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QUADRO 7: ÍNDICE DE RENOVAÇÃO (%) Quadros

No documento IZA VANESA PEDROSO DE FREITAS (páginas 89-92)

administrativos 1931-32 1932-34 1935-36 1937-39 Média Diretorias 33,33 12,5 30 28,57 26, 1 Conselhos diretores 5,88 52,63 65 10 41,93

A maior renovação que ocorreu na esfera das diretorias foi no biênio de 1931/1932 que representa sem dúvida os ventos “renovadores” da Revolução de 1930, ou melhor, que contempla o processo de ascensão de Magalhães Barata ao governo do Estado. Nos conselhos diretores, o maior índice de renovação ocorreu em 1935/1936, que contempla o processo de afastamento de Magalhães Barata da Interventoria do Pará.

Em um apanhado mais geral, durante a década de 30, a média de renovação foi cerca de 26 % nas diretorias e cerca de 42 % nos conselhos diretores. No entanto, isso não é o bastante para sustentarmos que houve, na década de 1930, uma grande renovação nos quadros administrativos do Instituto. Em verdade, levando em consideração o recorte de 1930 a 1939, sustentamos que não ocorreram grandes mudanças nos quadros institucionais do IHGP, nem do ponto de vista administrativo nem do ponto de vista social. É só atentarmos para a conclusão de Paulo Eleutherio, secretário perpétuo do IHGP, no relatório do biênio 1931- 1932 oferecido aos seus consócios e ao governo do estado:

O nosso quadro social vinha repousado, ha muitos annos, apenas registando alguma vez o ingresso de novos sócios. A essa situação chegamos a attribuir, no

começo da nossa administração, a vida pouco operosa do Instituto, no desdobramento de suas finalidades sociaes, parecendo mesmo que pela falta de renovação dos quadros de sócios bem que exgottavam ou se deprimiam as suas forças.

E, nesse pressuposto, cuidamos de trazer ao Instituto novos sócios, incumbindo-se desse trabalho de propaganda e cooperação o nosso consocio Jorge Hurley no seu

elogiavel proposito de injectar novas energias no organismo social.

Nos primeiros instantes dessa renovação, assim pareceu succeder, mas volvidos alguns mezes de trabalho, verificamos que, dos elementos novos, apenas uma reduzida facção comprehendera o nosso intuito, no acolhimento benevolo que a

todos prestamos. Muitos apenas compareceram á sessão em que eram

empossados e outros ainda não nos deram esse prazer... (RIHGP, 1933, p. 253,

grifo nosso).

Os esforços de Jorge Hurley, portanto, em renovar as forças no “organismo social” não foram suficientes para trazer novos sujeitos para a Associação, isto é, os ditos “novos tempos” da Revolução brasileira (1930) não foram capazes de estimular a entrada de novos sócios para IHGP, a “novidade” praticamente restringia-se ao discurso político difundido no interior da Associação.

Apesar de concordamos com Mônica P. Velloso (2003, p. 147), de que a Revolução de 1930 é um momento de crise que provoca mudanças históricas profundas. Nessa mesma perspectiva de crise e de mudanças, o período de 1930 é pensado por Maria Helena Capelato:

A década de 1930, (...), foi um período de grandes mudanças no país. Depois da “Revolução”, abriu-se um leque de possibilidades de caminhos e vários setores sociais propunham medidas diferentes para solucionar a crise que se abatera sobre o país (2003, p. 113/114).

Segundo Marly de A. Vianna, as transformações provocadas pela Revolução de 1930 foram sim significativas porque a Revolução de 1930 rompeu com a hegemonia da oligarquia cafeeira em especial da paulista (Cf. VIANNA, 2003, p. 67). Sugerimos, contudo, que as mudanças no interior do IHGP não acompanharam a mesma dinâmica política que se estruturou a partir da Revolução de 1930. Os quadros institucionais do IHGP podem ser tomados como exemplo dessas continuidades. Mas quanto à concepção de Amazônia construída por esses sujeitos históricos? Há novas representações de Amazônia introduzidas em 1930 pelos intelectuais sócios do Instituto? Essa é a questão que buscamos responder no próximo e último capítulo desta dissertação.

CAPÍTULO III

3) VISÕES DA AMAZÔNIA: ENTRE NATUREZA E

CIVILIZAÇÃO

A Amazônia, espaço histórico sobre o qual se produziram os mais diversos tipos de sentidos, torna-se, na nossa contemporaneidade, objeto especificamente privilegiado de intensa disputa discursiva travada pela miríade de atores que buscam, de diferentes contextos, dar uma definição, como que a última palavra sobre o que consideram o real significado desta região (DUTRA, 2002, p. 1, grifo do autor).

Assim Manuel Dutra inicia o artigo95 que escreveu no ano de 2002 sobre a hipótese de trabalho em sua Tese de Doutorado, na qual o autor analisa os discursos presentes na mídia contemporânea acerca da região amazônica. Interessa a Dutra a busca por parte desses diferentes atores pelo “real” significado da Amazônia. Mas, ressaltamos que essa busca é bastante antiga; ela persiste ainda hoje nos discursos desses atores porque como salientou o autor, a Amazônia é um “espaço histórico” na medida em que só pode ser pensada a partir da relação entre “tempo-espaço”, isto é, como lugar de história.

O enfoque deste capítulo é para a Amazônia dos anos 30. Buscamos aqui compreender como a região amazônica foi concebida no discurso dos intelectuais vinculados ao IHGP, discurso esse que localiza tais sujeitos históricos como produtores de significados acerca da região em uma temporalidade social, na qual se constrói o imaginário da Revolução de 1930 e a legitimidade do Interventor de Magalhães Barata.

Devemos atentar para o fato de que, nesse contexto, a Amazônia aparece investida de representações e de conceitos próprios de uma historicidade, na qual se amadurece a retórica acerca das visões modernas da região. Com a força do apelo modernizador nos anos 30, a representação da Amazônia recrudesce como “natureza e civilização” através de um

95 DUTRA, Manuel. Re-vendo a Amazônia na TV: você já ou-viu como é difícil dizer coisas novas? Belém:

NAEA, 2002. Esse artigo é um resumo da tese de doutorado de Manuel Dutra que nesse período ainda estava em fase de conclusão, tal artigo foi apresentado pelo referido professor no curso de especialização em Direito Ambiental e Políticas Públicas do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Pará (CCJ/UFPA).

processo de recriação social onde a idéia de progresso torna-se a chave de compreensão dos significados produzidos pela intelectualidade acerca dessa região.

No documento IZA VANESA PEDROSO DE FREITAS (páginas 89-92)