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PTregimes de segurança social justos e solidários, a fim de assegurar uma remuneração

justa e digna após uma vida a trabalhar;

10. Salienta que a pobreza no trabalho pode ser tratada através de algumas das causas e aspetos que estão na sua génese, como a educação, a formação e os serviços de

prestação de cuidados, que são determinantes e devem, por isso, ser tidos em conta nas decisões políticas;

11. Realça que a pobreza entre as mulheres é um problema multifacetado, diretamente influenciado pela ausência de uma valorização justa do trabalho tipicamente

desempenhado pelas mulheres, pelo impacto das interrupções na carreira nas promoções e na progressão dos descontos para a pensão, pelo acesso desigual a contratos de

trabalho seguros e a condições de trabalho de qualidade, pela desigualdade na partilha da prestação não remunerada de cuidados e do trabalho doméstico, e pela segregação na educação e, posteriormente, no mercado de trabalho, o que significa que as mulheres representam a maior parte dos trabalhadores que auferem salários baixos; observa, por conseguinte, que, a fim de reduzir as desigualdades persistentes e a feminização da pobreza, devem ser promovidas e adotadas medidas e políticas em diversos domínios, desde a melhoria do ensino até à garantia de acesso e disponibilidade a preços acessíveis de serviços de acolhimento de crianças de elevada qualidade, no sentido de abordar sistematicamente a disparidade entre homens e mulheres no emprego e a segregação do mercado de trabalho; reitera, a este respeito, o seu apelo aos Estados-Membros para que transponham com celeridade e apliquem plenamente a Diretiva relativa à conciliação entre a vida profissional e a vida familiar;

12. Exorta a Comissão a introduzir outras iniciativas que favoreçam a criação de emprego para mulheres, especialmente para mulheres sujeitas a múltiplas formas de

discriminação, para não só reduzir a pobreza, mas também promover a qualidade do emprego e a sua independência financeira, evitando a precariedade laboral;

13. Insta a Comissão e os Estados-Membros a adotarem iniciativas para promover a capacitação das mulheres através da educação, da formação profissional e da aprendizagem ao longo da vida, bem como o acesso ao financiamento, o

empreendedorismo feminino e a representação das mulheres nos setores orientados para o futuro, com vista a garantir o acesso a emprego de qualidade; apela, em particular, a uma maior promoção das disciplinas CTEM, do ensino digital, da inteligência artificial e da literacia financeira, de modo a combater os estereótipos existentes e garantir que mais mulheres entrem nestes setores e contribuam para o seu desenvolvimento; 14. Salienta a importância de um diálogo regular entre as mulheres confrontadas com a

pobreza e os decisores, através de fóruns a nível nacional, regional e da UE, para monitorizar a eficácia das atuais políticas/serviços e sugerir soluções;

15. Recorda que 70 % dos trabalhadores a nível mundial nos setores social e da saúde, como médicos, enfermeiros e cuidadores, são mulheres; exorta a Comissão e os Estados-Membros a dirigirem o investimento público para a resposta às necessidades das prestadores de cuidados de saúde, como por exemplo no que respeita a

equipamentos de proteção, incluindo produtos sanitários, assim como a nivelarem de forma significativa os salários e as condições de trabalho em setores de forte

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16. Salienta a necessidade de garantir um financiamento adequado das ONG e destaca a necessidade de estas acederem a verbas da UE para prestarem serviços inovadores e eficazes no combate à pobreza;

17. Observa que a grande maioria dos comerciantes, os seus empregados e funcionários da limpeza são maioritariamente mulheres, com frequência a receberem apenas o salário mínimo, e constata, ademais, que a pandemia de COVID-19 fez aumentar ainda mais o seu risco de pobreza; salienta a necessidade urgente de uma ampliação do seu direito a licenças remuneradas, teletrabalho, trabalho a tempo parcial e melhor proteção social das mulheres com empregos precários ou que já tenham perdido os seus empregos, bem como a necessidade urgente de serem criadas redes de segurança socioeconómica para mulheres com empregos precários ou contratos precários;

18. Salienta a necessidade de garantir o acesso a serviços de acolhimento de crianças para todos os tipos de famílias e progenitores a desempenharem serviços essenciais, bem como de reforçar o apoio a famílias vulneráveis, incluindo os que cuidam de familiares com deficiências;

19. Exorta a Comissão a dar uma resposta a nível da UE que alargue o apoio às pequenas e médias empresas lideradas por mulheres, tanto durante a crise como depois;

20. Insta a Comissão a apresentar, o mais rapidamente possível, propostas para colmatar as disparidades salariais e nas pensões, em particular, através da defesa do princípio do salário igual por trabalho igual, e congratula-se com o seu compromisso de apresentar, antes de 2021, uma proposta sobre medidas vinculativas em matéria de transparência salarial, tal como referido na Estratégia para a Igualdade de Género 2020-2025, bem como, nomeadamente, de rever os objetivos de Barcelona e de explorar créditos de pensão para interrupções de carreira associadas à prestação de cuidados, podendo todas estas áreas ajudar a combater a pobreza com base no género e a promover a igualdade de oportunidades e a participação das mulheres no mercado de trabalho; insta, ademais, a Comissão a apresentar uma revisão atempada da Diretiva 2006/54/CE (Diretiva relativa à igualdade de tratamento) e a incluir a proibição de qualquer discriminação com base na orientação sexual, na identidade de género ou na mudança de género; 21. Exorta a Comissão a apresentar, logo que possível, uma ambiciosa Estratégia Europeia

para a Deficiência pós-2020 que inclua propostas para garantir uma sensibilização para os direitos legais, incluindo o direito ao trabalho e o direito ao emprego das pessoas com deficiência e medidas para encorajar a sua integração no mercado de trabalho e

promover a igualdade de oportunidades, dedicando especial atenção à situação que enfrentam as mulheres com deficiência e a soluções para enfrentar as formas de discriminação transversais;

22. Exorta a Comissão e os Estados-Membros a analisarem e darem sistematicamente resposta a todas as causas e formas da pobreza das mulheres que trabalham;

23. Lamenta que os trabalhadores do setor da prestação de cuidados estejam com frequência particularmente vulneráveis devido às más condições de trabalho e à falta de uma proteção social e laboral adequada, em especial os cuidadores domésticos, e que tradicionalmente a sua função seja subvalorizada; insta a Comissão a adotar uma estratégia da UE em matéria de prestação de cuidados, que combata os impactos sociais nas pessoas com responsabilidades de prestação de cuidados, que na esmagadora

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