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A preocupação com a qualidade transcendeu a academia, os institutos de pesquisas e passou a ser uma questão estratégica para a política econômica e tecnológica do País. Desde a década passada vem ganhando espaço e conquistando seu lugar de destaque no cenário político brasileiro, em função das grandes e rápidas mudanças no cenário da economia mundial, que têm forçado países como o Brasil a adotar uma estratégia de desenvolvimento marcada pela associação de “capital humano, tecnologia e flexibilidade institucional” (SOFTEX, 2001).

Segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT 2002, p. 1)14, o Brasil vem “desenvolvendo uma política estruturante para o setor de informática, apoiada em três pontos fundamentais”, a saber: o primeiro ponto está relacionado com o desenvolvimento de

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hardware, buscando a inovação tecnológica; o segundo, está baseado numa política de desenvolvimento de software e, o terceiro, está relacionado com a reestruturação e desenvolvimento do setor de Micro-eletrônica.

Para o MCT (2002, p. 1), esses pontos em conjunto ou isoladamente, visam “criar condições de modificação do cenário das tecnologias de informação no País, no seu conceito de produção, viabilizando a participação do setor no mercado internacional”.

Ainda segundo o MCT (2002, p. 1), o “grande desafio é a inserção do Brasil na nova ‘economia digital’, onde o setor de software desponta como agente crítico da participação brasileira nesta economia globalizada e transnacional, em cenário altamente competitivo”.

A atual política de software propõe uma nova abordagem para a formação de recursos humanos na área, com implantação de fábricas de software como regime de complementação da formação, uma auto regulamentação desafiadora para o setor, ações relacionadas com a estruturação de marketing internacional e programa de parcerias entre empresas dos diversos países, para incentivar a expansão de mercado desta indústria, criando uma gestão em conjunto com o setor privado e acadêmico, que permite um constante direcionamento das ações num setor onde o dinamismo é a principal característica (MCT, 2002, p. 1).

Partindo de parcerias com órgãos governamentais, empresas privadas e instituições de ensino, a política brasileira para este setor, além de buscar a excelência, no caso da produção de software, visa também fomentar o desenvolvimento de outros setores econômicos, criando ainda, oportunidades para reduzir as diferenças sociais do País. A Figura 13 (SOFTEX, 2001, p.1)15, ilustra a parceria com os diversos segmentos da sociedade, que segundo a Sociedade SOFTEX garante o sucesso de um projeto coletivo e dá uma idéia da importância estratégica da política adotada pelo governo em conjunto com esses segmentos da sociedade, relativa ao setor de Tecnologia da Informação.

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Figura 13. Q&P em software: um projeto coletivo 16

A Associação para Promoção da Excelência para o Software Brasileiro (SOFTEX)17 “é responsável pela gestão do Programa SOFTEX, um dos mais importantes instrumentos de apoio à produção e comércio do software brasileiro”. Suas ações visam promover a competitividade da Indústria de Software, Internet e Comércio Eletrônico no país e a qualificação de recursos humanos para o setor.

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Fonte: Documento “Qualidade e Produtividade em Software no Brasil – O Sucesso de um Projeto Coletivo”. Disponível em http://www.mct.gov.br/upd_blob/2700.pdf.

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A SOFTEX está presente em quase todo o território brasileiro, por meio de uma rede de agentes – os quais prestam apoio operacional às empresas de software – que juntamente com instituições parceiras promovem ações tecnológicas e de mercado para capacitar as empresas de software.

Para a SOFTEX18, “o caminho para a excelência do software brasileiro passa pela qualidade. É por isso que avaliar os indicadores de qualidade e produtividade das empresas sempre foi uma das preocupações da SOFTEX”. Para tanto, conta com o apoio de equipe do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em Software.

O PBQP foi criado com o objetivo de incentivar a indústria nacional de software a atingir padrões de Q&P (Qualidade e Produtividade). “O PBQP organiza pesquisas, fóruns e

workshops para promover a troca de experiências, gerar novos negócios e conscientizar os

empresários da importância da qualidade (grifo nosso) para o setor” (SOFTEX, 2005, p. 1). Tem também o propósito de ajudar o esforço de modernização da indústria por meio da promoção da qualidade e produtividade, em busca de padrões internacionais e aumento de competitividade.

