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Quantifica¸ c˜ ao

No documento Curso Básico de Lógica Matemática (páginas 64-69)

Estudaremos agora, de forma intuitiva, a forma¸c˜ao e a avalia¸c˜ao de senten¸cas por meio das part´ıculas todo e existe. Estas particulas, em conjunto com os conectivos, s˜ao as part´ıculas mais utilizadas na linguagem matem´atica.

Defini¸c˜ao 2.8 As part´ıculas todo e existe s˜ao chamadas quantificadores.

2.2.1 Quantifica¸c˜ao em Dom´ınios Finitos

Inicialmente, vamos analisar a rela¸c˜ao existente entre os quantificadores e os conectivos e e ou.

Exemplo 3 Considere uma sala na qual est˜ao quatro pessoas: Maria, Jos´e, Pedro e Paulo.

Maria Pedro

Jos´e Paulo Sala 1

A senten¸ca todos nesta sala s˜ao homens ´e falsa, assim como ´e falsa a primeira das senten¸cas:

2.2. QUANTIFICAC¸ ˜AO 65 Maria ´e homem,

Pedro ´e homem, Jos´e ´e homem, Paulo ´e homem, enquanto que as outras trˆes s˜ao verdadeiras.

Logo, a senten¸ca todos nesta sala s˜ao homens ´e falsa, assim como ´e falsa a conjun¸c˜ao (Maria ´e homem)∧(Pedro ´e homem)∧(Jos´e ´e homem)∧(Paulo ´e homem), que expressa o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o todos.

Exemplo 4 Considere agora uma sala em que est˜ao quatro pessoas: Jo˜ao, Jos´e, Pedro e Paulo.

Jo˜ao Pedro

Jos´e Paulo Sala 2

Neste contexto, a senten¸ca todos nesta sala s˜ao homens ´e verdadeira, assim como tamb´em s˜ao verdadeiras as senten¸cas:

Jo˜ao ´e homem, Pedro ´e homem,

Jos´e ´e homem, Paulo ´e homem.

Logo, a senten¸ca todos nesta sala s˜ao homens ´e verdadeira, assim como a conjun¸c˜ao (Jo˜ao ´e homem) ∧(Pedro ´e homem) ∧(Jos´e ´e homem) ∧(Paulo ´e homem), que expressa o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o todos.

Generalizando os exemplos apresentados acima, dado um dom´ınio com m objetos a1, a2, . . . , am, e uma propriedade P sobre estes objetos, podemos concluir que a sen-

ten¸ca todos os elementos do dom´ınio possuem a propriedade P ´e verdadeira quando cada uma das m senten¸cas:

a1 possui a propriedade P ,

a2 possui a propriedade P ,

. . .

´e verdadeira. Ou seja, quando a conjun¸c˜ao (a1 possui a propriedade P ) ∧(a2 possui a

propriedade P )∧ . . . ∧(am possui a propriedade P ) ´e verdadeira. E a mesma senten¸ca ´e

falsa quando ao menos uma das senten¸cas:

a1 possui a propriedade P ,

a2 possui a propriedade P ,

. . .

am possui a propriedade P ,

´e falsa. Ou seja quando a conjun¸c˜ao (a1 possui a propriedade P ) ∧(a2 possui a propriedade

P )∧ . . . ∧(am possui a propriedade P ) ´e falsa.

Assim, podemos considerar que, em dom´ınios finitos, o todo ´e equivalente a um e generalizado.

Exemplo 5 Considere agora a mesma Sala 1 do Exemplo 3 e a senten¸ca nesta sala existe uma mulher. Esta senten¸ca ´e verdadeira. E tamb´em ´e verdadeira a primeira das senten¸cas

Maria ´e mulher, Pedro ´e mulher, Jos´e ´e mulher, Paulo ´e mulher, enquanto que as outras trˆes s˜ao falsas.

Logo, a senten¸ca nesta sala existe uma mulher ´e verdadeira, assim como ´e verdadeira a disjun¸c˜ao (Maria ´e mulher) ∨(Pedro ´e mulher)∨(Jos´e ´e mulher) ∨(Paulo ´e mulher), que expressa o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o existe.

Exemplo 6 Considere agora a Sala 2 do Exemplo 4. Neste contexto, a senten¸ca nesta sala existe uma mulher ´e falsa, assim como tamb´em s˜ao falsas todas as senten¸cas:

Jo˜ao ´e mulher, Pedro ´e mulher,

Jos´e ´e mulher, Paulo ´e mulher.

Logo, a senten¸ca nesta sala existe uma mulher ´e falsa, assim como ´e falsa a disjun¸c˜ao (Jo˜ao ´e mulher)∨(Pedro ´e mulher)∨(Jos´e ´e mulher) ∨(Paulo ´e mulher) que expressa o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o existe.

