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QUADRO 3 DISTRIBUIÇÃO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Distribuição das disciplinas do curso de Geografia e História por séries

1ª Série História da Civilização Geografia Física Antropologia Geografia Humana 2ª Série Geografia Física História da Civilização História do Brasil Etnologia Geografia Humana 3ª Série História da Civilização Geografia do Brasil Etnografia do Brasil

Fonte:Quadro elaborado com fundamento no Regimento Interno da – FCFSe

As informações dispostas no quadro acima demonstram, em destaques nossos, o lugar privilegiado da Antropologia e suas ramificações no currículo do Curso de Geografia e História. Como disciplina e campo de saberes a Etnografia do Brasil foi introduzida a partir do terceiro ano e, por seus conteúdos, o Professor Felte Bezerra compartilhou os saberes que compunham a sua acepção etnográfica, fosse pelo cumprimento do programa formatado pela Faculdade Nacional de Filosofia, fosse por sua adesão às influências de antropólogos presentes na década de 50 do século XX.

O Curso de Geografia e História era considerado de caráter ordinário, classificação atribuída àqueles cursos que dispunham de uma condição coletiva de disciplinas afins e de estudos necessários como condição imprescindível para obtenção de um diploma. Dentre estas disciplinas, a Etnografia do Brasil formava junto com as disciplinas de História do Brasil, Geografia do Brasil, História da América e História Contemporânea, a terceira série do curso.

É importante ressalvar que a conclusão do curso conferia ao discente o diploma de bacharel em Geografia e História. Para tornar-se licenciado seria preciso concluir mais um ano do curso de Didática composto pelas disciplinas de Didática Geral, Didática Especial, Psicologia Educacional, Administração Escolar, Fundamentos

Biológicos da Educação e Fundamentos Sociológicos da Educação.33 Na Ata da 11ª reunião do Conselho Técnico-Administrativo (CTA), realizada no dia 9 (nove) de novembro do ano de 1953, o então Diretor, Padre Luciano Cabral Duarte, comunicou sobre a solicitação de autorização ao Ministério da Educação e Cultura, o funcionamento do curso de Didática

O sr. Diretor passou então a falar a respeito do Curso de Didática, que deverá começar a funcionar no próximo ano de 1954. Comunicou aos presentes que a Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, havia requerido ao Ministério de Educação e Cultura a necessária autorização para fazer funcionar o referido Curso, e informou que no mês de outubro, estivera na Faculdade o dr. Hermilo Guerreiro, Inspetor Federal, procedendo à inspeção de praxe. Disse ainda o sr. Diretor esperar que no início do próximo ano tudo estará resolvido e o Curso de Didática poderá funcionar normalmente. (ATA DA 11ª REUNIÃO, 1953, p.14)34.

As atas, os programas, as cadernetas, dentre outros vestígios, foram elementos que nortearam a compreensão do enredo que se formou em torno da disciplina de Etnografia do Brasil, bem como as contribuições do seu ator principal, o Professor Felte Bezerra. A História então foi se desenhando a partir de alguns questionamentos basilares para compreensão deste emaranhado de resquícios deixados a posteridade. Qualquer narrativa construída sobre a sua trajetória, implicaria em questionamentos como: quais os seus conteúdos? O que determinava o programa? Quem selecionava o que deveria ser ensinado aos futuros professores? De que forma se verificava a aprendizagem? Quem eram os seus alunos? Dentre outros.

As questões em História da Educação surgem com uma provocação às fontes em busca do fio condutor da pena do historiador. Por elas abrolham os ditames da escrita e a apresentação da “verdade” do pesquisador. O pó que se assoprou sobre as cicatrizes assentados na disciplina de Etnografia do Brasil também nos fez refletir sobre a mística do “Super Humano”, percebendo o Professor Felte Bezerra como um indivíduo com suas virtudes e também limitações, contributivo e ambicioso, dentre outros traços, típicos das inter-relações humanas. Um forte traço dessa condição foi a inquirir, por

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A louvação aos licenciados se dava pelos juramentos postos no artigo 139, § 2º “[...] Prometo, no exercício da minha profissão, cumprir, fielmente; os deveres da honra, da ciência e do magistério e tudo fazer quanto o permitam as minhas forças pela educação nacional e pela grandeza do Brasil.” E § 3º “[...] Receberei este anel como símbolo do grau que vos confiro. Podeis exercer o magistério para o qual acabais de ser licenciado.” Todos do Regimento Interno da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe. 34 Em 19 de janeiro de 1954 é autorizado por Decreto nº 34.961, o funcionamento do Curso de Didática pelo Presidente Getúlio Vargas. Na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, o Diretor, Padre Luciano Cabral Duarte,, sugere o nome do Professor Felte Bezerra para titularidade para cadeira de Didática Especial de Geografia e História.

exemplo, sobre os seus programas, visto que, cabia ao professor catedrático elaborá-lo, ainda que com a condição dependente de revisão de um Conselho Técnico- Administrativo (CTA)35 e da aprovação da Congregação36. De uma ou de outra forma, a disciplina tem proximidade com a batuta do seu titular e carrega os traços das suas ações pedagógicas. As indagações levantadas nos deram as condições de apresentar as nossas facetas da História de uma disciplina acadêmica em confluência com a História do seu titular.

Os programas como fonte de investigação da disciplina Etnografia do Brasil tinham o caráter de cumprimento total obrigatório e deveriam ser apresentados até o dia 31 de dezembro, data prevista nas obrigações dos professores no Regimento Interno, em seu inciso II, artigo 110, sob pena de incorrer nas sanções da congregação (advertência, e desconto em folha), caso não apresentassem em tempo hábil os pontos para as provas e não lançassem as notas da mesma nas datas previamente estabelecidas no Regimento Interno.

A elaboração do Programa da Disciplina Etnografia do Brasil seguiu, assim como os das demais disciplinas, o mesmo adotado pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil. No primeiro semestre do ano de 1953, é possível observar na Ata da 9ª reunião do CTA (Conselho Técnico-Administrativo) da instituição, a apresentação dos programas do cinco cursos da FCFSe e o procedimento de revisão e submissão à Congregação para aprovação. Presente o Professor Felte Bezerra apresentou o Programa da disciplina Etnografia do Brasil conforme quadro abaixo.

35 Órgão deliberativo formado por seis professores catedráticos em exercício, eleitos pela Congregação e renovado anualmente com eleição de dois membros. Dentre outras atribuições tinha a função de revisar os programas de ensino, observando a sua vinculação e obediência ao que exigia o regulamento interno. (Art. 91 – Regimento Interno da FCFSe).

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Órgão Superior de direção didática formado por professores catedráticos, por docentes livres no exercício de suas cadeiras e por representantes dos docentes livres, eleitos anualmente pelos seus pares em eleições presididas pelo Diretor da FCFSe e pelos professores contratados. Dentre outras atribuições, possui a função de aprovar os programas depois de revistos pelo CTA, conforme disposto no artigo 96, V do Regimento Interno da Instituição em epígrafe.

QUADRO 4 – PROGRAMA DE ENSINO DO PRIMEIRO SEMESTRE DO ANO