• Nenhum resultado encontrado

Células gliais mostraram-se imunorreativas a GFAP em toda a extensão do NSQ (Figura 5A-C). As células imunorreativas a GFAP apresentam morfologia estrelada caracterizando a presença de astrócitos em todo o núcleo (Figura 5D-F). É notável uma maior imunorreatividade nos níveis rostral e médio do núcleo (Figura 5B e E).

A imunorreatividade à GFAP mostrou-se presente em todos os níveis de secções (Figura 6A-C). A morfologia estrelada, característica dos astrócitos, pode ser visualizada nos três níveis de secção ampliados (Figura 6D-F). Encontramos uma alta concentração de vasos sanguíneos nessa região e um respectivo aumento da densidade celular em torno destes.

5.2 Projeção Retiniana ao Núcleo Supraquiasmát ico e ao Núcleo Pré- Geniculado

O NSQ apresentou uma densa inervação, proveniente da retina, marcada por fibras/terminais imunorreativos a CTb na região ventral nos três níveis de secção (Figura 7A- F). A imunorreatividade a CTb está presente em ambos os hemisférios cerebrais, contudo apresenta-se predominante no hemisfério contralateral ao olho injetado (Figura 7A-C).

Fibras imunorreativas a CTb foram visualizados em ambas as lâminas do NPG (Figura 8A-F) e apresentaram uma forte predominância no hemisfério contralateral ao olho injetado (Figura 8A-C). A NPGli se caracterizou por uma forte marcação e a NPGle mostrou-se com poucas fibras esparsas em ambos os hemisférios (Figura 8A-F). Constatamos que a NPGli apresenta os limites bem definidos principalmente no hemisfério ipsilateral ao olho injetado (Figura 8D-F) . Os limites da NPGle foram imprecisos em ambos os hemisférios (Figura 8A- F).

33 5.3 Neuropeptídio Y (NPY) e Serotonina (5-HT) no Núcleo Supraquiasmático e Núcleo Pré-Geniculado

Notamos a presença de fibras/terminais imunorreativas a NPY ao longo do eixo rostro- caudal do NSQ (Figura 9A-C) com predominância na região ventral deste. A imunorreatividade contra 5-HT mostrou-se predominante na região dorsal do NSQ (Figura 9D-E).

Encontramos neurônios imunorreativos a NPY, bem marcados (Figura 10D-F) e concentrados apenas na lâmina interna do NPG (Figura 10A-C). As fibras foram visualizadas em toda extensão desta (Figura 10C-F).

Presença de fibras imunorreativas a 5-HT dispersas homogeneamente em ambas as lâminas do NPG (Figura 11A-C). No nível caudal as fibras estão mais fortemente marcadas, possibilitando a visualização dos limites deste núcleo neste segmento.

34 Figura 2: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a citoarquitetura do núcleo supraquiasmático e do núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A e D), médio (B e E) e caudal (C e F), corados pelo método de Nissl. As áreas pontilhadas representam os limites anatômicos do NSQ e do NPG (A-F). A linha pontilhada divide o NPG em duas lâminas, interna e externa (D). NSQ, núcleo supraquiasmático; 3v, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico; APM, área pré-óptica medial; NPG, núcleo pré- geniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µm.

35

A

B

C

F

E

D

3v qo GLD 3v 3v qo qo GLD GLD NSQ APM NPG APM NSQ NSQ NPG NPG

36 Figura 3: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade à NeuN no núcleo supraquiasmático em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). As áreas contínuas representam os respectivos aumentos mostrados em D-F. As linhas pontilhadas dividem o NSQ em duas regiões (NSQv e NSQd). Setas indicam neurônios com diferentes intensidades de marcação. 3v, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico; NSQv, núcleo supraquiasmático ventral; NSQd, núcleo supraquiasmático dorsal. Barra: 300µm em A-C; 100µ m em D-F.

38 Figura 4: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade à NeuN no núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). As áreas contínuas representam os respectivos aumentos mostrados em D-F. As linhas pontilhadas dividem o NPG em duas lâminas (NPGle e NPGli). Setas mostram neurônios com morfologia diferenciada nas duas lâminas do núcleo pré-geniculado. NPGle, lâmina externa do núcleo pré-geniculado; NPGli, lâmina interna do núcleo pré-geniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µ m em A-C; 100µ m em D-F.

