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LEI DE INOVAÇÃO. ENTREVISTA Sergio Rezende Ministro da Ciência e Tecnologia. OPINIÃO O que pensam dirigentes públicos e o empresariado sobre a Lei

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Ano I Número 1 Novembro/2008

Gestor

C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o

CT&I

LEI DE INOVAÇÃO

Uma avaliação do marco legal que

incentiva o desenvolvimento tecnológico

OPINIÃO

O que pensam dirigentes públicos

e o empresariado sobre a Lei

ENTREVISTA

Sergio Rezende

Ministro da Ciência

e Tecnologia

(2)

Se já era bom ganhar o troféu,

imagine um

financiamento

pré-aprovado da FINEP.

Parabéns a todos os vencedores regionais da

11ª edição do Prêmio FINEP de Inovação:

i e Insttuiçã o de Ciê ncia e T cnologia Média Em presa a Pequena Empres l Tecno og ia Social qu o i Fundação Centro d e Análise , Pes isa e Inovaçã Tecnológ ca - FUC API (AM) Embrapa Algodão (PB) D SENAI - D epartame nt Nacion al ( F) o o Agência d e Inovaçã o In va U nicamp (SP ) o f -Centro In ternaciona l de Tecn logia de S o tware ITS (PR) C c g c . ( Fotosens ores Te n olo ia Ele trôni a Ltd a CE) te d s Sci ch P ro uto M édicos Ltda. (GO) r t Módulo S ecui y So lutions S/A (RJ) m Altus Siste as de Info rmática S /A (RS) s Pharmaco e Cosmétic os Ltda. (AM) te e Arm c Tec nologia m Robótic a Ltda. (C E) b Ge ert & Cia.

Ltda. (MT ) l da Orbita En genharia L t . (SP) g r i u L En inee in g S m lation Scientific Sofware tda. (SC ) t s c Pólo de P roteção d a Biodiver sidade e U so Su tentáve l dos Re ursos Na turais (AC ) e e c i Instituto P almas de D senvo lvim nto e Socioe o nomia So l dária (CE ) ã e r s ã Escola de Educaç o Básica P ofi sio nal Funda ç o Brad esco (MT ) ti G Ins tuto K airos (M ) e te Sociedad Eticamen Respons ável - SER Maringá (PR)

Em dezembro, conheça os vencedores da etapa nacional.

www.finep.gov.br/premio.   㔀 ㈵ 㜵 㤵 ㄰   慮 畮 捩 潟 〲

(3)

Revista Gestor CT&I

A REVISTA GESTOR CT&I emerge em um

momento em que a comunidade formal de Sistemas Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação, ganha sua maioridade, após três anos de existência e intensa interatividade. Ela materializa a oportunidade de que este acervo seja registrado e disseminado para o conheci-mento da comunidade científica e tecnológica, acadêmica e empresarial, assim contribuindo para a consolidação de uma consciência sis-têmica de desenvolvimento.

Nesta edição fundadora, nosso tema cen-tral não poderia ser outro senão o da inova-ção e dos mecanismos legais e gerenciais que têm sido colocados em movimento no sentido da criação de ambientes que lhe sejam emuladores.

A Lei No 10.973, de 2 de dezembro de 2004, além de constituir-se em um marco regulatório nacional, possuiu a virtude de dar ordenamen-to às idéias sobre o tema e instituir um ambien-te de convergência de debaambien-tes.

A iniciativa frutificou.

Seus desdobramentos, através das Leis Estaduais ensejam a consolidação de um tecido matricial que lhe dará irradiação so-bre todo o território nacional, ampliando o exame de seus temas e propiciando a ins-titucionalização de uma atenção necessária e dinâmica. Longe vão os tempos das estru-turas estáticas, regulamentações e lógicas táticas pedem hoje uma tratamento cada vez mais “on line”.

Torna-se evidente a necessidade de um alinhamento entre a visão jurídica e a estra-tégica-desenvolvimentista, é compulsório pensar nas formas modernas de envolver o capital e o fomento com o processo de ge-ração e sustentação inicial dos empreendi-mentos inovadores, é imperativo que toda esta sinergia seja orientada em direção a objetivos consensuais e articulada pelo en-tendimento harmônico das instâncias públi-ca, privada e acadêmica.

Não são realidades que possam ser cons-truídas no curto prazo, mas é necessário, para além de manter os laços que estão a ser construídos, persistir no sentido de ino-var, ou metainoino-var, os próprios mecanismos de instauração de uma cultura de inovação.

Alexandre Cardoso, presidente do CONSECTI.



Lei de InovaçãoNovembro 2008

|

(4)

Edição

Gestor

C i ê n c i a , T e c n o l o g i a e I n o v a ç ã o

CT&I

Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação

Editora Lana Cristina Redação Lana Cristina Fábio Lino Diretor de Criação Fábio Pimentel Projeto Gráfico Davi Fernandes Fábio Pimentel Diagramação Davi Fernandes Jornalista Responsável Paula Vianna JP-DF-1020 Tiragem 5.000 Impressão

Teixeira Gráfica e Editora LTDA.

Presidente

Alexandre Aguiar Cardoso (RJ)

Vice-Presidente

Izalci Lucas (DF)

Secretaria Executiva

Alberto Peverati Filho Laura Gomes Diego Vasconcelos

Diretora da Região Sul

Lygia Lumina Pupatto (PR)

Diretor da Região Sudeste

Alberto Duque Portugal (MG)

Diretor da Região Centro-Oeste

Francisco Tarquínio Daltro (MT)

Diretor da Região Nordeste

Aristides Monteiro Neto (PE)

Diretor da Região Norte

Osmar Nina Garcia Neto (TO)

Sumário

Entrevista

Ministro da Ciência e Tecnologia

Inovação é a Lei

5

Opinião

O que pensam dirigentes públicos e o empresariado sobre a Lei

Lei de Inovação

10

Regional

Norte - Pará

Secreário adjunto de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, João Weyl

Rede Amazônica de Comunicação

14

Nordeste e Sudeste - Ceará e Rio de Janeiro

Presidente do Instituto Centec,

Samuel Brasileiro FIlho, e vice-presidente da Faetec, Maria Cristina Lacerda

Centros Vocacionais Tecnológicos

16

Centro-Oeste - Brasília

Secretário de Ciência e Tecnologia Izalci Lucas

FAP-DF completa 16 anos

20

Sudeste - São Paulo

Diretora do Centro Paula Souza, Laura Laganá

Ensino Profissionalizante no estado

22

FUNDECI

Entrevista

Gerente de Ambiente e Fundos Científicos, Tecnológicos e Desenvolvimento do BNB, José Narciso Sobrinho

Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

28

Programa Espacial

Presidente AEB Carlos Ganem

Os estados e a atividade espacial no Brasil

2

SIBRATEC

Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Guilherme Pereira

Ações estaduais do Sistema Brasileiro de Tecnologia

4

Propriedade Intelectual

Presidente do INPI, Jorge Ávila

Proteção do conhecimento gerando riqueza

8

NOTAS

42

Sul - Paraná

Secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná Lygia Pupatto

Universidade sem Fronteiras - extensão tecnológica

24

Orla Digital

Subsecretário de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Rio de Janeiro, Júlio Lagun

26

(5)

Inovação

é a lei

O ministro da Ciência e Tecnologia

concede entrevista exclusiva à

Gestor CT&I sobre os impactos da

Lei de Inovação

Fotos: Marcello Casal Jr.

5

(6)

D

ados do Banco Mundial in-dicam que o Brasil é a sexta economia do mundo, respon-sável por 3% do Produto In-terno Bruto (PIB) mundial, por metade da economia da América do Sul e por dois terços das compras governamen-tais da região.

O Brasil também é tido como um país de alta produção científica, o 15º colocado, com mais de 19 mil artigos publicados. Os dados são do Instituto de Informa-ção Científica, uma organizaInforma-ção privada estrangeira que tem uma extensa base de dados sobre pesquisadores, univer-sidades e publicações científicas de todo o mundo.

