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RESUMO - Objetivou-se com este trabalho monitorar o ambiente de armazenamento e avaliar o comportamento das sementes de soja em relação à qualidade fisiológica mês a mês. O ambiente de armazenamento foi monitorado através da mensuração da temperatura e umidade relativa do ar. Utilizou-se 6 lotes de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO, que foram avaliadas a cada 30 para germinação, primeira contagem de germinação, tetrazólio, viabilidade, condutividade elétrica, teor de água e peso de mil sementes. Pode-se observar que a qualidade fisiológica das sementes dos 6 lotes reduziu ao longo do período de armazenamento em todos os parâmetros avaliados. Conclui-se que a temperatura e umidade relativa do ambiente influenciam o comportamento das sementes ao longo do armazenamento.

Palavras-chave: Glycine max (L.) Merrill, qualidade fisiológica, temperatura

QUALITY OF SOYBEAN SEEDS DURING STORAGE

ABSTRACT: The goal was to monitor the storage environment and evaluate the soybean seeds behavior in relation to physiological quality, month to month. The storage was monitored by measuring temperature and relative humidity. Six soybean seeds lots, cultivar M7739 IPRO, were used, which were evaluated every 30 days for germination, tetrazolium, viability, electrical conductivity, water content and thousand seed weight. It could be observed that the six lots seed’s physiological quality was reduced throughout the storage period for all evaluated parameters. It is concluded that the temperature and relative humidity of the environment influences the behavior of the seeds during storage.

1. Introdução

A soja, Glycine max (L.) Merrill, é considerada uma cultura de importância mundial que vem sendo amplamente utilizada para a elaboração de rações animais, produção de óleo e outros subprodutos, além do seu consumo in natura, que vem se expandindo nas últimas décadas (ARAÚJO, 2009).

Segundo França Neto (2016), o sucesso da lavoura de soja depende de diversos fatores, mas sem dúvida, o mais importante deles é a utilização de sementes de elevada qualidade, que geram plantas de alto vigor e que terão um desempenho superior no campo. A qualidade fisiológica representa meta prioritária no processo de produção de sementes de qualquer espécie, uma vez que dela depende a germinação adequada e a emergência de plântulas (MARCOS FILHO, 2013).

O armazenamento é uma etapa fundamental no processo de produção, através do qual é possível manter a qualidade das sementes obtida no campo até a semeadura.

São muitos fatores que afetam a eficiência do armazenamento, dentre eles podemos destacar a qualidade inicial das sementes, a temperatura e a umidade relativa do ar.

A temperatura e a umidade relativa do ar são determinantes no processo de perda de viabilidade de sementes e alterações na qualidade do produto durante o armazenamento e (KONG et al., 2008; MALAKER et al., 2008).

Neste contexto, avaliar a qualidade de sementes de soja ao longo do armazenamento assume papel importante na produção de sementes, principalmente em regiões onde as condições climáticas não são adequadas para esse fim.

O objetivo com este trabalho foi monitorar o ambiente de armazenamento das sementes de soja no período de entressafra e avaliar o comportamento das sementes em relação à qualidade fisiológica mês a mês.

2. Material e Métodos

A rotina de armazenamento de 6 lotes comercias de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO, foram acompanhadas durante a safra 2016/17. O ambiente de armazenamento das sementes foi monitorado a partir da mensuração da temperatura e umidade relativa do ar do local, que foi registrada a cada 1 hora por instrumentos portáteis de coleta e armazenamento de dados.

Os lotes de sementes de soja utilizados no trabalho foram obtidos em campos de produção de sementes, localizados em Campo Novo do Parecis, no Estado de Mato Grosso, coordenadas geográficas 13°47'26.7"S e 57°20'07.6"W. Foram coletadas amostras logo após o beneficiamento para caracterização inicial dos lotes e, a cada 30 dias, entre os meses de março e outubro de 2017, para a realização das análises fisiológicas.

As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Sementes da Embrapa Agrossilvipastoril, localizada em Sinop – MT.

Foram determinados o Peso de Mil Sementes (PMS) de acordo com recomendações da RAS (Regras para Análise de Sementes), utilizando-se oito repetições de 100 sementes. Para o Teor de Àgua, utilizou-se duas repetições de 50 sementes, que foram pesadas e colocadas em estufa à 105 ± 3°C por 24 horas (BRASIL, 2009).