39

E

GLD GLD GLD

A

B

C

F

D

NPGli NPGle NPGli NPGle NPGli NPGle

NeuN

40 Figura 5: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade à GFAP no núcleo supraquiasmático em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). Setas indicam a morfologia estrelada dos astrócitos. As áreas contínuas representam os respectivos aumentos mostrados em D-F. 3v, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 300µm em A-C; 100µ m em D-F.

42 Figura 6: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade à GFAP no núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). Setas indicam a morfologia estrelada dos astrócitos. As áreas contínuas representam os respectivos aumentos mostrados em D-F. GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µm em A-C; 100 µm em D-F.

44 Figura 7: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a distribuição dos terminais retinianos (setas) no núcleo supraquiasmático em níveis rostral (A e D), médio (B e E) e caudal (C e F) evidenciados por imunorreatividade à CTb. Projeções retinianas contralaterais (A-C) e ipsilaterais (D-F). 3v, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Barra: 300µm.

45

A

B

C

F

E

D

3v qo 3v 3v qo qo 3v qo 3v 3v qo qo

Contralateral CTb Ipsilateral

46 Figura 8: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a distribuição dos terminais retinianos no núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A e D), médio (B e E) e caudal (C e F) evidenciados por imunorreatividade à CTb. Projeções retinianas contralaterais (A-C) e ipsilaterais (D-F). A linha pontilhada divide o NPG em duas lâminas, interna e externa (A-F). NPGle, lâmina externa do núcleo pré-geniculado; NPGli, lâmina interna do núcleo pré-geniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µ m.

47

A

B

C

F

E

D

GLD GLD GLD GLD GLD GLD

Contralateral

CTb Ipsilateral

NPGli NPGli NPGli NPGli NPGli NPGli NPGle NPGle NPGle NPGle NPGle NPGle

48 Figura 9: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade ao NPY (A-C) e à 5-HT (D-F) no núcleo supraquiasmático em níveis rostral (A e D), médio (B e E) e caudal (C e F). 3v, terceiro ventrículo; qo, quiasma óptico. Setas indicam terminais imunorreativos a NPY (A-C) e ausência de imunorreatividade à 5-HT (D-F). Barra: 300µm.

50 Figura 10: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade ao NPY no núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). As áreas contínuas representam os respectivos aumentos mostrados em D-F. Setas indicam neurônios e terminais (D-F). NPGle, lâmina externa do núcleo pré- geniculado; NPGli, lâmina interna do núcleo pré-geniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µm em A-C; 100 µ m em D-F.

51

A

B

C

F

E

D

GLD GLD GLD

NPY

NPGli NPGle NPGli NPGle NPGli NPGle

52 Figura 11: Fotomicrografias em campo claro de secções coronais do encéfalo do sagui mostrando a imunorreatividade à 5-HT no núcleo pré-geniculado em níveis rostral (A), médio (B) e caudal (C). NPGle, lâmina externa do núcleo pré-geniculado; NPGli, lâmina interna do núcleo pré-geniculado; GLD, núcleo geniculado lateral dorsal. Barra: 300µ m.

53

A

B

C

GLD GLD GLD

5-HT

NPGli NPGle NPGli NPGle NPGli NPGle

54 6. DISCUSSÃO

O estudo do sistema de temporização circadiana foi iniciado na década de 1970 a partir de experimentos que promoviam lesões no marcapasso circadiano e de estudos realizados com a utilização de traçadores neuronais a fim de identificar as principais vias para o mesmo. Nesse estudo, identificamos nos componentes centrais desse sistema, neurônios morfologicamente distintos e com padrão imunorreativo diferenciado, astrócitos caracterizados por sua morfologia estrelada, além de fibras/terminais axônicos em áreas específicas.

