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CAPÍTULO III ANÁLISE DOS DADOS

PROTOCOLO DE ENTREVISTA (A1)

(Entrevista individual semiestruturada aplicada ao avaliado, segundo o Decreto- regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro)

1. Qual é a sua idade?

45 anos

2. Que habilitações académicas possui?

Licenciatura

3. Qual o seu tempo de serviço a 31 de Agosto de 2013?

23 anos.

4. Fez alguma formação em avaliação/supervisão? De que grau, ou nº de horas?

Não tenho nenhuma formação.

5. Na sua opinião, a avaliação de desempenho docente é necessária? Porquê?

Sim, é necessária, porque pode evitar desvios, porque implica alguma organização e não me parece mal de todo. Agora que é muito burocrática, excessivamente burocrática é, e pode mesmo assim ser manipulada. Pode induzir a más avaliações e más classificações.

6. E será útil? Porquê?

Mas, sim é útil. Porque nos distingue, mas também nos separa, Entre colegas notou-se uma grande separação. As pessoas começaram a fechar-se muito mais, a esconder as suas fichas, e isto foi muito visível. Notou-se que as pessoas se fecharam. Mas acho que mesmo com as falhas que tem faz falta. A mim obriga-me a ser mais organizada, a ter um objetivo mais delineado e por isso parece-me útil.

7. Quais são em sua opinião os aspetos mais positivos do decreto-regulamentar n.º 2/2008?

Uhhh….. Não me lembro de nada… mas o que me parece melhor é que com o 2/2008 estão definidas melhor as regras; se queres ter bom, tens que preencher os requisitos do bom e as coisas estão mais clarificadas.

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8. E os menos positivos?

Muitos: a carga burocrática, a imensidão de itens a que tínhamos de dar resposta, a vertente em que os pais nos podiam avaliar; não acho justo, porque os pais não são pedagogos, são pais. Quem define estratégias, avalia, somos nós que temos habilitações para isso, e um pai por mais letrado que seja não tem que me avaliar nem expressar a sua opinião. Isso retirou-nos a autoridade, poder e não gostei.

Depois outro aspeto muito negativo diz respeito aos avaliadores; foi um descalabro, porque os avaliadores foram docentes que ou já não estavam no terreno há muito tempo, ou tinham inclusive processos disciplinares e não eram pessoas que eu considerava idóneas para me avaliarem. Isto causou-me uma enorme revolta e uma frustração brutal, além de um mal-estar entre os colegas absolutamente dantesco. Em outros anos eu não quis ser avaliada com observação de aulas exatamente por isso, porque eu não reconhecia competência ao meu avaliador, o que é muito grave. O avaliador deve ser uma pessoa que me ensine alguma coisa e com formação. Eu posso passar por um processo de avaliação com os meus pares, mas não posso sujeitar-me a ser avaliada por uma pessoa em quem eu não confio, que não seja imparcial, que não seja melhor profissional do que eu.

Um dos grandes problemas do 2/2008 era exatamente sermos avaliados por pares que não tinham competências para serem avaliadores de pessoas que podiam ter mais habilitações do que eles. A formação que eles tiveram foi largamente insuficiente. O fato de terem muito tempo de serviço não lhes confere por si só essa competência. Este último modelo, o 26 tem mais vantagens porque já não separa tanto as pessoas; conseguimos trabalhar em conjunto sem o objetivo de uma menção.

9. Na sua opinião, o que foi mais difícil de concretizar no modelo proposto pelo decreto-lei 2/2008? A planificação das aulas, a observação, a avaliação, a relação entre avaliador/avaliado, ou outras?

Não foi nada disso, mas sim o volume de impressos, de documentos a realizar; não foi a relação, nem a planificação, nem a observação, mas sim a necessidade de atender a uma imensidão de itens que foi desgastante; foram necessárias muitas semanas para conseguir organizar todos os documentos que nos eram pedidos.

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10. A avaliação de desempenho docente teve impacto nas suas práticas docentes?

Não, absolutamente.

11. Se sim, apresente alguns exemplos.

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12. Na sua opinião, a avaliação de desempenho docente pode contribuir para a melhoria das práticas docentes? Justifique.

Não, também não.

13. Como descreve o seu relacionamento com o avaliador?

Bom. Porque havia regras definidas e eu sabia com o que poderia contar e por isso correu tudo muito bem.

14. Em sua opinião qual é o nível de aceitação do modelo proposto pelo decreto- regulamentar n.º 2/2008? Baixo, Médio, Alto? Porquê?

Baixo, muito baixo. Porque veio revolucionar tudo o que tínhamos anteriormente; as coisas novas também acarretam insegurança; trouxe muitas mudanças e nós tendemos a resistir à mudança, sobretudo pelo volume de trabalho e de documentos que nos obrigavam a preencher. Em termos de conteúdo até houve aceitação; o processo de avaliação em si não me parece de difícil aceitação mas é complicado pelo imenso volume de trabalho e depois pela existência de cotas a que as pessoas eram sujeitas, após tanto trabalho.

Penso que o modelo não foi aceite pela sobrecarga de trabalho que nos trouxe.

15. Em sua opinião a avaliação de desempenho docente contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes? Em que medida? Apresente exemplos.

Não. O sentido de pertença, as metas definidas para um agrupamento, isso leva-me a trabalhar mais e mais e a querer desenvolver-me pessoal e profissionalmente, mas a ADD não, porque ela também é uma coisa pontual em termos de observação de aulas.

16. Em sua opinião a avaliação de desempenho docente constitui uma boa ferramenta de diagnóstico das necessidades formativas dos docentes? Como?

- 128 - Pode eventualmente acontecer, mas também não é preciso eu estar num exercício tão grande e tão demorado de documentos e documentos para perceber quais são as minhas lacunas e necessidades formativas; isso eu posso perceber em qualquer momento. Durante o processo de ADD não identifiquei nenhuma necessidade formativa.

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APÊNDICE 6