Os parâmetros avaliados foram germinação, primeira contagem de germinação, condutividade elétrica, vigor e viabilidade pelo Teste de Tetrazólio.

No teste de Germinação utilizou-se quatro sub-amostras de 50 sementes. O teste foi realizado em papel toalha para germinação, na forma de rolo, umedecido com água destilada na quantidade de 2,5 vezes o peso do papel e colocados para germinar em germinador vertical, tipo BOD, previamente regulado à temperatura de 25°C. As avaliações foram feitas aos cinco e oito dias após a semeadura, seguindo as prescrições contidas nas Regras para Análises de Sementes (BRASIL, 2009), considerando o número de plântulas normais. O conjunto de rolos de papel e sementes foi acondicionado em sacos plásticos conforme metodologia desenvolvida por Coimbra et al. (2007).

A Primeira Contagem de Germinação seguiu a metodologia do teste de germinação descrita acima, com avaliação considerando plântulas normais no quinto dia após semeadura.

Para a Condutividade Elétrica, foram pesadas quatro sub-amostras de 50 sementes para cada tratamento, as quais foram colocadas em copos plásticos, onde ficaram submersas em 75 ml de água destilada por um período de 24h. Após a embebição, à temperatura de 25ºC, a condutividade elétrica foi determinada com auxílio de um condutivímetro (Digimed, DM-32) com resultados expressos em umhos/cm/g de sementes (μS.cm-1.g-1), de acordo com o método descrito por Vieira e Krzyzanowski (1999).

No teste de Tetrazólio, as sementes foram pré-umedecidas entre papel toalha para germinação, acondicionadas em germinador do tipo vertical, BOD, à 25°C por 16 horas. Após esse período as sementes foram imersas em solução de sal cloreto 2,3,5 trifenil tetrazólio, com concentração de 0,075% e acondicionadas em BOD a 41ºC por três horas onde permaneceram no escuro. Após este período as sementes foram lavadas em água corrente e mantidas submersas em água até o final da avaliação. Para avaliação, as sementes foram seccionadas longitudinalmente dividindo-se o eixo embrionário ao meio, para facilitar a avaliação dos danos. A avaliação de viabilidade e vigor foi realizada conforme metodologia proposta por França Neto et al., (1999). Neste teste foram utilizadas 100 sementes, divididas em duas repetições de 50 sementes.

Foi utilizado delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os tratamentos corresponderam a oito intervalos de tempo de avaliação. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste Tukey, a 5% de significância.

3. Resultados

Nas Figuras 1 e 2 estão as médias de temperatura (°C) e umidade relativa do ar (UR %) mensais do ambiente de armazenamento, respectivamente. Pode- se observar uma variação expressiva na temperatura do armazém das sementes ao longo dos meses de armazenamento. A temperatura média mensal mais

elevada ocorreu nos meses de março, abril, maio e outubro, onde foram registradas médias mensais em torno de 26°C. A temperatura máxima registrada foi 33,7°C, em outubro, no momento de embarque das sementes, e a mínima foi de 16,6°C, no mês de julho (FIGURA 1).

Figura 1. Temperatura (T°C) máxima, média e mínima mensal do ambiente ao longo do tempo de armazenamento das sementes de soja. M: março; A: abril; M: maio; J: junho; J: julho; A: agosto; S: setembro; O: outubro. Sinop, MT, 2018

É possível observar uma variação expressiva na umidade relativa do ar do armazém, que apresentou comportamento semelhante ao da temperatura, com queda e posterior aumento no final do período de armazenamento (FIGURA 2). 10 15 20 25 30 35 40 M A M J J A S O T° MÁX T° MIN T° MÉDIA

Figura 2. Umidade relativa (UR %) máxima, média e mínima mensal do ambiente ao longo do tempo de armazenamento das sementes de soja. M: março; A: abril; M: maio; J: junho; J: julho; A: agosto; S: setembro; O: outubro. Sinop, MT, 2018.

Na Tabela 1 encontram-se os dados referentes à caracterização inicial dos 6 lotes de sementes de soja avaliados.

Tabela 1. Peso de mil sementes (PMS), germinação (G), primeira contagem de germinação (PC), vigor pelo teste de tetrazolio (VTZ), viabilidade (VB) e condutividade elétrica (CE), de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO. Sinop, MT, 2018.