6.1 Citoarquitetura 6.1.1 Nissl

Baseado na técnica de Nissl, o NSQ do sagui caracteriza-se como uma estrutura com forma seccional triangular ao longo do eixo rostro-caudal com células densamente agrupadas e fortemente coradas com tionina localizadas no hipotálamo anterior, acima do quiasma óptico, bilateralmente ao terceiro ventrículo. A localização do NSQ nesta espécie de primata está em conformidade com a localização padrão vista anteriormente em

Callithrix jacchus (Costa et al., 1998), Cebus apella (Nascimento et al., 2010), Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999), Octodon degus (Goel et al., 1999) e outras espécies de

mamíferos (Lydic et al., 1982; Cassone et al., 1988), sugerindo que o NSQ, nesta classe, é uma estrutura neural filogeneticamente estável.

Os corpos celulares dos neurônios do NSQ são relativamente pequenos com aproximadamente 10µm e são distinguidos nas subdivisões por seu conteúdo neuroquímico (ver Welsh et al., 2010). O acoplamento das subdivisões do NSQ (ventrolateral e dorsomedial) é necessário para a geração de um ritmo sincronizado dentro deste e para o ajuste as pistas externas (Noguchi e Watanabe, 2008). Dessa forma, os neurônios oscilatórios deste núcleo atuam controlando uma série de sistemas efetores incluindo aqueles que regulam o ciclo de atividade e repouso, a temperatura corporal, a função neuroendócrina e o desempenho psicomotor.

Já o NPG tem sido caracterizado em estudos anteriores em Callithrix jacchus (Costa et al., 1998; ver Lima, 2008), Macaca mulatta (Babb, 1980) e Macaque monkey (Moore, 1993) como uma estrutura bilaminar em forma de cunha circundando

55 dorsomedialmente o GLD. Esse núcleo apresenta neurônios com morfologia diferenciada assemelhando-se a morfologia celular encontrada nos componentes do complexo geniculado lateral do tálamo de roedores. Estudos pioneiros descrevem três tipos neuronais no NPG com relação à coloração pelo método de Nissl: um grande número de neurônios pequenos e fusiformes, um pequeno número de neurônios grandes com citoplasma fortemente marcado, e por fim, um número moderado de neurônios médios e multipolares com poucos grânulos de Nissl (Polyak, 1957). O primeiro e terceiro tipos são encontrados na lâmina interna e o segundo tipo somente na lâmina externa (Niimi et al., 1963). Babb (1980) descreve em

Macaca mulatta a presença de neurônios esféricos na lâmina interna, neurônios ovóides em

ambas as lâminas e neurônios poligonais na lâmina externa. Em nosso estudo, o NPG do sagui apresenta-se semelhante quanto a variação morfológica das células anteriormente descritas (Babb, 1980). Quanto a localização padrão, nossos dados corroboram com estudos anteriores em Callithrix jacchus (Costa et al., 1998), humanos (Moore, 1993), Macaque

monkey (Moore, 1993), Macaca fascicularis (Livingston e Mustari, 2000) e Cebus apella

(Nascimento et al., 2010).

6.1.2 Proteína Nuclear Neuronal Específica (NeuN)

NeuN é considerada uma proteína nuclear específica do sistema nervoso e tem sido usada em um grande número de estudos (Mullen et al., 1992; Gittins e Harrison, 2004; Preusser et al., 2006). A imunorreatividade à NeuN pode ser detectada em várias espécies de vertebrados, incluindo anfíbios, pássaros e mamíferos sugerindo uma considerável conservação desta proteína na escala filogenética (Lind et al., 2005).

Observando a marcação de NeuN neste estudo, podemos afirmar que existe imunorreatividade à esta proteína em todo NSQ ao longo do eixo rostro-caudal. Vale salientar que as subdivisões do NSQ podem ser claramente delimitadas, evidenciando células fortemente marcadas na porção dorsal do núcleo, visto que as células da porção ventral exibem uma marcação pálida. Esse dado corrobora com um estudo anterior em Cebus que mostra neurônios fortemente marcados na região dorsal e lateral e com pálida marcação na região ventral e medial do núcleo (Nascimento et al., 2010) mas difere dos resultados encontrados em um estudo prévio em roedores (dados não publicados) que mostra uma pálida marcação nos neurônios do NSQ, com predominância na porção ventral do núcleo. Um estudo realizado em ratos, evidencia que a expressão de NeuN no NSQ desses animais na idade adulta é baixa, se comparada com neurônios hipotalâmicos da vizinhança, e que os neurônios

56 que apresentam níveis detectáveis desta proteína estão agrupados na porção ventral do NSQ e co-localizam com a Doublecortin, uma proteína associada a microtúbulos que participa dos processos de diferenciação e migração neuronal (Friocourt et al., 2003) e, assim como NeuN, esta é considerada um marcador de estágios da neurogênese (Geoghegan e Carter, 2008).

