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CAPÍTULO 3 – ANÁLISE E DISCUSSÃO

3.3 Como avaliar?

3.3.2 Avaliação formal

3.3.2.1 Prova do primeiro bimestre

A prova do 1° bimestre foi elaborada com base nas atividades que já tínhamos feito em sala. Na primeira questão, optei por colocar uma conversação parecida com uma já realizada no livro didático. Era um diálogo com alguns espaços em branco, e eles tinham que escolher as frases do quadro que melhor se encaixariam no espaço.

Figura 7 – Prova 1 Questão 1 Aluno H Fonte: a autora

Quando pensei nesta questão, quis verificar o seu conhecimento receptivo do vocabulário de saudações. Adicionalmente, intentei testar o conhecimento pragmático e a competência estratégica das crianças. Confiro o bom rendimento dos alunos na primeira questão à música que ensinei no primeiro dia de aula, conforme apontado pelos excertos a seguir.

Excerto 31. Diário reflexivo – Pesquisadora – 1° de maio de 2017 Eu lembrei daquela musiquinha. (aluno H)

Excerto 32. Log – Pesquisadora – 7 de março de 2017 Greetings song

Retomando a análise dos questionários, 11 dos 14 alunos disseram que a música é o meio pelo qual eles têm mais contato com a LI e, novamente, 11 consideraram as atividades com músicas e vídeos suas práticas preferidas durante as aulas. Ademais, o material didático diz que a música “cumpre funções didáticas importantes na fixação da pronúncia e do significado de vocábulos” (MORINO; BRUGIN, 2016, p. XV).

Isso posto, julgo que aspectos de interesse dos alunos devem estar presente nas aulas, uma vez que esta prática providencia resultados favoráveis na avaliação.

Na segunda questão, os alunos tinham que fazer cálculos de equações simples de adição e subtração, escrevendo o resultado de algarismo. Também fizemos atividades do tipo durante três aulas do primeiro bimestre.

Figura 8 – Prova 1 Questão 2 Aluna A Fonte: a autora

Caso o estudante não se recordasse da ortografia de um determinado número, ele poderia recorrer a um caça palavras, onde estavam escondidas todas as respostas. Ortografias que pareciam com a pronúncia dos números também foram consideradas corretas, uma vez que o conhecimento ortográfico, como definido por Cameron (2001) não é elemento forte nos objetivos do curso.

Nesta perspectiva, a Figura 8 mostra que a aluna A identificou o número 1 como on em vez de one, e considerei esta resposta correta. No entanto, não considerei elve como o número twelve. Todos os alunos investigados tiveram bons resultados nesta questão, e acredito que o motivo disso foi a quantidade extensiva de exercícios feitos em sala – praticamos os números em três das cinco aulas que tivemos antes da prova do 1° bimestre, como registrado nos logs a seguir.

Excerto 33. Log – Pesquisadora – 28 de março de 2017

Conferi HW. Alphabet, vimos numbers, school subjects. HW - Easter Eggs pra colorir. P.12 e 13. (grifo meu)

Excerto 34. Log – Pesquisadora – 4 de abril de 2017

P. 14 e 15. HW: reescrever os números do 1 ao 50 no caderno. (grifo meu) Excerto 35. Log – Pesquisadora – 11 de abril de 2017

P. 16. Saíram da sala e entraram falando as cores. HW: colors and numbers from 10-20. (grifo meu)

Na terceira questão coloquei um desenho com objetos de sala de aula, e os estudantes deviam colorir os objetos conforme as instruções.

Figura 9 – Prova 1 Questão 3 Aluna I Fonte: a autora

Finalmente, a última questão era uma questão oral que decidi criar na hora, visto que os estudantes terminaram a prova muito rápido. Tínhamos 40 minutos de prova, mas alguns a finalizaram em 15.

Excerto 36. Diário reflexivo – Pesquisadora –18 de abril de 2017

A maioria terminou a prova em 15 minutos, então posso pensar em fazer uma prova mais comprida mais pra frente, uma que dure pelo menos 25 minutos para os mais rápidos.