Lote PMS (g) G (%) PC (%) VTZ (%) VB (%) CE (μS.cm- 1.g-1) 1 158 C 93 AB 85 A 77 A 100 A 77,8 B 2 184 B 95 A 78 AB 88 A 98 A 64,6 A 3 213 A 93 AB 84 A 91 A 99 A 62,8 A 4 152 C 96 A 65 BC 80 A 99 A 90,3 C 5 156 C 91 AB 57 C 78 A 99 A 76,9 B 6 180 B 84 B 58 C 78 A 99 A 73,3 AB Média 174,44 91,58 71,00 82,00 99,00 74,30 CV 3,2 4,68 11,06 6,21 1,16 6,29 DMS 8,34 9,63 17,64 20,29 4,59 10,51

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 M A M J J A S O UR MÁX UR MÍN UR MÉDIA

O PMS permitiu separar os lotes em 3 classes de tamanho, sendo o maior o lote 3 e os lotes 1, 4 e 5 de menor tamanho. Pode-se observar que os 6 lotes possuíam uma germinação alta, entre 84 e 96%, havendo diferença entre os lotes, sendo o lote 2 e 4 superiores ao lote 6. O vigor de primeira contagem de germinação permitiu estratificar os lotes em 2 classes de vigor, sendo os lotes 1 e 3 lotes de vigor superior aos lotes 5 e 6. Através da condutividade elétrica foi possível separar os lotes em 3 classes de vigor. Destacam-se o lote 2 e 3 como superiores e o lote 4 como inferior. O vigor e a viabilidade obtidos através do teste de tetrazólio não apresentaram diferença entre os lotes analisados.

Na Tabela 2 encontram-se os dados referentes ao teor de água das sementes ao longo do período de armazenamento.

Tabela 2. Teor de água de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018.

Teor de Água (%) Lote Período de Armazenamento M A M J J A S O 1 11,98 9,96 11,75 9,24 6,16 6,05 8,49 8,74 2 11,73 9,92 11,86 7,40 6,30 6,23 8,58 9,00 3 11,86 10,13 11,75 9,10 6,24 6,25 8,39 8,86 4 11,70 10,07 11,74 9,37 6,16 6,26 8,25 9,02 5 11,82 10,02 12,00 10,85 5,87 6,06 8,45 9,57 6 11,92 10,84 11,44 9,48 6,21 6,19 8,37 9,21 Média 11,08 10,15 11,75 9,24 6,15 6,17 8,42 9,06

M: março; A: abril; M: maio; J: junho; J: julho; A: agosto; S: setembro; O: outubro

Pode-se observar que os 6 lotes foram armazenados inicialmente com teor de água adequado para sementes de soja, próximo à 12%. Porém, ao longo do armazenamento houve uma queda gradativa no teor de água das sementes, chegando a níveis muito baixos nos meses de julho e agosto, com médias de 6,15 e 6,17%, respectivamente. Nota-se que nos meses de setembro e outubro o teor de água das sementes torna a aumentar, chegando a média de 9,06%.

Na Tabela 3 estão os dados referentes a germinação dos 6 lotes de soja analisados durante o armazenamento.

Tabela 3. Germinação de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018.

Germinação (%) Intervalo (dias) Lote 1 2 3 4 5 6 Média 0 93 A 95 A 93 A 96 A 91 A 84 AB 92 30 91 A 89 A 90 AB 96 A 91 A 84 AB 90 60 81 AB 85 A 87 ABC 83 AB 86 AB 90 A 85 90 68 BC 88 A 92 A 68 CD 74 BC 84 AB 79 120 68 BC 83 AB 81 ABC 70 BCD 76 BC 82 AB 77 150 76 AB 80 AB 78 BC 76 BC 71 C 83 AB 77 180 64 BC 80 AB 75 C 56 DE 56 D 71 BC 67 210 50 C 66 B 53 D 53 E 36 E 59 C 53 Média 73,8 83,3 81,1 74,8 72,6 79,6 77,5 CV 12,38 8,55 6,99 8,41 7,43 9,54 DMS 21,35 16,65 13,25 14,68 12,62 17,72

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey à 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

Pode-se observar na Tabela 3 que houve queda na germinação dos 6 lotes de sementes de soja ao longo dos oito meses de armazenamento. Observa-se que os lotes mostraram comportamento diferente em relação à queda na germinação. Os lotes 1, 4 e 5 mantiveram o padrão para comercialização, de 80%, até o terceiro mês de armazenamento, enquanto o lote 3 até o quinto mês, o 6, até o sexto mês, e o 2, até o sétimo mês.

