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Quanto ao contexto das organizações terroristas:

Por fim, há a classificação quanto à modalidade das organizações terroristas, podendo ser observadas em uma escala de quatro diferentes contextos. Primeiro: vinculado às ações terroristas inseridas no contexto de movimentos revolucionários com a intenção de provocar a queda do governo vigente. A segunda é definida por ações de células terroristas, mas que em função do radicalismo se tornam inaptas a atrair e/ou convencer a opinião pública. Já a terceira é caracterizada pela predominância de organizações criminosas conduzidas em função de governos de Estados nacionais. E o quarto e último contexto é retratado por organizações terroristas que possuem a ajuda e apoio de diversos governos simpatizantes com sua ideologia, mas que tem seus atos operados de forma independente. (SAINT-PIERRE, 2006).

3 - ESTADOS UNIDOS E IRAQUE: ORIGENS DE UMA DICOTOMIA

A formação da política externa de uma nação é baseada nos costumes e nas experiências vividas pelos Estados ao longo de sua trajetória. Diante disso, neste capítulo trataremos das formações históricas dos Estados Unidos e do Iraque, baseado na composição interna e externa de cada um deles, o que definiu o rumo da política externa e as relações entre eles no cenário internacional.

35 3.1 - A FORMAÇÃO DO ESTADO ESTADUNIDENSE

Para analisar a política externa estadunidense é necessário compreender a sua inconstância. Ou seja, ela não é fixa e se altera conforme os eventos que ocorrem no mundo. Com base nisso, neste tópico será analisada a formação histórica da política externa estadunidense, desde o seu descobrimento, contemplando os seus valores universais ao longo da história, bem como suas pretensões imperialistas nas relações internacionais ao ter criado instituições globais, de forma a controlar os Estados no cenário internacional. Esses pontos serão essenciais para o entendimento da hegemonia estadunidense nos dias atuais.

3.1.1 - ORIGENS

O termo Novo Mundo, que surgiu no século XV, era utilizado pelos europeus para fazer referência ao continente americano, recentemente descoberto. O termo fazia alusão não só a região descoberta, mas também a todas as possibilidades que traziam as novas terras, consideradas como “terras do futuro” na visão dos europeus. (KARNAL, 2007).

Os primeiros imigrantes a chegarem aos Estados Unidos foram os europeus, que deixaram seu país devido à opressão política e à falta de liberdade de expressão. A Pensilvânia serviu como porta de entrada para outros imigrantes, como escoceses e irlandeses que chegaram no início do século XVIII. No entanto, os escoceses e irlandeses tinham certas divergências com os ingleses, principalmente, em relação aos governos. Por isso, Nova Iorque foi uma das regiões escolhida na época, por conter uma diversidade de culturas da América, sendo a melhor representação de uma natureza poliglota. Assim, até 1646 a população ao longo do Rio Hudson já abrangia uma diversidade muito rica de holandeses, franceses, dinamarqueses, noruegueses, suecos, ingleses, escoceses, irlandeses, alemães, polacos, boêmios, portugueses e italianos. (KARNAL, 2007).

Aos poucos os territórios foram sendo povoados, cada região por diferentes colonizações e o desenvolvimento das colônias se tornava cada vez mais nítido. Uma das colônias que mais soube expandir seu comércio foi a colônia de Massachusetts, que a partir do século XVII tornou-se muito próspera juntamente com Boston, que recebeu a instalação de um dos maiores portos da América. Logo, durante todas as fases de desenvolvimento foi possível perceber um pouco da ausência do controle britânico. Mas o fato de o rei ter escolhido transferir sua soberania para empresas e proprietários das colônias do Novo Mundo não significava que os colonos estivessem totalmente livres do controle externo britânico. No entanto, quanto mais as colônias se desenvolviam, menos suscetíveis ao controle britânico os

36 colonos se tornavam. Ao menos a sensação experimentada pelos colonos era essa. (KARNAL, 2007).