Em 2004, por exemplo, eram 77,6 mil pesquisadores, segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi-co e TecnológiCientífi-co (CNPq). Em 2006, o montante chegou a 90,3 mil, sendo 63% deles doutores. E, de 335 instituições científicas em 2004, o Brasil passou para 403, em 2006.

Mas o país ainda ocupa, no ranking dos países tecnologicamente desenvolvi-dos, um lugar incompatível com sua re-alidade econômica e de desenvolvimen-to científico. Competitivo na produção de commodities, o Brasil ainda precisa vencer o desafio de tornar sua indústria competitiva e, para isso, concordam os diversos formadores de opinião, é preci-so investir em inovação.

Nesta entrevista, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, fala so-bre o marco legal que cria um ambiente favorável às parcerias entre as institui-ções científicas e as empresas, favore-ce o estímulo à participação dos pes-quisadores no processo de inovação e incentiva a inovação na empresa. Sancionada em dezembro de 2004 e re-gulamentada em outubro de 2005, a Lei de Inovação chega ao terceiro ano de execução com resultados positivos, que começam a mudar o cenário da inovação no país. São resultados que têm também reflexos da aplicação da Lei do Bem, que, em seu capítulo 3, institui

incenti-vos à inovação tecnológica, tais como a dedução de impostos, mostrando o esforço de promover a convergência da política de desenvolvimento científico e tecnológico com a política industrial. Rezende destaca que há metas a serem atingidas até 2010, diante dessa realida-de. Uma delas é aumentar o investimento em P&D dos atuais 1,1% do PIB para 1,5%. Além disso, ao incrementar a inovação nas empresas, busca-se aumentar a participação do setor privado em investi-mentos no setor de 55% para 61%. Gestor CT&I - A Lei de Inovação e a Lei

do Bem estão mudando o cenário da inovação no país?

Sergio Rezende - Elas estão contribuin-do para mudar, porque a maior dificulda-de no cenário dificulda-de inovação no Brasil é a falta de cultura no setor empresarial pra fazer pesquisa, desenvolvimento e inovação. Eu costumo dizer que o Brasil não tem cultura da ciência. Nós come-çamos a formar nossos pesquisadores há pouco mais de 40 anos. O sistema de ciência e tecnologia cresceu muito e ex-pandiu no lado universitário e ele é muito incipiente nas empresas, principalmen-te, pela falta da cultura empresarial.

Então, a Lei de Inovação – e a Lei do Bem é uma conseqüência da Lei de Inovação – elas estão contribuindo. Contribuindo porque estão facilitando a interação en-tre o pesquisador na empresa e a em-presa numa universidade pública ou num centro de pesquisa público e a empresa. Mas, principalmente, pelos novos instru-mentos de financiamento do governo, que é a subvenção econômica e também

Entrevista

Por Lana Cristina

Uma lei não transforma

um ambiente de uma hora

para outra. A lei abre o

caminho para que o ambiente

vá se transformando. O que vai

realmente transformar esse

ambiente de inovação é uma

continuidade do processo.

(7)

os incentivos fiscais que vêm decorrendo da Lei do Bem.

Gestor CT&I - A falta de cultura

empre-sarial no investimento em P&D é tanta que os recursos da subvenção em 2007 nem foram totalmente usados, não é mesmo?

Rezende - Foi feito um edital nacional para que as empresas concorressem apresentando suas propostas. Só que as propostas qualificadas corresponderam a uma demanda menor do que a disponi-bilidade. Mas isso

já está mudando. Este ano de 2008, que tem um edital em julgamento, já teve a primeira fase julgada e a segunda está sen-do julgada agora. Nós vamos che-gar até totalidade do que está pre-visto no edital. Ou seja, as empresas estão, quer com pessoal próprio,

quer através de parcerias com pesquisa-dores, quer seja através de contato com centros universitários ou de pesquisa, fa-zendo projetos melhores. Portanto, estão no caminho certo.

Gestor CT&I - Houve muitos críticas

quando a Lei de Inovação foi elabora-da, seja por pesquisadores, gestores e empresas. O senhor diria que a lei tem cumprindo seu papel, que é de estimu-lar a inovação, tanto nos institutos, como nas empresas?

Rezende - Cumpre. Só que uma lei não transforma um ambiente de uma hora para outra. A lei abre o caminho para que o ambiente vá se transformando. O que vai realmente transformar esse ambien-te de inovação é uma continuidade do processo. E as empresas inovadoras já estão mostrando, e vão mostrar cada vez mais, que são mais competitivas e mais lucrativas. E isso vai estimular outros em-presários a também fazerem inovação nas suas empresas. Nós já temos, ape-sar do pouco tempo da implantação da

lei, estudos feitos por economistas que acompanham a área, que mostram que ela já cumpre seu papel. Outro dia, fui ao lançamento de um livro, no Ipea [Institu-to de Pesquisa Econômica e Aplicada], escrito por estudiosos do assunto, que mostram que a lei tem um efeito sensível na economia.

Os levantamentos que o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] tem feito sobre pesquisa no setor empresarial mostram que as empresas inovadoras, que ainda são em número pequeno, ainda investem um percentual de seu faturamento, em média, pequeno em relação ao que outras empresas do país investem. Mas, de qualquer maneira, essa pes-quisa mostra que há uma diferença, que as empresas estão investindo na inovação. Es-tamos precisando de mais intensidade nesse processo de difusão dessa cultura no setor empresarial.

Gestor CT&I - Ou seja, os mecanismos

e os instrumentos existem. Antes, os em-presários se queixavam de que já eram muito tributados e não tinham incentivo. Agora, o senhor acredita que o incentivo é satisfatório?

Rezende - É satisfatório sim. Na medida em que os recursos disponíveis vão sen-do demandasen-dos de maneira qualificada, nós vamos ter mais recursos, cada vez mais. No ano que vem, o orçamento do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico] será maior, nós vamos ter mais recurso para subvenção. Com isso, podemos dizer que estamos num processo gradual de expansão desse ambiente de inovação nas empresas.

Gestor CT&I - A gente pode dizer que a

Lei de Inovação é um marco? E, a partir dis-so, é possível vislumbrar como era antes?

Rezende - Até a Lei de Inovação, era proibido usar verba federal, pública, para financiar pesquisa nas empresas, sem o retorno dos recursos. O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e a Finep [Finan-ciadora de Estudos e Projetos] só po-diam emprestar. A subvenção é isso, é o recurso que vai para a empresa e é o governo dividindo os riscos da inovação com a empresa. A empresa tem que dar contrapartida, mas o governo entra com parte do recurso. Nos países industriali-zados, isso é feito há muito tempo e de diversas formas. O setor espacial ame-ricano foi quem desenvolveu a microe-letrônica nos Estados Unidos. E como foi feito? O desenvolvimento não foi feito nos laboratórios governamentais, era a Nasa [Agência Espacial Norte-America-na], as agências americanas, contratan-do empresas para fazer desenvolvimen-to. Num sistema parecido com o nosso, que temos hoje. Ou seja, contratando. O que queremos e já acontece aqui é isso, contrata-se empresas e paga-se pelo desenvolvimento da tecnologia.

Gestor CT&I - Qual a relação de

não se contingenciar o orçamento e a inovação?

Rezende - Do orçamento do FNDCT tem alguns recursos que são destina-dos completamente para inovação. A subvenção econômica é uma delas, a

O Brasil tem um sistema

de ciência e tecnologia

mais desenvolvido do que

a Coréia tinha quando ela

resolveu fazer uma política

industrial de ponta. Então,

o Brasil tem condições de,

em 10, no máximo 20 anos,

mudar esse quadro.



(8)

Entrevista

equalização de juros para que a Finep empreste para empresas que têm pro-jetos e para as quais elas tomam re-cursos emprestados. Mas, para que os juros sejam baixos, da ordem de 6% ao ano, no pagamento do crédito, é preci-so ter o que se chama de equalização de juros. Temos uma parte considerável para equalização de juros e temos uma parte considerável também para capital de risco, fundo de capital de risco para investir em empresas inovadoras. Então, na medida em que o FNDCT cresce e, na medida em que esses recursos es-tão atrelados ao FNDCT, nós teremos, no ano que vem, um valor maior do que este ano, que foi maior que 2007. Esta-mos atingindo recordes sucessivos. Gestor CT&I - Além da lei em si, o que

o senhor acha que ainda é preciso fazer para tornar o setor privado mais dinâmi-co nesse cenário, para que ele participe dessa cultura de inovação e, assim, mude a cara da inovação no Brasil?

