• Nenhum resultado encontrado

QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO 1 DEFINIÇÃO DE QUALIDADE

MANUTENÇÃO COMO PARTE INTEGRANTE DA GESTÃO DE EDIFÍCIOS

P ROCESSO DE GESTÃO DA

3.5. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO 1 DEFINIÇÃO DE QUALIDADE

O que é a qualidade na obra?

Quais os projetos com qualidade e quais os que não têm?

Teoricamente, o nível de qualidade só se pode intitular quando estiver pronta a ser utilizada, uma vez que a verdadeira qualidade de obra apenas é percetível quando esta é dada por finalizada.

As exigências estabelecidas em projeto são fundamentais para a caracterização do nível de qualidade deste, pretendendo integrar as necessidades dos utilizadores com os custos finais. O nível mínimo de qualidade deve ser definido pelo dono de obra quando propõe a execução do projeto, tendo por vezes de recorrer a um consultor para uma análise das causas e consequências dessas funções.

Quanto ao nível de qualidade na prática pode ser garantido pela capacidade de manter os materiais o mais parecido com a sua condição de estado inicial, evitando neste sentido a deterioração dos materiais (Ferreira, 2009).

Consequentemente, a qualidade de um projeto cada vez mais influência o sucesso dos edifícios, caracterizando a sua vida futura. Quando um projeto bem executado e bem elaborado é apresentado, a capacidade de ser bem-sucedido é bem maior, do que se tiver sido efetuado um projeto com deficiências ao nível do desenvolvimento do mesmo que não possam ser corrigidas mais tarde.

Mais difícil é ainda garantir a qualidade da obra, quando após serem efetuados balanço de dados através de auditorias a obras públicas foi verificado que existiram desvios, significativos, de custos, de prazos e de qualidade, responsabilidade da gestão de obra, do modelo de contratação e do controlo da qualidade dos projetos (Couto, Teixeira, 2006).

Quando se fala das causas de problemas e conflitos que originam na construção inúmeras deficiências nos projetos, importa salientar que a importância dos projetos e da sua coordenação vai estar no modo

PLANO DE MANUTENÇÃO RECURSOS •ECONÓMICOS •HUMANOS •MATERIAIS •EQUIPAMENTOS PREPARAÇÃO •PROGRAMA

•ORDENS DE TRABALHO

como foi construído, bem como na gestão dos empreendimentos. Existe uma grande disparidade entre um bom e um mau projeto. Obviamente que um bom projeto se presa por estar isento de erros, omissões e ambiguidades, além do facto de estar bem organizado permitindo assegurar melhores garantias de sucesso na concretização dos empreendimentos (Couto, Teixeira, 2006).

Assim sendo, a qualidade não deve estar apenas relacionada com as normas e os regulamentos, mas também com a forma como os gabinetes de projeto e subsequentes contratações das especialidades e das medições estão organizados.

Em Portugal tanto se fazem grandes obras notáveis ao nível da engenharia e arquitetura, como são executadas obras com grandes deficiências ao nível das exigências necessárias e da formação dos técnicos que ficam aquém do indispensável (Couto, Teixeira, 2006).

Cada vez mais uma obra depende menos do projetista e mais do dono de obra, podendo este usufruir do acompanhamento e verificação dos diferentes projetos efetuados, preocupando-se em grande parte com as suas mesmas necessidades e menos com as do projetista.

Quando é pretendido que um projeto seja privado, a qualidade dos projetos e da construção não tem em conta os custos futuros, ou seja, custos destinados à manutenção e conservação do edifício. Apenas a qualidade exterior, revestimentos e equipamentos, ao invés da qualidade da estrutura, das redes de instalações sanitárias, dos isolamentos térmicos e acústicos, estanqueidades, têm maior importância quando se trata de fazer uma avaliação das características dos edifícios (Couto, Teixeira, 2006).

Em Portugal, as causas da não qualidade dos edifícios baseiam-se, segundo Sousa, (2004):

 Na complexidade crescente das construções;  Nas novas preocupações arquitetónicas;  Na falta de sistematização do conhecimento;  Na ausência de informação técnica e detalhada;

 Na inexistência de um sistema de responsabilidades, garantias e seguros;  Na não qualificação profissional dos intervenientes no processo da construção;  Na aplicação de novos materiais;

 Nos prazos curtos.

O facto de não existirem sistemas de garantias e seguros vai aumentar a probabilidade de ser efetuada uma obra ainda com mais defeitos, dado que mesmo que algo não corra como o previsto ou o pretendido não vai existir nada nem ninguém com a função de responsabilizar os intervenientes através da identificação dos erros de construção, conceção, utilização, ou entrada em cedência de materiais (Sousa, 2004).

Uma forma inteligente de combater a falta de qualidade seria implementar, seguindo a opinião da Associação Portuguesa de Projetistas e Consultores, uma obrigatoriedade para que qualquer projeto a partir de uma certa importância passasse a ser obrigatoriamente sujeito a revisão por parte de uma entidade independente aos intervenientes. Ainda assim, faltava criar um programa de concurso para averiguar se as equipas de projeto responsáveis pelas diferentes áreas fossem todas responsáveis pelos

mesmos tipos de formação e experiência para que aquando da execução de um projeto pudessem estar em parceria através de trabalhos de idêntica natureza. O modo mais correto seria, também, assegurar que as empresas tivessem capacidade económico-financeira para poder dar credibilidade e aumentar a probabilidade de sucesso no futuro da obra (Couto, Teixeira, 2006).