Um dos fatores que mais enfurecia os colonos eram os impostos abusivos cobrados pela metrópole, sobre produtos em geral, mas mais especificamente sobre o chá, a bebida mais consumida da época. O Reino Unido também aumentava os impostos internos constantemente pois, era uma medida necessária para financiar o déficit causado pelas guerras nas quais se envolvia. Porém, ao notar que contribuíam com um país que não lhes concedia nenhum tipo de representatividade, pois os colonos não possuíam o direito de participar no Parlamento de Londres, os colonos norte-americanos influenciados por ideias iluministas, advindas da Europa, começaram um movimento que culminou na independência das colônias. (KARNAL, 2007).

Imagem 1 – Declaração da Independência dos Estados Unidos

Fonte: (STAMPAERT et al., 2014).

A partir da independência das treze colônias, estruturaram-se os Estados Unidos da América que se definiram com uma nova potência em processo de expansão territorial e que chegaria até o Oceano Pacífico em menos de um século. O país das treze ex-colônias britânicas atingiu a marca de cinquenta estados incorporados e a expansão para o Oeste seguia o seu curso, paralelamente à aquisição de outros territórios e da realização de guerras. Com a declaração de independência, o país norte-americano teve a oportunidade de consagrar os seus princípios, partindo da premissa de que estes também deveriam ser os princípios da humanidade. (KARNAL, 2007).

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Imagem 2– As treze colônias da América do Norte.

Fonte: (SANTOS, 2010).

Diante disso, os Estados Unidos adotaram uma postura isolacionista com o objetivo de desenvolvimento interno. Segundo Kissinger (2015, p.22):

Essa estratégia prevaleceu por um século, após a última breve guerra com a Grã- Bretanha, em 1812, permitindo aos Estados Unidos realizarem o que a situação de nenhum outro país permitirá conceber: eles se tornaram uma grande potência e uma nação de dimensões continentais por meio da mera acumulação de poder interno, com uma política externa focada quase inteiramente no objetivo negativo de manter a maior distância possível em relação aos acontecimentos além de suas fronteiras.

No mesmo período em que os Estados Unidos buscavam gastar sua energia seguindo para o oeste, em busca de apenas expandir seu território, para depois continuar com sua postura demarcatória e isolacionista, outros países como a Rússia procuravam conquistar o Alasca. Esse tipo de ação permitiu que os Estados Unidos declarassem a Doutrina Monroe de 1823 (a América para os americanos), que enfatizava o fato de que a região associada ao continente norte-americano estava completamente fora das questões de colonização estrangeira. Essa doutrina enraizava os princípios estadunidenses e priorizava o suporte ideológico ao expansionismo estadunidense, através de compra de territórios ou guerras, além de promover e estabelecer sob tutela estadunidense as nações latino-americanas. (KISSINGER, 2015).

Em cada uma dessas operações, a predestinação dos Estados Unidos para empreender um tipo de processo civilizatório estava presente. Os Estados Unidos usaram o Destino Manifesto para empreender um processo civilizatório no mundo, que tinha como

38 fundamento a certeza de que o povo estadunidense fora escolhido por Deus para colonizar as terras que se estendiam até o Oceano Pacifico. Em vista disso, enquanto a Europa praticava sua bipolaridade alternando entre tempos de paz e de hostilidade, os Estados Unidos se distanciavam do que encaravam ser a “mentalidade perversa europeia” e se desenvolviam cada vez mais, tanto que, regiões como o Texas e a Califórnia decidiram se separar México para se unir aos Estados Unidos. Anos depois de o papel de expansão estadunidense ter se consolidado, em face da sua situação de isolamento, que o deixou ser uma potência invulnerável, os Estados Unidos sentiram a necessidade de deixar de se limitar à neutralidade, obrigando-se a pôr em prática a moral universal, que há muito tempo fora proclamada em um papel político. A guerra Hispano-Americana marcou o início dessa nova conduta estadunidense. (KISSINGER, 2015).

Em 1901 com a chegada do presidente Theodore Roosevelt ao poder, os Estado Unidos ganharam mais ênfase ainda em sua atuação, pois, o presidente acreditava que o país tinha o potencial de ir mais longe que a Grã-Bretanha no século XIX, e que dessa vez, caberia aos Estados Unidos o direito de intervir em assuntos domésticos de outros países do hemisfério ocidental, caso houvesse alguma debilidade ou perversidade por parte de determinado país. Diante disso, adveio a criação do Corolário Roosevelt que também atuava como um guarda-chuva da segurança estadunidense, dando a oportunidade para o país criar estratégias para sustentar o seu conceito ambicioso propagado pela Doutrina Monroe. (KISSINGER, 2015).