Generalizando os exemplos apresentados acima, dado um dom´ınio com m objetos a1, a2, . . . , am, e uma propriedade P sobre estes objetos, podemos concluir que a sen-

ten¸ca existe ao menos um elemento do dom´ınio que possui a propriedade P ´e verdadeira quando ao menos uma das senten¸cas:

2.2. QUANTIFICAC¸ ˜AO 67 a1 possui a propriedade P ,

a2 possui a propriedade P ,

. . .

am possui a propriedade P ,

´e verdadeira. Ou seja, quando a disjun¸c˜ao (a1 possui a propriedade P ) ∨(a2 possui a

propriedade P )∨ . . . ∨(am possui a propriedade P ) ´e verdadeira. E a mesma senten¸ca ´e

falsa quando todas as senten¸cas:

a1 possui a propriedade P ,

a2 possui a propriedade P ,

. . .

am possui a propriedade P ,

s˜ao falsas. Ou seja, quando a disjun¸c˜ao (a1 possui a propriedade P )∨(a2 possui a pro-

priedade P ) ∨ . . . ∨(am possui a propriedade P ) ´e falsa.

Assim, podemos considerar que, em dom´ınios finitos, o existe ´e equivalente a um ou generalizado.

2.2.2 Quantifica¸c˜ao em Dom´ınios Infinitos

Se trabalh´assemos somente com dom´ınios finitos, poder´ıamos abolir o uso dos quan- tificadores e ficar somente com os conectivos, escrevendo conjun¸c˜oes e disjun¸c˜oes genera- lizadas no lugar de senten¸cas onde ocorrem o todo e o existe. Mas, como em Matem´atica, mesmo nos estudos mais elementares, dom´ınios infinitos s˜ao considerados, devemos levar adiante a an´alise da forma¸c˜ao e avalia¸c˜ao de senten¸cas por meio dos quantificadores. Ve- jamos agora o que acontece em dom´ınios infinitos.

Exemplo 7 Considere o conjunto N = {0, 1, 2, . . . , . . .} dos n´umeros naturais. A senten¸ca todos os elementos de N s˜ao maiores que 0 ´e falsa, assim como ´e falsa a primeira das senten¸cas:

0 ´e maior que 0, 1 ´e maior que 0, 2 ´e maior que 0,

. . . enquanto que todas as outras s˜ao verdadeiras.

Logo, a senten¸ca todos os elementos de N s˜ao maiores que 0 ´e falsa, assim como seria falsa a “conjun¸c˜ao infinita” (0 ´e maior que 0)∧ (1 ´e maior que 0) ∧ (2 ´e maior que 0) ∧

. . . , que expressaria o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o todos, se pudesse ser escrita.

Exemplo 8 Considere o mesmo conjunto N e a senten¸ca todos os elementos de N s˜ao inteiros. Esta senten¸ca ´e verdadeira, assim como s˜ao verdadeiras todas as senten¸cas:

0 ´e um inteiro, 1 ´e um inteiro, 2 ´e um inteiro,

. . .

Logo, a senten¸ca todos os elementos de N s˜ao inteiros ´e verdadeira, assim como seria verdadeira a “conjun¸c˜ao infinita” (0 ´e inteiro) ∧ (1 ´e inteiro) ∧ (2 ´e inteiro) ∧ . . . , que expressaria o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o todos, se pudesse ser escrita. Assim, podemos considerar que, em dom´ınios infinitos, o todo ´e equivalente, em termos de conte´udo, a uma “conjun¸c˜ao infinita”, embora uma tal conjun¸c˜ao n˜ao possa ser escrita. Exemplo 9 Considere agora o mesmo conjunto N e a senten¸ca existe um elemento em N que ´e par e primo. Esta senten¸ca ´e verdadeira, assim como ´e verdadeira a terceira das senten¸cas:

0 ´e par e primo, 1 ´e par e primo, 2 ´e par e primo,

. . . enquanto que todas as outras s˜ao falsas.

Logo, a senten¸ca existe um elemento em N que ´e par e primo ´e verdadeira, assim como seria verdadeira a “disjun¸c˜ao infinita” (0 ´e par e primo) ∨ (1 ´e par e primo) ∨ (2 ´e par e primo)∨ . . . , que expressaria o mesmo conte´udo que a senten¸ca onde ocorre o existe, se pudesse ser escrita.

Exemplo 10 Considere ainda o conjunto N e a senten¸ca existe um elemento em N que ´e irracional. Esta senten¸ca ´e falsa, assim como s˜ao falsas todas as senten¸cas:

0 ´e irracional, 1 ´e irracional, 2 ´e irracional,

. . .

Logo, a senten¸ca existe um elemento em N que ´e irracional ´e falsa, assim como seria falsa a “disjun¸c˜ao infinita” (0 ´e irracional) ∨ (1 ´e irracional) ∨ (2 ´e irracional)∨ . . . , que expressaria o mesmo conte´udo da senten¸ca onde ocorre o existe, se pudesse ser escrita.

2.3. SINTAXE 69

No documento Curso Básico de Lógica Matemática (páginas 64-69)

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