Rezende - Nós estamos num proces-so, há vários meses, de implantação gradual do Sistema Brasileiro de Tec-nologia [Sibratec], que vai fazer o pa-pel para o setor empresarial brasileiro, como a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] fez para a agropecuária. A agropecuária brasileira é competitiva no mundo não só porque o Brasil tem muitas terras, tem sol o ano inteiro e tem água em abundância. É porque a Embrapa, há 30 anos, desen-volve pesquisa e repassa os resultados da sua pesquisa para o produtor. Nós estamos, então, montando esse sistema, com o objetivo de apoiar o de-senvolvimento tecnológico da empresa brasileira. Tem várias entidades sendo financiadas. O Sibratec está sendo for-mado por institutos de pesquisa federais, institutos estaduais, institutos privados sem fins lucrativos e também por núcleos universitários que têm experiência de in-teragir com empresas.

São três áreas de atuação, uma é a ino-vação em cadeias desafiadoras nacio-nais, a outra é serviço tecnológico para apoiar a melhoria dos produtos das

em-presas e a terceira é o extensionismo tecnológico, para ajudar a melhorar os processos de pequenas e micro em-presas. A Finep fez o edital e já foram selecionados os institutos que vão par-ticipar da rede de extensionismo. As redes de serviço tecnológico estão sendo selecionadas e já tem algumas redes de cadeias desafiadoras

forma-das, como a rede de microeletrônica, semicondutores e microeletrônica e a rede de tecnologias digitais. Estamos formando também uma rede de bio-combustíveis e ainda estamos discu-tindo uma rede de fármacos e medica-mentos. São redes de entidades que já têm experiência nessas áreas.

As empresas participam dos comitês do Sibratec. Os indicadores de avaliação de desempenho das entidades que vão receber financiamento para isso vão ser realmente transferir tecnologia para a empresa. Então, esse é um desafio mui-to grande que nós estamos assumindo. Também não é fácil fazer, porque falta costume, a cultura disso no Brasil. Gestor CT&I - Na Lei de Inovação,

ali-ás, está previsto que universidades e institutos de pesquisadores possam

in-cubar empresas de base tecnológica? Como está isso?

Rezende - Isso também está acon-tecendo. Em várias universidades, há cada vez mais incubadoras e nos insti-tutos também. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo tem uma

in-cubadora, o Ipen [Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares] tem uma incu-badora com 100 empresas. Tudo isso é muito novo também.

Gestor CT&I - Uma das críticas ao país,

com relação a essa temática, é que o país era só importador de tecnologia. Será que, com todo esse esforço, é pos-sível mudar isso?

Rezende - Somos exportadores de ma-téria-prima e de commodities, e impor-tadores de produtos de valor agregado, como fármacos e medicamentos, como componentes para circuitos integrados, equipamentos. Precisamos reverter essa realidade.

Gestor CT&I - O senhor acha que

quan-to tempo pode levar para reverter essa lógica? Pra ter um resultado efetivo?

Rezende - Efetivo mesmo é de uma a duas décadas, com políticas continu-adas. A Coréia precisou de duas a três décadas para fazer isso. O Brasil tem um sistema de ciência e tecnologia mais de-senvolvido do que a Coréia tinha quando ela resolveu fazer uma política industrial de ponta. Então, o Brasil tem condições de, em 10, no máximo 20 anos, mudar esse quadro.

Nesse cenário, a Lei de Inovação é um marco porque permitiu, pela primeira vez, que recursos públicos apóiem as empresas, sem necessidade de paga-mento. Não é empréstimo. Nós temos tido várias leis específicas para

incen-tivar a indústria de semicondutores, a indústria de tecnologia de formação em telecomunicação. Tudo isso é parte de um processo de fazer a inovação como parte da política industrial.

Gestor CT&I – A lei foi preponderante

para que os investimentos em ciência e

...é uma novidade, na

política industrial brasileira,

ter a inovação como um pilar

da política industrial.

É muito importante que todos os estados tenham

suas leis de inovação porque só com leis de inovação é

que as instituições públicas estaduais poderão ter uma

interação com empresas...

(9)

tecnologia caminhem junto com a políti-ca industrial?

Rezende - Está caminhando para isso. Aliás, a própria Política Industrial mudou de nome, ficou mais abrangente e passou a se chamar Política de Desenvolvimento Produtivo [PDP]. Um dos quatro eixos da PDP é a inovação. De modo que isso é uma novidade, na política industrial bra-sileira, ter a inovação como um pilar da política industrial. E isso está sendo feito. Gestor CT&I - As Leis de Inovação

esta-duais podem colaborar para mudar esse cenário? O que o senhor acha do mar-co regulatório estadual, que, hoje, mar-conta com cinco leis específicas para os es-tados do Amazonas, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina?

Rezende - É muito importante que todos os estados tenham suas leis de inovação porque só com leis de inovação é que as instituições públicas estaduais po-derão ter uma interação com empresas da mesma forma que a lei federal abre oportunidade para instituições federais. Só com uma lei de inovação estadual é possível ter recurso indo para a empre-sa. Eu tenho falado em reuniões do Con-secti que tenho ido, da importância dos estados todos terem leis de inovação. Nós até tínhamos determinado que as

ações do MCT com os estados estejam condicionadas a que o estado tenha sua própria lei de inovação. Para que a ação federal, articulada com a ação estadual, tenha maior oportunidade de sucesso. Gestor CT&I - Qual o balanço geral que

o senhor faria de três anos da lei?

Rezende - Eu dividiria os avanços em dois grandes grupos: um que visa a mo-dificar o panorama das relações das instituições científicas e tecnológicas públicas com empresas – e isso já vem ocorrendo – e o outro é criar, aos pou-cos, a cultura da pesquisa e do desen-volvimento nas empresas.

Além disso, com a obrigatoriedade de que as ICT’s criem seus Núcleos de Ino-vação Tecnológica, o próprio pesquisa-dor se interesse por um tema que até en-tão era quase um tabu, que é a proteção do conhecimento.

O número de patentes também subiu expressivamente, bem como os royal-ties repassados pelas ICT’s por conta dos contratos de transferência de tec-nologia para empresas. Isso sem contar os recursos consideráveis do FNDCT para subvenção.

Perfil

Sergio Machado Rezende é ministro

da Ciência e Tecnologia desde julho de 2005. Antes, tinha ocupado o pos-to de presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento ligada ao ministério, que financia projetos de desenvolvimento tecnológico e inovação.

Graduado em Engenharia Eletrônica pela Pontifícia Universidade Católi-ca do Rio de Janeiro (PUC-RJ), tem mestrado e doutorado em Materiais Avançados, pelo Massachusetts Insti-tute of Technology (MIT). Atualmente, é professor titular no Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde trabalha em pesquisa na área de Física de Ma-teriais, com ênfase em Materiais Mag-néticos e Propriedades Magnéticas. No início da carreira científica, foi pro-fessor associado da PUC-RJ e, depois, professor titular do Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Depois, em 1972, mudou-se para Recife, quando ajudou a fundar o Departamento de Física da UFPE. Em 40 anos de atividade docente e científica, já orientou 38 teses de mestrado e doutorado, e publicou 180 artigos científicos em revistas de cir-culação internacional.

Na década de 80, começou a atuar nos campos político e administrativo, ao participar do grupo que elaborou a pro-posta para o setor de ciência e tecnolo-gia do governo Miguel Arraes. Depois, participou ativamente das articulações que levaram à criação da primeira fun-dação de apoio científico do Nordes-te, a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). Foi diretor científico da Facepe no iní-cio da década de 90 e, na seqüência, ocupou o cargo de secretário estadu-al de Ciência, Tecnologia e Meio Am-biente de Pernambuco.



(10)

Opinião

Competitividade,

desenvolvimento

e bem-estar

Apesar das divergências, dirigentes públicos e empresários concordam

que a Lei de Inovação foi um passo importante para fomentar o

empreendedorismo e promover a competitividade das empresas.

