• Nenhum resultado encontrado

PTdeficiência, com baixa escolaridade ou uma oferta insuficiente na prestação de

cuidados; reitera que a negociação coletiva é um fator decisivo para inverter e superar as desigualdades;

2. Faz notar que, na sequência da crise económica e financeira mundial de 2008, a pobreza no trabalho a nível da UE aumentou de 8 para 10 % e que a atual pandemia de

COVID-19 sem precedentes terá consequências económicas e financeiras mais graves, o que terá um impacto direto no aumento da pobreza, especialmente entre as mulheres e os grupos mais vulneráveis da sociedade, uma vez que os seus efeitos serão sentidos com maior intensidade pelos trabalhadores do setor dos serviços, do turismo, da restauração e hotelaria e da prestação de cuidados, pelos trabalhadores por conta própria, assim como pelos trabalhadores em situação de precaridade laboral, pelos trabalhadores temporários e sazonais, etc., entre os quais é maior a percentagem de mulheres; que tal também é válido para diversos outros setores económicos, que irão sofrer o impacto da perda de postos de trabalho, da redução dos salários e/ou do tempo de trabalho e do aumento das necessidades dos serviços de prestação de cuidados durante a pandemia;

3. Salienta que um aumento da pobreza feminina tem um impacto maior em toda a sociedade, uma vez que as mulheres tendem a ser as principais responsáveis pela aquisição das mercadorias de base e são fundamentais para a subsistência do agregado familiar; manifesta a sua preocupação com o impacto que tal terá em termos de pobreza infantil e chama a atenção para o facto de que, em 2017, as crianças da UE enfrentavam o maior risco de pobreza ou exclusão social de entre todos os grupos etários;

congratula-se, a este respeito, com o compromisso da Comissão de criar uma Garantia para a Infância;

4. Manifesta a sua preocupação pelo facto de a pandemia de COVID-19 e a consequente contração da economia irem prejudicar, de forma desproporcional, grupos de mulheres desfavorecidas, incluindo inter alia as mães solteiras, as mulheres migrantes e as

mulheres com baixos rendimentos, em trabalho precário e a tempo parcial, colocando-as em risco de pobreza, desemprego, exclusão social e/ou de perderem o seu alojamento; insta a Comissão a integrar a perspetiva de género em todas as iniciativas e programas de financiamento adicionais da UE, em particular no «Next Generation EU» e no

quadro financeiro plurianual 2021-2027 reforçado, a assegurar que a resposta de política económica à pandemia do COVID-19 seja adaptada às necessidades e experiências específicas das mulheres, bem como a propor financiamento específico para apoiar as mulheres em setores precários e informais e a estimular o microfinanciamento para as mulheres empresárias;

5. Destaca que, embora as taxas de pobreza entre as mulheres variem consideravelmente de um Estado-Membro para outro, o risco de pobreza e exclusão social é elevado para os grupos de risco a que pertencem as mulheres idosas, as mulheres solteiras, as mulheres com filhos e as mães solteiras, as mulheres refugiadas e migrantes, as mulheres de cor, as mulheres que pertencem a minorias étnicas, as mulheres

homossexuais, bissexuais e transgénero e as mulheres com deficiência, registando-se uma tendência média para que as mulheres sejam mais afetadas do que os homens pelo risco de pobreza e exclusão social (22,8% em 2018 na UE); constata que outros fatores de risco transversais, como a inatividade e a não disponibilidade de cuidados para crianças e familiares dependentes, tornam algumas categorias específicas de mulheres

PE647.047v02-00 36/49 RR\1223352PT.docx

PT

mais vulneráveis aos riscos de pobreza do que outras;

6. Salienta que uma em cada duas pessoas com antecedentes migratórios de fora da UE corre o risco de pobreza ou exclusão social, que os níveis de precariedade laboral são especialmente elevados entre mulheres migrantes e refugiadas e que aquelas que têm uma situação irregular ou de dependência enfrentam taxas de pobreza extremamente elevadas; destaca que quatro em cada cinco membros da comunidade cigana têm rendimentos inferiores ao limiar de pobreza e que menos de uma em cada cinco

mulheres ciganas (com idade igual ou superior a 16 anos) está empregada; salienta que a discriminação no acesso e na qualidade da educação, da formação e do emprego

contribuem para esta realidade; exorta a UE a trabalhar com os Estados-Membros para garantir a plena implementação dos padrões de emprego nacionais e da UE, sem qualquer tipo de discriminação, inclusive mediante mecanismos de monitorização, apresentação de queixas e indemnização que sejam eficazes, independentes e acessíveis a todos os trabalhadores;

7. Salienta que, segundo o Eurostat, existem atualmente 64,6 milhões de mulheres e 57,6 milhões de homens em situação de pobreza nos Estados-Membros, o que demonstra que o impacto da pobreza nas mulheres e nos homens é diferente; observa que estes

números mostram quantas mulheres são afetadas, devendo ser analisados em conjunto com outros indicadores, como a idade, esperança de vida, desigualdades de

rendimentos, disparidades nos salários entre géneros, tipo de agregado familiar, transferências sociais, para perceber o seu pleno significado; sublinha que é provável que a exposição das mulheres à pobreza seja subvalorizada e insta os Estados-Membros a recolherem dados sobre a pobreza de forma a refletir a realidade familiar e individual da pessoa, juntamente com os dados pertinentes sobre a igualdade, e a realizarem análises das questões de género nas estatísticas e políticas sobre a pobreza, uma vez que não se pode presumir que os recursos sejam partilhados equitativamente entre os

homens e as mulheres nos agregados familiares;

8. Considera que a prostituição é uma grave forma de violência e exploração que afeta maioritariamente mulheres e crianças; apela aos Estados-Membros que adotem medidas especificas de combate às causas económicas, sociais e culturais da prostituição e de apoio às pessoas prostituídas a fim de facilitar a sua reinserção social e profissional; 9. Regista com preocupação que a pobreza entre as mulheres aumenta com a idade,

sobretudo devido às desigualdades acumuladas ao longo das suas vidas (trabalho não remunerado de prestação de cuidados derivado da maternidade e outras

responsabilidades de prestação de cuidados), às diferenças de remuneração e de tempo de trabalho ao longo da vida, sendo as mulheres mais frequentemente a terem carreiras interrompidas, atípicas ou a tempo parcial, com pensões mais baixas daí decorrentes, às diferentes idades de reforma para homens e mulheres em alguns Estados-Membros e ao facto de mais mulheres idosas viverem sozinhas; lamenta que a disparidade de pensões entre homens e mulheres corresponda a cerca de 39 %, o que representa mais do dobro da disparidade salarial entre géneros e revela o agravamento ao longo do tempo do impacto resultante das desigualdades salariais; insta os Estados-Membros e a Comissão a trabalharem em conjunto para estabelecer um quadro da UE para os regimes de rendimento mínimo e aplicar medidas específicas para combater o risco de pobreza e de exclusão social das mulheres idosas, através do aumento das pensões das mulheres, permitindo que atinjam o mesmo nível das pensões dos homens, e da manutenção de

RR\1223352PT.docx 37/49 PE647.047v02-00

PT