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Capítulo 2 – Revisão da Literatura

2.5. Qualidade nos Modelos dos Custos

Nesta secção, pretende-se demonstrar no que consiste a qualidade nos modelos de custos.

29 A precisão de um modelo de custeio na determinação dos custos de um objeto é importante. Determinar custos acima daqueles que são os reais, pode levar os gestores a realizar cortes orçamentais perdendo potenciais benifícios. Já o inverso pode ter um efeito mais catastrófico dado que determinar custos abaixo dos reais possibilita aos gestores ultrapassar os orçamentos estabelecidos. Dos artigos obtidos via revisão sistemática nenhum dá métricas para medir a precisão.

Por outro lado, um modelo de custeio tem que ser útil aos gestores, afinal de contas uma das suas funções é servir de ferramenta de apoio à tomada de decisão. Para tal, é preciso que este possua o nível de detalhe certo. Pouco detalhe dará a um gestor pouca informação, enquanto que muito detalhe poderá ser informação a mais dependendo da função do gestor na organização em que se insere (Irani et al., 2006). Espera-se, por exemplo, que um gestor operacional precise de mais detalhe do que o CEO da empresa.

Existem também algumas características que são reconhecidas como sendo importantes por entidades internacionais de normas financeiras, nomeadamente o IASB e o FASB. Mais concretamente, o IASB indica que a informação financeira é útil quando esta é comparável, verificável, atempada e compreensível. Por outro lado, o FASB define as principais qualidades da informação como sendo a relevância e a fiabilidade (ver Figura 9), (Manic Sacer et al., 2013).

Sendo assim, deve-se tentar que o modelo de custeio aplicado aos sistemas de informação represente os custos sob estas características de qualidade.

30 Tendo em conta a hierarquia apresentada na figura 9, percebe-se que é importante ter em atenção os gestores para os quais a informação é fornecida. Apesar de ser relevante obter informação sobre custos, é preciso ter em conta que por vezes o trabalho necessário e os custos associados a este trabalho, poderão ser superiores aos benefícios que aquela informação tráz, sendo assim necessário realizar uma análise de custos- benefícios. Nos casos em que se verificam benefícios superiores aos custos, a informação deverá ser apresentada com as seguintes qualidades (FASB, 1980, 2012):

• Relevância: “Capacidade de fazer diferença nas decisões ajudando os utilizadores a formar predições sobre eventos do passado, presente, e futuro ou a confirmar ou corrigir expetativas”;

o Valor preditivo: Refere-se à utilidade da informação para realizar predições;

o Valor de feedback: A informação deverá servir para identificar a situação da empresa, sobrepondo-se ao quão bem a gestão executou as suas funções;

o Pontualidade: De modo a ser relevante, a informação deverá ser pontual, isto é, estar disponível aos gestores antes de perder a sua capacidade de influenciar decisões;

• Fiabilidade: Esta qualidade é composta por verificabilidade, fidelidade representacional, e neutralidade:

o Fidelidade representacional: Refere-se à ideia de que a medição em si deve corresponder ao fenómeno que está a tentar medir;

o Neutralidade: Trata-se da crença de que o processo de estabelecer políticas se foca na relevância e fiabilidade, ao invés do efeito que estas têm num grupo específico ou empresa;

o Verificabilidade: É o grau de consenso entre medidores, isto é, a capacidade de reduzir a influência (bias em inglês) de quem mede.

É ainda importante que a informação fornecida seja comparável sendo desta forma que se consegue avaliar a situação da empresa, quer por comparação com os seus resultados noutro período, quer por comparação com outras empresas.

Por fim, a materialidade, tal como a relevância, pode ser definida como sendo aquilo que influencia ou faz diferença para um gestor. No entanto, não são conceitos iguais. Por exemplo, uma decisão de não divulgar informação pode ser tomada porque

31 investidores não precisam daquela informação (relevância) ou porque os valores representados não são substanciais (materialidade), (FASB, 1980).

Tendo em conta as qualidades definidas pelo FASB percebe-se que entre o modelo tradicional, o CBA e o CBADT, o último deverá ser o que melhor se enquadra nestas. Isto porque dos três é aquele que possui as seguintes características:

• Benefícios> Custos: dada a grande quantidade de informação obtida face aos reduzidos custos de recolha de dados espera-se que os benefícios sejam superiores aos custos;

• Compreensabilidade: é um modelo simples, portanto fácil de compreender os valores representados pelo mesmo;

• Utilidade: dos três modelos é aquele que fornece a maior quantidade de informação relativa a custos, representando custos por atividades, e em termos da capacidade utilizada e não utilizada;

• Pontualidade: como é um modelo simples, e que requer pouca informação, é rápido em fornecer a informação aos gestores, especialmente quando integrado com sistemas (ERP, CRM, etc.);

• Valor preditivo: o facto de utilizar o número de transacções como meio de cálculo dos custos, significa que facilmente se fazem previsões (por exemplo, um hotel poderá utilizar o número de clientes que deram check-in no período homólogo do ano anterior para prever os custos do próximo mês);

• Valor de feedback: Dado que o CBADT apresenta informação sobre a capacidade utilizada, as organizações facilmente conseguem deduzir a sua produtividade, que juntamente com a informação dos custos deverá permitir conhecer a sua situação, pelo menos em termos de desempenho;

• Verificabilidade: o facto de o modelo usar estimativas de tempo relativas a uma execução singular, reduz o efeito da predisposição (“bias” em inglês) de quem mede o tempo de cada atividade;

• Fidelidade representacional: como o modelo consegue distinguir entre capacidade utilizada e não utilizada, consegue-se medir com exatidão aquilo que é de facto pretendido;

• Comparabilidade: a representação dos custos segmentados em atividades permite às organizações realizar comparações com outras organizações que desempenhem atividades semelhantes.

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