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Quanto aos dados referentes às dificuldades que o enfermeiro gestor enfrenta a

No documento O Enfermeiro Gestor: que Dificuldades (páginas 115-118)

CAPÍTULO V – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1.3. Quanto aos dados referentes às dificuldades que o enfermeiro gestor enfrenta a

5.1.3.1 Recursos humanos

Em relação aos recursos humanos, podemos verificar que a média mais elevada foi obtida no Item 25. Esta questão diz respeito à promoção, por parte do gestor, de um bom ambiente e satisfação no local de trabalho reconhecendo aptidões, experiência e conhecimento de elementos do serviço, utilizando isso para melhorar o desempenho de toda a equipa. Estes resultados vêm de encontro ao estudo de Magalhães e cols. (2009) e Fernandes e cols. (2003), ao concluírem que uma atitude democrática do enfermeiro gestor face à equipa, incentivando a participação de todos os elementos nas tarefas diárias, responsabilizando e envolvendo a equipa, promove um ambiente de satisfação e motivação.

Por outro lado, constatamos que a média mais baixa foi obtida no Item 22, que refere que “os planos de recrutamento de promoção e/ou progressão na carreira decorrem directamente dos objectivos estratégicos da organização, e dá às pessoas oportunidades para melhorar as suas aptidões estabelecendo com elas os seus objectivos pessoais e avalia os seus desempenhos de forma justa”. Parte da questão relaciona-se com os novos modelos de gestão em parceria com as políticas institucionais de saúde, não sendo valorizadas as acções que a questão envolve. Estes dados vêem de encontro aos resultados obtidos por Fernandes e cols. (2003), que indicam que os enfermeiros discordam com o facto de o trabalho de equipa obedecer a esquemas rígidos e pré- estabelecidos com ênfase na estrutura formal, gerindo relações informais, o que leva à

desmotivação e insatisfação do colaborador, pondo em causa o desempenho profissional dos trabalhadores.

Verificamos que a média das pontuações totais obtidas se situou próxima dos 45 pontos, variando o seu intervalo de confiança de um valor mínimo de 43,8 a 45,8 pontos. Isto significa que se realizássemos um outro estudo numa população de enfermeiros gestores com características semelhantes, teríamos 95% de hipóteses de encontrar uma média situada dentro desse intervalo de valores.

Se removêssemos o item 22, a consistência interna do instrumento dada pelo índice de Cronbach passaria a ser 0.812 (em vez do 0, 772 actual), pelo que tudo indica que a questão acima referida foi mal interpretada pelos inquiridos, não tem relevância ou não faz parte dos critérios de valorização dos recursos humanos por parte dos enfermeiros gestores. Resultados similares foram obtidos noutros estudos (Aarestrup & Tavares, 2008; Fernandes et al., 2003; Martins et al., 2006).

5.1.3.2. Recursos materiais

A média mais elevada foi obtida no item 40, o que traduz grande preocupação por parte dos enfermeiros gestores relativamente às áreas de armazenamento de materiais e equipamentos de uso clínico, tendo em conta as dimensões destes e a frequência de uso. Pelo contrário, as médias mais baixas foram obtidas nos itens 28, 36 e 39. O item 28 é também aquele que obtém o maior desvio padrão, o que denota grande variabilidade de respostas relativamente à questão colocada.

Verificamos que a maior correlação observada foi obtida entre o item 32 “Faz a qualificação/desqualificação dos materiais no processo de compra, respeitando as referências do Ministério da Saúde, relaciona o melhor preço à qualidade” e o item 34 “Elabora a especificação técnica dos materiais e equipamentos de consumo que irão ser adquiridos, através da pesquisa bibliográfica”. Deste modo, as pontuações obtidas em todos os itens variaram de um valor mínimo de 22 pontos até um valor máximo de 71. Verificamos igualmente que, em média, os inquiridos obtiveram 49 pontos na escala. Resultados semelhantes foram obtidos por Honório e Albuquerque (2005), ao revelarem

que a importância dada à qualidade dos materiais adquiridos tem uma relação directa com a qualidade da prestação dos cuidados.

Concluímos que as correlações foram positivas e com elevada significância para todos os itens, o valor de 0,903 para o alfa de Cronbach indica fiabilidade elevada para o instrumento com que avaliámos as questões relacionadas com os recursos materiais.

A correlação menos forte foi obtida para o item 30 “Segue o consumo dos materiais, sugerindo sistemas de controlo que geram a economia e determinam o desperdício”. No sentido inverso, a correlação mais intensa com a pontuação total da escala foi obtida para o item 32 “Faz a qualificação/desqualificação dos materiais no processo de compra, respeitando as referências do Ministério da Saúde, relaciona o melhor preço à qualidade”. Estes resultados estão em concordância com os obtidos por Fernandes e cols. (2010) e Motta e cols. (2009), ao concluírem que a escassez dos recursos materiais, equipamentos obsoletos ou por reparar geram uma queda na produtividade dos gestores e consequentemente no seu desempenho. Assim, os enfermeiros gestores assumem responsabilidade na manutenção do serviço, provisão e controlo quer de medicamentos quer de materiais necessários, o que constitui uma dificuldade na gestão dos recursos materiais.

Quanto às duas hipóteses por nós colocadas, ambas não se verificam, uma vez que não existe relação significativa entre as variáveis sócio-demográficas com a gestão dos recursos humanos e materiais, nem entre as variáveis relacionadas com o contexto do trabalho com esses recursos. Estes resultados também estão em consonância com os do estudo de Aarestrup e Tavares (2008).

Fazendo a analogia entre os recursos humanos e os materiais, concluímos que existe uma relação positiva entre estas duas variáveis. Verificamos que quando uma aumenta, a outra, paralelamente, tem também a tendência de subir. Verificou-se a existência de uma correlação de Pearson positiva, se bem que fraca, entre as duas variáveis (r= 0,245; p=0,023), o que é semelhante ao encontrado no estudo realizado por Motta e cols. (2009).

5.1.4. Quanto aos dados referentes às modificações, aperfeiçoamentos

No documento O Enfermeiro Gestor: que Dificuldades (páginas 115-118)

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