• Nenhum resultado encontrado

7.2 UNIDADE HABITACIONAL

7.2.3 Quantificação e Orçamento da Unidade Habitacional

Baseado no modelo virtual construído na plataforma BIM (Building Information

Modeling), foram quantificados todos os materiais aplicados na unidade habitacional modelo,

para posterior extração do orçamento. Considerando o teto orçamentário por habitação imposto pelo programa PSH, que é de R$28.000,00, ficou definido que o custo da unidade habitacional proposta não poderia ultrapassar esse limite.

Com a finalidade de buscar igualdade de condições de quantificação e orçamento, utilizou-se como base a planilha orçamentária praticada pela Secretaria de Infraestrutura, porém com os preços atualizados à realidade dos dias de hoje e aos novos materiais incorporados.

valores corrigidos dos itens que foram especificados pela planilha base da Secretaria de Infraestrutura, referentes somente à ligação de água e energia. Essa decisão foi tomada para que o valor referente às obras de urbanização seja uma contrapartida da Prefeitura, sem que os valores interfiram no limite orçamentário tão baixo imposto pelo PSH.

A tabela a seguir mostra, em números absolutos e em percentuais, o orçamento total por unidade habitacional que foi cotado para o projeto proposto para o Conjunto Habitacional São José.

Tabela 5 - Orçamento unitário do modelo de habitação proposta do tipo “C”.

HABITAÇÃO TIPO “C"

ÁREA CONSTRUÍDA (m²):

ESTIMATIVA DE CUSTOS DA OBRA 44,78

ITEM DESCRIÇÃO DADE UNI- QUANT. UNITÁRIO PREÇO (R$) PREÇO DO ITEM (R$) PREÇO PARCIAL (R$) PORC. DO ITEM (%) PORC. PARCIAL (%) 1.0 SERVIÇOS PRELIMINARES 509,61 1,87% 1.1 DESMATAMENTO MANUAL DO TERRENO m2 116,25 0,53 61,61

0,23% 1.2 CANTEIRO DE OBRAS m2 8,00 56,00 448,00 1,64% 2.0 INFRAESTRUTURA 7.750,05 28,44% 2.1 LIMPEZA DO TERRENO m3 116,25 0,50 58,13 0,21%

2.2 ATERRO COM EMPRÉSTIMO APILOADO

m3 10,00 33,60 336,00

1,23% 2.3 LOCAÇÃO DA OBRA m3 48,09 2,66 127,92 0,47% 2.4 LAJE DE CONCRETO DO TIPO RADIER m3 5,56 1.300,00 7.228,00 26,52%

3.0 PAREDES E PAINÉIS 7.054,20 25,88% 3.1 ALVENARIA ARMADA m2 57,76 45,00 2.599,20 9,54%

3.2 PAINEL WALL unid 16,50 270,00 4.455,00 16,35%

4.0 ESQUADRIAS E COBOGÓS

5.216,71

19,14% 4.1 PORTAS EXTERNAS TIPO TABICÃO m2 3,84 295,00 1.132,80 4,16%

4.2 PORTAS INTERNAS MADEIRA LAMINADA m2 4,20 72,00 302,40 1,11% 4.3 JANELAS DO TIPO TABICÃO m2 12,60 295,00 3.717,00 13,64%

4.4 COBOGÓ m2 2,40 26,88 64,51 0,24% 5.0 COBERTA 3.669,76 13,47% 5.1 ESTRUTURA DE MADEIRA COM LINHAS 3X6" PARA

SUSTENTAÇÃO DAS TELHAS

m 38,56 6,00 231,36

0,85% 5.2 TELHA TIPO SANDUÍCHE DE POLIURETANO m2 61,40 56,00 3.438,40 12,62%

6.0 PINTURA

348,69

1,28% 6.1 CAIAÇÃO DAS PAREDES

DE ALVENARIA ARMADA m2 162,18 2,15 348,69 1,28% 7.0 INSTALAÇÕES 1.574,15 5,78% 7.1 ELÉTRICA-Pontos de luz unid 7,00 17,95 125,65 0,46%

7.2 ELÉTRICA-Pontos de tomada unid 6,00 17,95 107,70 0,40% 7.3 ELÉTRICA-Caixa de ligação ortavada 4x4 unid 7,00 5,28 36,96