3.1.2 - DO ISOLACIONISMO AO UNIVERSALISMO

O primeiro indício do universalismo estadunidense surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, no século XX, com a administração de Wodroow Wilson. Com um tom messiânico, o presidente deu o toque final que faltava para as pretensões imperialistas estadunidenses. Wilson, realmente acreditava que a religião, o capitalismo, a democracia, a paz e o poder constituíam os princípios norteadores dos Estados Unidos. Diante disso, Wilson expressou, segundo Anderson (2015, p.3):

E, com a inspiração do pensamento de que vocês são norte-americanos e estão destinados a levar a liberdade, a justiça e os princípios da humanidade aonde quer que vão, saiam e vendam bens que tornarão o mundo mais confortável e feliz, e convertam essas pessoas aos princípios da América.

E para reafirmar isso, de acordo com Kissinger (2015), o presidente disse que a sua interferência nos outros países não ocorria para restaurar o equilíbrio de poder europeu,

39 mas sim, para tornar o mundo mais seguro rumo à democracia. Logo, Wilson apresentou uma série de discursos visionários, uma nova interpretação da paz internacional baseada nos princípios estadunidenses, caracterizando o papel dos Estados Unidos como: um mediador desinteressado que promove um sistema de arbitragem internacional destinado a evitar a guerra. Os Estados Unidos iriam espalhar o princípio da autodeterminação que pregava a concessão de um Estado a cada nação, todos poderiam expressar sua unidade étnica e linguística e isso estimularia a harmonia internacional dentro de cada um. E quando todos tivessem se tornado países independentes, as políticas agressivas motivadas por interesses egoístas sumiriam.

No entanto, de acordo com Anderson (2015) a paz perpétua de Emmanuel Kant, que pregava que “com guerra não há comércio”, era um dos pontos do discurso estadunidense. Contudo, a Liga das Nações criada em 28 de junho de 1919, cujo um dos principais papéis seria o de assegurar a paz baseada nos quatorze pontos de Wilson1, também propunha as bases para a paz e reorganização pós Primeira Guerra Mundial como uma tentativa de se contrapor às denúncias do então presidente soviético Lênin, relacionadas à tratados secretos e domínios imperialistas. Mas esses planos não surtiram tanto efeito no Senado dos Estados Unidos, pois, o país não estava preparado para ter um extenso prolongamento de tratativas de assuntos de outros países.

A entrada do país estadunidense na Primeira Guerra Mundial não alcançou nenhum interesse específico, essa ação foi apenas mais uma consequência da estratégia das pretensões expansionistas estadunidenses, combinada à mais uma de suas filosofias de que somente uma política de portas-abertas poderia garantir a reconstrução dos países. (ANDERSON, 2015).

Mesmo que os Estados Unidos exportassem essa filosofia, grande parte de seu mercado interno ainda permaneceria de forma autônoma. E para ratificar isso, nas palavras de Perry Anderson (2015, p.4):

O comércio exterior respondia por menos de 10% do PIB até a Primeira Guerra Mundial, quando a maior parte das exportações dos Estados Unidos ainda era composta pela venda de matérias-primas e alimentos processados. Também, não

1 Dentre os 14 pontos, destaca-se que as nações não deveriam firmar mais acordos diplomáticos que não fossem reconhecidos publicamente; os aparatos militares deveriam se restringir somente aquilo que fosse necessário; as nações colonizadas deveriam ter algum meio representativo que expusesse os seus interesses; e por fim este tratado sugeria a formação de um tipo de associação internacional que tivesse como missão resguardar a autonomia política e territorial das pequenas e grandes nações. (HENIG, 1991).

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havia qualquer “porta aberta” para o próprio mercado norte-americano, tradicionalmente protegido por tarifas elevadas, com pouca atenção aos princípios do livre-comércio. A ameaça remota de ataque ou invasão por parte da Europa era ainda menos presente no país. Foi essa disjunção entre ideologia e realidade que levou o globalismo milenar de Wilson a um fim abrupto.

