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Quarto encontro: eu um ser criativo 62 

No documento 2011RodrigoJoseMadaloz (páginas 63-67)

3.1 Dos encontros e relatos 53 

3.1.4 Quarto encontro: eu um ser criativo 62 

O quarto encontro proporcionou as participantes situações de improvisação diante de desafios diversos.

A sensibilização: O corpo oco (DANTAS, s.d) A atividade de sensibilização propôs a vivência da consciência corporal, atividade com o auxílio de vendas, ao som de um rock do documento sonoro Paralamas do Sucesso (1999). Inicialmente, percebi algumas limitações na movimentação de determinadas partes do corpo, porém no decorrer da atividade as educadoras foram adquirindo confiança e, aos poucos, foram tomadas pelo ritmo da música. Verônica, Noemi e Síntique destacaram-se por executar os movimentos com vigor, energia, expansivos e livres; Marta, Talita, Judite e Maria executaram movimentos mais contidos, tímidos, resistidos, principalmente quando a bolinha imaginária chegou aos quadris e peitoral. Observou-se certa limitação em termos de movimentos, pois empregaram um gestual restrito e repetitivo, sem ousadia e liberdade. Ao finalizar a atividade Talita comentou: “Olha só aonde vim parar”. Sua fala foi espontânea, pois, após terem aberto os olhos, ela se percebeu em outro lugar, diferente do inicial.

O sentido que informa ao corpo suas posições e movimentos, e as forças e pressões que nele agem como conseqüência de seus próprios movimentos é a propriocepção. A propriocepção é a informação que vem do corpo, que circula pelo corpo e que traz a sensação do movimento. [...] “Proprioceptir” é como revirar o corpo, é como vê-lo e ouvi-lo inteiramente. É como degustar o sabor do movimento (DANTAS,1999, p. 111).

Noemi revelou que se sentira tonta; sua expressão, porém, era de alegria, tanto que ao longo da dinâmica ria e gargalhava. Talita mencionou sentir dores nos braços quando a bolinha passeara pelos seus membros superiores.

A atividade museu corporal permitiu, a partir de imagens de gravuras, a vivência de “novas” e “diferentes” possibilidades de movimento. As poses e gestos das gravuras expressaram situações do cotidiano as quais as participantes deveriam reproduzir como se fossem estátuas que compõem um museu. Observei que as educadoras tiveram a preocupação de reproduzir os detalhes, de variar as imagens, e a curiosidade de observar as gravuras antes de assumir sua posição.

Ao repetir por várias vezes a atividade ao som da música de Gil (2002), as participantes demonstraram entusiasmo e alegria, acompanhando a música, ora cantando, ora batendo palmas. Ao finalizar a atividade, propus que cada uma escolhesse uma gravura que mais lhe chamara a atenção ou de que mais gostara. Ao serem questionadas sobre o que representara a gravura, elas destacaram: para Verônica, sua gravura transmitira um ar

angelical, simples, estilosa, mas ao mesmo tempo provocante; para Síntique, a gravura passara um estilo de vida; Zara relatou que sua figura lhe passara um estado de espírito – plenitude; Maria disse que sua gravura era simples, mas sensual; para Noemi, sua gravura a fizera relembrar o tempo em que seu pai a punha nas costas para ir à igreja; a gravura de Marta, segundo ela, transmitira-lhe um casal em harmonia, e Talita fizera a opção pela figura que apresenta crianças, porque adora crianças e a da figura tem cachinhos.