0,14% 7.4 ELÉTRICA-Entrada de

energia monofásica unid 1,00 61,11 61,11 0,22% 7.5 ELÉTRICA-Caixa para

disjuntor monofásico unid 1,00 7,91 7,91 0,03% 7.6 ELÉTRICA-Disjuntor monofásico 20A unid 1,00 14,00 14,00 0,05% 7.7 ELÉTRICA-Entrada de energia unid 1,00 26,00 26,00 0,10% 7.8 HIDRÁULICA-Entrada unid 1,00 30,00 30,00 0,11% 7.9 HIDRÁULICA-Pontos unid 5,00 20,25 101,25 0,37% 7.10 HIDRÁULICA-Registros unid 2,00 13,20 26,40 0,10% 7.11 HIDRÁULICA-Reservatório unid 1,00 153,60 153,60 0,56% 7.12 HIDRÁULICA-Chuveiro unid 1,00 14,00 14,00 0,05% 7.13 SANITÁRIA-Pontos de esgoto unid 5,00 14,05 70,25 0,26% 7.14 SANITÁRIA-Caixa unid 3,00 22,20 66,60 0,24% 7.15 SANITÁRIA-Fossa unid 1,00 222,74 222,74 0,82% 7.16 SANITÁRIA-Sumidouro d=1,00m unid 1,00 189,00 189,00 0,69% 7.17 APARELHOS-Vaso sanitário unid 1,00 123,30 123,30 0,45% 7.18 APARELHOS-Lavatório unid 1,00 50,89 50,89 0,19% 7.19 APARELHOS-Tanque unid 1,00 46,41 46,41 0,17% 7.20 APARELHOS-Pia de cozinha unid 1,00 58,66 58,66 0,22% 7.21 APARELHOS-Caixa de descarga unid 1,00 41,72 41,72 0,15%

8.0 COMPLEMENTAÇÃO DA OBRA

1.130,62 4,15% 8.1 MURO H=1,50m m2 29,13 38,00 1.106,94 4,06%

8.3 LIMPEZA FINAL unid 39,46 0,60 23,68 0,09%

VALOR TOTAL ESTIMADO (R$) 27.253,79 100,00% Fonte: Elaborado a partir de base da Secretaria de Infraestrutura de Macaíba, 2012.

Os insumos que tiveram mais peso na formação do preço final do orçamento foram: fundação do tipo radier, painéis de Painel Wall, e telha do tipo sanduíche de poliuretano. Estes materiais apresentaram valores unitários relativamente altos em comparação a um orçamento de casas populares regularmente construídas pela prefeitura. Outro item que provocou o aumento do valor final do orçamento foi a quantidade e o tipo das esquadrias utilizadas. As esquadrias do tipo tabicão possuem valor por metro quadrado três vezes mais caro que esquadrias convencionais de veneziana fixa, e no caso do projeto proposto, a área

No entanto, estas especificações contribuem para uma maior qualidade e conforto do ambiente construído.

8 SIMULAÇÕES

A hipótese levantada no início do trabalho foi que, através da mudança de parâmetros de projeto e de escolha de materiais, seria possível obter melhores resultados de desempenho térmico, sem extrapolar os limites orçamentários dos programas habitacionais implementados no munícipio de Macaíba. A partir dela e considerando todas as variáveis contempladas por esta pesquisa, foi elaborada uma classificação em três tipos de habitação. Os modelos a serem simulados estão listados a seguir, com sua respectiva caracterização:

Tipo “A”: Projeto de edificação executada pela prefeitura em seu

último programa de conjunto habitacional de 60 casas, que possui uma área construída de 46,67 m², de distribuição predominantemente compacta, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos tradicionalmente aplicados na região. Seu custo atual é estimado em R$ 20.912,52, considerando o valor de R$14.835,39 devidamente corrigido aos dias atuais.

Tipo “B”: Projeto de edificação proposta para este TCC, que está

contemplada em conjunto habitacional de 50 casas, com área construída de 44,78 m², de distribuição predominantemente alongada, em formato de “L”, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos tradicionalmente aplicados na região. Há uma particularidade em relação à cobertura, considerando que as perspectivas ilustram inclinação de 10%. É necessário pequeno ajuste de geometria das empenas para que se adaptem à uma inclinação de 25%, necessária para a correta montagem de cobertura de colonial de barro. O valor total de construção orçado ficou em R$ 23.424,99.

Tipo “C”: Projeto de edificação proposta para este TCC, que está

contemplada em conjunto habitacional de 50 casas, com área construída de 44,78 m², de distribuição predominantemente alongada, em formato de “L”, com a aplicação de materiais e sistemas construtivos não tradicionais aplicados na região. Seu orçamento foi apresentado através da Tabela 5, estando em R$27.253,79.

Este capítulo apresenta as simulações térmicas e de ventilação natural, nas quais serão expostos dados de simulação da habitação dos Tipos “A”, “B” e “C”, considerando desde já que há muitas semelhanças entre os Tipos “B” e “C”. As análises de todos os tipos de edificação bem como as diferenças contidas entre os dois últimos tipos serão apresentadas no capítulo relativo ao Estudo Comparativo.