O fim da Primeira Guerra Mundial provocou uma queda na economia estadunidense, mas logo o crescimento foi retomado quando a França; Inglaterra e posteriormente a Alemanha passaram a saldar suas dívidas. Assim, em função de seu saldo positivo, os Estados Unidos tenderam a optar pelo seu isolacionismo novamente. Porém, com a recuperação do setor produtivo dos países europeus, a Europa tendeu a depender cada vez menos dos Estados Unidos, fazendo com que a produção estadunidense entrasse em declínio acentuado. Com esse declínio grandes proprietários não conseguiram saldar suas dívidas e como as ações das empresas tinham se sobrevalorizado, num movimento de especulação financeira, acabou ocorrendo a quebra da bolsa de valores dos Estados Unidos em 1929, gerando uma crise financeira, política e social que assolou os Estados Unidos e a Europa, dando espaço para novos conflitos inter-imperialistas, como a Segunda Guerra Mundial. (FIORI, 2004).

Com o advento da Segunda Guerra Mundial, os blocos comerciais autárquicos ameaçavam excluir o capital estadunidense de suas áreas, e isso poderia provocar um período de instabilidade à população burguesa. Por conta disso, a participação dos Estados Unidos na guerra dobrou o PIB da sua economia entre os anos de 1938 e 1945, e fez com que seus principais rivais, Alemanha, Japão e Grã-Bretanha, saíssem do conflito destruídos, deixando os Estados Unidos em uma posição favorável, a ponto de fazer com que essa nação remodelasse o mundo conforme os seus interesses. (ANDERSON, 2015)

Por ter pertencido à aliança vitoriosa e por ter sofrido poucos impactos com o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos foram capazes de restabelecer sua economia, e continuar em pleno crescimento, de modo que, suas estratégias militares puderam ser desfrutadas, bem como o seu domínio no comércio de armas nucleares. A busca por uma posição hegemônica e pela ampliação dos interesses estadunidenses a partir desse momento, se deu de forma constante e contou com a ajuda dos processos de descolonização que se instauraram a partir da segunda metade da década de 1950, em prol da decadência da influência europeia e contando com amplo apoio dos Estados Unidos. (FIORI, 2004).

Esse tipo de ação estadunidense não agradou muito as potências europeias, especialmente França e Grã-Bretanha. Contudo, a forma como a hegemonia estadunidense conduzia o seu processo ocasionava a fácil aceitação por parte de outras potências. Todo o

41 exercício se propagava através do domínio aberto e não da conquista forçada, abrindo possibilidades para demandas internas estadunidenses e falta de contestação por parte dos outros Estados, não obstante, contribuía para a expansão do capitalismo e contenção do socialismo e qualquer outra doutrina contrária ao modelo exposto, resultando na Guerra Fria. (PECEQUILO, 2005).

O período da Guerra Fria (1947-1991) foi marcado pela disputa ideológica entre o capitalismo e o socialismo, que caracterizava a bipolarização extrema das políticas externas. Isso fez com que todos os países estivessem condicionados aos interesses dos Estados Unidos e da União Soviética. O país norte-americano neste momento passava por outra mudança, focando mais na política de contenção criada por Henry Truman (1945- 1953), além é claro, de definir o alinhamento referente aos países dos blocos ocidental e oriental, com o objetivo de conter a expansão soviética e propagar os seus valores universais, tais como o livre comércio e a democracia. Nesta fase, os autores e cenários foram alterados conforme o desenvolvimento da bipolaridade e as estratégias da política externa estadunidense. (PECEQUILO, 2005).

Na visão de Anderson (2015), é no final da Segunda Guerra e na construção das instituições internacionais que fica evidente o papel dos Estados Unidos em tornar o mundo um lugar seguro para o capital. Na visão do autor, o projeto de expansão do capitalismo liberal foi atrapalhado pela existência da União Soviética.

