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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 Propriedades Gerais dos Materiais Restauradores

A resistência à fraturas de coroas metalocerâmicas sobre dentes já é, há muitos anos, estudada principalmente em relação ao desenho a infraestrutura e a espessura da porcelana de cobertura. Entretanto a resistência desse e de outros materiais restauradores para as próteses sobre implante merecem ainda serem avaliadas, pelo fato dos implantes não existir ligamento periodontal, estrutura fundamental durante o impacto das cargas mastigatórias.

Guazzato et al.24 (2002) relataram que o In ceram alumina é uma cerâmica

reforçada por alumina, conhecida e usada para infraestrutura de coroas e próteses parcial fixa (PPF) anteriores de três elementos desde o início dos anos 90. O In ceram zircônia tem maior resistência à flexão a qual pode ser explicada como segue: a zircônia existe em três fases, cúbica que é estável somente em altíssimas temperaturas na zircônia pura; intermediária tetragonal, que pode ser estabilizada em temperatura ambiente dependendo da concentração e do tamanho do grão da cerâmica e monocíclica que é estável em baixas temperaturas. A passagem da fase tetragonal para monoclínica exibe 4% de aumento de volume, gerando tensões. Esta transformação pode também ser iniciada por tensões em torno de trinca, resultando em fechamento parcial da trinca, aumentando a resistência da cerâmica. Os autores compararam as mais significativas propriedades mecânicas (resistência à flexão e dureza ou resistência à fratura) do In ceram alumina e In ceram zircônia. Concluiram que não houve diferenças significativas entre os dois materiais pesquisados.

Alkan et al.2 (2004) analisaram a influência da distribuição de três diferentes

incidências de cargas oclusais, com torque de 10 a 32 Ncm, sobre os parafusos dos implantes Brånemark e ITI; pelo método de elementos finitos, concluíram que as forças concentraram-se entre o parafuso e a primeira rosca dos intermediários, independente da localização das cargas e dos tipos de intermediários.

Nesse mesmo ano (2004), Vigolo et al.68 compararam coroas unitárias implanto-suportadas parafusadas e cimentadas por quatro anos após a reabilitação protética em relação: ao níveis de osso marginal peri-implante, parâmetros de tecido mole peri-implantares e complicações protéticas. Foram selecionados 12 pacientes para o estudo e cada um desses recebeu dois implantes idênticos (1 em cada área desdentada). Um deles era sorteado para ser restaurado com uma coroa unitária implanto-suportada cimentada e o outro foi restaurado com uma coroa implanto- suportada parafusada. Dados sobre os níveis de osso marginal a peri-implantar e sobre os parâmetros de tecido mole foram coletados quatro anos após a colocação do implante e analisados para determinar se houve uma diferença significativa em relação ao método de retenção (cimentada versus parafusada). Todos os 24 implantes sobreviveram, resultando em uma taxa de sucesso cumulativa em implante de 100%. A análise estatística revelou não haver diferenças significativas

entre os dois grupos com relação a níveis ósseos marginais ao peri-implante e os parâmetros dos tecidos moles. Os dados obtidos com este estudo sugere que a escolha do tipo de prótese : cimentada ou parafusada para restaurações unitárias sobre implantes não é baseada em resultados clínicos, mas principalmente, pela preferência do Profissional.

As propriedades mecânicas de cerâmicas de zircônia são afetados pela estabilidade dos óxidos da sua composição e pela qualidade de sinterização, foram o que relataram Sundh & Sjorgren65 (2006), nesse intuito, realizaram um estudo para investigar a resistência à fratura de estruturas pré-fabricadas de zircônia com diferentes óxidos de estabilização e de qualidade de sinterização. Após o carregamento dinâmico em água, a resistência à fratura foi determinada em próteses parciais fixas de três elementos pré-fabricados, feitas de cerâmica de zircônia homogênea estabilizada com ítria (Y-TZP) espaços em branco (Vita YZ) ou de magnésia densamente sinterizada, parcialmente zircônia estabilizada (Mg-PSZ) espaços em branco (Denzir-M), como fornecido pelo fabricante. Os testes foram realizados após submissão a um tratamento térmico de uma forma semelhante ao revestimento, e após o revestimento com um feldspato com base de cerâmica. A resistência à fratura dos espécimes Vita YZ aumentou consideravelmente após o revestimento. Denzir-M e Vita YZ parecem ser alternativas interessantes para utilização como matéria principal em todas as restaurações em cerâmica. Estudos de longo prazo, no entanto, são necessários antes que recomendações gerais clínicas possam ser emitidas.