Quem ganha, em última instância, é a sociedade.

A

Lei de Inovação trouxe algumas

novidades que, em alguns seto-res, ainda não foram totalmente absorvidas. Mas a concretiza-ção de seus preceitos — baseados na mudança da relação com as instituições públicas e as empresas, em promover o interesse do pesquisador e financiar a inovação desenvolvida dentro da em-presa — já começa a ser percebida no meio acadêmico e empresarial.

A subvenção econômica, por exemplo, que é o aporte financeiro do Estado nas empresas públicas - com necessidade de contrapartida como garantia, mas em que o risco é assumido pelo gover-no – não existia antes da lei. Era vedado ao poder público transferir dinheiro para empresas, sem necessidade de retorno financeiro. Antes, só existiam emprésti-mos tradicionais, concedidos por agên-cias de fomento.

Só para se ter uma idéia da dimensão dos resultados da lei desde 2005, quan-do ela foi regulamentada, basta anali-sar os números relativos à subvenção econômica para a inovação. No edital de 2006, foram oferecidos recursos de R$ 300 milhões, o equivalente a 16,36% do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Fo-ram apresentadas 1,1 mil propostas, no valor de R$ 1,9 bilhão.

A seleção beneficiou 147 propostas qua-lificadas, no valor total de R$ 273,7 mi-lhões. Vale ressaltar que 12% do recurso repassado foi para empresas das regi-ões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Na divisão por setores, o bolo foi dividi-do para o aeroespacial (31,6%), aplições de software (15,6%), bens de ca-pital (13,6%), fármacos e medicamentos (11,3%), TV digital (10,7%), biotecnologia (4,5%), nanotecnologia (4,5%), agrone-gócio (4,2%), biomassa e energias alter-nativas (2,7%), cerâmico (1,3%).

Já no edital de 2007, o percentual do FNDCT destinado à subvenção econômi-ca foi de 20%, o que resultou num aporte financeiro de R$ 450 milhões. O mesmo ocorreu em 2008, cujos números ainda não foram fechados, já que ainda há pro-postas em fase de análise. Mas, pelos nú-meros de 2007, é possível fazer um com-parativo, que ajuda a analisar a evolução dos resultados da Lei de Inovação. O número de propostas apresentadas mais que dobrou, foram 2.567, num to-tal de R$ 4,9 bilhões. O crescimento do número de propostas qualificadas, no entanto, não acompanhou o crescimen-to da demanda. Foram selecionadas 174 propostas, 18,3% a mais que em 2006. O ponto positivo que se destaca dos indicadores de 2007 é que 59% das propostas selecionadas foram de

mi-cro e pequenas empresas e 30% dos recursos destinados, num total de R$ 313,7 milhões, beneficiaram empresas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Vertentes

Uma das principais vertentes da Lei de Inovação baseia-se na promoção de alianças estratégicas que resultem na cooperação entre as instituições cientí-ficas e o setor empresarial. Um exemplo seria a contratação de uma instituição para desenvolver uma tecnologia para a empresa.

Outra vertente seria o compartilhamen-to da infra-estrutura das instituições de pesquisa com empresas, para que o desenvolvimento de tecnologias por parte da empresa se aproveite de com-petências já instaladas numa instituição pública que se valeria dos ganhos com a locação do espaço. É o exemplo dos institutos de pesquisa e universidades que abrigam incubadoras de empresas de base tecnológica.

Também busca-se facilitar a transfe-rência de tecnologia desenvolvida na instituição científica para a empresa, e, na outra mão, a prestação de serviços de pesquisa, desenvolvimento e inova-ção no ambiente produtivo. Há, ainda, a vertente que permite ao pesquisador ter

|

(11)

participação nos ganhos econômicos de tecnologia desenvolvida por ele e prote-gida por patente. As instituições públi-cas de pesquisa, nesse públi-caso, repassam royalties de seus ganhos ao governo. Há também a possibilidade do pesquisa-dor licenciar-se de sua instituição para desenvolver projetos inovadores em empresas. E, ainda, do governo contra-tar uma empresa para produção de uma tecnologia ou produto específico.

Royalties

Tudo o que as instituições científicas e tecnológicas públicas produzem, no que se refere à política de produção indus-trial, tem que ser relatado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Os dados re-passados são: o número de criações desenvolvidas, as proteções industriais requeridas e concedidas, os contratos de licenciamento ou de transferência de tecnologia assinados com empresas. Em janeiro de 2008, o MCT instituiu um comitê permanente para acompanhar as ações decorrentes da Lei de Inovação e um dos indicadores já produzidos pelo comitê indicam que aumentou conside-ravelmente os ganhos das instituições de pesquisa com os royalties dos con-tratos de transferência de tecnologia. Em 2007, os recursos obtidos com royal-ties totalizaram R$ 810 mil e, em 2008, saltaram para R$ 4,9 milhões. O núme-ro de patentes requeridas em 2007 por instituições públicas de pesquisa che-gou a 860 e 132 foram concedidas no mesmo ano.

Incentivos fiscais

A Lei de Inovação determinou a cria-ção de incentivos fiscais para apoiar o desenvolvimento tecnológico nas em-presas brasileiras. Com isso, logo na seqüência da regulamentação da lei em outubro de 2005, foi sancionada a Lei do Bem, que concede incentivos fiscais às empresas, principalmente para os seto-res prioritários da Política de Desenvol-vimento Produtivo.

Editado em 2006, com a regulamenta-ção da lei, o capítulo 3 da Lei do Bem, trata dos incentivos fiscais para pesso-as jurídicpesso-as que realizem pesquisa tec-nológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Com isso, o marco legal do apoio ao desenvolvimento tecnológico nas empresas brasileiras foi fortalecido. Já existia uma lei de 1964 que permitia a dedução de 100% do que é investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O total é uma soma de 60% de dedu-ção da base de cálculo do Imposto de Renda, 20% mais de dedução caso a empresa contrate um pesquisador para desenvolver um novo produto ou pro-cesso e outros 20% se esse produto ou processo gerar uma patente.

Esses incentivos ainda existem e, com a Lei do Bem, foram criados outros como a isenção do Imposto de Importação de qualquer equipamento para pesquisa,

dedução da base de cálculo do IR para empresas que patrocinam um projeto de P&D ou que contratam uma universida-de para prestação universida-desse serviço. A universida- de-dução é de 17% no caso da empresa ter maior participação nos ganhos com a patente que for gerada e pode chegar a 84% se a participação nos ganhos com a patente for menor.

Também é da Lei do Bem a regra que permite uma grande empresa, nesse caso só paras as que operam pelo lucro real, abater do imposto de renda gastos com a contratação de pequenas e micro empresas para prestar serviços tecno-lógicos no desenvolvimento de um pro-duto ou processo inovador.

Neste caso, a contratação não é compu-tada como receita para a micro e a peque-na empresa, o que é um benefício indireto, já que elas são tributadas pelo Simples, o regime de tributação simplificado, e teriam

que declarar os ganhos de um serviço prestado como este não fosse a lei.

Estados

Além da lei federal, há iniciativas nos estados para aprovação de leis esta-duais de inovação. O objetivo é não só garantir a subvenção econômica para as empresas locais, com recursos do estado, mas também criar um ambiente propício de interação com o governo fe-deral para a promoção da inovação e do empreendedorismo.