Nessas condições, ao voltarmos a pensar nos eventos pós-Segunda Guerra Mundial, a reaproximação dos Estados Unidos com a Europa para auxiliar financeiramente em sua reconstrução foi realmente um motivo para o programa hegemônico estadunidense, pois, em julho de 1944 representantes de 44 países se reuniram em Bretton Woods, nos Estados Unidos, no intuito de criar regras e instituições formais que possibilitassem a superação dos entraves provocados pelos antigos sistemas, além de ordenar o sistema monetário internacional. Entendia-se ser necessário definir regras para que se chegar à estabilidade macroeconômica. (WALL, 2001).

As discussões a respeito dessas regras foram coordenadas por John Maynard Keynes, economista britânico e Harry Dexter White, assessor do Secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Henry Morgenthau. Apesar de os dois terem um objetivo em comum, que era impedir uma nova depressão como a dos anos de 1930, os dois propunham estratégias diferentes para a constituição desse objetivo, por terem visões distintas acerca dos interesses de seu país. (WALL, 2001).

42 A ideia de Harry White originada em 1942 era criar um banco de reconstrução e desenvolvimento e de um Fundo de Estabilização das Nações Unidas, que servissem como base para o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que tinha por objetivo a liberalização progressiva do comércio internacional e a máxima redução de barreiras tarifárias. Isto viabilizaria a aceitação da moeda nacional como pagamento de diversas operações e uma criação de liquidez internacional para os países que emitissem a moeda. Desta forma, todos que adotassem estas políticas e contribuíssem com o maior volume, poderiam proporcionar vantagens aos Estados Unidos. (WALL, 2001).

Por outro lado, Keynes previa a criação de uma Câmara de Compensações, cujo objetivo era facilitar créditos aos países deficitários, de modo que esses créditos pudessem superar o déficit. No final a proposta de White, foi à vitoriosa, e o Banco Mundial de Reconstrução e Desenvolvimento e o Fundo Monetário Internacional foram criados. Assim de acordo com Hobsbawm (1995, p. 269):

As duas instituições criadas sob os acordos de Bretton Woods, FMI e Banco Mundial, se tornaram subordinadas à política americana. A proposta da Organização Internacional do Comércio não deu certo e resultou no GATT, uma estrutura para reduzir barreiras comerciais por meio de barganhas periódicas.

E pelo fato de os Estados Unidos já terem passado por uma crise econômica, a postura estadunidense se tornou diferente em relação às suas instituições. Ambas as instituições tinham por objetivo expandir-se economicamente. O BIRD passou a auxiliar os países na reconstrução econômica e no seu desenvolvimento; e para garantir um comportamento adequado dos países, estes teriam que ser membros do Fundo Monetário Internacional antes de receber algum tipo de ajuda. Já o FMI tinha por função ajudar países com dificuldades de se estabelecerem através dos programas de recuperação. Para controlar os países, foram estabelecidas as taxas de câmbios fixas, colocando a onça fixada em US$ 35, somente sendo possível variar este valor mediante permissão do FMI. (HOBSBAWM, 1995). Assim, ambas as instituições promoveram uma dependência direta dos países em relação aos Estados Unidos, logo os Acordos de Bretton Woods por si só, constituíram uma série de vantagens para o país estadunidense. Após estes acordos, surgiu um novo contexto no cenário internacional configurado pela Guerra Fria, e com ela adveio a criação do Plano Marshall que previa uma política de estabilização dos países da parte ocidental da Europa. Seus principais objetivos eram a estabilidade, a garantia e o desenvolvimento da cooperação econômica europeia. Isso resultou na criação da União Europeia de Pagamentos, onde as

43 moedas locais poderiam ser convertidas entre si, eliminando assim as restrições às transações comerciais e cambiai da Europa Ocidental. (PECEQUILO, 2003).

De forma mais especifica, o plano também previa a concessão de empréstimos com juros baixos aos países europeus, para que estes pudessem ter acesso aos produtos estadunidenses. Em contrapartida, os países deveriam abrir suas economias aos investimentos estadunidenses. Desta forma, além de permitir a manutenção no nível de produção dos países, possibilitaria o estímulo dos negócios privados e trocas comerciais, além do crescimento econômico dos Estados Unidos. (PECEQUILO, 2003).

Os Estados Unidos perceberam que esse plano continha benefícios mútuos, pois, os países se recuperariam ao mesmo tempo em que, os Estados Unidos ganhariam aliados

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