Citando Couto, Teixeira (2006), “Em qualquer área de negócio só a qualidade da procura induz e é

responsável pela qualidade da oferta,” com isto pretende descrever-se as exigências da qualidade da

construção para os intervenientes na obra que vai ser definida pelas pessoas que vão efetuar a compra e as suas exigências. Por exemplo, quando um empreiteiro tem de construir uma habitação para um multimilionário, esta, além de ter todos os extras e regalias, vai ser alvo de todos os cuidados para que não sejam visíveis quaisquer tipos de imperfeições. Mas por outro lado, caso a habitação seja para um cidadão com menos economias, provavelmente os responsáveis com a obra não terão em tanta consideração os pormenores que garantam a qualidade.

As reclamações de erros e de omissões de projeto, os sub orçamentos apresentados a concursos são, cada vez mais uma constante associada ao facto da concorrência entre as empresas ser também maior, muito proveniente de tempos de dificuldades económicas. Para ser possível combater esta falta de qualidade deve aliar-se um maior rigor, importância e investimento que o adjudicatário promoverá na fase preliminar ao reconhecimento do responsável pelas falhas e medições erradas (Couto, Teixeira, 2006).

A titulo de exemplo, o decaimento das pedras de um monumento serve para perceber como se degrada um edifício. Se uma pedra tem a propensão para a degradação da forma que tem, imagine-se um edifício com variados componentes. Assim, importa salientar que a pedra se pode degradar de diferentes formas, tais como – segundo Rives (2006):

 Fratura;  Escamação;

 Deposição superficial;  Colonização biológica;  Crosta.

Estes fatores intrínsecos podem influenciar a qualidade da pedra ao nível da composição, estrutura, textura, porosidade e tamanho das partículas. Portanto, se apenas uma pedra tem tantas razões que podem afetar a sua qualidade, quão maior será esta degradação num edifício?

Não se pode falar da qualidade de uma obra sem antes de mais especificar o que é a durabilidade. O objetivo da durabilidade passa por garantir que os objetivos de segurança, saúde e salubridade são mantidos durante o tempo necessário para serem preservadas as condições inicialmente exigidas. A durabilidade dos componentes nunca deve esquecer a respetiva manutenção e deve sempre permitir o uso do edifício por parte dos utilizadores (Australian, 2006).

Quando se pretende especificar a durabilidade de um material importa ter em conta:

 As características dos materiais;  O projeto e os pormenores;  A execução;

 A manutenção.

“A durabilidade não é uma propriedade inerente de um material ou componente. É o resultado das interações entre os diferentes fatores antes referidos.”, (Australian, 2006):

Como já anteriormente referido no subcapítulo §1. 2., a qualidade de uma obra está relacionada com fatores ilegais ou imorais. Desde as várias formas de corrupção ao nível da adjudicação, cedência ilegal de alvarás, evasão fiscal ou falta de pagamento de contribuições para a segurança social, ao fato de se reduzirem custos inadvertidamente. Os roubos de materiais, de ferramentas e equipamentos nos estaleiros ainda vêm destacar mais este problema. O setor da construção não recebe a devida importância, uma vez que é notado pela população com receio e desprezo.

A Figura 13 demonstra as passagens por que o setor da construção tem de ser alvo desde o início à sua conclusão (Afonso, Mesquita de Morais, 1998).

Fig. 13 – Processo de passagem de entidades numa obra.

3.5.2. CUSTOS EM OBRA

Segundo um estudo realizado por OZ, (2015), foi possível constatar que cerca de 2 a 5% dos custos totais envolvidos na construção e exploração de um edifício estão relacionados com a conceção, projeto e fiscalização. PROJETISTA ENTIDADE FISCALIZADORA EMPREITEIROS E SUBEMPREITEIROS FORNECEDORES ENTIDADES LICENCIADORAS CLIENTEFINAL

Fig. 14 – Custos de vida útil do edifício, adaptado de OZ (2015).

Deste modo, aumentar a qualidade torna-se fundamental para reduzir os custos ao longo da vida útil. Além destes dados, num estudo recente na zona Norte do País sobre a qualidade dos projetos de estruturas e betão de edifícios verificou-se que 64% dos projetos classificados como “medíocre” ou “insuficiente” e apenas 2% obtiveram “bom” (OZ, 2015). Ressalva-se o facto da amostragem do gráfico ser desconhecida.

Fig. 15 – Classificação do nível de qualidade, adaptado de OZ, 2015.

Neste sentido, é possível concluir-se que a falta de qualidade de projeto é o fator principal no aumento dos custos de obra, e que melhorar a durabilidade e a revisão do projeto torna-se fulcral no melhoramento do projeto. Na revisão deve ser essencialmente apresentado um (OZ, 2015):

 Resumo para o decisor;

Conceção, pojeto e fiscalização 5% Construção 15% Utilização e manutenção 80%