No ano de 2007, Anusavice; Kakar; Ferree5 através de uma revisão sistemática da literatura odontológica, realizaram um trabalho com o intuito de determinar o quanto as propriedades físicas e mecânicas das ligas e das cerâmicas dentais podem prever o desempenho clínico de próteses fixas convencionais metalocerâmicas e de cerâmicas pura em 5 anos, além de verificar a qualidade dos resultados encontrados em estudos clínicos. Nesse sentido, foram pesquisados trabalhos clínicos de acompanhamento de 5 anos ou mais, publicados em periódicos ingleses entre 1980 e 2006. Os autores consideram os estudos clínicos controlados e randomizados a melhor ferramenta para avaliar a performance dos materiais e dos aspectos relacionados aos desenhos das próteses fixas, apesar de ser

extremamente caro, e apresentar dificuldades no que diz respeito ao controle da variáveis, que são inúmeras nestes tipos de trabalho, isto por que são vários os motivos que podem levar a uma fratura da cerâmica como, por exemplo: estresse térmico, estresse originado de uma mordida vigorosa localizada ou por um contato prematuro. Porém, em todos os casos, isto só ocorre quando a tensão no interior da cerâmica excede a resistência à tração nas zonas onde estas tensões se acumulam. Porém, os autores acreditam que testes e análises biomecânicas podem, plenamente, reduzir o número de estudos clínicos que visam caracterizar a performance dos sistemas protéticos. Um teste é considerado estruturalmente representativo quando as condições de geometria e de aplicação de cargas podem ser simulada se aproximando ao máximo da situação real. Ao final do trabalho, os autores chegaram à conclusão de que não existe um único teste in vitro capazes de prever o desempenho clínico dessas próteses. Dessa forma, existe uma necessidade urgente de se elaborar um sistema abrangente para classificação e identificação de fracassos clínicos em prótese, além das complicações técnicas e biológicas. Aliada a esses fatores, técnicas que possibilitem a recuperação de próteses fraturadas e outras que permitam impressões que copiem detalhes da fratura superficial também devem ser desenvolvidas.

A zircônia é um material cerâmico com propriedades mecânicas adequadas para a fabricação de dispositivos médicos, tendo como características relevantes: alta resistência à compressão (2000 MPa) e biocompatibilidade com os tecidos orais, foram o que relataram Manicone; Rossi; Raffaelli42 (2007). A opacidade zircônia é muito útil em situações clínicas adversas, por exemplo, para o mascaramento de dentes pilares discrômicos. Radiopacidade pode nos ajudar na avaliação durante controles radiográficos. Pilares de zircônia são fabricados usando desenho assistido, fabricado por computador (tecnologia CAD / CAM). Pilares de zircônia também podem ser usados para melhorar o resultado estético das reabilitações implanto-suportadas. Os implantes de zircônia apesar de apresentar propriedades biológicas e mecânicas, novos estudos são necessários para validar a sua aplicação.

Também em 2007, Weber & Sukotjo70 realizaram uma revisão sistemática para determinar a influência de características de desenho protético sobre os

resultados a longo prazo da terapia com implantes (implante sucesso e sobrevivência, o sucesso da prótese e de sobrevivência) do paciente parcialmente desdentado. Quatro questões de interesse protético foram selecionada por dois revisores: tipo pilar, tipo de retenção (cimentada, parafusada), tipo de sustentação (implante ou dente-implante combinado), e do tipo de material restaurador . A lista de títulos foi baseada principalmente em pesquisa na PubMed e submetida à análise estatística. Nesse processo, ficou evidente que no método de retenção (parafusada versus cimentada), não foram encontradas diferenças no sucesso do implante ou na taxas de sobrevivência. Quanto ao tipo de sustentação, as taxas de sucesso dos implantes relatadas foram de 97,1% para próteses parciais fixas (PPF) implanto- suportadas, 94,3% para restaurações unitárias sobre implante, e 89,2% para próteses implanto-dente-suportada, mas sem diferenças estatiscamente significantes. As evidências científicas obtidas a partir dessa revisão é insuficiente para estabelecer orientações clínica para a concepção de próteses fixas implanto- suportadas no paciente parcialmente desdentado.

Já em 2008, Jung et al.29 publicaram um trabalho de revisão sistemática em que o objetivo principal era avaliar a sobrevida de próteses sobre implante após 5 anos de acompanhamento clínico e descrever as falhas e complicações mais comumente encontradas. Dentre os vários fatores observados, a falha do material de cobertura (cerâmica ou acrílico) acumulado nesses 5 anos foi de 4,5%.

