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Não havendo qualquer retrato conhecido do fotógrafo Joachim Friedrich Martin Fritz, existe a forte possibilidade de ser ele, o retratado neste selo.

MULHERES FOTÓGRAFAS EM PORTUGAL (1844-1918)

24 Não havendo qualquer retrato conhecido do fotógrafo Joachim Friedrich Martin Fritz, existe a forte possibilidade de ser ele, o retratado neste selo.

Além disso, evidências sugeridas por García Felguera indicam que, segundo um dos muitos anúncios que publicou na imprensa espanhola, a fotógrafa teria casado com um fotógrafo ambulante francês, de seu nome Durrieu, em Junho de 1845, passando a designar-se durante um breve período, por Madame Durrieu. Este casal informou a sua partida de Valência, em Dezembro do mesmo ano, tendo como destino Barcelona. Informações adicionais sugeridas pela autora, apontam para que a fotógrafa, sempre assumida como alemã, fosse na realidade francesa, do norte do país, onde existia uma predominância de comunidades alemãs, no início do século XIX.25

Temos a certeza da existência de um fotógrafo de seu nome, Joachim Friedrich Martin Fritz, que viera para Portugal, provavelmente, entre 1854 e 1857, e fundou dois estúdios em Portugal, um em Lisboa na Calçada do Combro, 29 e o outro no Porto, na Rua do Almada, 13 (posteriormente também no n.º 20). Por volta de 1865, o estúdio do Porto muda para a Rua do Almada, n.º 122.

A historiografia a si associada, sempre assumiu que fosse de origem alemã, certamente motivada pelo seu nome de origem germânica, contudo, um documento pertinente, revelado no decorrer da investigação, contesta a sua naturalidade; um alvará de licença, atribuído a Joachim Fritz em 1857, para a exposição de imagens fotográficas, também conhecidas na época por quadros dissolventes, num teatro da cidade do Porto. Neste documento, a naturalidade do fotógrafo Joachim Fritz é identificada como inglesa, ao contrário daquilo que sempre foi assumido, pelo presente concedo licença a M.r Fritz photographo, e chimico natural d’Inglaterra, para poder dar representações de Quadros dissolventes no Theatro Circo da Rua de Santo Antonio por tempo de trez meses.26

Joachim Friedrich Martin Fritz, certamente, terá vindo com a sua família, cujos membros desconhecemos, para Portugal, mas supômos que Martin e Joaquim Fritz tivessem alguma relação de parentesco, com o fotógrafo. Eventualmente, a sua esposa também o teria acompanhado na vinda para o país, uma mulher que caso fosse sua cônjuge seria apelidada de M.me Fritz, e não obrigatoriamente por se tratar da fotógrafa homónima, que se estabelecera em Lisboa, uma década antes.

25 María de los Santos García Felguera, “El Papel de París y los Fotógrafos Franceses en la Fotografía Española del siglo XIX” in El Arte Español entre Roma y París (siglos XVIII y XIX), Madrid: Casa de Velázquez, 2014, p. 462.

Fig. 11 Martin Fritz, sem título, c. 1874-1888 (frente e verso) 8,1 x 12,6 cm

carte de visite Colecção da Autora

Segundo os anuários consultados, os dois estúdios de J. F. M. Fritz, estiveram activos durante décadas, tendo o de Lisboa vários proprietários, incluindo, o previamente mencionado, Antonio Maria Serra, nos anos setenta, e os dois possíveis descendentes de Fritz, Martin Fritz, entre, pelo menos, 1874 e 1888, e Joaquim Fritz, no período compreendido entre 1888 e 1891. Em 1892, o estúdio sito na Calçada do Combro, n.º 29, passa para a sociedade

Vidal & Fonseca, de A. Vidal e João Fonseca, mantendo-se em funcionamento durante mais

de duas décadas.

Desconhece-se a data precisa, em que o emigrante alemão, Karl Emil Biel (1838- 1915), adquire a Casa Fritz do Porto, situada na Rua do Almada, 122, mas de acordo com Paulo Baptista terá sido antes de 1874, quando este faz sociedade com, o igualmente alemão, Fernando Brütt. Biel provavelmente terá trabalhado no atelier numa data prévia, ou mesmo trespassado o espaço, mantendo o nome antigo do estúdio.

Concluindo, se analisarmos todos os dados reunidos, acrescidos ao facto de terem sido observadas dezenas de CDV das casas fotográficas de Fritz em Lisboa e no Porto, entre 1860 e 1890, e nunca termos encontrado referência a uma Madame Fritz, após os anos quarenta, consideramos como válida a interpretação, ainda por ser confirmada, que fora serem homónimas e unidas, directa ou indirectamente, pela profissão fotográfica, nada ligava estas

duas figuras.27

De acordo com Catarina Marques, a francesa, Juliette de Humnichi poderá ter sido a segunda pioneira em Portugal, quando se instalou na Rua do Alecrim, 22, 3.º andar, em Lisboa, em 1851:

“Madame Juliette de Humnichi, cujos daguerreótipos imitavam a miniatura e a aguarela, esteve também em Lisboa, fotografando e ensinando tal como Fritz, a arte da daguerreotipia.28

Tal como Madame Fritz fizera nos anos quarenta, a fotógrafa anunciou a sua chegada, nos periódicos da época:

“Daguerreotypo americano. Collorido. M.me

Juliette de Humnichi, discípula dos principaes professores de Paris e Vienna tem a honra de se annunciar para todas as obras que tem relação com o Daguerreotypo, ella espera pelo acabamento das suas obras trabalhar á satisfação das pessoas que a honrarem com sua confiança, visto que ella é experimentada nesta arte ha já muitos annos, dá aos retratos toda a agradabilidade que se deseje, assim como as cores naturaes imitando perfeitamente a miniatura e a agoarella. A artista presta-se a ir a casa das pessoas que se não quizerem incommodar para tirar seus retratos, quer seja na cidade ou no campo, e tambem acceita discípulos. A casa está franca todos os dias desde as 8 horas da manhã até as quatro da tarde. Rua do Alecrim n.º 22, 3.º andar.”29

Stéphany Onfray afirma a necessidade de direccionarmos o foco de atenção, para as mulheres que exerceram o trabalho fotográfico activo (seja de forma amadora, profissional e até como modelo). Se por razões óbvias, no século XIX, a actividade dos homens no campo