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1. CARCINOMA DA PRÓSTATA

1.5. BIOMARCADORES DO CARCINOMA DA PRÓSTATA

1.5.2. PSA livre

A forma livre de PSA (PSAL), e em particular a sua relação com o PSA total, têm sido associadas à patologia benigna da próstata, sendo hoje prática corrente que um doente com valores de PSA total entre 4 e 10 ng/mL e uma relação PSAL/PSAT inferior a 0.25 deve ser submetido a biopsia prostática(Chang et al., 2015).

Deste modo, quanto menor for a percentagem de PSA livre sobre o PSA total, maior a probabilidade de a biópsia prostática identificar casos de CaP. Para situações de valores de PSA total entre 4 e 10 ng/mL, a percentagem de PSA livre inferior a 10% identifica CaP em metade dos doentes.(Pérez-Lanzac-Lorca et al., 2013)

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1.5.3. PSA complexado

As glândulas prostáticas malignas produzem PSA preferencialmente ligado ou complexado (PSAC). A possibilidade de doseamento do PSA complexado veio lançar a discussão sobre a forma de PSA que teria maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico do carcinoma da próstata.(Lacher & Hughes, 2015)

Vários estudos concluíram que o PSA complexado não seria o melhor marcador tumoral para a detecção precoce do carcinoma da próstata, enquanto outros encontraram evidência que contraria tais conclusões. Outros investigadores em estudo realizados também não encontraram mais valia no PSA complexado, devido á sua menor sensibilidade e especificidade.(Strittmatter et al., 2011)

1.5.4. Pró-PSA

Recentes estudos revelaram existir pelo menos três isoformas de PSA livre (chamadas de B-PSA, (“benigna” relacionada à HPB), I-PSA (PSA intacto ou inativo) e pro-PSA (precursores do PSA relacionados com o CaP). (Igawa, Takehara, Onita, Ito, & Sakai, 2014)

As duas primeiras isoformas estão diminuídas em indivíduos com CaP, enquanto o pró-PSA está aumentado, esses estudos mostraram que o pró-PSA poderia ser uma mais-valia para diferenciar CaP e condições benignas, em homens com valores de PSA de 2,5 a 10 ng/ml, podendo dar melhores informações clínicas do que o PSA total, PSA livre ou PSA complexado.(Lacher & Hughes, 2015) Além disso, em alguns estudos o pró-PSA identificou seletivamente as formas mais agressivas de CaP.(Sanchis-Bonet, Barrionuevo-González, Bajo-Chueca, Morales- Palacios, & Sanchez-Chapado, 2018) Assim, alguns afimamque o pró-PSA poderá ser um biomarcador com maior especificidade para o CaP do que o PSA livre (Sanchis-Bonet et al., 2018).

1.5.5. Densidade do PSA

A densidade de PSA refere-se ao valor de PSA total dividido pelo volume prostático determinado por ecografia.(Roobol, 2014)

O parâmetro da densidade do PSA (PSAD) correlaciona o nível de PSA total, com o volume da próstata para avaliar a probabilidade de uma biópsia positiva.(H. A. S. Castro et al., n.d.) É definido com o PSA total dividido pelo volume da próstata, determinado por ultrassonografia transretal. Níveis ≤0,15 ng/mL/cm3 foram associados a uma baixa probabilidade de Carcinoma de próstata. O PSAD também foi associado à agressividade do tumor.(Aminsharifi et al., 2018) Embora não seja amplamente utilizado, em parte devido à necessidade de medição ultrassonográfica da próstata.

As diretrizes atuais da AUA (American Urological Association) considera o PSAD como um teste secundário, com utilidade potencial para determinar a necessidade de realização de biópsia.(Kotb, Spaner, Crump, & Hyndman, 2018)

1.5.5. Velocidade do PSA

Na determinação da Velocidade do PSA, avaliam-se e comparam-se doseamentos repetidos desta análise, determinando a “velocidade”, o ritmo do aumento do valor do PSA.

Até determinados aumentos, essa subida será aceitável. Acima de determinados limites (o valor geralmente referido é o de 0,75ng/mL/ano), a suspeita é maior. Estes valores, no entanto, foram postos em causa em alguns trabalhos recentes, em que alguns autores afirmaram que mesmo com aumentos mais reduzidos poderíamos estar na presença de um tumor maligno.(Mikropoulos et al., 2018)

Apesar do PSA e as suas variantes serem os biomarcadores mais usados, a procura por um biomarcador prostático ideal tem conduzido a investigação científica no sentido de encontrar melhores biomarcadores. Na atualidade, apesar de haver vários biomarcadores em desenvolvimento, há dois biomarcadores prostáticos emergentes considerados promissores e que passamos a apresentar.

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1.5.6. PCA 3

Em 1999, foi descoberto um gene com expressão em células de CaP designado por PCA3 (Prostate Cancer Antigen 3). O PCA3 é um mRNA não codificante específico da próstata sendo significativa a expressão no tecido do CaP. O gene (PCA3) está sobre-expresso no CaP.(Birnbaum et al., 2015)

O teste de PCA3 mede o mRNA PCA3 e o mRNA PSA que também é expresso nas células prostáticas não malignas. A razão entre os dois define um valor que sugere a probabilidade de existir CaP.(Ferro et al., 2013) É sobretudo utilizado para decidir repetir a biópsia prostática em doentes com doseamento de PSA entre 4 e 10 ng/mL, mas com biopsia prévia negativa.(Filella et al., 2013)

O PCA3 não é influenciado por inflamação, idade, volume prostático ou a toma de inibidores da 5α-redutase. Não dá informações sobre a agressividade do CaP e não tem utilidade nos programas de vigilância ativa. Os níveis urinários de PCA3 foram associados ao grau de CaP, sugerindo um papel significativo no diagnóstico do CaP.(Luo, Gou, Huang, & Mou, 2014).O PCA3 é expresso apenas no tecido da próstata humana, tendo elevada expressão no CaP, devido ao seu perfil de expressão restrita, o RNA de PCA3 é útil como um marcador tumoral.(Mengual et al., 2016)

1.5.7. Sarcosina

A sarcosina é um aminoácido derivado da glicina produzido pelo organismo humano presente na urina, músculos e outras estruturas, que pode ser utilizada como biomarcador para o CaP.(Ferro et al., 2016)

A sarcosina também conhecida como N-metilglicina, com a fórmula química CH3NHCH2COOH, foi isolada e referida como um biomarcador do CaP. Vários

estudos evidenciam uma incidência crescente da sarcosina, como biomarcador relacionado com o CaP. Esta condição confirma o crescente interesse na sarcosina como um potencial marcador de CaP.(Ankerst et al., 2015)

A primeira publicação descrevendo a relação entre alterações do nível de sarcosina e progressão do CaP foi publicada na Nature por Sreekumar et al. em 2009. Desde então, a sarcosina tem sido investigada e descrita como um novo biomarcador de CaP.(Lucarelli et al., 2012)

A sarcosina foi identificada como um metabolito que tem um grande aumento durante a progressão do CaP e do processo metastização que pode ser detetado na urina.(Cernei et al., 2013)

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