Na Tabela 4 estão os dados referentes à primeira contagem de germinação dos seis lotes de sementes analisados ao longo do armazenamento. Observa-se que os seis lotes de sementes possuíam vigor distinto, sendo os lotes 1 e 3 de maior vigor e os lotes 5 e 6 de menor vigor (TABELA 1). Porém os seis lotes apresentaram comportamento semelhante ao longo do período de armazenamento (TABELA 4). Nota-se que houve redução no vigor dos lotes com o passar dos meses no armazenamento, sendo considerado mais baixo, para todos os lotes, após 8 meses.

Tabela 4. Primeira contagem de germinação de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018.

Primeira Contagem Germinação (%) Intervalo (dias) Lote 1 2 3 4 5 6 Média 0 85 A 78 A 84 A 65 AB 57 B 58 B 71,2 30 69 ABC 62 AB 72 AB 65 AB 57 B 58 B 63,8 60 76 AB 78 A 80 A 80 A 80 A 85 A 79,8 90 60 BC 77 A 77 A 53 BC 61 B 75 A 67,2 120 50 CD 64 AB 52 CD 49 BC 57 B 56 B 54,7 150 58 BC 50 B 47 CD 54 BC 49 BC 58 B 52,7 180 52 BC 65 AB 59 BC 42 C 37 C 55 B 51,7 210 29 D 40 B 37 D 37 C 11 D 37 C 31,8 Média 59,9 64,3 63,5 55,6 51,1 60,3 59,1 CV 16,26 17,23 11,37 15,81 13,73 12,36 DMS 22,73 25,83 16,82 20,41 16,36 17,19

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey à 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

Na tabela 5 estão os dados referentes à condutividade elétrica dos seis lotes de sementes analisados ao longo do armazenamento.

Tabela 5. Condutividade elétrica de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO, ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018.

Condutividade Elétrica (μS.cm-1.g-1) Intervalo (dias) Lote 1 2 3 4 5 6 Média 0 77,9 A 64,6 A 62,8 A 90,3 A 76,9 A 73,3 A 74,3 30 94,2 AB 87,5 BC 75,5 A 90,3 A 76,9 A 73,3 A 82,9 60 104,7 BC 74,3 AB 66,5 A 89,4 A 68,0 A 86,5 AB 81,6 90 133,1 DE 111,2 DE 107,4 BC 161,4 B 141,4 C 137,4 C 132,0 120 122,7 CD 95,8 CD 95,0 B 134,0 BC 113,5 B 97,5 B 109,7 150 141,6 DE 123,0 EF 147,4 D 142,4 BC 136,7 C 150,5 C 140,3 180 152,8 E 136,0 F 117,1 C 159,9 C 148,3 C 134,9 C 141,5 210 142,0 DE 108,0 DE 117,5 C 124,5 C 181,5 D 146,5 C 136,7 Média 121,1 100,1 98,6 124,0 117,9 112,5 112,4 CV 8,76 8,34 7,23 11,28 7,63 8,81 DMS 24,87 19,56 16,71 32,76 21,08 23,39

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey à 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

Em relação à condutividade elétrica das sementes, é possível notar um aumento da mesma ao longo do armazenamento das sementes. É importante

destacar que quanto maior a condutividade elétrica menor é o vigor das sementes e quanto menor a condutividade elétrica maior é o vigor.

Pode-se destacar os lotes 3, 4, 5 e 6 que mantiveram o vigor das sementes alto até o terceiro período de avaliação, diferente dos demais lotes analisados (TABELA 5).

Na Tabela 6 estão os dados referentes ao vigor determinado pelo teste tetrazólio dos seis lotes de sementes analisados ao longo do armazenamento.