Há nove unidades da federação onde leis estão em formulação, em diferentes fases – discussão na assembléia legis-lativa, consulta pública, elaboração, dis-cussão da minuta do projeto. São elas: Distrito Federal, Bahia, Rio Grande do Sul, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janei-ro, Maranhão e Rio Grande do Norte. As leis já sancionadas são dos estados de Mato Grosso, São Paulo (leis com-plementares), Amazonas, Santa Catari-na e MiCatari-nas Gerais (leis ordinárias). E o Ceará, que, até o início de outubro, es-tava na lista de unidades com legislação sendo discutida, teve sua lei lei estadual de inovação aprovada pela Assembléia Legislativa do estado em outubro. Com ou sem lei própria, de qualquer for-ma, os estados são beneficiados direta-mente com recursos para projetos de P&D por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (PAPPE). Tam-bém chamado de PAPPE Subvenção, ele conta com recursos do FNDCT e dos governos estaduais, é coordenado pela agência de fomento à tecnologia do MCT, a Financiadora de Estudos e Pro-jetos (Finep), e executado pelas funda-ções de apoio à pesquisa estaduais. Dados do MCT mostram que, em 2006, foram recebidas 85 propostas num total de R$ 551 milhões. Foram aprovadas 17 propostas, que demandaram recursos de R$ 150 milhões do FNDCT e R$ 115 milhões de contrapartida das Funda-ções de Apoio à Pesquisa (FAP’s), do Serviço de Apoio às Micros e Pequenas (Sebrae) e as federações de indústria.

Dados do MCT mostram

que,

em

2006,

foram

recebidas 85 propostas num

total de R$ 551 milhões.

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Lei de InovaçãoNovembro 2008

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Opinião

Os projetos têm prazo de execução de dois anos. Os estados com projetos no PAPPE Subvenção, ainda em vigor até o final deste ano, são: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Mato Gros-so do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e também o Distrito Federal.

Opinião

Se a Lei de Inovação já trouxe bene-fícios para o setor industrial ou para o processo inovador na instituição de pesquisa, antes tradicionalmente volta-da para a pesquisa básica, é uma res-posta que só os números, com o pas-sar do tempo, mostrarão.

O fato é que ainda há ainda polêmica so-bre a efetividade da lei. Há quem ques-tione se ela cumpre seu papel. E há, ainda, quem diga que, pelo dados

com-titivas do país, mostrou que a atividade contínua de investimento em P&D pro-moveu uma competitividade maior nas empresas financiadas pela Finep, em comparação com o grupo de controle”, relatou Fernandes ao citar a publicação Políticas de Incentivo à Inovação Tecno-lógica no Brasil.

Outro benefício visto por Fernandes não está relacionado a indicadores, mas à percepção de mudanças no cenário produtivo. “Até cinco anos, havia duas políticas dissociadas, a industrial e a do incentivo ao investimento em ciência, tecnologia e inovação. Hoje, continua-mos dando importância à pesquisa bási-ca, que é a coluna vertebral do conheci-mento, mas também agindo na fronteira, buscando inovar e, com isso, gerar pro-dutos de valor agregado e proporcionar bem-estar à sociedade”, disse.

O presidente da Finep defendeu a ne-cessidade de aprovação de leis estadu-ais de inovação para que não haja impe-dimentos burocrático-administrativos na hora de estabelecer as parcerias com os estados. Um exemplo citado por ele, sem dizer com qual o estado ocorreu o problema, foi a exigência de que, para fazer a parceria com o governo federal para executar o PAPPE Subvenção, as empresas que fossem ter acesso aos recursos, naquele estado, tivessem que ser selecionadas por meio da Lei 8.666, das licitações.

“Isso é um impedimento para o proces-so inovador, porque, sabe-se, que é demorado o processo de contratação pela lei de licitações e, além de tudo, seu uso não cabe no caso da inovação, cuja lei veio justamente para destravar esse processo”, comenta. Fernandes defen-de que não só estados, mas também municípios tomem iniciativas quanto ao marco legal e administrativo para que as parcerias fluam melhor.

Indústria

Do lado da indústria, essa percepção não é tão clara. O presidente do Conselho Temático de Política Industrial e Desen-volvimento Tecnológico da Confedera-ção Nacional da Indústria (CNI), Rodrigo

da Rocha Loures, acredita que a Lei de Inovação não está cumprindo seu papel. “É pequeno o número de empresas com acesso aos benefícios da lei. Ainda é necessário desburocratizar o acesso a esses benefícios e criar um ambiente fa-vorável, inclusive nas próprias unidades administrativas”, observa.

Segundo ele, é comum que fiscais da Receita Federal glosem lançamentos de incentivos fiscais garantidos pela Lei do Bem, por razões subjetivas. Com isso, fica o desestímulo para as em-presas que, no Brasil, ainda não tem a cultura de promover a inovação por ini-ciativa própria, até porque não têm co-nhecimento dos benefícios, nem know how para sequer pedi-los, conforme destaca Loures, que também é presi-dente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).

“O desafio é a aprendizagem. As empre-sas não têm costume de fazer parceria com a academia. São dois atores que não sabem conversar. Além disso, sinto falta de uma política de desenvolvimen-to tecnológico e industrial nos estados, para que uma política que leve em con-ta o desenvolvimento de atividades de P&D saiba respeitar as características locais”, opina.

putados até agora, onde praticamente só é possível ter indicadores de 2006 e 2007 – já que ela foi regulamentada no final de 2005 – que a avaliação que se faz é positiva.

Essa é a opinião do presidente da Finep, Luís Fernandes. “Estudo publicado re-centemente por um economista do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica e Apli-cada], sobre as empresas mais

compe-Luís Fernandes: avaliação positiva sobre os efeitos da lei e defesa da adoção de políticas e leis de inovação como algo prioritário para estados e municípios.

Foto: João Luiz Ribeiro/FINEP

O empresário ainda não tem a cultura da inovação impregnada no seu processo de produção, por falta de conhecimento, na opinião de Rodrigo Loures, da CNI.

Foto: Gilson Abreu/Fiep

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Ele destaca, no entanto, que não é só de crítica que vive o cenário da inovação no Brasil. “Estamos melhor do que há três anos, é verdade.” Loures conta que a CNI coordenará uma iniciativa para po-pularizar o conceito de inovação e seus benefícios, tanto no meio empresarial, como em toda sociedade. Será a Inicia-tiva Nacional de Inovação.

Além disso, a entidade desenvolverá um projeto, a ser executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), de centros de pesquisa apli-cada. “O Senai será uma ponte entre o meio acadêmico, identificando suas po-tencialidades, e a empresa, vendo o que ela precisa ou onde acredita que pode avançar”, explica.

Secretário de Ciência, Tecnologia e En-sino Superior de Minas Gerais, um dos estados com Lei Estadual de Inovação já em vigor, Alberto Portugal, também tem uma posição mais comedida para

avaliar o papel da Lei de Inovação e ciso, como tenho dito, que se leve à

fren-te uma verdadeira maratona pelo país para divulgar seus princípios”, diz. Ele destaca, ainda, que a lei não é pron-ta só por espron-tar sancionada e que será justamente sua aplicação que mostra-rá a necessidade de aperfeiçoamen-tos, inclusive frente a outras legisla-ções. O presidente da Fapeam reforça que é imprescindível a continuidade do esforço que se faz em prol da inovação para, assim, o Brasil “realmente dar um salto e deixar de ser dependente de pacotes tecnológicos”.

Sena conta, ainda, que a cultura da ino-vação está sendo, aos poucos, dissemi-nada no Amazonas e ressalta que, como Minas Gerais, é um dos estados com lei estadual de inovação e com projeto apoiado pelo PAPPE Subvenção. “Torço para que, em todo o Brasil, a inovação seja um caminho sem volta. Há uma cla-ra compreensão de que o país perdeu muito tempo. E, pelas condições que temos, já deveríamos estar à frente de outros países que se anteciparam em fazer o esforço que estamos fazendo hoje”, destaca.

da universidade. Ele prega a necessida-de necessida-de haver uma percepção dos órgãos de controle, como Ministério Público e Controladoria Geral da União.

“Esses órgãos agiriam naquilo que já fa-zem rotineiramente, zelar pelas normas da legalidade, teriam um papel de inter-pretar as leis e, assim facilitar sua apli-cação”, diz. O secretário defende, ainda, que a discussão sobre o marco legal da inovação seja levada ao Judiciário e ao Legislativo, para que as contribuições de como aperfeiçoar o processo ve-nham de toda parte.

Tendo já ocupado o cargo de presiden-te da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que, há 30 anos, realiza pesquisas e desenvolve produtos voltados à agricultura familiar e ao agronegócio, Portugal ressalta que, no setor industrial, é diferente pro-mover inovação.

