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Quanto aos termos de PSR utilizados nas produções no Serviço Social

AUTOR BORIN, Marisa do

3.1 Quanto aos termos de PSR utilizados nas produções no Serviço Social

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Mínimos de civilidade. Folha de São Paulo. São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003. VIEIRA, M. da C.;

BEZERRA, E. M. R.; ROSA, C. M. M. (org.).

População de rua: quem é? Como vive? Como é vista? São Paulo: Hucitec, 1992.

BRASILEIRA

Fonte: Construção própria a partir da análise das teses e dissertações em universidades brasileiras na área de Serviço Social, 2004–2014.

Ao analisar esse quadro, observamos que grande parte da literatura utilizada vem do Serviço Social. Destacamos as mais empregadas: Prates, Sposati e Silva — todas com referências na produção sobre PSR no Serviço Social e que identificamos serem também orientadoras das produções analisadas nesta tese.

3.1 Quanto aos termos de PSR utilizados nas produções no Serviço Social

Ao identificar os termos de PSR empregados nas produções acadêmicas do Serviço Social, observamos que não há um único padrão na escolha dos termos pelos pesquisadores e um exclusivo sentido dado aos conceitos. Encontramos na coleta de dados diferentes termos, e nem sempre foi justificada a escolha por um ou outro, no sentido teórico. Sistematizamos na forma de quadro os termos encontrados nas teses e dissertações para apresentar ao leitor (por pesquisador e ano de publicação) os mais utilizados nas suas produções acadêmicas do Serviço Social (2004–2014).

QUADRO 10 - Quadro síntese dos termos utilizados nas produções

Pesquisador Ano Termo

OURIQUES 2005 Jovem adulto de rua

SILVA 2005 Louco de rua

SILVA 2006 (2009) PSR

FARIAS 2007 Moradores de rua

PEREIRA 2007 População de rua

OLIVEIRA 2008 Moradores de rua

PEREIRA 2008 População de rua

REIS 2008 População de rua

AMARAL 2010 PSR

MEDEIROS 2010 Pessoas em situação de rua

LIMA 2011 Moradores de rua

NEVES 2011 Migrante

SILVA 2012 PSR

PAULA 2012 PSR

PIZZATO 2012 PSR

MARCOLINO 2012 Ex-moradores de rua

MACHADO 2012 PSR

PEZOTI 2012 Sujeitos coletivos e políticos NUNES 2013 Sujeitos em situação de rua

REIS 2014 PSR

NOGUEIRA 2014 PSR

GUEDES 2014 PSR

FRAGA 2014 PSR

Fonte: Construção própria a partir da análise das teses e dissertações em universidades brasileiras na área de Serviço Social, 2004–2014.

Avaliando as informações do quadro, observamos dois grupos de termos que são utilizados para designar o segmento nas produções no Serviço Social. Todos os dois são termos atuais – pois a pesquisa os últimos 10 anos e por essa razão não identificamos significativas mudanças conceituais.

No primeiro grupo, agregamos os termos “morador de rua”, “população de rua” e “população em situação de rua” (ou sujeitos em situação de rua). Justificamos esse agrupamento de termos por não considerarmos significativa a diferença teórica entre eles. Esse grupo de produções compreende o maior número de teses e dissertações e são os termos mais utilizados no Serviço Social. No segundo grupo apareceram

outras terminologias que consideramos parte da primeira, mas especificam um grupo. Estes foram utilizados em menor número (5 produções): sujeitos coletivos, jovem adulto de rua, migrante, ex- morador de rua e louco de rua. O exemplo “louco de rua” e “jovem adulto de rua” são parte do segmento da PSR, mas não representam o conjunto, pois são apenas um grupo. O primeiro diz respeito à discussão de pessoas portadoras de sofrimento psíquico, e o segundo, de adolescentes. Os dois vivenciam a experiência das ruas por situações diferentes e, portanto, seu fundamento é específico a essa realidade, porém estão na rua pela mesma situação (pobreza extrema). O terceiro termo diz respeito à discussão do “migrante” — que também é parte da PSR no nosso entendimento —, entretanto exige uma análise a partir da sua representação do mundo do trabalho, e seus fundamentos devem ser amparados por essa discussão. O quarto termo analisado é a expressão ex-moradores de rua: entendemos que traz uma conotação negativa ao sujeito que teve essa trajetória, porque dá a noção de que nunca vai deixar de ser morador de rua criando um estigma. Nesse caso, seria mais adequada “pessoa que teve trajetória de rua” e não “ex” de alguma condição social. Esses termos demostram o caráter heterogêneo dessa população.

Observamos também que o primeiro grupo de termos, está sendo utilizado nas produções no Serviço Social a partir de 2010. Consideramos também o quadro de termos em que incluímos o ano das produções (quadro 4). Analisamos que isso ocorreu na ocasião em que avançou a discussão das políticas sociais para a PSR a partir da realização da primeira pesquisa nacional, do primeiro seminário

nacional, da formação do Movimento Nacional da PSR e a instituição do Decreto 7.053/2009.

Silva (2012) encontrou na sua pesquisa de mestrado sete termos que considera diferentes nas produções no Serviço Social que investigou (morador de rua, população de rua, população em situação de rua, pessoas em situação de rua, populações adultas de rua, loucos de rua e homem de rua). Refere ainda que as denominações servem para situar o conceito de PSR: entendido como aquele segmento da sociedade que utiliza a rua como espaço de sua sobrevivência.

Também menciona que, ao longo das décadas, as nomenclaturas sofreram modificações e diz ainda que a visibilidade dessa população revela a realidade do fenômeno no país: vista como um problema individual. Cita a “mendicância” como exemplo dessa crítica e menciona que a PSR por muito tempo foi tratada (e avaliamos que ainda é) como aquelas pessoas que possuem como estratégia de sobrevivência “pedir nas ruas”, portanto está incluída num grupo geral de quem vive das ruas e é confundida com indivíduos e famílias que possuem residência. A palavra “mendigo” está muito próxima do termo “mendicância”, que vem de pedir nas ruas, porém, historicamente, vemos uma proximidade dos dois termos — que hoje, pela conceituação atual, não há mais — mas, conforme pesquisa nacional, grande parte dessa população não utiliza essa estratégia de resistência para sobreviver às contingências das ruas dos grandes centros urbanos. Apenas 16% praticam a mendicância (BRASIL, 2008).

3.2 Quanto aos conceitos de PSR utilizados nas produções no