estados Unidos. E ainda teremos

os dados a serem contabilizados de 2008 e 2009.”

No acumulado de 2000 a 2007, a Co- réia tem 35.335 patentes nos Esta- dos Unidos. Pelas projeções de Ávila, o Brasil vai fechar esta década com, pelo menos, 750 patentes nos Esta- dos Unidos. “É pequeno o aumento, já que tínhamos 468 na década anterior e 191 na outra, mas é expressivo diante do quadro que temos”, avalia.

Salto

Com as avaliações positivas do atual quadro de patentes brasileiras con- cedidas nos Estados Unidos, Jorge Ávila lembra que a expectativa, sim, é de que o Brasil pode “dar um salto” e muito maior que o da Coréia. Os re- sultados só devem aparecer em duas décadas, pelo menos. Mas o período pode ser encurtado, se houver conti- nuidade na política de inovação e de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento, conforme destaca. “Temos um investimento expressivo, nos últimos 50 anos, em ciência e tec- nologia, com o marco da criação do CNPq [Conselho Nacional de Desen- volvimento Científico e Tecnológico]. Temos um excelente parque científico. Tem gente que critica e diz que o Bra- sil poderia ter investido em transferên- cia de tecnologia muito antes, o que é verdade. Mas isso não tira o mérito do investimento em conhecimento cientí- fico básico. E, para reverter o quadro de pouca tecnologia agregada, temos os insumos mais importantes: recur- sos humanos, conhecimento e parque industrial sólido.”

Propriedade Intelectual

Propriedade intelectual é um monopó- lio concedido pelo estado. Segundo a Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual, é a soma dos direitos relativos às obras literá- rias, artísticas, científicas, às interpre- tações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos



Lei de InovaçãoNovembro 2008

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os domínios da atividade humana, às descobertas científicas, aos dese- nhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e de- nominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à ativida- de intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico.

O processo de proteger um produto ou um conhecimento pode-se dizer que nasceu com o surgimento da imprensa.

Ao democratizar o conhecimento con- tido em publicações antes impressas em pequenas quantidades, a imprensa provocou um movimento de tutelá-lo, marcadamente no mundo editorial. Na área científica e do desenvolvi- mento para elaboração de novos pro- dutos, esse processo se justifica pe- los grandes investimentos exigidos, normalmente, nestas atividades. Por isso, proteger esse produto, por meio de uma patente, significa, em resumo, prevenir o autor do conhecimento de

iniciativas de cópias por parte de seus competidores. Estes venderiam o pro- duto a um preço menor, se o mesmo não estivesse protegido, já que não precisariam investir alto no desenvol- vimento da pesquisa que gerou o novo processo ou produto.

Assim, a proteção conferida pela pa- tente é um instrumento imprescindível para que a invenção e a criação indus- trializável se tornem um investimento que gere lucros. Para o país, significa o retorno financeiro, porque, há efei- tos positivos em cadeia: mais produ- tos sendo gerados e patenteados, mais valor agregado, números mais expressivos na balança comercial, uma economia mais saudável até por- que há segurança jurídica de que vale a pena investir aqui, mais empregos e mais renda.

Patente

A patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção, outor- gado pelo Estado aos inventores, aos autores, a outras pessoas físicas ou ju- rídicas, detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar, à instituição responsá- vel pela análise, todo o conteúdo técni- co da matéria protegida.

Para criar o hábito do depósito de pa- tentes nas instituições públicas, o pre- sidente do INPI, Jorge Ávila, disse que o instituto está trabalhando para intera- gir cada vez mais com elas. “Queremos provar que a apropriação da cultura da propriedade intelectual e seu uso ser- vem para gerar valor”, explica.

Segundo Ávila, com o entendimento de que o conhecimento gerado numa instituição científica usou recursos pú- blicos, o INPI argumenta que esse co- nhecimento tem que gerar ganho para a sociedade que o pagou por meio do recolhimento de impostos. Uma das iniciativas do órgão nesse sentido tem sido o treinamento de agentes para tra- balharem nos NITs. “Já foram treinadas mais de duas mil pessoas. O interesse dos centros de pesquisa e universida-

INPI

Presidente do INPI, Jorge Ávila, ressalta que desenvolvimento científico o Brasil tem, agora só falta continuar investindo em inovação e transferência de tecnologia para que o país dê um salto em termos de competitivida.

Foto: Marcelo Del Rei/Sercom/Inpi

des é grande, até porque a Lei de Ino- vação e seus instrumentos, tudo isso é muito novo”, conta.

Mas o movimento pela busca da prote- ção do conhecimento também tem to- mado conta do meio empresarial, relata Ávila. “Esse movimento está mexendo com as universidades e instituições, como eu dizia, mas também com as empresas, porque está havendo a per- cepção de que, quando protegem seu conhecimento, é uma ferramenta para fazer circulá-lo e não um impedimento para sua circulação.”

Na avaliação de Ávila, a política de propriedade industrial e intelectual é chave para o sucesso da política de inovação. No caminho de volta, a Po- lítica de Desenvolvimento Produtivo – que incorporou a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior, aliada às iniciativas de uma política de inovação – também tem sido benéfica em gerar maior interesse pelo sistema de propriedade intelectual.

O presidente também acredita que se, por um lado, ainda não há indica- dores claros para analisar os resulta- dos da política de inovação – que, no Brasil se inicia no final da década de 90, mas toma corpo a partir da década de 2000 com o marco legal e a apro- priação, por parte do governo e das empresas, da inovação como indutora da competitividade – já se identificam tendências de um cenário melhor. “Até pouco tempo, não havia a mes- ma capacidade de inovar que hoje se vê. Mas é claro que ainda há muito a se fazer. Pode-se citar como desafio a necessidade de maior divulgação e até mesmo aperfeiçoamento do mar- co legal, ainda desconhecido da forma como está, por muitos”, conclui.

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