É evidente que os neurônios imunorreativos a NeuN na porção ventral do NSQ neste primata estão agrupados na região retinorrecipiente indicando a participação destes neurônios no processo de recepção de informação fótica.

Com relação à marcação celular de NeuN no NPG, este pôde ser caracterizado como uma estrutura bilaminar, apresentando duas camadas distintas: uma lâmina externa (NPGle) e outra interna (NPGli). Ambas as lâminas apresentam forte imunorreatividade a NeuN ao longo do eixo rostro-caudal. Essa subdivisão do NPG em lâminas interna e externa corrobora com os achados em Macaca mulatta (Babb, 1980). A presença de neurônios grandes e poligonais exclusivamente na lâmina externa e de neurônios pequenos esféricos e fusiformes na lâmina interna permitiu distinguir nitidamente essas duas regiões, corroborando com achados anteriores (Niimi et al., 1963). Considerando a presença dessas células, notamos que a morfologia neuronal da lâmina externa se assemelha as das células presentes no GLV de roedores e que a lâmina interna possui células que lembram o aspecto descrito para o FIG e corroboram com estudos anteriores, em que o NPG dos primatas teria o equivalente ao GLV e ao FIG dos roedores (Moore, 1993). Em roedores, o GLV e o FIG apresentam neurônios fortemente imunorreativos a NeuN dificultando a delimitação dessas estruturas (dados não publicados). Já em Cebus apella, a imunorreatividade contra essa proteína neuronal é ausente no NPG, mas os neurônios do GLD exibem forte imunorreatividade à NeuN (Nascimento et

al., 2010).

Apesar de os neurônios em ambas as lâminas do NPG exibirem imunorreatividade contra a proteína, esse padrão apresenta-se diferenciado entre estas. É notável que os neurônios da lâmina externa apresentam-se mais fortemente marcados diferindo daqueles da lâmina interna que apresentam uma marcação mais pálida. Como observado em Macaca, os neurônios da lâmina interna recebem aferências retinianas (Livingston e Mustari, 2000). É interessante notar que os neurônios imunorreativos a NeuN tanto no NSQ quanto no NPG que exibiram pálida marcação estão localizados na região ventral, área retino-recipiente das estruturas.

57 Embora NeuN tenha sido identificada em grande parte das células nervosas, existem neurônios NeuN negativos incluindo os neurônios Cajal-Retzius da camada 1 do córtex cerebral em desenvolvimento, o núcleo olivar inferior no bulbo, as células mitrais no bulbo olfatório, as células de Purkinje e o núcleo denteado no cerebelo (Sarnat et al., 1998; Kumar e Buckmaster, 2007). Além disso, NeuN não é expressa em células da glia (Mullen et

al., 1992). Estudos em humanos levam a crer que a falta de imunorreatividade para NeuN por

neurônios do núcleo olivar inferior e núcleo denteado cerebelar sugere uma origem embrionária comum com as células de Purkinje a partir do tubérculo cerebelar. Apesar disso, os neurônios pontinos basais que apresentam mesma origem embrionária dos grupamentos supracitados exibem forte imunorreatividade à NeuN durante o desenvolvimento e na idade adulta (Sarnat et al., 1998). Esta diferença sugere que talvez a expressão de NeuN não apresente tanta influência em relação a origem embrionária, mas sim em outros aspectos celulares. Estudos relatam que a imunorreatividade à NeuN é modulada por sinais fisiológicos e patológicos como despolarização crônica da célula e lesões em nervos e tratos (Weyer e Schilling, 2003; McPhail et al., 2004).