Tabela 6. Vigor pelo teste de tetrazólio de seis lotes comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO, ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018. Tetrazólio (%) Intervalo (dias) Lote 1 2 3 4 5 6 Média 0 77 A 88 A 91 A 80 A 78 A 78 A 82 30 65 AB 78 AB 69 ABC 80 A 78 A 78 A 75 60 68 AB 70 AB 82 AB 71 AB 82 A 81 A 76 90 55 ABC 59 B 63 BC 28 C 48 B 47 BC 50 120 51 BC 66 AB 60 BC 42 C 45 B 59 AB 54 150 52 BC 60 B 61 BC 51 BC 51 B 59 AB 56 180 55 ABC 53 B 50 C 44 C 46 B 42 BC 48 210 32 C 57 B 52 C 37 C 18 C 22 C 36 Média 56,9 66,4 66,0 54,1 55,8 58,3 59,6 CV 10,29 10,07 9,58 12,08 8,31 11,51 DMS 23,15 26,47 25,02 25,87 18,34 26,54

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey à 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

Observa-se que o vigor determinado pelo teste de tetrazólio diminuiu gradativamente ao longo do armazenamento, sendo esta queda mais acentuada para alguns lotes. Todos os lotes foram capazes de manter o vigor inicial até o terceiro mês de avaliação.

Na Tabela 7 estão os dados referentes a viabilidade dos seis lotes de sementes analisados ao longo do armazenamento.

Tabela 7. Viabilidade determinada pelo teste de tetrazolio de seis lotes

comerciais de sementes de soja, cultivar M7739 IPRO, ao longo do armazenamento. Sinop, MT, 2018. Viabilidade (%) Intervalo (dias) Lote 1 2 3 4 5 6 Média 0 100 A 98 A 99 A 99 A 99 A 99 A 99 30 96 AB 99 A 99 A 99 A 99 A 99 A 99 60 96 AB 98 A 98 A 93 AB 100 A 99 A 97 90 90 AB 90 A 92 A 81 C 93 AB 87 B 89 120 92 AB 86 A 93 A 84 BC 82 C 85 B 87 150 87 B 86 A 93 A 88 BC 94 AB 93 AB 90 180 89 AB 82 A 86 A 86 BC 87 BC 86 B 86 210 88 AB 94 A 96 A 94 AB 91 ABC 85 B 91 Média 92,3 91,6 94,5 90,5 93,1 91,6 92,3 CV 3,51 6,1 4,36 2,92 2,89 3,03 DMS 12,82 22,12 16,31 10,47 10,65 11,01

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey à 5%. CV: coeficiente de variação. DMS: diferença mínima significativa.

Para os lotes 1, 2 e 3, a viabilidade avaliada pelo teste de tetrazólio não apresentou diferença ao longo do período de armazenamento, mantendo-se alta durante os oito meses avaliados. Os outros lotes analisados apresentaram queda na viabilidade ao longo do tempo, porém, pelos resultados do teste, podem ser considerados lotes de alta viabilidade.

4. Discussão

A temperatura e a umidade relativa do armazém apresentaram variação expressiva durante o período em que as sementes permaneceram armazenadas. Sabe-se que esses são fatores determinantes na qualidade das sementes. Segundo França Neto et al. (2016), as melhores condições de armazenamento não devem exceder 25°C e 70% de umidade relativa.

Neste caso podem-se observar temperaturas de até 33,7°C e umidade relativa de 84,5%, o que pode ter acelerado o processo de deterioração das sementes.

A temperatura é talvez o fator físico mais importante na conservação das sementes armazenadas, pois a maioria das reações químicas é acelerada com o aumento da temperatura. Quando a temperatura de armazenamento é mais

baixa, pode-se armazenar com segurança, mesmo quando a umidade dos grãos está acima da ideal, pois a baixa temperatura inibe o desenvolvimento de microrganismos e insetos (BRAGANTINI, 2005), o que também é observado para o armazenamento de sementes.

Carvalho e Nakagawa (2000) relatam que o aumento da temperatura eleva a taxa de respiração e, consequentemente, o consumo de reservas, culminando com a perda da qualidade fisiológica das sementes.

O PMS dividiu os lotes em 3 classes de tamanho. O PMS geralmente apresenta um valor característico para cada cultivar, porém isso não impede que ele varie de acordo com as condições ambientais e de manejo às quais a cultura seja submetida (THOMAS; COSTA, 2010).

Os seis lotes analisados possuíam germinação alta, dentro do padrão mínimo de germinação para comercialização de sementes de soja no Brasil exigida pelo MAPA, que é de 80% (BRASIL, 2013).

A condutividade elétrica e a primeira contagem de germinação foram eficientes em separar os lotes em classes distintas de vigor.