“Para fazer com que a lei e todos os me-canismos tenham efeito, é preciso tam-bém ter o entendimento da lógica bu-rocrática da Esplanada [Esplanada dos Ministérios, em Brasília], de administrar atividades de rotina, que não comporta gerenciar atividades com riscos altos e grande imprevisibilidade. Esse é o gran-de gran-desafio. O setor industrial tem suas especificidades”, pondera.

Timidez

O pouco tempo de vigência da lei pare-ce ser uma justificativa comum a todos os que são provocados a comentar a Lei de Inovação. O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Amazonas (Fa-peam), Odenildo Sena, vai mais além. Apesar de reconhecer que é pouco tempo para que “uma lei dessa natureza já apresente resultados”, ele não é mais otimista na análise dos resultados já al-cançados. “Os que temos são bastante tímidos”, opina.

Sena acredita que um dos motivos para essa “timidez” nos resultados é o pouco conhecimento que o público tem da lei. “Em vários aspectos, a lei é uma verda-deira quebra de paradigmas. Mas é pre-seus desdobramentos. “Não conheço

os números para avaliar o impacto, mas acredito que a lei pode ser uma estra-tégia maior para criar um ambiente de inovação no país.”

Portugal acredita que não basta ter uma mobilização da indústria, da sociedade e

Alberto Portugal coordena um dos sistemas es-taduais de ciência e tecnologia mais bem estru-turados do país, mas ainda se ressente de uma mobilização ampla em prol da inovação.

Foto: Lúcia Sebe/Secom

Odenildo Sena, da Fapeam: caminho sem volta na busca de recuperar o tempo perdido e tornar o Brasil mais competitivo com o in-vestimento em inovação.

Foto: Divulgação/Decon/Fapeam

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Lei de InovaçãoNovembro 2008

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Região - Norte

U

ma rede de comunicação de dados alta velocidade que in-terligará, pela internet, as insti-tuições de pesquisa e órgãos públicos da região Norte e o Maranhão, está em fase de articulação, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (Fapespa).

É a Rede Amazônica de Comunicação,

um projeto discutido e aprovado no se-minário Rede Pública de Comunicação da Amazônica, realizado em setembro, pela Fapespa e que terá a participação dos governos dos estados da região. A idéia é integrar a rede a outras expe-riências da região, como o Navegapa-rá, podendo ser partilhada por empre-sas e telecentros coordenados pelos

governos estaduais. A infra-estrutura da Rede Amazônica vai contar com a estrutura de cabos ópticos instalados na região Norte. A nova rede também se integrará a outra rede, de Ciência, Tecnologia e Inovação.

“A construção da nova rede será por meio da replicação da experiência do Navegapará - que integrará cerca de

Rede Amazônica de Comunicação

A Região Norte

interligada em alta

velocidade

Num esforço dos estados da Região, será montada uma rede que se

integrará a outras redes, comunitárias, de governo, de empresas e de

instituições científicas.

Foto: sxc.hu

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João Weyl: apesar de não estar definido o volume de recursos que a Rede Amazônica de Comunicação precisará, ele estima que o governo do Pará vá investir R$ 30 milhões no projeto.

50 municípios paraenses e instalará 100 infocentros públicos para acesso à po-pulação, a partir de dezembro próximo, aos demais estados da região”, explica o secretário adjunto de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, João Weyl.

O Navegapará foi lançado em outubro pelo governo estadual e permite ao ci-dadão que mora no interior o acesso a ações básicas de medicina, tais como um segundo diagnóstico a distância. Pelo projeto, os principais órgãos administra-tivos do estado vão estar interligados, na rede de dados de alta velocidade. São cerca de 300 unidades administrativas, como as secretarias, delegacias, almo-xarifados, hospitais e escolas.

Segundo Weyl, a integração das rede Navegapará e Rede Amazônica terá a participação do governo federal, por meio dos Ministérios da Ciência e Tec-nologia (MCT) e da Educação (MEC), da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), da Centrais Elétri-cas do Norte do Brasil (Eletronorte) e da Petrobras.

A nova rede interioriza e expande a RNP, sistema da Eletronorte que atravessa os estados Acre, Amazonas, Pará, Mara-nhão, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins, com mais de 4.000 mil quilômetros de cabos de fibra óptica. Um comitê vai ser constituído para dar continuidade às ações de implantação da rede. Cada estado terá um represen-tante neste comitê, que será formaliza-do a partir de um termo de cooperação. “A expectativa é que a rede interligue as instituições de ensino e pesquisa, em todos os níveis, de toda a região Norte. Ainda não está definido o volume de re-cursos a ser aplicado na rede. Entretan-to, já estimamos que o governo do Pará vá investir, aproximadamente, R$ 30 milhões para viabilizar o projeto”, acres-centa Weyl.

A Rede Amazônica será complementa-da, em cada estado, pelas redes comu-nitárias metropolitanas (Redecomep), já implantadas pelo MCT, sob coorde-nação da RNP. Sua expansão será as-segurada por meio da implantação de outras linhas de transmissão de energia na região, pelo uso partilhado de infra-estrutura com empresas, bem como por intermédio da instalação de mais redes comunitárias metropolitanas.

Navegapará

A proposta Navegapará é uma ação em-preendedora, que permite aumentar a abrangência da Rede Amazônica para o interior e integra outros países vizinhos, como a Guiana Francesa e a Guiana (pelo Amapá) e a Venezuela (por Rorai-ma). Desta forma, criam-se possibilida-des concretas de integração da Rede Amazônica com a Europa e a América do Norte, respectivamente, e de uma nova saída do país para a internet. O Navegapará vai interligar, por inter-net de alta velocidade, os principais ór-gãos administrativos do estado do Pará, permitindo que se desenvolvam ações como tele-educação, telenegócios e in-clusão digital. Esta primeira fase do pro-jeto foi viabilizada por dois convênios. O primeiro, com a Eletronorte, que

permi-te ao governo paraense utilizar os 1.800 quilômetros de fibra óptica da distribui-dora de energia.

O segundo foi com a Metrobel, rede de fi-bra óptica instalada na Região Metropo-litana de Belém, mantida por instituições de ensino e pesquisa. O lançamento oficial se deu em função da interligação das primeiras unidades administrativas do estado à Metrobel.

Outra ação são as infovias, integração do Estado a partir da interligação dos prin-cipais órgãos públicos, inclusive prefei-turas, a partir de convênio para utilizar o cabeamento da Eletronorte. As infovias são uma rede macro de transmissão, da qual é necessário baixar o sinal para uti-lização em serviços públicos.

São vias que viabilizam as chama-das Cidades Digitais, construção de pequenas redes para que se baixe o sinal da Eletronorte, interligando os principais órgãos públicos (federais, estaduais e municipais), como esco-las, hospitais e delegacias.

Além disso, há os infocentros públicos, que serão construídos em 13 municí-pios, com acesso à internet de alta ve-locidade para dois milhões de pessoas no interior.

A Secretaria da Fazenda ampliará o pro-jeto original, construindo telecentros de negócios nos principais pólos econômi-cos para utilização por sindicatos, em-presas de todos os tamanhos, coope-rativas e associações. Nos telecentros de negócios, serão realizados cursos de capacitação e qualificação, além de seminários e debates a distância, pro-movidos pelos setores produtivos.

Foto: Eunice Pinto/Agência Pará

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Regiões - Nordeste e Sudeste

Centros Vocacionais Tecnológicos

Uma rede de educação

profissional voltada às

necessidades locais

A missão dos CVT’s é promover a educação e a tecnologia por meio do ensino,

da pesquisa, da inovação e da extensão, em áreas estratégicas, para promover o

desenvolvimento econômico sustentável dos estados onde se inserem

CVT’s: escolha por oferecer capacitação profissional de acordo com as demandas regionais para que o jovem esteja preparado para o mercado de trabalho.

Foto:

Divulgação/Centec

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O presidente do Instituto Centec, Samuel Brasileiro Filho, destaca a importância da participação de lideranças locais na es-colha dos cursos a serem oferecidos pelos CVT’s e pelas Faculdades de Tecnologia.