Um estudo a nível molecular, documenta que NeuN apresenta duas isoformas eletroforeticamente distinguíveis de 46 KDa e 48KDa e ambas as isoformas podem ser encontradas no núcleo celular e citoplasma, porém a abundância nestes compartimentos é distinta podendo existir pelo menos sete diferentes formas fosforiladas da proteína NeuN, onde a imunorreatividade desta depende do estado de fosforilação visto que um grupamento fosfato é crítico para a adequada formação do epítopo a ser reconhecido pelo anticorpo (Lind

et al., 2005).

A isoforma de 46 KDa apresenta maior intensidade no núcleo do que no citoplasma, enquanto que a isoforma de 48 KDa é mais nítida no citoplasma. Dentro do núcleo a concentração de NeuN varia inversamente com a de cromatina sendo encontrado preferencialmente em áreas com baixa densidade desta e excluído das áreas contendo DNA densamente empacotado. A expressão de NeuN no núcleo e no citoplasma pode variar de acordo com o tipo celular e ainda pode refletir diferenças na atividade celular. Essa localização subcelular fornece uma idea de função para esta proteína (Lind et al., 2005). Uma vez que NeuN está predominante localizada no núcleo celular, tem sido proposto que esta proteína participa dos processos de regulação da expressão gênica, tais como transcrição e processamento do RNA (Ácido Ribonucléico). Estudos recentes identificaram NeuN como

58 Fox-3 também chamada de proteína 3 ligante de hexarribonucleotídeo (hexaribonucleotide- binding protein 3 e D11Bwg0517e), um membro da família do gene Fox-1 que se liga especificamente a um elemento de RNA, UGCAUG. Fox-1 também chamada de proteína 1 ligante de ataxina-2 (A2BP1, ataxin-2 binding protein 1) é expressa em neurônios e músculos estriados, enquanto que a expressão de Fox-3 é restrita aos neurônios (ver Kuroyanagi, 2009). Um estudo recente sugere que NeuN/Fox-3 esteja transitando entre o nucleoplasma e a matriz nuclear sendo este um componente intríseco da matriz nuclear neuronal (Dent et al., 2010).

Essa proteína desempenha um papel específico no splicing alternativo de neurônios, presumivelmente para gerar um grande número de tipos neuronais e para apoiar as suas diversas funções (Kim et al., 2009). Esse mesmo estudo propõe Fox-3 como um candidato para atuar como um fator determinante da especificidade neural durante o splicing alternativo tendo esta proteína um papel chave na regulação da diferenciação das células neurais e no desenvolvimento do sistema nervoso e não apenas como um marcador de diferenciação neural.

59 6.1.3 Proteína Acídica Fibrilar Glial (GFAP)

Os astrócitos são células que apresentam funções essenciais no sistema nervoso como a regulação das concentrações iônicas de cálcio e potássio, bem como a liberação de substâncias nos espaços extracelulares em resposta a neurotransmissores (Bowman e Kimelberg, 1984; Barbour, et al., 1989; Nowak, et al., 1987; Van den Pol 1991; Zou et al., 2010). Além de fornecerem suporte para a migração dos neurônios e crescimento dos axônios, fatores secretados a partir dessas células gliais podem regular a diferenciação neuronal (Blondel et al., 2000).

GFAP é um marcador exclusivo para astrócitos (Eng et al., 1971; Bignami et

al., 1972). Em nosso estudo pudemos observar a presença de astrócitos por toda a extensão