Em relação ao teor de água, os lotes de sementes apresentaram comportamento semelhante, com variações ao longo dos meses de armazenamento. Isso se deve ao equilíbrio higroscópico, que ocorre quando a umidade dos grãos fica em equilíbrio com a umidade relativa do ar a uma mesma temperatura. Essa é a característica mais importante para as sementes, quando se refere a estudos sobre armazenamento. Se em determinado ambiente a umidade relativa do ar oscila, os grãos procuram ceder ou absorver umidade, para encontrar um ponto de equilíbrio (MARCOS FILHO, 2005).

O teor de água inicial dos lotes foi próximo à 12% o que é recomendado para as sementes de soja nesta região (FRANÇA NETO et al., 2016).

Nos meses de junho e agosto houve uma queda na umidade das sementes, variando entre 5,87% para o lote 5 e 6,3% para o lote 2. Destaca-se que nesses mesmos meses foram registradas as menores médias de temperatura e umidade relativa do ambiente de armazenamento. Após este período é possível notar um aumento na umidade das sementes, que acompanham o aumento na temperatura e umidade relativa do ar nos meses de

setembro e outubro, segundo Puzzi (2000), o teor de umidade dos grãos armazenados aumenta rapidamente, quando em contato com umidade relativa do ar superior a 70%.

Em relação à qualidade fisiológica dos lotes ao longo dos oito meses de armazenamento pode-se observar que houve queda em todos os parâmetros avaliados.

Os seis lotes de sementes de soja analisados apresentavam germinação alta (acima de 80%) no início do armazenamento e nenhum deles conseguiu manter a porcentagem de germinação até o final do armazenamento, sendo todos descartados por não atenderam as normas mínimas exigidas para a comercialização de sementes de soja no Brasil, que é de 80% (BRASIL, 2013). O mesmo pode ser constatado por Lacerda (2003), que avaliando sementes de soja concluiu que as sementes não poderiam ser comercializadas após seis meses de armazenamento.

Sabe-se que no complexo soja, grandes quantidades de sementes são descartadas todo o ano, em virtude da queda na qualidade fisiológica durante o período de armazenagem. Segundo Popinigis (1985), as sementes desta espécie são consideradas de vida curta e, por isso, condições desfavoráveis de armazenamento podem acelerar ainda mais a deterioração. Quando ocorrem perdas de qualidade, essas perdas são de caráter irreversível e, em muitos casos, o produto armazenado perde as condições mínimas de comercialização. Houve redução no vigor das sementes no período de armazenagem em todos os testes realizados.

Pode-se observar que os lotes que apresentaram qualidade superior na caracterização inicial sofreram menos com o armazenamento. Segundo Carvalho e Nakagawa (1988), não se pode esperar que sementes de um lote de

média qualidade apresentem, sob condições de armazenamento,

comportamento igual ao das sementes de um lote de alta qualidade.

A condutividade elétrica dos lotes foi aumentando durante a armazenagem. Sabe-se que quanto menor a condutividade elétrica da água de embebição das sementes, maior é o vigor, pois a quantidade de íons lixiviados na solução de embebição está diretamente relacionado a integridade das

membranas celulares. Esse fato também foi observado por Smaniotto et al. (2014), estudando a qualidade das sementes de soja em diferentes condições de armazenamento.

As sementes com baixo vigor tendem a apresentar desorganização na estrutura das membranas celulares, permitindo aumento na lixiviação de solutos, tais como: açúcares, enzimas, nucleotídeos, ácidos graxos, ácidos orgânicos, aminoácidos, proteínas e compostos inorgânicos, como fosfatos e íons de potássio, cálcio, sódio e magnésio (FESSEL et al., 2006).

Destacam-se os lotes 3, 4, 5 e 6, que mantiveram a estabilidade das membranas até o terceiro mês de armazenamento. De acordo com Paiva Aguero (1995), pode-se obter elevada emergência de sementes de soja no campo, com condutividade elétrica de até 110 μS.cm-1.g-1 de sementes, em condições adequadas para germinação. Em condições adversas, a condutividade não deve ser superior á 90 μS.cm-1.g-1.

De acordo com França Neto et al. (1999), no teste de tetrazólio, lotes com valores acima de 85% são considerados lotes de vigor muito alto; entre 84% e 75% vigor alto; entre 74 e 60% vigor médio; entre 59% e 50%, vigor baixo e igual ou inferior a 49% vigor muito baixo. No vigor determinado pelo teste de tetrazólio, observa-se queda expressiva, com classificação dos lotes 1, 4, 5 e 6 em lotes

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