Também em 2008, Kelly & Denry33 realizaram uma revisão para avaliar a estabilidade da zircônia como estrutura cerâmica. Apresentam conceitos e contexto da literatura de engenharia de cerâmica sobre zircônia metaestável para estabelecer um contexto para a compreensão das propriedades atuais e emergente da zircônia utilizada com as cerâmicas odontológicas. Sobre as características da zircônia, os autores têm demonstrado crescimento de trinca sob condições cíclicas. Também relataram a susceptibilidade à degradação, à baixa temperatura da zircônia com uma desvantagem deste material.

A zircônia foi introduzida recentemente em prótese dentária para a fabricação de coroas e próteses parciais fixas, em combinação com técnicas de CAD / CAM conforme afirmaram Denry & Kelly20 (2008). Os autores realizaram uma revisão que inclui os tipos específicos de zircônia disponíveis na odontologia, juntamente com

suas propriedades. As duas principais técnicas de processamento, usinagem mole e dura, são avaliadas à luz das suas possíveis implicações clínicas e consequências sobre o desempenho de longo prazo de zircônia. Uma atualização da literatura sobre os ensaios clínicos com zircônia é fornecido pelos autores.

No ano seguinte (2009), Kim et.35 relataram que a zircônia tem excelentes propriedades mecânicas, mas a degradação em baixa temperatura pode resultar em diminuição da resistência à flexão. Investigaram a degradação da resistência à flexão de cerâmicas Y-TZP (Vita In-Ceram YZ), após vários tratamentos de baixa temperatura de envelhecimento e para avaliar a estabilidade de fase e mudança micro-estrutural após o envelhecimento por meio de raios-X e difração de um microscópio eletrônico de varredura (MEV ). As amostras de blocos cerâmicos foram envelhecidas artificialmente em água destilada por tratamento térmico a uma temperatura de 75, 100, 125, 150, 175, 200 e 225 durante 10 horas, a fim de induzir a transformação de fase na superfície. Nesse processo, observou-se que a média da força de flexão de aglomerados cerâmicos sem autoclavagem foi 798 MPa. Quando aplicado na temperatura de envelhecimento abaixo de 125 por 10 horas, a resistência à flexão dos blocos cerâmicos aumentou até 1161 MPa. No entanto, acima de 150 , a resistência à flexão começou a diminuir. Apesar da baixa temperatura de envelhecimento causar a transformação de fase tetragonal para monoclínica-relacionada com a temperatura, a resistência mínima à flexão foi acima de 700 MPa. Os autores concluíram que a fase monoclínica começou a aparecer após o tratamento do envelhecimento superior a 100 . Com a temperatura mais alta do envelhecimento, a fração de fase monoclínica aumentou. A relação da fase monoclínica / monoclínica + tetragonal atingiu um platô, por volta de 75% acima de 175˚C. O ponto de concentração da fase monoclínica, em que começa a diminuir a resistência à flexão, foi entre 12% e 54%.

Lee; Okayasu; Wang37 (2010) mostraram que o debate entre prótese sobre implante parafusada versus cimentada há muito tem sido discutido, mas o melhor tipo de prótese sobre implante permanece controverso entre os profissionais. Uma compreensão de suas propriedades vai ajudar o profissional a selecionar a prótese ideal para cada caso clínico. Com o a evolução da tecnologia e do conhecimento, uma atualização das tendências atuais é necessária. Nesse artigo, os autores

fornecem um resumo das características das próteses parafusadas e cimentadas das restaurações sobre implante, e como elas podem influenciar a estética, a recuperabilidade, a retenção, a passividade, a oclusão, o custo e as restaurações provisórias. Também são discutidos problemas e complicações frequentemente encontradas com prótese implanto-suportada e proposta soluções de tratamento.

Nesse mesmo ano (2010), Lughi & Sergo41 apresentaram uma revisão sobre a degradação da zircônia em baixa temperatura (muitas vezes referida como "envelhecimento"), devido à transformação da fase tetragonal para monoclínica, nas temperaturas de interesse para aplicação dental (temperatura ambiente para cerca de 100˚C). É mostrado que os principais fatores que afetam o fenómeno do envelhecimento são: (i) o tipo de estabilizador e de conteúdo, (ii) o stress residual e (iii) o tamanho do grão. Observa-se que extrapolar a taxa de degradação da baixa temperatura de testes de envelhecimento acelerado pode levar a conclusões inaceitáveis sobre a vida útil dos componentes baseados em zircônia. Finalmente, com base nas evidências experimentais, um conjunto de diretrizes de engenharia para a utilização de zircônia na odontologia restauradora e protética é proposto.

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