Foto: Divulgação/Centec

A

participação da sociedade e um modelo de educação tec-nológica inovador são o se-gredo do sucesso dos Cen-tros Vocacionais Tecnológicos (CVT) no estado do Ceará. O projeto é desen-volvido pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec) e congrega uma complexa rede de educação profissio-nal formada por quatro faculdades de tecnologia, quatro Centros Vocacio-nais Técnicos (CVTEC) e 33 CVTs. Os quatro CVTEC’s oferecem cursos técnicos de fruticultura, eletroeletrô-nica, mecâeletroeletrô-nica, informática, turismo, aqüicultura e pesca e gastronomia.

“Atendemos, anualmente, cerca de 4.000 alunos em cursos superiores de tecnologia e cursos técnicos. Além disso, 30 mil jovens são qualificados na rede de CVTs”, contabiliza o presi-dente do CENTEC, Samuel Brasileiro Filho. Todos os cursos, ressalta ele, atendem às demandas e às vocações dos núcleos e dos Arranjos Produtivos Locais, os chamados APLs.

O Centec é uma sociedade civil de di-reito privado, sem fins lucrativos, criada em 9 de março de 1999 e qualificado como organização social pelo governo cearense. A sua missão é promover a educação e a tecnologia por meio do ensino, da pesquisa, da inovação e da extensão, em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável do es-tado do Ceará. Os cursos são voles-tados para o setor de alimentos, irrigação e drenagem, manutenção industrial, sa-neamento ambiental e agronegócio. “Os CVTs do Ceará ainda são as uni-dades de extensão tecnológicas mais avançadas, pois, além de dispor de instalações como laboratórios de in-formática, oficinas profissionais volta-da para economia regional, dispõem de recursos para a oferta de educação a distância, como salas de videoconfe-rência e de laboratório bem equipados para o ensino de ciências, como o de química, de física e de biologia”, co-menta Samuel Brasileiro.

O CVT atua na melhoria do perfil dos trabalhado-res que já se encontram no mercado de trabalho e na capa-citação de jovens e de o p e r á r i o s

que se candidatam a esse mercado, por meio da qualificação profissional. Além disso, o projeto apóia a melhoria e o aperfeiçoamento do processo edu-cacional do estado, por meio da

capa-citação em ciências, composta por cur-sos teóricos e práticas laboratoriais em Física, Química, Biologia, Matemática e Informática. Promove também a expan-são do emprego e a melhoria do nível de renda, por meio da integração da ca-pacitação de pessoal com a elaboração de projetos, inclusive financiando-os e acompanhando-os até sua execução.

“Este é um grande di-ferencial do nosso mo-delo, que vai além da p r o f i s s i o -nalização e da inclusão digital, pro-movendo a disseminação e amplia-ção da aprendizagem das ciências. Estamos caminhando para implantar laboratórios de matemática e espaços para aprendizagem de temas como astronomia e energias renováveis. O modelo de CVT do CENTEC tem sido

CVT’s: escolha por oferecer capacitação profissional de acordo com as demandas regionais para que o jovem esteja preparado para o mercado de trabalho.

O modelo de CVT do CENTEC

tem sido a referência para o

programa do Ministério da Ciência

Tecnologia e está servindo de base

por outros estados como Minas

Gerais, Amazonas e Sergipe.

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a referência para o programa do Mi-nistério da Ciência Tecnologia e está servindo de base para outros estados como Minas Gerais, Amazonas e Ser-gipe”, afirma Samuel Brasileiro.

Participação Social

A expansão do projeto conta com apoio da população do município. O melhor exemplo foi o anúncio feito pelo governador Cid Gomes (PSB), recentemente, de que vai implantar mais duas unidades de Faculdades de Tecnologia Centec (Fatec), uma em Itapipoca e outra em Iguatu. Para isso, foi convocada uma audiência pública para debater os cursos que serão oferecidos.

A Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece) solicitou a liberação de R$ 250 mil ao governo

do estado para a elaboração dos pro-jetos arquitetônicos das duas Fatecs. Os terrenos para implantação das faculdades serão fornecidos pelas

prefeituras das duas cidades. O pre-sidente do Instituto Centec, Samuel Brasileiro, enfatizou que, além de

re-ceber uma Fatec, o município de Itapi-poca terá também uma incubadora de empresas para os alunos que querem tornar-se empreendedores.

Regiões - Nordeste e Sudeste

Nos laboratórios de informática dos CVT’s, os jovens têm aulas a distância

e se preparam para superar o desafio da inclusão digital.

Foto:

Divulgação/Centec

Este é um grande diferencial do nosso modelo,

que vai além da profissionalização e da inclusão

digital, promovendo a disseminação e ampliação da

aprendizagem das ciências. Estamos caminhando

para implantar laboratórios de matemática e espaços

para aprendizagem de temas como astronomia e

energias renováveis.

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Maria Cristina lembra a meta de chegar a 25 CVT’s até 2009, no Rio.

Foto: Ascom/Faetec

Nas audiências públicas com a partici-pação de lideranças locais e autorida-des dos municípios, são apresentadas propostas para a escolha dos cursos nas áreas de tecnologia, que podem ser no setor do agronegócio, do turis-mo, de informática, do comércio e ou-tros. “Nesses dois casos, a Fatec vai começar com dois cursos de tecnólo-go de nível superior, dois cursos técni-cos de nível médio e cursos profissio-nalizantes de curta duração”, explicou.

CVT e a difusão do

conhecimento

Os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) são, além de unidades de en-sino e de profissionalização, centros voltados para a difusão do acesso ao conhecimento científico e tecnológico, de conhecimentos práticos na área de serviços técnicos e de transferência de conhecimentos tecnológicos no seu meio de atuação.

Sendo entidades públicas de caráter co-munitário, os CVTs estão direcionados para a capacitação tecnológica da po-pulação e articulação de oportunidades concretas de inserção profissional e pro-dutiva do trabalhador de todas as idades, como uma unidade de formação profis-sional básica, técnica ou tecnológica, de experimentação científica, de investiga-ção da realidade que o cerca e prestainvestiga-ção de serviços especializados.

Quando planejado para uma determina-da localidetermina-dade, o projeto leva em conta a vocação da região onde se insere, em articulação com diversos atores - repre-sentantes do governo, dos trabalhado-res, das empresas e da sociedade civil organizada - no uso de tecnologia digital como um meio de melhoria dos proces-sos produtivos.

CVTs no Rio de Janeiro

A experiência de unir formação profissio-nal, levando em conta a vocação econô-mica e os arranjos produtivos de uma re-gião foi também está sendo desenvolvida no Rio de Janeiro. Em outubro de 2007, foi inaugurado o primeiro Centro

Vo-cacional Tecnológico (CVT) do estado. Hoje, há oito funcionando e a expectativa de inaugurar outros seis até dezembro de 2008.

Segundo a vice-presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec), Maria Cristina Lacerda, a meta é chegar até 2009 com 25 CVT’s em funcionamento no estado. Os CVTs fazem parte do Programa de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia. A proposta de ensino dos centros vocacionais prevê cursos téc-nicos, de formação inicial e continuada de trabalhadores.

No Rio de Janeiro, o programa do MCT foi incorporado ao programa de qualifica-ção de mão-de-obra do estado e, assim, os CVT’s foram adaptados à realidade de lá. “Percebemos que algumas localida-des tinham vocação industrial ou mes-mo em outras áreas do desenvolvimento econômico, mas não havia mão-de-obra especializada. Veja o caso de Friburgo, com potencial para o turismo, mas os profissionais estavam vindo de outros lo-cais”, exemplifica Maria Cristina.

No Rio, as áreas de formação dos CVT’s, incluindo os que estão praticamente prontos para serem inaugurados, são cosméticos, construção civil, automoti-vo, polímeros (plásticos), moda, turismo, construção naval e pesca, serviços de assistência. Os cursos são de curta du-ração, de dois a quatro meses.

Segundo Maria Cristina, os CVT’s do Rio têm mais do que o objetivo de for-mar e capacitar trabalhadores, mas também de inserir seus alunos no mer-cado de trabalho. “A própria escolha dos cursos a serem oferecidos é feita com a participação do empresariado. Depois, trabalhamos para que esse aluno seja aproveitado numa das em-presas voltada para a área de forma-ção dele. Também estimulamos o em-preendedorismo”, conta.

