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CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

2. A NÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

2.2. Que dificuldades apresentam os alunos quando realizam actividades

indústria alimentar?

As actividades práticas laboratoriais realizadas apresentam diferentes graus de abertura, respectivamente da mais fechada para a mais aberta: tarefa 2, tarefa 4 e tarefa 3. De acordo com o seu grau de abertura seria de esperar que a mais difícil de concretizar fosse a 3, seguida da 4 e por fim da 2. No entanto, tendo em conta os resultados dos questionários aplicados, a tarefa que os alunos consideraram mais difícil foi a 3, seguida da tarefa 2 (mais fechada) e da tarefa 4 (grau de abertura intermédio). Apesar de na tarefa 2, os alunos apenas terem que executar o protocolo, registar os resultados e formular conclusões, esta tarefa foi considerada mais difícil que a 4, onde era necessário formular hipóteses, delinear e executar um protocolo,

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para além de registar os resultados e formular conclusões. Tal poder-se-á relacionar com o facto de a tarefa 2 ter sido a primeira a realizar-se e muitos dos alunos não estarem familiarizados com o trabalho experimental.

Na tarefa 2 (mais fechada), as principais dificuldades apontadas pelos alunos estão relacionadas com aspectos procedimentais, nomeadamente a filtração da solução de catalase, enquanto nas tarefas 3 e 4 (aberta e semi-aberta) estão relacionadas com aspectos intelectuais, respectivamente análise dos resultados e elaboração de um protocolo. Estes resultados estão de acordo com o nível de envolvimento exigido em cada uma das tarefas. Ou seja, quando mais aberta uma tarefa é, maior é o seu nível de exigência, logo serão de esperar mais dificuldades intelectuais que procedimentais. Genericamente, as principais dificuldades na realização das actividades práticas laboratoriais foram a manipulação do material/reagentes; análise dos resultados e elaboração de um protocolo experimental.

 Manipulação do material/reagentes

Esta dificuldade foi apresentada tanto para a tarefa 2, como para a tarefa 4. Na primeira esteve relacionada com a maceração do fígado e sua posterior filtração, e na segunda, com a mistura da água com a farinha. Em ambos os casos, os aspectos apontados são inerentes aos processos experimentais, neste caso pouco complexos, mas algo morosos e, provavelmente por isso, considerados mais difíceis pelos alunos. No entanto, para alguns alunos a manipulação do material/reagentes foi o mais fácil das tarefas realizadas, nomeadamente no que diz respeito à marcação de tubos, distribuição das soluções, misturar o leite com o iogurte, misturar/amassar a farinha com a água e salgar os alimentos. Destes resultados é importante reter que para uma mesma tarefa, alunos diferentes vão sentir dificuldades diferentes e que, o que para uns é mais simples, para outros poderá ser mais complexo. Ao planificar e pôr em prática uma actividade laboratorial, um professor deve estar ciente da heterogeneidade que uma turma apresenta e estar atento às dificuldades inerentes a cada grupo de alunos.

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 Análise dos resultados

Esta dificuldade foi apontada tanto na tarefa 2, como na tarefa 3, mas não para a tarefa 4. No entanto, olhando para os resultados obtidos no relatório científico, verifica-se que a discussão apresentada nos mesmos é bastante incompleta. Ou seja, apesar de os alunos não terem considerado difícil a análise dos resultados da tarefa 4, este não deixou de ser, na prática, um ponto problemático.

As actividades práticas laboratoriais mostram o que acontece, mas não o por que acontece (Leite, 2006) e como tal, estas devem permitir que os alunos tomem decisões e utilizem conhecimentos. Tal verifica-se, principalmente, em actividades com maior grau de abertura, o que justifica as dificuldades sentidas na concretização da tarefa 2. Nesta, os grupos limitaram-se a seguir um protocolo e, a partir dos resultados observados, chegar a conclusões. Nas tarefas 3 e 4, os grupos tiveram que elaborar o protocolo, o que, teoricamente, favorece o seu envolvimento cognitivo e torna a interpretação dos resultados mais fácil. Em qualquer das tarefas realizadas, para interpretar correctamente os resultados e compreender o por que aconteceu, era necessário efectuar alguma pesquisa bibliográfica e compreender algumas das limitações do trabalho realizado. Por exemplo, no caso do relatório V de Gowin, foi sugerido aos alunos que pesquisassem o pH óptimo de funcionamento da enzima catalase de origem bovina. No entanto, muitos grupos não o fizeram e alguns referiram no relatório a utilização de catalase humana. Destes resultados, poder-se-á aferir que a maioria dos alunos apresenta dificuldades em realizar pesquisas e/ou tem pouco sentido crítico.

 Elaboração de um protocolo experimental

A maior parte dos alunos desta turma não se encontrava familiarizada com o trabalho laboratorial, muitos referiram que não tinham realizado nenhuma experiência no seu percurso escolar, e, possivelmente, aqueles que realizaram poderão ter-se limitado a seguir um protocolo que lhes foi fornecido. Como tal, era de esperar que os alunos apresentassem esta dificuldade.

Idealizar o procedimento e encontrar a dosagem certa foram algumas das dificuldades apontadas pelos alunos na concretização da tarefa 4. Na tarefa 3, a escolha do alimento e da técnica de conservação, ambos intimamente relacionados

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com a elaboração do protocolo, foram aspectos apontados como os mais difíceis de concretizar. O facto de os alunos sentirem estas dificuldades revela que estão pouco à vontade para tomar decisões, no que toca a idealizar e concretizar experiências. Possivelmente, se forem confrontados mais vezes com este tipo de actividade, passarão a realizá-las com maior agilidade. No entanto, apesar das dificuldades sentidas, após algumas intervenções da professora, todos os grupos conseguiram elaborar um protocolo. Contudo, nem todos os grupos se aperceberam da necessidade da existência de um controlo, o que, uma vez mais, demonstra a pouca familiaridade que têm com este tipo de actividade.

2.3. Que apreciações fazem os alunos das actividades práticas