do NSQ através da imunorreatividade contra GFAP não nos permitindo maiores subdivisões. Nossos dados assemelham-se aos de um estudo anterior em hamster onde a imunorreatividade à GFAP foi observada em todo o NSQ desses roedores (Inoue et al., 2000) . Estudos anteriores em ratos mostram que um grande número de astrócitos está distribuído particularmente na porção ventral do NSQ entre neurônios e capilares sanguíneos (Güldner e Wolff, 1973) e a proporção entre o número de neurônios e astrócitos no NSQ nesses animais é de 1:3 (Güldner, 1983). Outros dados em ratos mostram uma forte expressão de GFAP na porção ventrolateral do NSQ, visto que a porção dorsomedial deste apresenta uma menor densidade de células imunorreativas a GFAP (Tamada et al., 1998; Inoue et al., 2000; Mendonça et al., 2004). Dados apontam que diferenças regionais na quantidade de GFAP em astrócitos dependem primariamente no nível de expressão gênica (Kitamura et al., 1987) e que a expressão de GFAP no NSQ em ratos pode ser afetada por mal nutrição crônica (Mendonça et al., 2004). Além disso, estudos em ratos e hamsteres apontam que o desenvolvimento dos astrócitos no NSQ é estimulado por inervação do TRH, e a presença do polipeptídeo pituitário ativador da adenilato ciclase (PACAP) encontrado nas células ganglionares da retina pode estimular a expressão de GFAP em astrócitos hipotalâmicos (Lavialle e Servière, 1994; Munekawa et al., 2000; Ikeda et al., 2003). Estudos em ratos (Hajós, 2008) e em camundongos (Santos et al., 2005) evidenciam variação circadiana na expressão da proteína no NSQ destes.

No sagui, a distribuição de astrócitos imunorreativos a GFAP é evidenciada em toda a extensão do NPG. Um estudo em Kerodon rupestris relata a presença de GFAP em toda a extensão do FIG nesta espécie (Nascimento Jr, 2007). Esses dados são semelhantes aos

60 dados encontrados em Arvicanthis niloticus (Smale e Boverhof, 1999) e em rato (Morin et al., 1989). Outro estudo em ratos relatam que há variação circadiana de GFAP no complexo geniculado lateral do tálamo desses animais, onde uma forte expressão de GFAP no GLV e FIG desses animais contrasta com a falta de imunorreatividade no GLD durante o dia, contudo, a imunorreatividade no GLD é evidenciada a noite (Hajós, 2008). Variação circadiana na expressão de GFAP foi evidenciada no NSQ e FIG de camundongos sob luz constante (Moriya et al. 2000; Santos et al. 2005). A presença de astrócitos nos componentes centrais do STC indica que esses podem participar da ritmicidade biológica como sugerido por Prosser et al (1994) em um estudo em ratos.

61 6.2 Projeção Retiniana

A CTb tem sido amplamente utilizada como um traçador neuronal altamente sensível em diversos estudos (Ericson e Blomqvist, 1988; Mikkelsen, 1992; Schimizu et al., 1994; Nakagawa et al., 1998; Costa et al., 1998; 1999; Cavalcante et al., 2005; Engelberth et al., 2008; Nascimento Jr et al., 2010; Cavalcante et al., 2011). Um fator comum no NSQ de todos os mamíferos estudados é a inervação bilateral pelas células ganglionares da retina. Contudo, diferenças entre as espécies são notadas quanto à intensidade de distribuição das fibras nos dois lados. Dessa forma, pudemos observar que a projeção da retina para o NSQ no sagui exibe uma assimetria bilateral através da presença de terminais do TRH imunorreativos a CTb na região ventral do núcleo, ao longo do eixo rostro-caudal, com predominância contralateral. Nossos dados corroboram com achados anteriores em Callithrix jacchus (Costa et al., 1998; 1999; Cavalcante et al., 2002). Outros estudos apontam a projeção retiniana assimétrica para o NSQ com predominância contralateral em diversas espécies como macaco rhesus (Hendrickson et al., 1972; Moore, 1973), Saguinus oedipus (Moore, 1973), macaco de cheiro (Tigges e O´Steen, 1974), rato (Johnson et al., 1988; Levine et al., 1991), gato (Murakami et

al., 1989), Arvicanthis niloticus (ver Smale e Boverhof, 1999) e Cebus apella (Pinato et al.,

2009). Em uma espécie diurna de esquilo, Spermophilus lateralis, a projeção retiniana é descrita como sendo exclusivamente contralateral (Smale et al., 1991). Diferentemente dos nossos achados, a projeção da retina ao NSQ em mussaranho exibe uma discreta predominância ipsilateral (Tokunaga et al., 1992) assim como em chimpanzé (Tigges e O´Steen, 1974) e completamente simétrica ou predominantemente ipsilateral em ovelhas (Tessonneaud et al., 1994). Já em hamster a projeção retiniana é descrita com predominância

Documentos relacionados