Antes de serem apresentados os resultados e análises das simulações, é preciso esclarecer como normalmente é mensurado o desempenho térmico de edificações. Em localidades de clima frio ou temperado, como nos casos da Europa e América do Norte, o método de análise de consumo de energia para a avaliação de desempenho térmico é o mais frequente na literatura, pois as edificações, inclusive as habitações, são climatizadas artificialmente.

No Brasil, o Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), desenvolvido pelo programa da Eletrobrás/Procel Edifica, estabelece critérios de medição do desempenho térmico de edificações residenciais, baseados em resultados que medem escalas de consumo de energia, traduzidas em etiquetas que vão das letras “A” a “E”, sendo a primeira mais eficiente e a última menos eficiente. Isso vale também para as edificações que não utilizam qualquer tipo de estratégia de resfriamento ativo.

No caso da avaliação de desempenho térmico em climas quentes e úmidos, especificamente em habitações de interesse social, onde não se utilizam estratégias de resfriamento ativo, torna-se necessária, de acordo com Negreiros (2010), a aplicação de outro critério porque não há consumo de energia diretamente relacionado ao desempenho térmico da edificação.

Portanto, como forma de mensurar o desempenho térmico de cada UH presente nesta pesquisa, foi aplicado o modelo de avaliação desenvolvido pela dissertação de Negreiros (2010), que faz análise de métodos de predição de desempenho térmico de habitação em clima quente e úmido, com condicionamento passivo.

O método consiste em extrair resultados obtidos em simulação ou medição, hora a hora, durante todo o ano, da temperatura radiante média e da temperatura do ar, para um determinado ambiente da edificação. Estas temperaturas alimentam uma planilha (Figura 62) elaborada por Negreiros (2010), que resulta em um gráfico (Figura 63) no qual pode visualizar, ao longo do dia durante todo o ano, a distribuição das faixas de temperatura, onde

são apresentadas as seguintes sensações: desconforto ao frio, conforto, conforto com ventilação e desconforto ao calor.

Figura 62 – Detalhes da planilha de predição de desempenho térmico.

Fonte: Negreiros, 2010.

Figura 63 – Exemplo de gráfico para análise de avaliação de desempenho térmico.

Fonte: Negreiros, 2010.

As faixas de temperatura que refletem as sensações apresentadas no gráfico acima são rebatimento da dissertação de Oliveira (2006) e de pesquisa realizada por Pedrini (2007) para

seguir.

Tabela 6 – Modelo proposto de avaliação do desempenho térmico.

CONDIÇÕES INTERVALOS DE

TEMPERATURA REFERÊNCIAS

Desconforto ao frio T < 19ºC Givoni (1992)

Conforto térmico sem ventilação 19ºC < T < 29ºC Givoni (1992)

Conforto térmico com ventilação

de até 1 m/s 29ºC < T < 33ºC

Humphreys (NICOL, 2004) e Szokolay e Docherty (1999)

Desconforto ao calor T > 33ºC Humphreys (NICOL, 2004) e Szokolay e Docherty

(1999) Fonte: Negreiros, 2010.

As simulações computacionais foram realizadas no software Design Builder 2.2 e seus dados foram transferidos para a planilha-base que dá origem aos gráficos nos quais são apresentados os resultados.

Como complementação dos resultados de desempenho térmico, foi necessário realizar simulações de CFD para verificação de como será a movimentação de ar interna de cada ambiente submetido à simulação térmica, uma vez que uma das zonas propostas na metodologia de Negreiros (2010) é que, entre as temperaturas de 29ºC e 33ºC deve haver velocidade de vento de até 1m/s. Os resultados são apresentados por meio de imagens onde são apresentadas a distribuição do fluxo de ar e os campos de pressão, ambos à altura das janelas das edificações. A escala de ventilação é medida por meio da coloração, no qual as cores mais quentes representam valores mais altos de velocidade e pressão absoluta, enquanto que as mais frias apontam para menores valores velocidades e pressão absoluta.

Associado à apresentação das imagens de CFD, é apresentado um gráfico de estimativa da taxa de ventilação e velocidade interna do ar, desenvolvido pelo Laboratório de Conforto e Eficiência Energética da UFRN, que é gerado através de uma planilha onde são alimentados dados relativos aos tamanhos das aberturas de entrada e saída do ar, direção da incidência de ventos, tamanhos do ambiente e da diferença do coeficiente de pressão obtida através da simulação de CFD.

Documentos relacionados