O programa dos CVT’s do Rio já rece-beu investimentos de R$ 25 milhões. De outubro de 2007 até hoje, 5.240 alunos já passaram pelas oito unida-des em funcionamento. De acordo com dados da Faetec, o aproveita-mento no mercado de trabalho é de 75%, em média.

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A

Fundação de Apoio à Pesqui-sa do Distrito Federal (FAP-DF) chega aos seus 16 anos co-memorando a consolidação de suas ações na capital da República e a aprovação de um projeto que garante recursos para o investimento público em ciência e tecnologia.

Ações político-institucionais, com parti-cipação popular, são relativamente no-vas na capital. Só a partir de 1988, com a nova Constituição Federal do Brasil, os brasilienses ganharam o direito de escolher seu governador e os deputa-dos distritais, cargo que equivale ao de deputado estadual.

Essa retrospectiva se faz necessária porque foi a partir daí que se discutiu a proposta de lei orgânica, com a criação

da Câmara Legislativa. Com a Lei Orgâ-nica do Distrito Federal, sancionada em 1993, veio a garantia de investimentos em ciência e tecnologia. Um de seus artigos determinava que uma lei complementar teria que estabelecer como seria finan-ciado o setor de ciência e tecnologia. Desde então, depois de muitas tentativas e vários obstáculos no caminho, em 2006, o atual governo enviou uma proposta de projeto de lei, que foi aprovada pela Câ-mara Legislativa do Distrito Federal. “Ficou estabelecido que o investimento para o setor é de 1% da receita líquida do Distrito Federal. Entretanto, desde 2006, houve uma política de valorização da ciência e tecnologia e um aumento significativo em termo de recurso. A nos-sa expectativa é que a partir de 2009,

já está previsto no orçamento, haja um atendimento da lei. Com isso, podere-mos lançar mais editais, com recursos maiores”, comemora o secretário de Ci-ência e Tecnologia do Distrito Federal, Izalci Lucas.

Desde que foi criada, os recursos aloca-dos para a FAP-DF foram irrisórios em relação aos 0,02% previstos, até então, na Lei Orgânica. A aplicação estava entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões anuais. Mesmo sem legislação que garantisse os recursos, a FAP-DF financiou projetos que ganharam destaques em âmbito na-cional. O melhor exemplo foi a pesquisa que resultou, em 2001, no nascimento do primeiro clone bovino da América Latina, a bezerra batizada de Vitória.

Região - Centro-Oeste

FAP-DF

Superando barreiras

institucionais para

aumentar o

investimento em C&T

Em 16 anos de existência, a fundação apoiou projetos de destaque como a

pesquisa que resultou no primeiro clone bovino da América Latina

Foto: sxc.hu

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A pesquisa, desenvolvida pela Empre-sa Brasileira de PesquiEmpre-sa Agropecuária (Embrapa) Recursos Genéticos e Bio-tecnologia, teve desdobramentos, com o nascimento de Glória, da prenhez de Vitória. E Glória também já teve cria neste ano e tudo isso tem sido objeto de estu-dos de melhoramento genético.

Outro projeto financiado pela FAP-DF foi o primeiro laboratório de DNA Forense do Brasil, que pertence a Polícia Civil do Distrito Federal. Desenvolvido em 1995, o projeto teve custo de R$ 200 mil e foi totalmente patrocinado pela FAP-DF. “A partir de 2007, nós lançamos vários edi-tais que tiveram uma procura muito gran-de. Temos muitos pesquisadores, porque temos aqui, no Distrito Federal, a Univer-sidade de Brasília e a Embrapa”, explica.

Cidade digital

O governo do Distrito Federal também tem planos de incrementar a atividade de empresas de base tecnológica na região. O secretário conta que a FAP-DF entra numa nova fase não só por ge-renciar recursos garantidos por lei, no fomento à ciência e à tecnologia, mas também por estar à frente de um grande projeto que tem por objetivo atrair em-presas de alta tecnologia.

É o Capital Digital, o primeiro grande pro-jeto dessa fase, um parque tecnológico que oferecerá condições privilegiadas à instalação e à operação de empresas

e instituições que atuam na fronteira da alta tecnologia, cuja evolução e competi-tividade dependem de pesquisa, elevada criatividade e intensa sinergia com clien-tes. “O primeiro parque tecnológico da região Centro-Oeste está caminhando a passos largos”, ressalta Izalci Lucas. O empreendimento será construído na saída de Brasília, na Rodovia DF-003, perto da Granja do Torto, uma das residências oficiais do Presidente da República.

A primeira presença no Parque Capital Digital, também conhecido como Cidade Digital, deve ser o Datacenter, um centro de processamento e armazenamento de dados. É uma iniciativa conjunta do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. O Datacenter armazenará dados de transações bancárias, loterias e toda a movimentação feita no Banco do Brasil e na Caixa. O prédio ocupará uma área de 40 mil metros quadrados dentro do pólo tecnológico. “A obra deve ficar pronta no segundo semestre de 2008. Além da construção em si, a instalação de equi-pamentos de alta tecnologia gasta algum tempo”, explicou o secretário. “Mas os bancos têm pressa e o Datacenter será construído no limite da urgência.”

A expectativa, segundo Izalci, é que o Datacenter sirva de chamariz para que outras empresas mostrem interesse pelo Parque Capital Digital. “Esse empreendi-mento vai proporcionar credibilidade ao projeto”, avaliou. A Cidade Digital abriga-rá mais de duas mil empresas do setor. No total, deve criar entre 40 mil e 50 mil empregos diretos.

O DF Digital é outro programa promovi-do pela SECT, em parceria com a UnB. Ele foi criado com o objetivo de oferecer à população do Distrito Federal oportu-nidades de inclusão digital, mediante cursos de informática e internet, e tra-zendo também o princípio da inclusão social, com a capacitação profissional dos participantes.

Além de aprender uma nova profissão, os alunos do DF Digital também têm em sua

grade horária lições de língua portugue-sa e cidadania. São mais de 70 cursos oferecidos, desde webdesigner, porteiro, auxiliar de escritório, operador de tele-marketing, gestão de micro e pequenas empresas, empreendedorismo, auxiliar de escritório, auxiliar de vendas, auxiliar financeiro, auxiliar de projetista, prepara-tórios de supletivos, dentre outros. Essa rede comunitária digital, como tem sido chamada, provoca a grande revo-lução silenciosa junto às comunidades do Distrito Federal, sobretudo aquelas mais carentes, afastadas dos grandes centros urbanos e que não têm compu-tador em casa, oferecendo treinamento gratuito de informática.

O DF Digital capacita profissionalmen-te a comunidade, criando oportunida-de oportunida-de emprego e renda, diminuindo as distâncias sociais e melhorando o Índi-ce de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal. Presente em várias cidades satélites do DF, o DF Digital contabiliza centenas de alunos certifi-cados pelo programa, que, inclusive, já conquistaram uma melhor colocação no mercado de trabalho.

Outras ações da pasta são a reestrutu-ração do Planetário de Brasília, desa-tivado desde 1997, e o lançamento de dois programas de fomento à pesquisa científica. O primeiro deles destinará verbas para eventos científicos e o se-gundo para estudos. O investimento previsto é de R$ 3,4 milhões.

Os investimentos vêm para corrigir a posição de lanterna no apoio ao de-senvolvimento de ciência e tecnologia ocupada pelo DF em relação aos outros estados brasileiros. “Queremos mudar a posição do DF em relação ao setor”, reforça Izalci Lucas.

Aliado a estes projetos, há também o in-centivo à pesquisa científica. Até setem-bro, foram apresentadas 663 propostas de financiamento por meio de editais. Dessas, 215 projetos foram selecionados e outras 215 propostas estão em análise. No ano passado, foram apresentadas 780 propostas e 169 financiadas.

Izalci Lucas, secretário de Ciência e Tec-nologia do Distrito Federal, destaque para o Parque Digital, primeiro parque tec-nológico do Centro-Oeste, com 2 mil em-presas e capacidade para criar até 50 mil empregos diretos.

Foto: ASCOM/FAP-DF

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