Após esse momento e com o auxílio de Maria, que não estava se sentindo bem, pois descobrira que é portadora de uma doença autoimune, montei com um elástico uma televisão imensa. Como fora descrito no projeto, as participantes deveriam expor a parte do corpo em frente à TV e ao espelho da sala, revelada pelo facilitador. Dividi o grupo em dois. As participantes foram desafiadas a expor seus quadris, seus ombros, sua cabeça, o bumbum, os pés, as mãos, as costas, os cotovelos, as coxas, o abdômem, entre outras, ao som de uma música dançante. A atividade rendeu muitas gargalhadas, porém as dificuldades foram evidentes, principalmente no momento de escolher e/ou decidir as maneiras de expor as partes do corpo não tão lembradas, pois elas existem, mas ficam limitadas por não serem tão solicitadas. Segundo Laban,

o movimento, portanto, revela evidentemente muitas coisas diferentes. É o resultado, ou da busca de um objeto dotado de valor, ou de uma condição mental. Suas formas e ritmos mostram a atitude da pessoa que se move numa determinada situação. Pode tanto caracterizar um estado de espírito e uma reação, como atributos mais constantes da personalidade. O movimento pode ser influenciado pelo ambiente do ser que se move (1978, p. 20-21).

Aproveitando a empolgação da atividade anterior demonstrei e, em seguida ensinei- lhes a canção “tchu tchu al”, fazendo o gestual característico. Ao direcionar a atividade para o momento de criação de outras possibilidades de rima, gesto e som, observei que Verônica pensou e agiu rápido, de imediato dando sua contribuição. As educadoras compuseram a seguinte rima: “tchu tchu ão, tchu tchu ão, é a dança do povão” (2 vezes), e a movimentação foi sugerida por Noemi: em círculo, as participantes andavam, marcavam o passo de dois e dois (tempo binário), girando para a parceira de trás e, elevando os braços, retornando. A atitude criativa, o diálogo e a tomada de decisões rápida foram características marcantes nesta atividade. Talema reforça:

A criatividade é uma força cósmica de Evolução. O universo se renova a cada instante. É o útero cósmico, gerador de vida. Tudo é movimento, mudança, impermanência (budismo). Já na Grécia, o pré-socrático Heráclito definiu: “nunca entramos duas vezes no mesmo rio”. Na China, temos o Tão, que se manifesta como Yin ou Yang, ativo e passivo, macho e fêmea, originando a dialética, o movimento. Duas qualidades vêm do eterno movimento: o ser flexível para se adaptar as mudanças e o buscar o equilíbrio, superar os desequilíbrios, dentro do processo de transformação constante (2004, p.31).

A última atividade corporal teve como objetivo diminuir a excitação e a adrenalina, característica das atividades prazerosas, e promover a redução da atividade corporal.

A dinâmica imagem ao ar livre foi importante para perceber a sensibilidade de cada educadora ao “desenhar” no ar utilizando diferentes partes do corpo. A maioria das educadoras realizou o movimento de desenhar e de se relacionar corporalmente com esses desenhos no espaço de forma limitada, sem se preocupar com a trajetória dessas linhas no ar. Utilizaram uma linguagem corporal simples, singular e sem preocupação em fazê-la certa ou errada.

O relaxamento: massagem relaxante e antiestresse (parte posterior do corpo), manobras diversas (NESSI, s.d). Foi conduzida ao som da música de Corciolli (2001). Solicitei que, em duplas, escolhessem quem se deitaria primeiro no colchonete em decúbito ventral e que retirassem os calçados. Demonstrei as manobras em Talita, pois Zara não comparecera ao encontro. As educadoras que recebem primeiramente a massagem de imediato foram assumindo a posição indicada, fechando os olhos e praticando a quietude. Durante os encontros, as massagens tiveram sempre como objetivo promover o relaxamento do corpo e o silenciamento, no intuito de prevenir o stress. As educadoras desenvolveram as manobras de forma cuidadosa e eficiente.

Deitadas, permaneceram em silêncio por alguns instantes ouvindo a música do documento sonoro Cid (s.d). Durante a meditação coloquei ao lado de cada colchonete um pirulito em forma de coração para agradecer-lhes a presença e desejar-lhes um feliz Dia das Mães.

No documento 2011RodrigoJoseMadaloz (páginas 63-67)