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2.3 O PSF COMO ESTRATÉGIA DE MUDANÇA DO MODELO ASSISTENCIAL

O Programa de Saúde da Família (PSF) é considerado como um modelo de reorganização dos Serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) própria do Sistema Único de Saúde (SUS) (ANDRADE et cols, 2006).

Nascido em 1994, passou a ser designado como Estratégia de Saúde da Família (ESF), tendo obtido forte expansão após 1997 e principalmente no ano 2000 (SILVEIRA, 2006; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

A ESF é composta por equipes multiprofissionais com no mínimo um médico generalista ou de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitários de saúde, responsáveis pela atenção à saúde integral e contínua de aproximadamente 800 famílias (cerca de 3500 pessoas) residentes em um território dentro de limites geográficos pré-estabelecidos. Quando ampliada a equipe pode contar ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental (ANDRADE et cols, 2006).

O trabalho das equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde estabeleceu um importante movimento de reordenação do modelo de atenção no SUS. Procura uma maior racionalidade na utilização dos demais níveis

assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assistidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

A Estratégia de Saúde da Família é considerada um projeto dinamizador do SUS, expressão da evolução histórica do sistema de saúde no Brasil. A adesão de gestores estaduais e municipais aos seus princípios vêm consolidando sua rápida expansão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Possui como finalidade fazer avançar o SUS e substituir ou transformar o modelo tradicional de assistência à saúde, historicamente caracterizado como atendimento da demanda espontânea, eminentemente curativo, hospitalocêntrico, de alto custo, sem instituir redes hierarquizadas por complexidade e com baixa resolutividade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

As principais diferenças entre o novo modelo do PSF e o modelo hegemônico seria a saúde como qualidade de vida e não como ausência de doença; atenção definida no coletivo e não no individuo, de forma integral com ações de promoção, proteção, cura, e recuperação e não em ações predominantemente curativas (ANDRADE et cols, 2006).

Outras diferenças seriam ainda a hierarquização da rede de atendimento com articulação entre aos níveis de atenção primária, secundária e terciária e não dominado predominantemente pelo hospital; o funcionamento dos serviços baseados na organização da demanda e principalmente no acolhimento dos problemas da população adscrita e não só na demanda espontânea; valorização e estímulo da participação comunitária; e ainda o planejamento e programação de suas ações considerando o perfil epidemiológico populacional priorizando grupos mais vulneráveis e com maior risco de adoecer ou morrer (ANDRADE et cols, 2006).

A partir da territoralização e adstrição de clientela, as equipes de Saúde da Família devem estabelecer vínculo com a população, possibilitando o compromisso e a co-responsabilidade destes profissionais com os usuários e a comunidade, visando uma maior resolubilidade da atenção, integrada ao contexto de reorganização do sistema de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

A expansão e a qualificação da atenção básica, organizada pela Estratégia de Saúde da Família, são parte, atualmente do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Na visão do Ministério da Saúde é fundamental que se ultrapasse os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto

do SUS, para que se tenha efetiva responsabilidade pelo acompanhamento das famílias.

O Departamento de Atenção Básica (DAB), estrutura vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde, no Ministério da Saúde, tem a responsabilidade de desenvolver mecanismos de controle e avaliação, prestar cooperação técnica aos gestores na implementação e organização da Estratégia de Saúde da Família, desenvolver ações de atendimento básico como o de Saúde Bucal, Diabetes e Hipertensão, e ainda Alimentação e Nutrição.

Em janeiro de 2008, através da portaria ministerial nº 154, o MS implementou os “Nasf”; Núcleos de Apoio à Saúde da Família (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Estes Núcleos reunirão profissionais das mais variadas áreas de saúde, como médicos (ginecologistas, pediatras e psiquiatras), professores de educação física, nutricionistas, acupunturistas, homeopatas, farmacêuticos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais que tem como objetivo atuar em parceria e em conjunto com as equipes de Saúde da Família.

Os núcleos fazem parte do “Mais Saúde”, plano estratégico de saúde lançado em dezembro de 2007 e que contém ações para a ampliação da assistência e qualificação do Sistema Único de Saúde até 2011.

Segundo o MS, os Nasf devem entre muitas ações: desenvolver atividades físicas e práticas corporais; proporcionar educação permanente em nutrição; procurar ampliar e valorizar espaços públicos para convivência; estimular a prática da homeopatia e acupuntura; promover ações multiprofissionais para a reabilitação e redução da incapacidade e deficiências; além de abordar problemas vinculados à violência e ao abuso de álcool (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Dados divulgados pelo Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde em 2006 estabelecem que a ESF está implantada em aproximadamente 92% (5.124) dos 5.560 municípios brasileiros, contando com 27 mil equipes, sendo 15 mil de saúde bucal aproximadamente; com cobertura de 46% da população total brasileira, e com a participação de cerca de 220.000 Agentes Comunitários de

Saúde em 95% dos municípios (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Em Teresópolis, município do estado do Rio de Janeiro contemplado neste projeto de pesquisa, dados de Janeiro de 2008 a respeito da evolução do credenciamento e implantação da Estratégia de Saúde da Família confirmam uma cobertura de 32% de sua população de 151.000 habitantes (IBGE, população de

março de 2006), com a participação de 14 equipes e 83 Agentes Comunitários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).