A cada dois anos, as empresas de software passam por um diagnóstico da qualidade organizado pela SEPIN/MCT, onde são analisadas a qualidade e a produtividade das organizações por meio de pesquisa direta. “Boa parte desse resultado pode ser creditado ao Sistema SOFTEX que, por meio de seus Agentes, realiza ações locais para qualificar empresas com as certificações mais importantes ao setor” (SOFTEX, 2005, p. 1).

Como parte desse diagnóstico, vem sendo realizada uma pesquisa desde a década de 90, visando avaliar o conhecimento e a aplicação de normas e modelos de qualidade, bem como a certificação das empresas segundo essas normas e modelos.

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Disponível em: www.softex.cgi/cgilua.exe/start.htm?sid=33.

Pesquisa sobre “Qualidade e Produtividade no Setor de Software Brasileiro - 2005”, com 701 empresas participantes e com 488 formulários completos, possibilitou o levantamento de informações relevantes sobre empresas produtoras de software, conforme mostram as Figuras 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20.

Figura 14. Qualidade dos processos 19

Por meio da Figura 14, que ilustra a situação das empresas pesquisadas com relação ao conhecimento – no que tange a qualidade dos processos - das mesmas com respeito aos

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modelos e normas que tratam da melhoria da qualidade de processos de software, pode-se constatar que a grande maioria do universo de empresas pesquisadas tem conhecimento dos modelos CMM, CMMI e das normas ISO 12207 e 15504.

A Figura 15 ilustra – ainda em relação à qualidade dos processos - o percentual de empresas que conhecem, porém não usam; começam a usar; utilizam sistematicamente e; não conhecem processos para melhoria da qualidade.

Figura 15. Melhoria do processo de software20

Como pode ser constatado, numa rápida comparação entre as Figuras 14 e 15, não obstante o elevado percentual de empresas que conhecem os modelos e normas para melhoria da

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Disponível em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/2674.pdf.

qualidade de processos, o percentual de empresas que utilizam tais modelos e normas para a melhoria da qualidade de seus processos corresponde ao percentual mais baixo.

Em relação ao percentual referente ao conhecimento das empresas com relação aos modelos e às normas para melhoria da qualidade de processo, pode-se perceber claramente por meio das Figuras 16, 17 e 18, que o percentual de conhecimento das empresas teve um crescimento grande e rápido. Em 1995, 86% (oitenta e seis por cento) das empresas não conheciam o CMM, contudo, em dez anos esse percentual baixou significativamente em 2005, para 10% (dez por cento), conforme ilustrado na Figura 16.

Figura 16. Conhecimento do CMM21

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O mesmo pode ser verificado em relação ao conhecimento das empresas com respeito às normas relacionadas à qualidade de processos, tais como a ISO 12207 (processos de ciclo de vida de software) e a ISO 15504 (avaliação de processo de software).

Conforme pode ser visto por intermédio da Figura 17, num período ainda mais curto, houve uma diminuição significativa - de 75% em 1997 para 19% - do percentual de empresas que não possuíam conhecimento da norma ISO 12207, sendo que os decréscimos mais significativos ocorreram entre o ano de 1999 e o ano de 2001 e entre o ano de 2001 e o ano de 2005.

Figura 17. Processos de ciclo de vida de software22

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A Figura 18, por sua vez, ilustra o decréscimo ocorrido em relação ao conhecimento das empresas pesquisadas, quanto à norma ISO 15504, ao longo de um período que abrange os anos de 1997 a 2005. Como se pode observar, em 1997, 82% (oitenta e dois por cento) das empresas não tinha conhecimento da norma ISO 15505, enquanto que em 2005, apenas 21% (vinte e um por cento) das empresas desconheciam tal norma. Pode-se observar também, que a diminuição mais significativa, ocorreu entre os anos de 1999 e 2001, cujo decréscimo de 30% (trinta por cento) do percentual de empresas que não possuíam conhecimento da norma ISO 15504.