Nesta questão, criada repentinamente, os estudantes deviam responder cinco comandos, repetidos três vezes.

Excerto 37. Diário reflexivo – Pesquisadora –18 de abril de 2017

Finalmente, a última questão era uma questão oral, e eles deviam responder aos meus comandos, que eu apenas falava. Repeti 3 vezes cada um, e fiz

perguntas como: what’s your name, e how old are you. Nessa eles não foram tão bem, mas pode ter sido por nunca terem feito uma questão assim. Muitos alunos reagiram com frases do tipo: “não estou entendendo nada!”, e “quê?!” As perguntas foram:

What’s your name? How old are you? Write the letter J Write the letter A

Write the number 13 [APÊNDICE D]

O que pensei foi em verificar a sua compreensão oral a partir de respostas coesas aos comandos dados na hora. Essa foi a questão que os alunos demonstraram mais dificuldade, com comentários que revelavam insegurança em ouvir e compreender o que os comandos pediam.

Figura 10 – Prova 1 Questão 4 Aluna C Fonte: a autora

Atribuímos o resultado negativo das crianças e sua atitude insegura a duas questões principais: o fato de que eles nunca tinham feito uma questão assim, e o fato de que elaboramos a questão na hora, sem refletir sobre seu propósito e sem pensar cuidadosamente em sua estrutura. Retomando o que compreendo por validade, uma prova é válida se ela avalia o que tem que avaliar (McNamara, 2000). Como não praticamos este formato de questão antes, não tive como avaliar o progresso dos alunos. Portanto, não considero que ela teve validade. Os alunos não estavam preparados, ficaram inseguros e certamente isso teve impacto em seus resultados.

Isso posto, considero que a elaboração da questão 4 foi falha. Observei outros problemas na elaboração desta prova, conforme excerto a seguir.

Excerto 38. Diário reflexivo – Pesquisadora –20 de abril de 2017

Quando fiz a prova, não pensei em quantos pontos valeria cada questão, e por isso tive certa dificuldade na hora de dar a nota final. No fim, somei a quantidade de acertos, dividi pela quantidade de respostas e arredondei a nota – a prova tinha 18 respostas, se um aluno acertou 15, a sua nota foi 8,5. Na próxima prova procurarei pensar em quanto valerá cada questão, para facilitar esse processo de dar nota.

(...)

Outra coisa que considerei falha foi o fato de a prova estar muito pequena. Não acho que ela tenha tido pouco conteúdo, afinal cobrei tudo o que fizemos durante os nossos 5 encontros. O problema é que se eu tivesse previsto que eles terminariam a prova em tão pouco tempo, eu teria levado um jogo ou me preparado para fazer alguma outra coisa. Como não tinha nenhum outro planejamento, achei melhor fazer essa questão naquela hora pra passar um pouco mais de tempo até o final da aula. Só que nunca tinha feito esse tipo de questão com eles. Quer dizer, as perguntas “what’s your name” e “how old are you,” assim como as letras e os números, já tínhamos visto, só não tínhamos feito uma questão oral assim, onde eles escreveriam as respostas aos meus comandos. Acho que eles ficaram inseguros para responder porque nunca tinham feito nada parecido. (grifo meu)

O trecho do diário reflexivo ilustrado pelo excerto 38 me serviu como guia na elaboração da segunda prova, pois pude observar os erros que acarretaram em dificuldades durante a sua aplicação e correção, e pude tentar corrigi-los. Faço necessário perceber que, na correção da prova do primeiro bimestre, minhas únicas reflexões foram com relação a como melhorar o instrumento, e não refleti sobre a sinalização dos erros ou que habilidades os alunos haviam alcançado ou não. Considero que, nesta avaliação, minhas reflexões atrelaram- se mais em questões de praticidade do que de validade, confiabilidade e autenticidade. Ainda assim, acredito que, de forma geral, esta prova tenha espelhado o que realizamos em sala (com exceção da última questão) e o aprendizado das crianças (só me surpreendi com o resultado de uma prova).

A elaboração da prova do segundo bimestre será discutida na próxima subseção.

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