Figura 18. Avaliação de processo de software23

Em relação à qualidade de produtos, a Figura 19, ilustra o percentual obtido, no que concerne ao conhecimento das normas para melhoria da qualidade de produtos de software por parte

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das empresas contempladas por dita pesquisa e, novamente, o percentual referente ao conhecimento das empresas referente a essas normas é alto. Contudo, pode-se observar que o percentual se mantém praticamente o mesmo para todas as normas, com uma pequena variação, com respeito à norma 9126-1. É interessante e importante ressaltar, que em 2002, o percentual das empresas que não conheciam essa norma, era de 34% (trinta e quatro por cento), portanto, àquela época, 2% (dois por cento) a mais de empresas desconheciam as normas em questão.

Figura 19. Qualidade dos produtos24

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Com relação à Qualidade e Produtividade no Setor de Software Brasileiro, a pesquisa citada anteriormente, é uma “pesquisa direta, junto a organizações desenvolvedoras de software no Brasil, visando identificar o estágio atual da qualidade e produtividade neste setor e, fundamentalmente, direcionar ações dos diversos agentes responsáveis pela formulação e execução da Política de Software no Brasil” (MCT/SEPIN, 2001, p.2).

No que tange ao Diagnóstico da Qualidade em Software no Brasil – A Evolução, um dos objetivos dessa pesquisa é fazer uma “análise da evolução histórica da qualidade no setor de software brasileiro cobrindo indicadores obtidos a partir de resultados de pesquisas diretas realizadas a cada dois anos, desde 1993, junto a empresas desenvolvedoras de software no Brasil” (MCT/SEPIN, 2001, p.4).

A Figura 20 ilustra a evolução, desde 1997 até julho de 2005, do número de empresas qualificadas segundo o CMM. Nota-se que houve um acréscimo de 4.900% (quatro mil e novecentos por cento) entre os anos de 1997 e 2005 e, com exceção de 98, 99 e 2000 cujo percentual se manteve estável, houve um crescimento vertiginoso nos demais anos. A diferença, em termos de quantidade, de 1997 para 2005 é bastante significativa e mostra que o setor vem envidando esforços em busca da qualidade.

A integração de agentes, parcerias e empresas associadas, aliadas à estreita relação da SOFTEX com o MCT, evidenciam claramente a preocupação e os esforços envidados no sentido de alçar o setor de software à categoria de bem estratégico para a economia e política do País.

Figura 20. Qualificação CMM no Brasil25

O MCT, por intermédio da Secretaria de Política de Informática (SEPIN), está empenhado em organizar as Pesquisas de Qualidade e Produtividade no Setor de Software Brasileiro. Essa pesquisa foi concebida em 1993 no âmbito do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade de Software – PBQP Software, o qual tem os seguintes objetivos:

Atingir padrões internacionais de qualidade e produtividade no setor de software e estimular a adoção de normas, métodos, técnicas e ferramentas a qualidade e da engenharia de software, promovendo a melhoria da qualidade dos processos, produtos e serviços de software brasileiro, de modo a tornar as empresas mais capacitadas a competir em um mercado globalizado (MCT, 2002, p. 2)26

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Disponível em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/2674.pdf.

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O PBQP é composto por voluntários ligados ao governo, academia e setor privado, interessados na melhoria da qualidade e produtividade do software brasileiro. Busca-se, por meio do PBQP, especificamente, a melhoria contínua do grau de satisfação dos seus clientes, da qualidade de vida no trabalho e no país, e da lucratividade e competitividade das empresas brasileiras.

O trabalho realizado ao longo de mais de uma década, em parceria com vários segmentos representantes da classe política, econômica e acadêmica, fruto de uma política implantada para o setor de software, balizam o MCT a realizar prognósticos alvissareiros para esse setor no Brasil.

Há bases de dados históricos nacionais que permitem afirmar que o Brasil tem projetos e estratégias na direção do alcance de padrões internacionais efetivos em qualidade e produtividade no setor de software, existindo evidências de que a qualidade de software no País tem apresentado tendência de melhoria contínua (MCT, 2002, p. 2)27.

Os resultados apresentados demonstram que os esforços conjuntos dos diversos segmentos envolvidos na a política têm sido significativos para o setor de software no Brasil.

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